Trabalho foi conduzido por pesquisadores da Universidade de Lincoln (Inglaterra), USP e Unifesp
São Paulo, 14 de janeiro de 2016 – Todas as pessoas que convivem com cães asseguram que eles são capazes de perceber seus estados emocionais. Essa constatação ganhou uma nova comprovação científica: pesquisa publicada na revista Biology Letter, conduzida por pesquisadores da Universidade de Lincoln (Inglaterra), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Universidade de São Paulo (USP), mostrou que cães são, sim, capazes de reconhecer estados emocionais dos seres humanos.
No experimento, cães de estimação observaram, ao mesmo tempo, duas telas com imagens projetadas de faces humanas e caninas, alegres ou agressivas, que foram pareadas com vocalizações que poderiam ter também conteúdo emocional positivo ou negativo.
Ao escutarem ruídos sem conteúdo emocional, os cães olharam aleatoriamente para as duas telas. Entretanto, ao escutarem um som com conteúdo emocional alegre ou agressivo, os cães olharam mais para a face congruente ao som (alegre ou agressiva) em 67% dos ensaios, uma taxa muito acima do acaso, indicando uma habilidade do animal de integrar as duas informações – sonora e visual.
“Essa correspondência confirmou-se tanto para estímulos referentes aos próprios cães quanto para estímulos humanos, para as emoções positivas e negativas, assim como para faces masculinas e femininas”, explica a professora da Unifesp, Carine Savalli, que é uma das autoras do estudo.
Ainda de acordo com ela, reconhecer o conteúdo emocional dos seres humanos a partir da integração de estímulos visuais e sonoros é uma habilidade bastante complexa, que deve ter conferido, certamente, vantagens adaptativas para os cães que vivem no ambiente humano há milhares de anos.
Exemplos de estímulos utilizados no estudo: faces (humano feliz x bravo; cão brincalhão x agressivo) e suas correspondentes vocalizações