Precisamos ser mais tolerantes!!!

Tolerar é suportar as atitudes e as ideias do outro. Nós somos diferentes uns dos outros.
Pensamos diferente, agimos diferente, temos histórias de vida e personalidades diferentes.


Cada ser humano é único. Somos únicos também diante de Deus. Por isso, cada um tem sua identidade, seu jeito de pensar, de compreender e de ser, suas crenças, seus posicionamentos políticos, suas ideias a respeito da vida e da sociedade. Somos essencialmente uma pluralidade.

Cada um junto com os demais compõe o todo. Mesmo nas crenças, embora
sejamos uma mesma comunidade, somos diferentes dentro dela. Não há como colocar dentro de cabeças diferentes a mesma ideia num sentido pleno. Mesmo quando partilhamos ideias iguais, cada um assimila a ideia do seu jeito.

Esse fato faz com que a outra pessoa seja sempre
um mistério para mim. Embora eu possa saber muito sobre ela, nunca saberei tudo e completamente. A outra pessoa sempre continuará com uma profundidade maior do que eu posso saber e captar a respeito dela. É isso que faz com que o princípio do respeito seja fundamental nos relacionamentos.

Eu não devo querer fazer com que a outra pessoa pense ou seja igual a mim. Poderá pensar parecido, mas ela sempre será ela mesma no seu mistério único. O mesmo acontece com as atitudes. Podemos inspirar, educar, orientar alguém para que tenha determinadas atitudes, mas ela sempre terá o seu jeito e sua maneira única de fazer aquelas coisas. 


Essa reflexão mais filosófica fica um pouco complexa. Dizendo de forma simples o fato é que somos diferentes uns dos outros, no jeito de pensar e de agir. Saber isso não basta. É preciso perceber a profundidade da diferença, para que sejamos mais respeitosos uns com os outros.


Quem não acolhe esse dado essencial da diferença, pode ter postura intolerante. E em nossos dias a intolerância está crescente. Não são poucos os grupos que querem converter o outro
para que seja do mesmo partido, da mesma religião, tenha os mesmos pensamentos e as mesmas práticas. Isso gera às vezes violência, tensão e desrespeito.

São atitudes que não apresentam uma sociedade que evoluiu para a compreensão daquilo que é essencial, mas fica
presa no império do mesmo. Mesmo pensamento, mesmo jeito, mesmas coisas. Alguém que tem as mesmas ideias e práticas que eu, embora seja importante, não vai me acrescentar muito.

Os diferentes pensamentos, ideias, jeitos de ser, podem me acrescentar e dinamizar minha vida em direção ao crescimento. Por isso, as diferenças nos dizem que é possível aprender com tudo e com todos. Se eu assumir a postura do respeito ao invés da intolerância, então eu posso crescer sempre.

Mas se quero converter os outros ao meu jeito, então eu já
estou pronto, já sei, já conheço tudo, faço o que é certo, creio na minha verdade e os outros é que precisam mudar. Isso me deixa sempre igual, o mesmo. 


Convido você a pensar na sua postura e jeito de ser. Você percebe que você tem um pensamento próprio, uma identidade, mas respeita as diferenças ou você pensa que os outros deveriam se converter ao seu jeito e as suas ideias e crenças? O seu pensamento é respeitoso ou no seu jeito de falar esse ser, você manifesta agressividade e intolerância? Pensemos nisso!


Padre Ezequiel Dal Pozzo

A internet e a “minha pátria”

Será que as memórias de quem experimentou a vida nos “relacionamentos concretos” serão as mesmas com os “relacionamentos virtuais”?

A palavra pátria, a “minha pátria” quer evocar um sentimento de segurança e de pertença. Quando expressamos o termo “pátria”, não só queremos nos referir ao nosso país, mas a uma realidade mais próxima, ao nosso “ambiente de vida”, onde nos sentimos bem, nos sentimos “em casa”, acolhidos e amparados. Refere-se também ao lugar onde nascemos, onde crescemos. Ali estão nossas raízes. Ali despertamos uma carga emocional grande, porque nos sentimos amados. Ao lembrar, recuperamos as lembranças e experiências que nos construíram e que estão guardadas na memória. As lembranças despertam uma saudade verdadeira.

A pátria ou o “ambiente de vida”, que para muitos lembra o “vilarejo”, a “comunidade paroquial”, o encontro com os amigos, o jogo de bola, as criatividades que criavam entretenimento, a conversa gratuita onde os jovens se sentiam ligados e amigos, onde nos sentíamos pertencer, nos últimos tempos mudou. Na atualidade a internet mudou o cenário. Os jovens e adolescentes, especialmente, vivem conectados. Uma frase que traduz a intensidade dessa conexão é: “estou online, logo eu sou”. Ou seja, o fato de estar se comunicando pela internet e pelas redes sociais é o que dá aos jovens o sentido de pertença. Ficar sem a internet seria o mesmo que “ser anônimo”, “não ser conhecido e reconhecido”, é de certa forma, “uma experiência de nulidade e de morte”. Ali os jovens e adolescentes “criam o seu mundo”, para além do qual é difícil, muitas vezes, criar novos relacionamentos. A sua identidade se constrói a partir desse espaço e desses relacionamentos. Os jovens querem ser felizes. Para isso, precisam se sentir amados, aceitos, e acolhidos. A internet dá a possibilidade de encontrar “pessoas afins”, “gente que pensa parecido comigo e que tem o meu jeito”. Isso, de certa forma é positivo, porque cria vínculos, conhecimentos e reconhecimentos. Um dos limites, porém, está na intensidade dos vínculos. Quão fortes e consistentes serão? Até quando se manterão virtualmente? O que é preciso fazer para que se fortaleçam e tenham, de fato, “rosto e proximidade”?

É claro que a internet veio pra ficar. Não haverá retrocesso.  O importante é observar se, em nossa conexão, não fugimos de “nossos ambientes de vida” próximos. Meus amigos estão sempre do outro lado e não “aqui” onde eu posso falar e olhar, tocar e abraçar. A pessoa altamente conectada corre o risco de perder oportunidades de relacionar-se com a pessoa que está na sua frente, ouvir e contar histórias, partilhar experiências e emoções, sentir a realidade que o toca no momento em que está vivendo. Quem está “o tempo todo” conectado poderá viver essa duplicidade de ambiente. O “ambiente em que está situado com seu corpo” e o “ambiente em que está conectado virtualmente”. É claro, que nos dois ambientes há vida. Isso não se pode negar. Porém, existe uma intensidade diferente em cada realidade e ambiente.

O que dá para se perguntar, relacionando a ideia de “pátria” e os “novos relacionamentos”, a partir da internet, é o seguinte: será que as memórias de quem experimentou a vida nos

“relacionamentos concretos” serão as mesmas com os “relacionamentos virtuais”? Que experiências partilharão quem passa grande parte do seu tempo na internet, com relacionamentos virtuais? Será a internet o lugar de se “sentir em casa”, acolhido e amparado, compreendido e aceito? Que histórias irei contar a quem vier depois de mim?

Padre Ezequiel.