Acabou o Carnaval – é hora de colocar as finanças em ordem

A velha história de que a ano só se inicia depois do Carnaval já não é mais tão real, sendo que, o mercado de trabalho faz com que as pessoas já iniciem o ano no gás total, entretanto, uma coisa não se pode negar, grande parte dos gastos extras das famílias ocorre no período entre o fim de ano e Carnaval. Assim, se além da ressaca comum da festa você também já começa sentir a “ressaca financeira”, não adianta nada só ter o sentimento de culpa e aguardar que a bomba do endividamento estoure. É hora de enfrentar o problema de frente e enfrentar a dura realidade de ter que ajustar a vida financeira.

Pensando nisso elaborei algumas orientações para quem quer mudar a realidade financeira neste momento:

Reverta a situação imediatamente: Se gastou demais, lembre-se de tudo e planilha os mesmos, se observar que a situação realmente está crítica e que terá que se endividar para pagar tudo, veja o que pode ser postergado o pagamento sem juros, negocie. Caso não seja possível, busque linhas de créditos que ofereçam juros ais baixo, evitando limites de cheque especial ou cartão de crédito que possuem juros abusivos.

Planejamento é necessário: liste os ganhos mensais. Liste todas as despesas – fixas e variáveis. Avalie sua situação financeira. Há margem para novos gastos? Há pendências financeiras? Faça um esforço para identificar excessos, que geralmente representam 30% das despesas das famílias brasileiras. Evite a todo custo entrar no limite do cheque especial e pagar a parcela mínima do cartão de crédito.

Família unida: Reúna-se com a família para definir os desejos de curto (até um ano), médio (até cinco anos) e longo (mais de 10 anos) prazos ou aqueles que se pretende em realizar em 2015 e incorpore o valor mensal necessário para a realização dos mesmos no orçamento mensal do próximo ano. Subtraia o valor desses sonhos da receita. O saldo restante é o orçamento para as demais despesas mensais.

Para economizar e poupar sempre

Pesquisar preço e comprar à vista: Tudo que se compra em prestações paga-se mais caro. Já quem pesquisa o melhor preço paga menos e aumenta a chance de comprar à vista e obter desconto.

Pedir desconto: Se um produto custa mil reais e pode ser parcelado em 10 vezes de 100 reais, certamente à vista custará de 10% a 20% menos.

Reter 10% dos rendimentos: para começar a construir a independência financeira, deve-se guardar 10% do que ganha. Com o tempo, pode-se partir para um plano de previdência privada para complementar o INSS.

Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Educação Financeira (Abefin), autor do best-seller Terapia Financeira e da primeira coleção completa de educação financeira para escolas, que já é adotada em mais de 1500 escolas em todo o Brasil.

IPVA e IPTU são despesas que devem ser planejadas

Início de ano é sempre um período de muitos gastos, dentre esses dois dos que mais preocupam são o IPVA e o IPTU. O grande erro é que, despesas como essas deveriam ser programadas com antecedência – uma vez que são fixas –, para que não se comprometa o orçamento. Como a maioria não faz isso, agora elas terão que ser somadas a outros gastos, como matrícula e material escolar, seguros, etc., começando 2016 com dificuldades financeiras.

Esse planejamento é um dos princípios básicos da educação financeira, ou seja, primeiro se poupa, depois se gasta, e não se gasta para então ver como fará para honrar com o compromisso. Claro que, para quem não pensou nisso antes, está um pouco em cima da hora, porém, antes tarde do que nunca, e esse também pode ser um alerta para que, no ano que vem, não repita o erro. Esse é outro aspecto da educação financeira: mudança comportamental, buscar resolver a causa do problema e não a consequência.

Falando então especificamente do IPTU e IPVA, uma dúvida muito comum é em relação à condição de pagamento: à vista ou a prazo? Mas, antes de ter essa resposta, é preciso saber em que situação financeira se encontra: endividado, equilibrado financeiramente ou investidor. Se for a primeira ou segunda opção, já se sabe que não conseguirá realizar o pagamento inteiro de uma vez, sobrando o caminho do parcelamento.

Lembrando que se deve evitar ao máximo recorrer a empréstimos, limites do cheque especial ou qualquer outra maneira de crédito do mercado financeiro, pois isso apenas se tornaria uma bola de neve, devido aos juros altíssimos cobrados.

Agora, caso a situação financeira esteja mais confortável, sendo investidor, recomendo, sem dúvida nenhuma, que o pagamento seja feito à vista, já que obterá 3% de desconto no IPVA e 6%, em média, no IPTU. Mas é importante ficar atento aos compromissos futuros; muitas pessoas se deixam levar pelo bom desconto e acabam esquecendo que haverá outras contas a serem pagas naquele mesmo mês ou nos próximos. De que adianta pagar à vista e conseguir desconto em uma despesa e não ter dinheiro suficiente para quitar as outras?

Isso nos leva a outro importante aspecto da educação financeira: ter reserva financeira. Isso evita problemas como esse e nos deixa mais seguros, em caso de imprevistos. Enfim, com planejamento, é possível terminar e começar o ano com segurança de uma vida financeira saudável e muitas realizações.

Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Educação Financeira e autor de diversos livros sobre o tema, dentre eles o best-seller Terapia Financeira.

Saiba o que fazer com o aumento do mínimo

A partir do primeiro dia de janeiro, o novo salário mínimo será de R$ 880, sendo que o mínimo atual é de R$ 788; o novo valor corresponde a reajuste de 11,6%. Mas o que esse aumento representa? Na verdade, ele apenas vem cobrir as perdas inflacionárias dos últimos meses, que foram altas.

Mas, para as famílias que já sobreviviam tendo que ajustar os salários a esse aumento, esse dinheiro é bastante significativo, por mais que muitos reclamem que é pouco, pode ser a oportunidade de colocar em dia as finanças e sair das dívidas, para quem se encontra nesta situação. E fica o alerta, não é porque ganhará um pouco mais que deve gastar em supérfluos, ao contrário, pode ser a oportunidade para começar a poupar para os sonhos de curto, médio e longo prazo.

Mas, o que fazer com este aumento? Como atravessamos por um momento de crise, é interessante que as pessoas revejam seus padrões de vida e reduzam os gastos, e que esse novo valor chegasse como um bônus para realização de satisfações pessoais no futuro, iniciando uma poupança. No entanto, muita gente aguarda ansiosamente aumentos para cobrir o desequilíbrio financeiro.

Pagar dívida com o aumento é uma opção desde que planejada. Mas se deve perceber que com essa atitude, só estará mascarando o real e verdadeiro problema – a ausência de educação financeira em toda família. É muito provável que pessoas que estejam nessa situação não estejam respeitando o próprio padrão de vida.

Só sabe quanto pode gastar, sem ficar no vermelho, quem sabe exatamente quanto entra e quanto sai do bolso mensalmente. E, com base nisso, define quanto e como pode utilizar o dinheiro. Mesmo quando é necessário entrar em um financiamento para a realização de determinados sonhos que não são acessíveis de outra forma, é importante avaliar se as parcelas, de fato, caberão no orçamento, levando em conta todas as outras despesas e demais sonhos de curto, médio e longo prazos.

Portanto, antes de ir compulsivamente às compras com esse ‘extra’, faça um diagnóstico da sua situação financeira. Relacione todas as despesas fixas e variáveis para descobrir o comprometimento dos seus ganhos com as dívidas. Investigue para onde está indo cada centavo dos seus ganhos. Só assim conseguirá saber quais são os gastos supérfluos que podem ser eliminados. Verifique se está endividado, ou seja, se já tem mais despesas do que seu bolso suporta. Certifique-se de que, mesmo estando no azul, de que vai conseguir pagar as compras que pretende fazer, somando-se aos gastos extras como impostos e escola.

Felizmente, nem todos estão endividados. Quem está numa situação mais confortável, de equilíbrio financeiro, mas ainda não tem o hábito de poupar pode aproveitar o aumento para iniciar uma reserva e manter essa prática de poupar.

Para quem já tem perfil investidor, o aumento é a oportunidade para incrementar o investimento. Destinado para alguma aplicação que a pessoa já possua ou planejar um salto em direção à sua independência financeira, investindo, por exemplo, em previdência privada.

Reinaldo Domingos, mestre e educador financeiro, presidente Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), autor dos livros Mesada não é só dinheiro, Terapia Financeira, Livre-se das Dívidas, Ter Dinheiro Não Tem Segredo, das coleções infantis O Menino do Dinheiro e O Menino e o Dinheiro, além da coleção didática de educação financeira para o Ensino Básico,adotada em diversas escolas do país.

Pós-carnaval: como estão as finanças?

O carnaval acabou e, agora, como muitas pessoas dizem, o Brasil começa a funcionar como deveria. Infelizmente, é nesse período de “ressaca” que as pessoas percebem a grande armadilha financeira em que estão enfiadas, ainda mais por somar a esse período de festas as contas de fim e início de ano.

Hoje, no país, grande parte da população está endividada das mais diversas formas: cheque especial, cartão de crédito, empréstimos bancários, inadimplência ou, até mesmo, agiotas. Segundo a Boa Vista Serviços – empresa que administra o Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) –, a inadimplência aumentou 2,13% em 2014 (comparado ao ano anterior) e a expectativa para 2015 também é de alta de 3%.

Esse endividamento pode prejudicar toda a sua vida e a de sua família e a única alternativa para colocar as contas em dia é se conscientizar da importância de mudar a cultura financeira. Uma boa gestão financeira é fruto de uma série de pequenas ações, que levam ao controle das contas. O primeiro passo para deixar de dever é controlar todos os seus gastos, para saber onde se pode economizar.

Por esse motivo, desenvolvi algumas orientações para conseguir arrumar as finanças nesse período de pós-carnaval:

1º – Realizar orçamento preventivo no qual deve constar o gastos como IPVA, IPTU, matrícula  e material escolar (se tiver filhos), além das férias;
2º – Fazer um fluxo de caixa,  informar em sistema ou planilha eletrônica o que irá pagar e receber nos próximos 12 meses;
3º – Não aplicar o seu dinheiro em um único investimento. Criar uma cesta de investimento (CDI/CDB, Previdência Privada, seguro capitalizado, etc);
4º – Evitar investimentos arrojados com taxas de juros agressivas, o que pode ser uma armadilha financeira. Aplique sempre em papéis e títulos com características moderadas, ou seja, sem grandes riscos;
5º – Antes de investir, consultar sempre um especialista em finanças; se não for possível, falar com gerentes de investimento dos bancos;
6º – Negociar e comprar com preço à vista, se não for possível, tentar negociar um valor à vista, mas pagá-lo a prazo;
7º – Planejar a aposentadoria por meio de uma previdência privada, criando hábitos e costumes para investir mensalmente, aplicando 10% do seu ganho mensal;
8º – Não entrar no limite do cheque especial e nem se endividar no cartão de crédito; os juros são muito altos;
9º – Comprar somente o necessário. Adie os seus desejos imediatos para a realização de grandes sonhos no futuro;
10º – O processo de reeducação financeira não é rápido. Não desista nos primeiros obstáculos. Persistência e disciplina é o grande segredo do sucesso financeiro.

Reinaldo Domingos é educador e terapeuta financeiro, presidente da DSOP Educação Financeira, Abefin e Editora DSOP, autor do best-seller Terapia Financeira, dos lançamentos Papo Empreendedor e Sabedoria Financeira, entre outras obras.