Vacina de Oxford, atinge eficácia de até 90% na terceira fase de testes

Armazenamento entre 2 e 9°C é uma das vantagens logística e de distribuição das doses

A Fundação Lemann recebe com entusiasmo os resultados da terceira fase de testes da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford, ChAdOx1 nCoV-19 – a eficácia chegou a 90% em um dos regimes de aplicação das doses. Neste caso, foi aplicada meia dose e, posteriormente, uma inteira. Os resultados foram superiores aos observados quando introduzidas duas doses completas (62%), o que surpreende positivamente, considerando que torna-se ainda mais acessível ao maior número de pessoas. A pesquisa mostra que o regime de uma dose e meia também pode ajudar a frear a transmissão do vírus, a partir da redução observada em infecções assintomáticas.

A vacina de Oxford, que tem a Fundação Lemann como a primeira organização financiadora dos testes no Brasil, também se destaca pela facilidade de armazenamento – pode ser acomodada em freezers mais acessíveis, com temperatura entre 2 e 9°C, presentes na maioria dos sistemas públicos de imunização do mundo.

Há também a disponibilidade da vacina no Brasil, que merece ser celebrada, já que o governo brasileiro garantiu a compra das 100 milhões de primeiras doses. E com custo estimado em aproximadamente 3 dólares, teremos uma das imunizações mais acessíveis por ter sido desenvolvida pela Universidade Oxford e com acordo de venda com a farmacêutica Astrazeneca de ser sem fins lucrativos enquanto durar a pandemia.

Para garantir o anúncio de hoje, foram vacinadas 24 mil pessoas, no Reino Unido, Brasil e África do Sul. Não houve hospitalizados ou casos graves entre aqueles que receberam as doses. A totalidades dos testes realizados no Brasil contou também com a participação fundamental no financiamento da Rede D’Or, da Fundação Brava e da Fundação Telles.

“Estamos muito felizes com este momento. Primeiro, gostaríamos de agradecer todos os voluntários, principalmente os 10 mil brasileiros de 5 diferentes Estados. É um marco de como a colaboração entre diferentes setores – governo, setor privado, academia e terceiro setor – pode fazer a diferença. Conseguimos trabalhar em conjunto de uma forma eficiente e rápida com um objetivo humanitário global. Com essa rápida coordenação e o compartilhamento de conhecimento e expertise, deixamos um grande legado para o Brasil”, comenta Denis Mizne, diretor-executivo da Fundação Lemann.

Aceleração da pesquisa para vacina da Covid-19 não negligencia saúde

Redução no prazo médio para teste foi possível graças à realização de fases de estudo simultaneamente

Há cerca de oito meses o mundo inteiro ganhou uma pauta em comum: a vacina contra a Covid-19. Laboratórios farmacêuticos e instituições de pesquisa de todo o mundo entraram em uma corrida contra o tempo atrás da fórmula que nos traga de volta à vida normal. Enquanto isso, no Brasil os sentimentos estão divididos entre: ansiedade e torcida para que toda e qualquer vacina seja disponibilizada o quanto antes e o receio dos efeitos colaterais que a pressa pode acarretar.

“Atuo na área de imunizações desde 2003 e nunca vi nada parecido em termos de mobilização profissional e social. Vivemos uma magnitude de investimentos em pesquisa clínica e desenvolvimento em vacinas a nível global”, conta a Melissa Palmieri, especialista em medicina preventiva e membro da Doctoralia (http://www.doctoralia.com.br/melissa-palmieri/especialista-em-medicina-preventiva/sao-paulo).

A médica explica que o desejo da classe é uma vacina 100% eficaz, segura e com capacidade de reduzir a infecção, que pudesse ser utilizada em todas as faixas etárias e públicos com condições clínicas especiais, como imunodeprimidos, por exemplo. “Sabemos que é utópico ter tudo isso em qualquer vacina, portanto aguardamos os resultados da fase 3 das pesquisas para termos os dados percentuais de cada item analisado e, assim, entender qual será mais adequada para os públicos diversos”.

A urgência é outro fator que vem sendo questionado pela população e até mesmo por governantes. O tempo médio que vacinas tradicionais levam para terem sua eficácia 100% comprovada é de 5 a 20 anos, prazo muito maior do que as expectativas atuais. Porém, os processos estão sendo otimizados e não há qualquer irregularidade neste feitio. “O que temos agora são as fases 2 e 3 da pesquisa acontecendo simultaneamente em prol da agilidade nas respostas. Em paralelo, as farmacêuticas têm colocado seu parque industrial para a produção antecipada das vacinas, a fim de disponibilizá-las logo que os resultados forem favoráveis”, explica Melissa. Caso as vacinas não cumpram os requisitos de eficácia e/ou segurança, serão descartadas.

Toda vacina importa

Antes de a pandemia de Covid-19 aparecer, havia um alerta para a negligência na vacinação. Um estudo publicado em junho de 2020 pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), apontou queda de 13,6% nas taxas de vacinação em 2019, comparado ao ano anterior. Dado ainda mais preocupante mostra que a meta de imunização infantil para sarampo, poliomielite e coqueluche não foram atingidas.

“Este é um grande risco para a saúde pública. Vacinação é serviço essencial e é fundamental que todos os brasileiros estejam em dia com a imunização, inclusive para diminuir as chances de complicações causadas pela Covid-19”, alerta Melissa. “Com a retomada das atividades sociais, há o risco de ressurgimento de doenças que são consideradas controladas e até mesmo erradicadas”, finaliza.

CORONAVAC – Surpresa e indignação a declaração do Governo Federal.

A Secretaria de Estado da Saúde e o Instituto Butantan recebem com surpresa e indignação a declaração do Governo Federal.

A postura de uma parte da União vai na contramão de todos os avanços conquistados até aqui nas negociações por representantes por ele escolhidos para o Ministério da Saúde com autoridades dos Governos Estaduais de SP e do Brasil.

Com destaque para reuniões, inclusive presenciais, em Brasília, com participação do Secretário de Estado da Saúde, Jean Gorinchteyn, e o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, com o Ministro Eduardo Pazuello e seus assessores especiais. A CoronaVac, aliás, demonstra-se mais segura em comparação a outras vacinas em teste para COVID-19, e apresenta menor percentual de efeitos colaterais nos resultados obtidos até o momento.

O compromisso do Governo do Estado de SP é disponibilizar aos brasileiros uma vacina comprovadamente segura, após a conclusão de todos os estudos clínicos e as devidas aprovações nos órgãos regulatórios, como a Anvisa.

Assim, espera que o Ministério da Saúde honre o compromisso assumido publicamente ontem (20) com 24 Estados, adquira o imunizante, e garanta uma vacinação gratuita, segura e eficaz para proteger a população.O próprio Ministro afirmou, ontem, que “A vacina do Butantan será a vacina brasileira.

Nós já fizemos uma carta em resposta ao ofício do Butantan e essa carta, ela é o compromisso da aquisição dessas vacinas”. A frase é clara e sequer dá margem para interpretações divergentes, sendo descabida a afirmação do Ministério de que houve “uma interpretação equivocada”. É evidente que qualquer aplicação requer aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e todos os esforços para celeridade em todos esses processos estão sendo empregados para que a população tenha acesso o mais rápido possível a uma vacina segura e eficaz.

O Governo de SP deseja também que o Governo Federal compreenda que salvar vidas é a missão máxima de qualquer gestor público responsável. 

Hospitais da Rede Ebserh integram pesquisa internacional para testar vacina contra a Covid-19

HUB-UnB e CHC-UFPR receberão voluntários para aplicação de doses do produto criado por laboratório chinês

Brasília (DF) – Dois hospitais da Rede Ebserh participarão da terceira fase de testes de uma vacina produzida na China contra a Covid-19, cuja pesquisa é coordenada no Brasil pelo Instituto Butantan, de São Paulo. O Hospital Universitário de Brasília (HUB-UnB/Ebserh) e o Complexo Hospital das Clínicas (CHC-UFPR/Ebserh), em Curitiba, farão parte de 12 centros de pesquisa brasileiros responsáveis por testar, em larga escala, a segurança e eficácia do produto, chamado inicialmente de CoronaVac.
Inicialmente, a vacina será testada em aproximadamente 9 mil profissionais da saúde que estão lidando diretamente com o enfrentamento à pandemia, com maior exposição ao coronavírus. A parceria internacional entre Brasil e China também prevê a troca de conhecimento e tecnologia para a produção em larga escala por meio do Instituto Butantan e Sinovac, empresa chinesa responsável pela pesquisa internacional.  Nas duas primeiras fases, o laboratório chinês testou a vacina em aproximadamente mil voluntários do país de origem. Aplicado em animais, o produto se mostrou muito promissor.
De acordo com a pesquisadora Sônia Raboni, coordenadora da pesquisa no CHC-UFPR/Ebserh, os resultados dos testes no Brasil devem sair entre o final deste ano e janeiro do ano que vem. “Ainda não temos uma data específica para anunciar os resultados porque uma amostra de 9 mil pessoas não é tão fácil assim de encontrar, tendo em vista todos os requisitos a serem cumpridos e as etapas da pesquisa a serem executadas. O objetivo é que consigamos incluir o mais rápido possível os voluntários que participarão do estudo. Quanto antes nós conseguirmos fazer essa inclusão, mais rápido poderemos avaliar a eficácia dessa vacina”, ressalta a médica.
A gerente de Ensino e Pesquisa do HUB-UnB/Ebserh, Dayde Mendonça, afirmou que a produção de uma vacina eficaz e segura será a principal medida de saúde pública no enfrentamento e combate à pandemia, sobretudo ao considerar a alta taxa de contágio do vírus Sars-CoV-2 e a baixa cobertura das medidas de mitigação adotadas pelos diferentes governos, como o isolamento social. “Estamos muito entusiasmados com a possibilidade de participar desse estudo, que além da importância científica em âmbitos nacional e internacional, também nos permitirá a oportunidade de oferecer aos profissionais de saúde acesso imediato a uma promissora tecnologia de proteção à saúde”, salientou.
Centros de saúde
Além dos hospitais da Rede Ebserh, outros dez centros de saúde do Brasil auxiliarão a pesquisa, testando o produto em larga escala. No estado de São Paulo, participarão o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), o Instituto de Infectologia Emílio Ribas, o Hospital Israelita Albert Einstein, a Universidade Municipal de São Caetano do Sul, o Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto e o Centro de Saúde Escola da Faculdade de Medicina da USP, de Ribeirão Preto.
Em outros estados, haverá a colaboração do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, no Rio de Janeiro, do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Fármacos da Universidade Federal de Minas Gerais e do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio Grande do Sul, além do Distrito Federal e do Paraná, por meio das unidades da Rede Ebserh.
Para início dos testes, é necessária a liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Atuação da Rede Ebserh
Além do apoio ao ensino, formação e capacitação das equipes assistenciais, a Rede Ebserh implementou o Comitê de Operações Especiais (COE) para definir estratégias e ações em nível nacional para o enfrentamento da pandemia. Desde os primeiros anúncios sobre a Covid-19, a Rede Ebserh tem trabalhado em parceria direta com os ministérios da Saúde e da Educação, com participação nos COEs desses órgãos, e tendo como diretrizes o monitoramento da situação no país e em suas 40 unidades hospitalares.
Tem atuado na realização de treinamento de funcionários da Rede, promoção de webaulas, definição de fluxos e instituição de câmaras técnicas de discussões com especialistas. Promoveu processos seletivos emergenciais com a possibilidade de contratação de aproximadamente 6 mil profissionais temporários para o enfrentamento da pandemia
Também disponibilizou R$ 274 milhões para ações contra o coronavírus, recursos do Ministério da Educação (MEC) liberados pela Ebserh de acordo com a necessidade e urgência de cada unidade hospitalar. A verba está sendo utilizada em adequação da infraestrutura, aquisição e manutenção de equipamentos, compra de medicamentos e outros insumos, além de equipamentos de proteção individual.
Em algumas regiões, as unidades da Rede Ebserh têm atuado como hospitais de referência ao enfrentamento do Covid-19, enquanto que em outras, atuam como retaguarda em atendimentos assistenciais para a população, por meio do Sistema Único de Saúde.