Fome e Obesidade: 2 Extremos

Relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) mostra que obesidade e desnutrição, dois extremos da questão alimentar, estão se agravando no mundo

A Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) manifesta preocupação com os dados divulgados recentemente pela FAO, de que a cada três pessoas no mundo uma é obesa ou desnutrida e que essa proporção será de uma para duas em 2025. “São dois extremos bastante nocivos à saúde”, salienta o presidente da entidade, o médico José Francisco Kerr Saraiva.

O relatório mais atualizado da FAO, observa o cardiologista, mostra que a fome afetava 821 milhões de pessoas no mundo em 2017 e a obesidade, 672 milhões de adultos, 124 milhões de crianças e adolescentes (de cinco a 19 anos) e 40 milhões de crianças com menos de cinco anos, segundo dados referentes a 2016. “No Brasil, conforme as mesmas fontes, o problema tem um perfil um pouco diferente: a fome atinge menos de 2,5% da população, mas a obesidade já afeta 20%. Em algumas regiões, como o Nordeste, a desnutrição infantil é mais grave, mantendo-se acima dos 5%”.

Dr. Saraiva salienta que a obesidade é uma das principais causas de doenças cardiovasculares, como infarto e derrames cerebrais, e de enfermidades como diabetes, colesterol e triglicérides elevados e hipertensão, também nocivas ao coração. “Por isso, é muito importante conscientizar a população sobre a necessidade de uma dieta equilibrada e de atividades físicas regulares para se evitarem o sobrepeso e a obesidade”.

A desnutrição, no outro extremo do problema apontado pela FAO, leva a uma série de alterações na composição corporal e no funcionamento normal do organismo: perda muscular e dos depósitos de gordura, debilidade física, desaceleração ou interrupção do crescimento, alterações psicológicas, alterações de cabelo, pele e do sangue, anemia, depressão e apatia. Há, ainda, alterações no funcionamento de órgãos e sistemas respiratório, imunológico, renal, cardíaco, hepático e intestinal.

“Como se observa, o excesso ou a falta de alimentos é muito prejudicial às pessoas. A fome é um problema ligado à exclusão social e precisa ser combatida por meio de políticas públicas eficientes. A obesidade tem como causa os maus hábitos alimentares e o sedentarismo e deve ser enfrentada pelas famílias, a sociedade e o governo. Em ambos os casos, as consequências são muito nocivas à saúde pública”, enfatiza o presidente da Socesp.

7 benefícios e mudanças que acontecem no corpo durante a caminhada

Todos sabem a importância de ter uma alimentação saudável e praticar atividades físicas. No entanto, 100 milhões de brasileiros ainda são sedentários, segundo pesquisa divulgada pelo IBGE.  A obesidade entre os brasileiros também vem aumentando e já pode ser considerada uma epidemia em adultos e crianças.

A obesidade altera totalmente o funcionamento do corpo, sendo a causa para inúmeros problemas como hipertensão, alteração no colesterol, diabetes tipo 2, depressão, ansiedade, estresse, síndrome do pânico, enxaqueca e dores de cabeça, miopia transitória, problemas cardiovasculares e até desenvolvimento de câncer.

Para reverter esse quadro, uma atividade simples pode ser incluída na rotina diária: a caminhada. É uma maneira fácil de sair do sedentarismo, combater a obesidade e pode ser praticada por crianças, jovens e adultos sem restrição.  

“Abandonar o sedentarismo não é uma tarefa fácil. Para começar, é necessário ter uma dose extra de determinação, força de vontade, criar metas, ter foco e realizar, pelo menos, 150 minutos de atividade durante a semana, ou seja, 30 minutos. Inicie com uma caminhada leve, faça respirações longas, recupere o fôlego e continue a atividade. Vida saudável significa longevidade.

Os resultados são infinitos e valem para a vida toda. Nunca é tarde para começar”, alerta Eduardo Netto, diretor técnico da Bodytech Company.

De acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade de Harvard, é fundamental gastar em média 300 calorias por dia para sair do sedentarismo. Pequenas atitudes diárias também contribuem para mudar hábitos: deixar o elevador e a escada rolante e optar por subir e descer escadas físicas ou mesmo saltar do ônibus um ponto antes do habitual, aumentando assim o tempo de caminhada. Essas atitudes diminuem em aproximadamente 30% as chances de doenças cardiovasculares.


O fisiologista Jakson Couto, coordenador técnico da Bodytech Santana, lista sete benefícios e mudanças que acontecem no corpo durante a caminhada.

1) Melhora a circulação (o retorno venoso é aprimorado com a ajuda da bomba muscular – coração, ajustando a circulação arterial) e a função respiratória (ventilação nos pulmões);

2) Combate a osteoporose – vários estudos comprovam que os pequenos impactos no momento da caminhada são benéficos para os ossos;

3) Dose extra de ânimo: durante a atividade, o corpo libera endorfina – hormônio responsável pela sensação de prazer e bem estar;

4) Diminui a sonolência e melhora a insônia: o cansaço causado pela caminhada ajuda o corpo a relaxar e adormecer mais rápido;

5) Previne doenças cardíacas: ao controlar a pressão arterial é possível prevenir a grande maioria das doenças do coração. O corpo e o coração ficam com as funções vitais mais equilibradas;

6) Melhora a diabetes: o exercício aumenta a circulação e o fígado e o pâncreas recebem mais sangue. Em uma caminhada forte o corpo produz mais insulina. Este benefício vale também para pessoas que possuem alguma disfunção no fígado ou pâncreas;

7) Relaxamento muscular: ao praticar qualquer tipo de atividade física diversos hormônios são liberados pelo corpo. Um deles é a serotonina, responsável pela sensação de prazer pós-exercício e ajuda a relaxar a musculatura do corpo.

Obesidade atinge mais da metade das mulheres no Brasil e se torna desencadeadora de doenças graves e crônicas

Diabetes; infertilidade; ansiedade; depressão; problemas cardiovasculares; cânceres; e o aumento da pressão arterial são algumas das possíveis consequências do sobrepeso, que atinge mais da metade da população feminina (53,8%), e principalmente da obesidade, que está presente em 19,6% das mulheres brasileiras.

De acordo com o médico e diretor do Instituto Mineiro de Obesidade (IMO), Leonardo Salles, é importante que quando se deseja tratar o peso é justamente, não tratar somente o peso, pois esse é apenas um sintoma do problema. “Temos que discutir a síndrome da obesidade, debatendo suas causas, que acabam por levar ao ganho de peso. Independente da técnica utilizada para a perda de peso, o fundamental é abordar a obesidade como síndrome que é, abordando seus fatores desencadeantes, com boa psicoterapia, reeducação alimentar, incorporando a atividade física no dia a dia, e aceitando a necessidade da mudança de estilo de vida”, afirma.

Conforme uma pesquisa recente realizada pelo Instituto Verhum, mulheres obesas submetidas à fertilização in vitro tiveram uma taxa de abortamento espontâneo de 66,6%, contra 17,8% entre aquelas que tinham sobrepeso e 13,8% entre as que estavam no peso normal.

Segundo Leonardo Salles, no âmbito da fertilidade feminina, a obesidade além de dificultar a gravidez natural ou por técnicas de reprodução assistida, também provoca o aumento das possibilidades de aborto, prematuridade, diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, infecções pós-parto e a geração de filhos com propensão a obesidade. “O fator principal que influencia na infertilidade da mulher obesa é o excesso de estrogênio (hormônio sexual feminino). A produção deste hormônio está diretamente associada a gordura corporal, e o seu excesso causa um desequilíbrio hormonal que pode impedir a ovulação, e por consequência a diminuição das chances de gravidez e instalação da infertilidade”, explica.

Outra doença que já foi associada aos homens, mas que atualmente está se sobressaindo dentre as mulheres é o diabetes. Cerca de 9,9% das mulheres brasileiras declarou ter diabetes em 2016, contra 7,8% dos homens, segundo uma pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde.

Geralmente, o diabetes afeta pessoas com menos anos de estudo e acima dos 55 anos. As mulheres com mais de 35 anos com obesidade abdominal, hipertensão arterial e triglicérides elevados são o público com maior risco de desenvolver a doença.

Leonardo Salles esclarece que a obesidade abdominal ocorre entre pessoas com circunferência da cintura acima de 88 cm, no caso das mulheres, e de 102 cm, nos homens. “E este tipo de obesidade em mulheres também podem desenvolver o diabetes gestacional, desencadeado por alterações no metabolismo materno e agravada pelo ganho de peso excessivo durante a gestação, idade materna avançada e quadro de hipertensão arterial. Na maioria dos casos, o diabetes gestacional desaparece após o nascimento do bebê, mas a condição aumenta as chances de a mulher desenvolver doenças cardiovasculares e a probabilidade de apresentar a doença após a menopausa”, aponta.

Ainda segundo dados levantados pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), houve um crescimento na quantidade de mortes por Acidente Vascular Cerebral (AVC) entre as mulheres de 2010 a 2015. A quantidade de óbitos por AVC é praticamente igual entre os sexos, sendo 50.251 de homens e 50 252 de mulheres em 2015. Mas a diferença é que há uma tendência de queda na porcentagem de casos dentre os homens e o oposto está acontecendo com as mulheres.

Por fim, uma pesquisa da Agência Internacional para Pesquisa do Câncer, da Organização Mundial de Saúde, e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, constatou que o sobrepeso e a obesidade são causadores dos principais cânceres que atingem a população feminina, são eles: câncer de colo do útero, endométrio, mama, útero e ovário.

Obesidade: uma doença grave e de difícil tratamento

Atualmente no Brasil, o excesso de peso foi registrado em mais da metade da população, enquanto a obesidade foi constatada em 18,9%, segundo dados do sistema de Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico (Vigitel) do Ministério da Saúde. Um relatório divulgado pela World Obesity Federation revelou que os custos anuais com os problemas de saúde ocasionados pelo excesso de peso subirão de US$ 16,7 bilhões em 2014 para US$ 34 bilhões em 2025.

O relatório aponta que nos próximos oito anos, a estimativa é de gastos de US$ 252 bilhões. Ainda se estima que em 2025 existirão 2,4 bilhões de adultos com sobrepeso e 800 milhões de obesos no mundo.

Com este cenário, os procedimentos bariátricos se tornam opções para o paciente com obesidade, que a partir dos mesmos consegue uma janela terapêutica, ou seja, emagrecer e permanecer magro por um bom tempo, variando de acordo com o modelo cirúrgico ou endoscópico utilizado. Mas será que a cirurgia bariátrica pode ser encarada como um recurso definitivo contra a obesidade?

Acredito que o importante quando se deseja tratar o peso é justamente, não tratar somente o peso, pois esse é apenas um sintoma do problema. Temos que discutir a síndrome da obesidade, debatendo suas causas, que acabam por levar ao ganho de peso. Independente da técnica utilizada para a perda de peso, o fundamental é abordar a obesidade como síndrome que é, abordando seus fatores desencadeantes, com boa psicoterapia, reeducação alimentar, incorporando a atividade física no dia a dia, e aceitando a necessidade da mudança de estilo de vida.

É muito comum, que o paciente procure realizar a cirurgia bariátrica pensando que o procedimento irá resolver seus problemas com o peso e que o mesmo nunca mais vai precisar se preocupar ou fazer nada a respeito. Recentemente, se constatou que alterações hormonais podem contribuir para o reganho de peso, mas sua participação é pequena em vista da relevância de um bom tratamento multidisciplinar. O tratamento para o emagrecimento deve ser iniciado em uma consulta, onde se avalia qual o método ideal para cada paciente, seja pelo método clássico baseado em dieta e atividades físicas; método farmacológico; método endoscópico; ou método cirúrgico.

Os métodos farmacológicos de emagrecimento embora tentadores, pois, aparentemente não são invasivos, podem causar um desequilíbrio bioquímico que dificulta significativamente a fase de estabilização do peso, levando o paciente quase sempre a um efeito sanfona intenso.  O ideal seria que o paciente conseguisse emagrecer somente com o método clássico, com nutrição, e atividades físicas, mas este se mostra ineficiente na prática, tendo quase sempre como resultado final o abandono do tratamento após dois ou três meses.

O ser humano moderno é em geral ansioso e anseia por resultados imediatos. Ao perceber que suas ações não estão surtindo mudanças rápidas, os pacientes costumam abandonar o tratamento. Observo que neste processo, os procedimentos bariátricos e endoscópicos (balão intragástrico e a gastroplastia endoscópica), podem contribuir dando respostas mais palpáveis e impulsionando o tratamento multidisciplinar, que por sua vez irá assegurar a estabilização do peso.

Na maioria dos casos, os pacientes podem ir para casa no mesmo dia de ocorrência destes procedimentos. No entanto, os mesmos devem iniciar a alimentação seguindo uma dieta líquida e leve e ainda seguir orientações de uma equipe multidisciplinar formada por um cirurgião bariátrico, endocrinologista, psiquiatra, psicólogo, nutricionista e preparador físico, para que um novo estilo de vida seja adotado.

É recorrente que pacientes que passaram por procedimentos cirúrgicos e não se preocuparam em fazer um tratamento multidisciplinar adequado, comecem a engordar novamente e tenham a longo prazo, a recidiva da obesidade. Percebo, que é de grande importância que a obesidade seja entendida como uma doença grave e de difícil tratamento, necessitando de controle constante, mesmo em casos em que o paciente opte pelo tratamento cirúrgico.

11 de Outubro – Dia Mundial da Obesidade

Até 2014, era uma data nacional, mas a partir de 2015, passou a ser uma data mundial. Continuamos a ter o Dia Nacional de Prevenção da Obesidade, em 11 de outubro, mas este dia também passou a ser o Dia Mundial da Obesidade.

Obesidade é uma doença crônica que tende a piorar com o passar dos anos, caso o paciente não seja submetido a um tratamento adequado e contínuo. No Brasil (2013), quase 60% da população tem excesso de peso – na faixa de sobrepeso e obesidade.

Além de reduzir a qualidade de vida, a obesidade pode predispor a doenças como diabetes, doenças cardiovasculares, asma, gordura no fígado e alguns tipos de câncer. A Organização Mundial da Saúde (OMS), inclusive, aponta a obesidade como um dos maiores problemas de saúde pública no mundo. De acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil, 30 milhões pessoas adultas são obesas.

Recentemente (20/09/2017), Dra. Maria Edna de Melo, presidente da ABESO e o Dr. Fábio Trujilho, presidente da SBEM, estiveram em audiência com o Ministro da Saúde Ricardo Barros solicitando a inclusão de uma linha de atendimento ao paciente com obesidade no SUS, que atualmente disponibiliza apenas a cirurgia bariátrica. Na ocasião, o ministro concordou e a equipe técnica do ministério deve iniciar nos próximos dias um grupo de discussão com a participação dos especialistas. Na opinião da Dra. Maria Edna de melo, essa linha de tratamento vai corrigir uma deficiência grave no atendimento ao paciente com obesidade. “Atualmente, o SUS não oferece o tratamento clínico antes da cirurgia, nem polivitamínicos aos pacientes operados”, afirma.

“Tratar obesidade reduz diabetes, hipertensão e várias doenças associadas. Isso tem impacto nos gastos com doenças crônicas e, principalmente, na saúde e qualidade de vida do paciente”, conclui.

Informações adicionais:

NO BRASIL (2013) – Quase 60% da população tem excesso de peso (na faixa de sobrepeso e obesidade).

NO MUNDO – A projeção é que, em 2025, cerca de 2,3 bilhões de adultos estejam com excesso de peso, sendo mais de 700 milhões, obesos. O número de crianças com sobrepeso e obesidade poderá chegar a 75 milhões, caso nada seja feito.

 

 

 

Como tratar a obesidade infantil?

Em 1999, o Governo Federal instituiu a data de 11 de outubro como o Dia Nacional de Prevenção da Obesidade. Uma das grandes preocupações do país é a obesidade infantil. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atualmente uma em cada três crianças no Brasil está acima do peso ideal para a idade e altura. “Existem diversas causas que levam ao sobrepeso infantil, como maus hábitos alimentares, sedentarismo, influências de familiares e colegas de escola, além de alimentos industrializados que são de fácil preparo e os fast foods”, alerta a nutricionista do Hospital e Maternidade São Cristóvão, Carolina da Cruz Marques.

 

Conforme a profissional, a obesidade infantil é causada pela combinação de fatores genéticos, má alimentação e sedentarismo. Também doenças hormonais e uso de medicamentos com corticoide podem aumentar o peso da criança. “Para reverter essa condição, é importante o incentivo dos pais que também devem ter uma alimentação saudável. Os pais são os exemplos que as crianças geralmente seguem, por isso precisam deixar de lado os alimentos industrializados e consumir mais alimentos naturais, com menos sal, gordura e açúcares”, aconselha. Outros hábitos que podem ser influenciados pelos pais são as atividades físicas. O ideal é que se evite passar muitas horas na frente da TV e computador, optando por brincadeiras que gastem calorias, como pular corda, pega-pega, entre outras.

 

A nutricionista explica ainda que as crianças tem o paladar diferente dos adultos, tendo normalmente preferência por doces. No entanto, alguns estudos mostram que o paladar é formado de acordo com o hábito alimentar da família, da região em que vivem e condições financeiras. “Não é tarefa fácil introduzir novos alimentos na dieta habitual, porém com insistência e criatividade é possível. Não precisa proibir os doces, mas fazer com que a criança entenda que deve ser consumido moderadamente e numa dieta equilibrada”.

 

A obesidade tem cura, mas precisa ser tratada. “Alguns casos mais radicais, se não tratados na infância com dieta e exercício físico, poderá na fase adulta ser necessário procedimentos cirúrgicos em que se diminui o tamanho do estômago para perder peso”, adverte.

 

 

Obesidade Infantil x Bullying

 

A obesidade infantil pode estar associada a distúrbios psicológicos, como a ansiedade, depressão, estresse, situações de traumas significativos, entre outros. “Quando a criança apresenta obesidade, situações de discriminação podem ocorrer, fazendo com que se sintam cobradas por elas mesmas ou pelos pais, afetando sua maneira de se relacionar e sociabilizar. Esse possível isolamento pode ser uma via para que a criança projete suas angústias ainda mais na alimentação incorreta, gerando dificuldades com o peso e contribuindo para o surgimento de patologias no âmbito emocional”, explica a psicóloga do Grupo São Cristóvão Saúde, Aline Melo.

A especialista ressalta que os pais precisam ter sensibilidade para perceber alterações emocionais na criança acima do peso, que podem ser consequência de bullying. “Os principais sinais são tristeza, evitar frequentar locais em que passa por essa situação, auto cobrança, auto depreciação, entre outros sintomas. Ao identifica-los, os pais e a escola precisam trabalhar juntos no fortalecimento dessa criança para enfrentar o problema, bem como orientar os outros alunos sobre respeitar as diferenças”. Também a criança que provoca o bullying pode estar fragilizada de certa maneira e um acolhimento emocional pode ser necessário.

Portanto, para tratar a obesidade infantil, além de acompanhamento médico e nutricional, é necessário cuidar da mente. “Devemos tentar compreender se há algum transtorno emocional presente na vida dessa criança e contribuindo para a obesidade, o que pode ser feito por meio da psicoterapia, do autoconhecimento e das reflexões geradas”, finaliza a psicóloga.

Nova opção para o tratamento da obesidade chega ao mercado brasileiro

A Novo Nordisk, empresa global de saúde com mais de 90 anos de inovação e liderança no tratamento do diabetes, anuncia a chegada de Saxenda™ (liraglutida 3 mg) ao mercado brasileiro. O medicamento foi aprovado pela Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária para controle de peso em adultos em complemento a uma dieta com redução calórica e aumento da atividade física. Saxenda™ é o primeiro análogo do hormônio natural GLP-1 aprovado para o tratamento da obesidade no Brasil.

A liraglutida age no organismo da mesma forma que o GLP-1 natural, hormônio produzido e secretado pelo intestino após a ingestão de alimentos.1 Saxenda™ ativa áreas específicas no cérebro envolvidas na regulação do apetite, diminuindo a fome e aumentando as sensações de plenitude e saciedade.1-2

De acordo com Rocio Riatto Della Coletta, Gerente Médica de Obesidade da Novo Nordisk, a chegada de Saxenda™ ao mercado representa uma inovação no tratamento da obesidade no país – que, de acordo com dados recentes do Ministério da Saúde, já conta com mais da metade (56,9%) da população acima do peso – destes, 20,8 % com obesidade.3 A obesidade está associada a vários problemas de saúde, como diabetes tipo 2, doença cardiovascular, hipertensão, apneia do sono e até mesmo certos tipos de câncer.4-8 ”Vivemos uma epidemia do excesso de peso, por isso quanto mais opções terapêuticas estiverem disponíveis, melhor para o paciente”.

A médica destaca, também, que a segurança e eficácia da liraglutida 3.0 mg no controle do peso foram confirmadas no estudo SCALE™ (Satiety and Clinical Adiposity — Liraglutide Evidence in Nondiabetic and Diabetic Individuals, em inglês), o maior programa clínico sobre obesidade já realizado no mundo. “Os pacientes que concluíram o estudo apresentaram uma perda de peso média de 9%, além de uma redução média de 8,2 cm na circunferência abdominal. Houve também melhora significativa nos fatores de risco cardiometabólicos e na saúde física geral determinadas por melhoras na funcionalidade física.”9-12 O programa clínico SCALE™ envolveu mais de cinco mil adultos13 (com aproximadamente 100 brasileiros) de 191 centros de pesquisa dos cinco continentes.

Saxenda™ é indicado em associação a uma dieta hipocalórica e aumento do exercício físico para controle crônico de peso em adultos com Índice de Massa Corporal (IMC) a partir de 30 kg/m² (obeso) ou a partir de 27 kg/m² (sobrepeso) na presença de pelo menos uma comorbidade relacionada ao peso, como disglicemia (pré-diabetes e diabetes mellitus tipo 2), hipertensão arterial, dislipidemia (excesso de lipídios no sangue) ou apneia obstrutiva do sono. Saxenda™ será comercializado em um sistema de aplicação (caneta) ajustável que libera doses de 0,6 mg, 1,2 mg, 1,8mg, 2,4 mg e 3,0 mg e com preço que varia de R$ 668,22 a R$ 742,94 (por caixa, com três canetas cada).

 

“Obesidade é o que você não vê”

A obesidade é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença crônica que necessita de tratamento de longo prazo. De acordo com a OMS, a prevalência global da obesidade cresceu de forma significativa nos últimos 30 anos e atingiu proporções de epidemia, com mais de 1.9 bilhão de adultos com sobrepeso em todo o mundo.14 A campanha “Obesidade é o que você não vê” foi criada com o objetivo de chamar atenção às questões relacionadas à obesidade e aos impactos na saúde causados pelo excesso de peso. De acordo com a Dra. Cintia Cercato, endocrinologista e presidente da ABESO, apoiadora da campanha, a conscientização é fundamental para combater o problema. “Essa é uma campanha de promoção à saúde. É preciso que as pessoas passem a enxergar a obesidade como uma doença e não como uma escolha individual”, afirma. Para saber mais sobre a campanha, acesse www.saudenaosepesa.com.br.

 

Referências

  1. Orskov C, Wettergren A, Holst JJ. Secretion of the incretin hormones glucagon-like peptide-1 and gastric inhibitory polypeptide correlates with insulin secretion in normal man throughout the day. Scandinavian Journal of Gastroenterology. 1996; 31:665-670.
  2. Flint A, Raben A, Ersboll AK, et al. The effect of physiological levels of glucagon-like peptide-1 on appetite, gastric emptying, energy and substrate metabolism in obesity. International Journal of Obesity and Related Metabolic Disorders. 2001; 25:781-792.
  3. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Pesquisa nacional de saúde (PNS) : 2013 : ciclos de vida : Brasil e grandes regiões / IBGE, Coordenação de Trabalho e Rendimento. Rio de Janeiro; 2015.
  4. Guh DP, Zhang W, Bansback N, et al. The incidence of co-morbidities related to obesity and overweight: a systematic review and meta-analysis. BMC Public Health. 2009; 9:88.
  5. Must A, Spadano J, Coakley EH, et al. The disease burden associated with overweight and obesity. JAMA: the Journal of the American Medical Association. 1999; 282:1523-1529.
  6. Li C, Ford ES, Zhao G, et al. Prevalence of self-reported clinically diagnosed sleep apnea according to obesity status in men and women: National Health and Nutrition Examination Survey, 2005-2006. Prev Med. 2010; 51:18-23.
  7. Eheman C, Henley SJ, Ballard-Barbash R, et al. Annual Report to the Nation on the status of cancer, 1975-2008, featuring cancers associated with excess weight and lack of sufficient physical activity. Cancer. 2012; 118:2338-2366.
  8. Bhaskaran K, Douglas I, Forbes H, et al. Body-mass index and risk of 22 specific cancers: a population-based cohort study of 5.24 million UK adults. Lancet. 2014; 384:755-765.
  9. Pi-Sunyer X, Astrup A, Fujioka K, et al. A Randomized Controlled Trial of 3.0 mg of Liraglutide in Weight Management. New England Journal of Medicine. 2015; 373:11-22
  10. Knudsen LB, Nielsen PF, Huusfeldt PO, et al. Potent derivatives of glucagon-like peptide-1 with pharmacokinetic properties suitable for once daily administration. Journal of Medicinal Chemistry. 2000; 43:1664-1669.
  11. Krempf M, Astrup A, le Roux CW, et al. Liraglutide 3.0 mg reduces body weight and improves cardiometabolic risk factors in overweight/obese adults: the SCALE Obesity and Prediabetes randomised trial. Diabetologia. 2014; 57 (Suppl. 1):Abstract 903-P
  12. Bode B, Bergenstal R, De Fronzo R, et al. Effect of liraglutide 3.0/1.8 mg on body weight and cardiometabolic risk factors in overweight/obese adults with T2D: SCALE Diabetes randomised, double-blind, 56-week trial. Diabetologia 2014; 57 (Suppl 1):Abstract 181-OR.
  13. EMA. Saxenda® (liraglutide 3 mg) Summary of Product Characteristics. Available at: www.ema.europa.eu/docs/en_GB/document_library/EPAR_-_Product_Information/human/003780/WC500185786.pdf Made available: 16 April 2015.
  14. WHO. Obesity and Overweight Factsheet no. 311. Available at: www.who.int/mediacentre/factsheets/fs311/en. Last accessed 10.04.15.

Obesidade: estudo aponta perda de até 10 anos na expectativa de vida

Uma pesquisa publicada na revista médica inglesa The Lancet revelou que estar acima do peso (IMC entre 25kg/m² e 29,9kg/m²) pode reduzir a expectativa de vida em um ano. Nos indivíduos com obesidade moderada (IMC entre 30kg/m² e 34,9kg/m²) o tempo pode ser de três anos e chegar a dez anos nos casos de obesidade severa (IMC entre 35kg/m² e 39,9kg/m²). O levantamento foi realizado por pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, e revelou também que o risco de morte em homens, antes dos 70 anos, aumentou de 19% em indivíduos com peso normal, para 29,5% nos moderadamente obesos. No sexo feminino a relação de aumento é de 11% para 14,6%.

Utilizando dados de grandes estudos realizados em 32 países, de quatro continentes, entre 1970 e 2015, a pesquisa dividiu amostras de acordo com o IMC (Índice de Massa Corporal) dos pacientes e comparou as causas de óbitos em cada grupo distinto. A principal percepção foi o aumento nos riscos de doenças respiratórias, cânceres, AVC (Acidente Vascular Cerebral) e doença cardíaca coronariana.

Para o Dr. Josemberg Campos, Presidente da SBCBM – Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, estudos como este corroboram para que a cirurgia bariátrica se consolide como o método mais eficaz no combate à obesidade mórbida. “Além da perda de peso a cirurgia possibilita o controle de doenças associadas como diabetes, hipertensão, alguns tipos de cânceres, diminuição das complicações cardiovasculares relacionadas ao peso excessivo, entre tantos outros problemas. O obeso ainda sofre muita discriminação e isso auxilia o paciente a melhorar sua autoestima e consequentemente o convívio social”, diz.

Estudos comprovam eficácia

Uma recente pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisa em Saúde Coletiva com pacientes atendidos pelo sistema de saúde Veterans Affairs, em Seattle, nos Estados Unidos revelou que pacientes obesos que se submeteram à cirurgia bariátrica apresentaram uma taxa de sobrevida maior, em longo prazo, quando comparados a pacientes obesos que não realizaram o procedimento. Os operados registraram taxas de mortalidade de 2,4% em um ano, 6,4% em cinco anos e 13,8% em 10 anos, enquanto nos não operados as taxas foram de 1,7%, 10,4% e 23,9%, respectivamente.

Vale ressaltar que a evolução dos materiais e equipamentos utilizados nas cirurgias tornou os procedimentos menos invasivos, mais rápidos, seguros e com tempo menor de recuperação e que os critérios de seleção dos pacientes estabelecidos pela Resolução n° 2.131/15 estão cada vez mais rígidos. “Além dos critérios estabelecidos é fundamental fazer uma análise rigorosa das condições de saúde do paciente, qualificação do cirurgião, estrutura hospitalar, técnica utilizada, além do acompanhamento multidisciplinar”, comenta o presidente.

Cirurgia Bariátrica

A cirurgia bariátrica é indicada quando o médico e o paciente se convencem que as tentativas colocadas em prática para eliminar peso por meio de tratamento clínico, como exercícios físicos, reeducação alimentar e medicamentos, não surtiram o efeito esperado.

De acordo com as orientações da Resolução n° 2.131/15, estabelecidas em reunião conjunta com o Ministério da Saúde e o Conselho Federal de Medicina, a cirurgia é liberada apenas para pacientes com IMC igual ou maior que 40kg/m² e pode ser realizada em casos de IMC entre 35kg/m² e 40kg/m², desde que o paciente tenha comorbidades como, por exemplo, diabetes e hipertensão. O IMC é calculado a partir da divisão do peso pela altura ao quadrado.

Em 2015 foram realizadas no país cerca de 93,5 mil cirurgias bariátricas, número 6,5% maior no comparativo com 2014 quando foram realizados aproximadamente 88 mil procedimentos. Deste total, entre 8% a 10% das cirurgias foram feitas no sistema público de saúde (SUS).

Circunferência da sua cintura, você conhece?

Você conhece a circunferência da sua cintura? Sabia que ela serve para indicar o risco de doenças cardiovasculares, diabetes e está relacionada ao seu tempo de vida? Muitas pessoas ainda associam esses fatores com a genética, mas a verdade é que ela representa cerca de 20% do risco, e os outros 80% se devem ao seu estilo de vida e alimentar.  A mais recente descoberta sobre a gordura abdominal é que ela causa depósitos de gordura visceral, ou seja, a gordura fica depositada também em seus órgãos e não somente sob a pele.

 

O excesso de gordura localizada na região da cintura conhecido como ‘corpo maçã’ está relacionado a um maior risco de doenças cardiovasculares e diabetes. Já o excesso de gordura localizada na região dos quadris, acompanhado de uma cintura fina, é chamado de ‘corpo pêra’ e está menos relacionado aos prejuízos à saúde.

 

Novos estudos propõem uma forma mais eficaz de avaliar sua saúde, que consiste na relação entre sua altura e sua cintura. Desta forma, a sua cintura deve medir, no máximo, a metade da sua altura em centímetros. Se este número estiver acima do normal, é hora de rever seus hábitos de vida. A circunferência da cintura está relacionada à sua saúde, de uma forma geral. E esta é mais uma das tantas Campanhas que a LC Restaurantes tem promovido por meio do Programa Nutrição Integral (PNI).

 

Ela foi desenvolvida especialmente quando os clientes, durante as Campanhas, solicitaram o cálculo do IMC, que, se comparado à circunferência da cintura, é um fraco preditor dos riscos do desenvolvimento de doenças crônicas. A inovação e a atualização, baseadas em fontes científicas, são fortes características das nossas campanhas de educação nutricional.

A relação entre sua altura e a circunferência da cintura tem sido proposta por estudiosos como uma medida muito simples e mais correta para avaliar os riscos relacionados à saúde e o acúmulo de gordura corporal.

Nossa campanha foi feita baseada nessa nova proposta. E é realmente grande o número de pessoas que se acham magras, mas tem uma circunferência de cintura elevada em relação a sua altura, a chamada ‘barriga’. Confira o método abaixo:

Medindo sua altura:

1)    Retire seus sapatos;

2)    Encoste as costas e os calcanhares na parede;

3)    Olhe no horizonte;

4)    Coloque a mão sobre a cabeça até encostar na fita métrica para que

seja possível registrar a medida.

Para o procedimento, divida sua altura por dois e calcule (metade de sua altura).

Medindo sua cintura:

1)    Tire sua camisa. Caso esteja utilizando um cinto, deixe-o afrouxado;

2)    Posicione a fita métrica entre o final de suas costelas e o osso do

quadril;

3)    Relaxe o abdômen e expire no momento de medir;

4)    Registre a medida.

Caso a sua cintura esteja maior do que metade de sua altura, é um sinal de que você poderá necessitar de uma reeducação de seus hábitos. O ideal é consultar um nutricionista que te oriente a seguir uma dieta adequada às suas necessidades e que melhore sua qualidade de vida!