O verão a maioria dos brasileiros protege a pele do sol, mas só 45% protegem os olhos.
É o que mostra um levantamento feito pelo oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier com 814 participantes na faixa etária de 25 a 65 anos.
E o que é pior – muitos dos que protegem os olhos podem estar usando óculos vencidos. Testes em laboratórios ópticos comprovam que o filtro UV nas lentes se desgasta com o tempo conforme ficou demostrado em um estudo internacional.
A estimativa é de que em média a validade do filtro expira em dois anos, mas pode acontecer antes, conforme o tempo de exposição à radiação. Significa que quem trabalha ao ar livre o dia todo deve trocar os óculos a cada ano.
O médico alerta que a visão começa a sofrer a ação da radiação ultravioleta ainda na infância. Isso porque crianças passam três vezes mais tempo ao ar livre do que os adultos. Além disso, até os 10 anos, o cristalino é completamente transparente e permite que 75% da radiação penetre na retina.
Índice perigoso
Durante o ano todo nossos olhos devem ser protegidos do sol, mas no verão a necessidade é ainda maior porque a radiação atinge índices estremos.
Apesar disso o especialista ressalta que uma criança não deve usar óculos de sol o tempo todo. A OMS (Organização Mundial da Saúde) preconiza que os olhos devem ser protegidos com lentes que contenham filtro sempre que a radiação ultrapasse o índice de seis.
Por isso p médico diz que a recomendação das avós de se expor ao sol durante trinta minutos antes da 10 horas é uma importante dica para a visão de uma criança. Na dúvida sobre o índice de radiação neste período da manhã, os olhos das crianças com até 10 anos de idade devem ser protegidos apenas com viseira, bons ou chapéu que filtra até 50% da radiação UV. Isso porque a visão é moldada até esta idade e o estímulo visual de cores, formas e brilho contribuem para a perfeita moldagem que está associada à capacidade de aprendizado.
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Doenças causadas pelo sol
O oftalmologista afirma que as principais doenças causadas pela radiação UV (ultravioleta) não aparecem de imediato. O sol tem efeito cumulativo sobre os olhos. A falta de proteção ou o uso de uma lente escura sem filtro permitem que uma quantidade maior de radiação UV penetre no globo ocular, aumentando em até 60% o risco de contrair catarata, A doença torna o cristalino do olho opaco. A diminuição da luz no globo ocular faz a pessoa enxergar tudo embaçado até a completa perda da visão caso não seja tratada. O único tratamento para catarata é a cirurgia que substitui o cristalino opaco por uma lente intraocular.
Outras doenças oculares causadas pela exposição ao sol sem proteção são o pterígio e a degeneração na macula, parte central da retina responsável pela visão de detalhes.
Queiroz Neto afirma que muitas pessoas confundem pterígio com catarata. O pterígio, explica, é um espessamento leitoso da conjuntiva, membrana incolor que cobre a parte branca do globo ocular e a superfície interna das pálpebras. A doença, explica, é uma reação de defesa contra o ressecamento provocado pela radiação UV. Surge no canto do olho e cresce em direção à córnea .É portanto, umas alteração externa ao contrário da catarata que é interna. Segundo o especialista no início o pterígio pode ser tratada com pomadas antiinflamatórias. Mas quando começa atrapalhar a visão deve ser retirado através de uma intervenção cirúrgica ambulatorial.
Segundo o médico, a degeneração macular é a perda irreversível da visão central. “Nossos olhos podem ser comparados a uma máquina fotográfica. A Oftalmologia ainda não troca o filme dessa máquina que corresponde à retina”, afirma.
Cuidado com óculos de camelô
Queiroz Neto ressalta que em um painel do qual participou no INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial a análise de seis diferentes marcas de óculos apontou conformidade de proteção das lentes, enquanto a análise de lentes sem procedência não indicou a proteção de 100% do UV. O problema é que um levantamento da Abióptica (Associação Brasileira da Indústria Óptica) aponta que 4 em cada 10 optam por óculos de sol falsificados.
Como escolher o óculos de sol
Poucos brasileiros sabem mas óculos de boa procedência têm código de certificação de qualidade que pode ser encontrada na embalagem, garantia ou astes. O código do Brasil é NBR ISO 15111, da Europa EN 1836:2005, Inglaterra BS EN 1836:2005, EUA ANSI Z87.1-2003, Austrália e Nova Zelândia AS/NZS 1067:2003
Embora a cor da lente não influa na proteção UV o oftalmologista destaca que Bons óculos escuros ajustam a quantidade de luz que chega aos olhos sem alterar a visibilidade.
Para o dia a dia a dica do médico é usar lentes âmbar ou marrom que permitem boa visão de contraste e profundidade, além de reduzirem reflexos. Para dirigir em dias nublados recomenda lentes cinza que melhoram a visão de contraste. Para surfistas e outros esportes aquáticos ele diz que as cores de lente mais recomendadas são a rosa e púrpura porque melhoram a visão de contraste em fundos verdes ou azuis.
No lusco-fusco do entardecer a dica são lentes amarelas que reduzem o ofuscamento de motoristas provocados pela luz dos faróis.
Além da cor, o oftalmologista recomenda dar preferência para os óculos maiores que protegem a pele ao redor dos olhos evitando manchas e câncer de pele nas pálpebras, além de modelos fechados nas laterais por onde também passa radiação.