Governo aciona AGU para garantir eleição direta de conselhos tutelares

O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, vai acionar a Advocacia-Geral da União (AGU) e o Ministério Público (MP) para garantir que a população de três municípios — Uberlândia, em Minas Gerais, e Rio Largo e Santana do Ipanema, em Alagoas, onde ocorreram eleições indiretas, possa escolher democraticamente os conselheiros tutelares locais. 

Em nota à imprensa divulgada nesta segunda-feira (2), o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) também nega que o ministro Silvio Almeida queira anular parte das eleições realizadas neste domingo (1º), em todo o país. Diferentemente do que algumas publicações em redes sociais informaram, Silvio Almeida não pretende cancelar parcialmente o pleitos. 

Ministro Silvio Almeida, que votou em São Paulo, quer garantia de eleições democráticas nas três cidades em que votação foi indireta – Ascom/MDHC

Entenda

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MDHC divulga 3ª parcial das eleições de conselheiros tutelares .Conselhos tutelares: balanço indica mais de 10% de aumento nos votos.Mais de 56 mil urnas foram usadas nas eleições dos conselhos tutelares.Ontem, eleitores com mais de 16 anos e em situação regular na Justiça Federal foram às urnas escolher mais de 30,5 mil representantes dos mais de 6 mil conselhos tutelares, em todos os municípios brasileiros. 

Porém, nas cidades de Uberlândia, Rio Largo e Santana do Ipanema, o pleito foi realizado por meio de eleição indireta, o que contraria o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e a Resolução nº 231 do Conselho Nacional dos Direitos Humanos (Conanda).  

Nos três municípios, os eleitores não foram convocados a comparecer às urnas para votar e escolher os representantes dos conselhos tutelares. A escolha coube a um colegiado que foi formado irregularmente para votar no lugar dos cidadãos. A ação é vetada pela legislação.  

Diante dessa ilegalidade que é a eleição indireta, a nota pública informa que o ministro Silvio Almeida agirá para garantir a participação popular, democrática e cidadã na escolha dos representantes dos colegiados municipais, por meio dos órgãos competentes, a AGU e o Ministério Público. 

“O MDHC não compactua com desinformações e repudia toda e qualquer tentativa de disseminação de notícias falsas que tentem ludibriar a população brasileira, incitando-a a comportamentos antidemocráticos”, conclui a nota.

Boletins

Desde a noite de domingo até a publicação desta reportagem, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania tinha publicado três boletins com os resultados parciais das eleições divulgados pelas prefeituras e pelo governo do Distrito Federal.

Os dados confirmam a tendência inicial de aumento na participação social do pleito de 2023 e foram celebrados por integrantes do MDHC.

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Clínica de reabilitação de SP onde interno foi morto não tinha alvará

A clínica de reabilitação Kairos Prime, em Embu-Guaçu, não tinha alvará de funcionamento, apontam documentos divulgados pela prefeitura. O pedido havia sido indeferido em maio de 2023 por falta de apresentação do Alvará da Vigilância Sanitária e de outros documentos, “evidenciando que a clínica estava operando em condições irregulares”, informou o governo municipal em nota. Um interno, de 39 anos, foi morto no local, com sinais de violência, no último dia 25. Cinco funcionários da clínica foram presos em flagrante.

Nessa sexta-feira (29), a prefeitura iniciou uma força-tarefa para investigar clínicas de reabilitação no município, que fica na região metropolitana de São Paulo. A ação envolve profissionais da Assistência Social, Vigilância Sanitária, Guarda Municipal, além do Conselho Municipal de Políticas Públicas sobre Drogas (Comad). “O objetivo é reforçar a fiscalização de todas as instituições que operam à margem da lei em nossa cidade. Trabalharemos incansavelmente para evitar que fatos como o ocorrido se repitam em nosso município.”

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SP: interno morre em clínica de reabilitação e 5 pessoas são presas .Clínicas de reabilitação de SP têm suspeitas de violência.Esta é a segunda morte que ocorre na clínica este ano. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), outro homem, de 27 anos, foi encontrado morto em março, na mesma instituição, com sinais de violência no pescoço. Na ocasião, três funcionários do local foram presos em flagrante. A prefeitura informou que só teve conhecimento dessa morte no dia 26 de setembro, por meio de um ofício da Polícia Civil direcionado à Vigilância Sanitária do município. 

Em resposta, o setor de Vigilância Sanitária de Embu-Guaçu disse que a instituição nunca solicitou autorização para funcionamento e que uma diligência no local estava prevista para o início de outubro.

Outros casos suspeitos

O dono da clínica Kairos Prime, Ueder Santos de Melo, é investigado por essas duas mortes, mas outras unidades da Grande São Paulo, em que ele consta como sócio, também registram casos de violência.

Nas duas unidades de Juquitiba, também na Grande São Paulo, há quatro registros, sendo um de lesão corporal, ocorrido na sexta-feira (22), e um de tortura, ocorrido na manhã da última quarta-feira (27), além de duas mortes por causa natural, ocorridas em dezembro de 2022 e maio de 2023.

Em maio de 2023, um caso de lesão corporal foi registrado na unidade de São Lourenço da Serra. No mesmo local, ocorreu um desaparecimento em junho de 2017.

A Polícia Civil disse, em nota, que atua para esclarecer todas as circunstâncias e punir os envolvidos. Até o momento, ao menos oito funcionários foram presos.

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Câmara do Rio cria Semana em Memória às Vítimas da Violência Armada

A Câmara Municipal do Rio de Janeiro aprovou, nesta quarta-feira (27), o Projeto de Lei 5.146/2010 que inclui a Semana Municipal em Memória das Vítimas da Violência Armada no calendário municipal. A proposta, que decorre de anos de articulações e reivindicações do movimento de familiares em âmbito nacional, visa a efetivar a política de memória, proteção e apoio às vítimas da violência armada na cidade e será lembrado na semana entre os dias 12 e 19 de maio, que já faz parte do calendário estadual.

Para a vereadora Monica Cunha (Psol), que se tornou uma mãe de vítima quando seu filho Rafael da Silva, 20 anos, foi assassinado por policiais em 2006, um dos grandes desafios do poder público no Brasil e, principalmente, no Rio de Janeiro, é garantir que as políticas de memória sejam indispensáveis enquanto instrumento de enfrentamento ao esquecimento e de concretização de justiça.

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Cufa inaugura centro social para 8 mil pessoas em favela no Rio.Caso Heloisa: Justiça pede nova perícia em armas de agentes da PRF.“Esse é um projeto que mostra a história do que carrego na minha pele e no meu peito porque sou uma familiar de vítima. Estar aqui lutando para conseguirmos fazer memória desses familiares de vítimas, no município, é importante para a memória constante das vítimas da violência, para que não se esqueça a barbárie, para que não mais aconteça e para que haja reparação”, afirmou a vereadora.

O projeto busca efetivar política de memória, proteção e apoio às vítimas da violência armada na cidade, um dos grandes desafios do poder público no Brasil e particularmente no Rio de Janeiro.

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Projeto dá assistência a mais de 90 famílias refugiadas no Rio

Mais de 90 famílias que se refugiaram no Brasil em busca de uma vida melhor receberam orientações e tiveram acesso a serviços como regularização migratória no projeto Rota de Direitos, realizado neste sábado (23) pela Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro.

A ação é uma parceria do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos da DPRJ (Nudedh) com a Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), a Cáritas RJ, o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) e outras entidades.

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Polícia Federal agiliza atendimento a refugiados em São Paulo.Acnur: deslocamento forçado atinge 89,3 milhões de pessoas em 2021.As famílias atendidas buscavam principalmente auxílio na regularização migratória, inserção em cadastro de emprego e orientações de direitos trabalhistas. Também foram prestados serviços como encaminhamento para matrícula escolar, vacinação, avaliação odontológica, informações sobre saúde e outros temas ligados à assistência social, assim como inclusão no Cadastro Único e demais benefícios sociais.

Entre os atendidos, as histórias são de famílias que deixaram seus países devido a crises econômicas, desastres naturais e conflitos armados. A Acnur define refugiados como pessoas que estão fora de seu país de origem pelo temor de sofrer perseguições ou por uma grave e generalizada violação de direitos humanos e conflitos armados.

O número de pessoas que sofre deslocamentos forçados por esses motivos mais que dobrou na última década, passando de 40 milhões, em 2010, para 100 milhões em 2022, segundo a Acnur. Cerca de 40% desse número são crianças e adolescentes.

De acordo com o relatório Refúgio em Números, do Conare, somente em 2022 foram feitas mais de 50 mil solicitações de refúgio no Brasil. As principais nacionalidades solicitantes em 2022 foram venezuelanas (67%), cubanas (10,9%) e angolanas (6,8%).

A situação de crise econômica vivida na Venezuela e as dificuldades em criar seus três filhos motivaram Viviane Del Valle a imigrar para o Brasil. Ao buscar o projeto Rota de Direitos, ela relatou dificuldade para obter medicamentos e tratamento para um dos filhos, que tem autismo e epilepsia.

“Eu comia apenas uma vez ao dia. Meus filhos comiam três vezes no dia, mas em pouca quantidade”, contou Viviane Del Valle aos integrantes do projeto. A venezuelana está no Brasil há cinco anos, sendo um ano e meio no Rio.

O atendimento deste sábado ocorreu na Escola Juan Montalvo, na Taquara, bairro da Zona Oeste carioca. Também participaram da ação órgãos do Governo do Estado e da Prefeitura do Rio de Janeiro, além das organizações Aldeias Infantis SOS Brasil, Mawon, Pacto pelo Direito de Migrar, Organização Internacional para Migrações e Cátedra Sérvio Vieira da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

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Em 1 ano, imprensa da Amazônia sofreu 66 ataques, aponta relatório

Em 1 ano, de 30 de junho de 2022 a 30 de junho de 2023, a Repórteres Sem Fronteiras (RSF) registrou 66 casos de ataques à imprensa nos nove estados que compõem a Amazônia Legal. A informação consta do relatório Amazônia: Jornalismo em Chamas, divulgado nesta quinta-feira (21) pela entidade, ressaltando que a região impõe desafios aos jornalistas, como a concentração de veículos nas mãos de poucos e a dificuldade de angariar fundos para o jornalismo independente.

Do total de episódios relacionados pela entidade, 16 aconteceram enquanto os profissionais da mídia produziam reportagens sobre agronegócio, mineração, povos indígenas e direitos humanos. No período das eleições presidenciais de 2022, ocorreram um terço dos excessos contra a imprensa.

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Em Recife, festival debate jornalismo de causas .Jornalismo comunitário atua contra “desertos de notícias”.Agência Brasil faz 33 anos; desafio é consolidar jornalismo público.Entram na contagem da RSF agressões físicas, assédio e ameaças. Os casos foram coletados por um observatório integrado por profissionais da imprensa e organizações da sociedade civil.

Outro aspecto pontuado no documento é a desigualdade na esfera da tecnologia, na qual os jornalistas podem esbarrar. A RSF propõe, ao inventariar os problemas próprios da região, já conhecida por sua complexidade, provocar o Poder Público e as redações de jornalismo a refletir sobre o assunto e ampliar possibilidades para facilitar a cobertura de fatos.

Negra, e premiada com um Prêmio Esso e um Vladimir Herzog, a jornalista Kátia Brasil (foto), cofundadora com Elaíze Farias, da agência Amazônia Real, tem anos de estrada no jornalismo, diz que a estratégia que adotou para conseguir aguentar o tranco da cobertura na região foi constituir “uma casca de tartaruga”.

A tática, complementa ela, que se vê como “sobrevivente” dos ambientes ameaçadores, serviu também para se resguardar dos assédios e do racismo das redações por onde passou.

A fala de Kátia Brasil vai ao encontro da do jornalista Daniel Camargos, da Repórter Brasil, que vai guiando o espectador pelo documentário Relatos de um correspondente da guerra na Amazônia, em que rememora o período da apuração do assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, de quem se aproximou. O filme foi exibido na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, e assistido pela reportagem da Agência Brasil, durante a mostra Histórias da Amazônia, promovida pelo Pulitzer Center.

No documentário, a equipe da Repórter Brasil também abre uma discussão sobre como é relevante o apoio institucional das redações para que os repórteres e demais profissionais que saem às ruas possam ter condições de exercer com segurança seu ofício. Além disso, comentam como a Repórter Brasil mudou a percepção sobre dar espaço ao contraditório, depois do assassinato de Dom e Bruno, em virtude do clima de extrema hostilidade de quem dá essa outra versão dos fatos, o chamado “o outro lado”.

Perguntada pela Agência Brasil sobre como a redação que comanda há quase uma década lida com protocolos de segurança das equipes de reportagem, Kátia disse que segue as regras de um plano de segurança já consolidado entre os colegas do veículo. Em média, a Amazônia Real faz cinco viagens por ano, e toda vez que alguma equipe está em campo apurando informações, outro colega fica responsável por acompanhar cada passo e sabe exatamente a coordenada da equipe, para poder socorrê-la, caso entre em perigo.

Uma regra de ouro que os profissionais da agência de jornalismo independente e investigativo estabeleceram foi a de não aproveitar o transporte usado por lideranças das comunidades que protegem por meio de seu trabalho, como as indígenas. Isso porque, entendem que ao estarem em sua companhia nesses momentos fazem com que os líderes se tornem mais suscetíveis a ataques de inimigos.

Conforme enfatiza a jornalista da Amazônia Real, as fontes de financiamento são a régua por onde se mede a autonomia de um veículo da imprensa. Ou seja, tem que se ter em mente que o dinheiro pode terminar até onde os repórteres podem vasculhar para levantar informações, porque, eventualmente, acabam incomodando quem paga as contas da redação. Segundo Kátia, a independência na linha editorial é um dos princípios que a agência mais busca preservar intactos.

“Apesar de sermos uma mídia pequena e sem fins lucrativos, a gente pensa muito no autocuidado com o jornalista dentro da redação, e para que tenha equipes que trabalhem de forma tranquila, porque os assuntos que a gente escreve são muito duros para a gente, que nos deixam abalados durante a cobertura. Durante a pandemia, teve o apoio da RSF para ter investimento e permitir que nossa equipe fosse cuidada por psicólogos”, revelou Kátia, acrescentando que 15 funcionários foram beneficiados pela medida.

Em junho deste ano, o Ministério da Justiça e Segurança Pública finalizou as inscrições para a composição do Observatório da Violência contra Jornalistas e Comunicadores Sociais, criado em fevereiro. O grupo está sob a coordenação-geral da Secretaria Nacional de Justiça e é formado por pesquisadores, juristas e representantes de entidades de defesa da liberdade de imprensa e de expressão.

Ao todo, são 33 membros, sendo 22 atuando como titulares e 11 suplentes. O governo federal tem três assentos; o Ministério Público, dois, um escritório de advocacia, um; pesquisadores de universidades federais, dois; e 26 lugares são reservados a representantes de federações, associações e institutos.

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Alerj inaugura exposição pelo Dia de Luta da Pessoa com Deficiência

Em comemoração ao Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, será inaugurada nesta quinta-feira (21), a exposição Homens do campo e outros, de Marcelo Cunha. O artista é membro da Associação dos Pintores com a Boca e os Pés (APBP) e apresentará 29 obras de sua autoria, entre desenhos artísticos, fotos de pessoas e paisagens.

A abertura da exposição será às 13h, no Palácio Tiradentes, sede histórica da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Para a diretora do Departamento de Cultura da Alerj, Fernanda Figueiredo, a mostra traz o tema da inclusão: “a gente abre essa exposição, principalmente para abordar o tema da inclusão e colocar essa discussão em pauta”.

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Linguagem reforça preconceito e barreiras para pessoas com deficiência.Novo plano para pessoas com deficiência será lançado em outubro.Marcelo Cunha ficou tetraplégico em um acidente em 1991, quando mergulhava em uma cachoeira. Após o trauma, ele desenvolveu a técnica de pintar com a boca e a atividade acabou virando sua profissão. Ele conta que, a cada conquista, alcançou um nível de liberdade que não imaginava que fosse possível, “produzindo arte e eternizando momentos com muita felicidade”.

Exposição Homens do Campo e outros começa nesta quinta-feira (21), na Alerj – Divulgação/arquivo pessoal

A exposição ficará aberta ao público até o dia 4 de outubro, de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h. A classificação é livre. Há acesso para cadeirantes pela Rua Dom Manuel, atrás do Palácio. Durante a abertura da mostra, Marcelo Cunha vai finalizar um quadro que retrata o Palácio Tiradentes, mostrando sua técnica. “Ele vai pintar com a boca na abertura e finalizar um dos quadros”, informou a diretora Fernanda Figueiredo.

O artista

Além de artista plástico, Marcelo Cunha é escritor, palestrante e graduado em publicidade e propaganda. Com a realização da sua primeira exposição, em 1997, ele iniciou a caminhada para obter o reconhecimento artístico. O estilo impressionista foi desenvolvido a partir de 2003 e aprimorado ao longo dos anos.

Em 2004, ingressou como bolsista na APBP. Realizou sua primeira exposição internacional, no Chile, em 2001. Depois, suas obras foram vistas em Buenos Aires (2009), Áustria (2013) e Espanha (2017). Muitas delas foram reproduzidas em cartões e calendários e vendidas mundialmente. Em 2011, foi promovido a membro associado da APBP.

Novas atrações

A diretora da Alerj Fernanda Figueiredo conta que o Palácio Tiradentes vai inaugurar exposições temporárias gratuitas à população, até o final do ano. “A gente já tem uma visita guiada permanente e, agora, abriu um calendário de eventos, que começou no mês passado”. No momento, estão sendo finalizados projetos de exposições para outubro, novembro e dezembro.

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Líder indígena recebeu ameaças na véspera do assassinato, diz Cimi

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) emitiu nota em que pede rigor na investigação do assassinato dos guarani kaiowá Ñandesy Sebastiana Galton, 92 anos de idade, e de seu companheiro, Rufino Velasquez, ocorrido na segunda-feira (18), e ressaltou que as vítimas receberam ameaças dias antes do crime. A mensagem foi divulgada nesta terça-feira (19).

Os corpos da líder espiritual e de seu companheiro foram encontrados carbonizados na casa onde viviam, na Terra Indígena (TI) Guasuti, no município de Aral Moreira (MS). Segundo o Cimi, a informação sobre as intimidações chegaram por meio de familiares das vítimas, que contaram como estava a situação no local a uma equipe da entidade.

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Cimi pede recomposição de comissão que acompanha crise yanomami.STF retoma julgamento sobre marco temporal de terras indígenas.Relatório aponta desafios de territórios indígenas.Os parentes de Ñandesy e Velasquez relataram que o clima de tensão e iminência de ataques fez com que o casal mudasse a rotina, tendo que se recolher em casa ainda durante o dia, e que os conflitos por terra e a intolerância religiosa na região pioraram durantes os últimos meses.

Ainda de acordo com o Cimi, membros da TI Guasuti acreditam que o casal pode ter sofrido agressões antes de terem a casa incendiada. Para a comunidade, resta também preocupação quanto a violação do xiru da líder espiritual, uma espécie de oratório, que, na crença de seu povo, encerra seres e poderes que, se queimados, espalham doenças e males.

A Kuñangue Aty Guasu, Grande Assembleia das Mulheres Kaiowá e Guarani de Mato Grosso do Sul, ressaltou nesta terça-feira (19) que Ñhandesy Sebastiana já havia recebido ameaças de morte nos últimos anos, em um contexto que a entidade entende como fruto de “discursos coloniais de ódio”, reproduzidos no estado.

“Isso demonstra que a violência seguida de homicídio/feminicídio que dona Sebastiana e seu Rufino foram vítimas não é apenas uma tragédia individual, mas também uma realidade violenta enfrentada por muitos rezadores e guardiões das ancestralidades indígenas Kaiowá e Guarani em Mato Grosso do Sul”.

A Kuñangue Aty Guasu disse em nota que “repudia qualquer forma de violência, principalmente aquela perpetrada contra mulheres, meninas, anciões e anciãs indígenas. Esse crime bárbaro é inaceitável e exige que a justiça seja feita de forma rigorosa”.

Também nesta terça-feira, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, que cumpre agenda em Nova York, disse, em vídeo veiculado no perfil oficial que a pasta mantém no Instagram, que “não basta lamentar” e que o governo está acompanhando o caso, inclusive pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, e pedindo maior agilidade nas investigações. “É uma região com muitas situações semelhantes [à ocorrida]”, afirmou.

O caso está sendo investigado pelas polícias Civil e Militar do estado.

A unidade de Ponta Porã da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) informou que um suspeito, cuja identidade não foi revelada, foi identificado e detido.

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Relatório aponta desafios de territórios indígenas

A Terra Indígena (TI) Cachoeira Seca, no Pará, é habitada pelos indígenas arara, que têm uma população de apenas cerca de 100 pessoas. Lá o total de não indígenas que fixaram residência ilegalmente passa de 3 mil, e o acesso à aldeia dos arara é feito por meio da vila de quem ocupa o local de modo irregular. 

O caso é apontado em um relatório lançado nesta terça-feira (19) na capital paulista pela entidade Conectas Direitos Humanos, pelo Instituto Maíra e entidades de representação indígena. O documento foi elaborado coletivamente com a Associação Etnoambiental Kanindé, Jupaú – Associação do Povo Indígena Uru-eu-wau-wau e Kowit – Associação Indígena do Povo Arara da Cachoeira Seca.

Outra situação mostrada no relatório é a de povos que vivem nas Terras Indígenas (TI) Uru-Eu-Wau-Wau, em Rondônia, e, ainda, a da TI Sete de Setembro, em Rondônia e Mato Grosso. São povos com sua existência sob risco, sendo que alguns deles aceitaram entrar em contato com pessoas de fora de sua comunidade apenas recentemente e outros optaram por permanecer em isolamento voluntário. 

A diretora de Fortalecimento do Movimento de Direitos Humanos da Conectas, Julia Mello Neiva, explica que os autores do relatório decidiram se concentrar em detalhar o cenário desses territórios porque as lideranças que neles atuam têm em comum a forma de enfrentar as dificuldades, que se assemelham. Além disso, enfatiza ela, os líderes indígenas demonstram disposição ao diálogo, a fim de encontrar soluções, inclusive no que diz respeito ao processo de desintrusão, ou seja, de retirada dos invasores. 

A diretora da Conectas, que conversou com as lideranças diretamente, menciona que elas têm receio de que os invasores retornem à TI, após sua expulsão, e que, para ela, o governo federal tem sinalizado estar do lado dos indígenas. “É proteger os povos indígenas, mas também a humanidade”, afirma. 

Como em diversos outros territórios no Brasil e tendo como exemplo os outros citados no relatório, na TI Cachoeira Seca desrespeita-se um dos princípios mais importantes para os povos originários, o de autodeterminação, segundo a pesquisa. A autodeterminação significa que os povos indígenas têm direito a conduzir, como bem entenderem, a sua condição política e seu desenvolvimento, nos âmbitos econômico, social e cultural. Isto é, deveriam gozar de autonomia e ter condições para isso.

Segundo o relatório “Vidas em territórios sob pressão: povos Uru-Eu-Wau-Wau, Paiter Suruí e Arara”, na TI em questão, que fica entre os rios Iriri e Xingu, o modo de viver e, por conseguinte, o de não viver têm sido ditado pelos invasores, que são madeireiros, grileiros, garimpeiros e outros tipos, como os fazendeiros que criam gado. Conforme ressalta o relatório da rede de organizações, com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entre 2008 e 2020, os arara perderam 367,9 km² de floresta.

“Em termos gerais, o impacto desse desmatamento é a diminuição da caça, mais poluição do rio e diminuição dos peixes. As grandes árvores castanheiras e a maioria dos ipês foram derrubadas. Como consequência, os indígenas não se sentem mais à vontade para fazer caçadas distantes, para se afastarem da aldeia – dentro do território, mas longe da aldeia. Isso porque, ao fazer acampamento no mato, é possível escutar motosserras se aproximando de madrugada. Dessa forma, o uso do próprio território começa a ser restringido por medo de se deparar com um madeireiro ou algum invasor na terra deles”, descreve o relatório. 

Ameaças

O relatório mostra que os arara também sofrem, como muitos de seus parentes indígenas, ameaças, constantemente. Um caso que ilustra a violência a que ficam expostos é o de Karaya Arara, que, em maio de 2000, foi encontrado morto no rio Iriri, em Altamira, dias após terem reportado seu desaparecimento. 

A TI Uru-Eu-Wau-Wau, por sua vez, é um dos territórios indígenas que constam da lista de prioridades do governo federal, em termos de desintrusão. Os indígenas do território assistiram a um agravamento das pressões sobre a região, no intervalo de 2018 a 2021. 

De acordo com o relatório lançado nesta terça-feira, a região próxima à aldeia Linha 623, onde os indígenas coletam castanhas, é foco de ataques de grileiros e madeireiros, que provocam desmatamento, roubam castanhas e ameaçam a vida dos indígenas que já estabeleceram contato e também dos indígenas isolados.

Ivaneide Bandeira Cardozo, da Kanindé, relembrou o episódio que vivenciou em 14 de maio, quando cerca de 50 homens a acuaram, enquanto estava na companhia de indígenas paiter suruí, no momento em que faziam o preparo de um desenho no chão, como protesto contra o desmatamento na região. Ela conta que os invasores dão tiros na floresta, mostram que não se importam em desautorizar agentes da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e, em diversas ocasiões, já afirmaram que indígenas são “folgados”.

Para Ivaneide, uma das preocupações é a descaracterização dos casos como violações de direitos dos indígenas e conflitos por terra. O que fazem, comenta, é atribuir as agressões a outros fatores, “inventando desculpas”. Segundo ela, até hoje, não avançaram na Justiça os processos que poderiam dar desfecho aos casos de violência cometida contra as lideranças. 

“Todos os protetores [da floresta] são ameaçados de morte, têm que viver sob proteção. Há um bocado de tempo, não posso ir à TI Uru-Eu-Wau-Wau, por alguns lugares, porque sei que, se eu for, vão me matar. E não sou só eu, é a equipe. Eles têm os nomes todos, as pessoas marcadas. E esse pessoal não mata por si, manda matar”, declara. 

A Agência Brasil entrou em contato com o Ministério dos Povos Indígenas e com a Funai para obter um posicionamento sobre as colocações feitas no relatório, mas não obteve retorno até a publicação da matéria.

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Rio quer investir na capacitação dos próximos conselheiros tutelares

No dia 1º de outubro, os cariocas escolherão seus representantes nos 19 conselhos tutelares distribuídos pelos bairros da cidade do Rio de Janeiro. Serão eleitos 95 membros titulares, ou seja, cinco para cada conselho, além de 95 suplentes.

Na cidade, as eleições serão realizadas em escolas municipais. Os locais poderão consultados pela internet. Ao todo, 346 candidatos concorrem às vagas no município. O conselho com maior número de candidatos é Campo Grande (32 candidatos).

Os conselhos cariocas foram criados em 1993, através de um projeto de lei apresentado em 1991 e só aprovado dois anos depois pela Câmara dos Vereadores. Então parlamentar municipal, Adilson Pires foi um dos autores do texto.

Hoje, ele é secretário municipal de Assistência Social e destaca a importância dessas estruturas para a garantia dos direitos da infância na capital fluminense. 

Secretário municipal de Assistência Social, Adilson Pires. Foto: ASCOM/SMAS

“Sempre que um direito é violado, o conselho é acionado: uma falta de vaga em uma escola, uma falta de vaga em uma creche, abusos e maus-tratos contra crianças, trabalho infantil. Ou seja, tudo aquilo que viole o direito fundamental de uma criança, cabe ao conselheiro tutelar tomar as medidas, seja procurando a prefeitura, a Justiça, o Ministério Público ou a polícia”.

Apesar disso, Pires reconhece que o papel do conselho não é muito bem compreendido, às vezes nem pelo próprio conselheiro. “Nas últimas eleições, uma boa parte dos conselheiros tutelares eleitos não estavam devidamente preparados e nem entendiam exatamente a função que eles tinham”, explica.

Segundo ele, para garantir o bom funcionamento dos conselhos, a prefeitura pretende investir “pesado” na capacitação dos próximos conselheiros, que cumprirão a função entre 2024 e 2027. “Para que ele tenha condições de exercer bem o papel de conselheiro, ele tem que ser melhor capacitado e formado. Esse será um olhar que nós teremos nessa eleição”, disse o secretário.

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Mulheres indígenas marcham em Brasília contra violência

O calor e a baixa umidade relativa do ar não desencorajaram as participantes da 3ª Marcha das Mulheres Indígenas a percorrer, caminhando, os 4 quilômetros (km) que separam o Eixo Cultural Ibero-Americano (antiga Funarte) da Esplanada dos Ministérios, na área central de Brasília.

Perto das 9h desta quarta-feira (13), já com os termômetros marcando 26 graus Celsius (°C) e a umidade relativa do ar na casa dos 40%, um grupo de mulheres iniciou a marcha, cuja mobilização começou no domingo (10) e, segundo os organizadores, atraiu cerca de 5 mil participantes à capital federal.

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Por que marcham as mulheres indígenas?.Câmara realiza sessão em homenagem à Marcha das Mulheres Indígenas.Comitê interministerial atuará na proteção de terras indígenas.“É hora de dizer que nossas dores afetam a toda a humanidade”, conclamou uma das lideranças da marcha, do alto do carro de som. À medida que o grupo avançava, ocupando três das seis faixas de tráfego do Eixo Monumental, mais participantes iam se somando à manifestação. Incluindo a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, que usou suas redes sociais para transmitir um vídeo feito em plena marcha.

“Agora a marcha é na rua”, festejou a ministra. “Somos mulheres de todas as regiões do Brasil, de todos os biomas e de diversos continentes, em marcha pelas ruas de Brasília”, comentou a ministra, aludindo à participação de representantes de movimentos sociais de outros países, como Peru, Estados Unidos, Malásia, entre outros.

Portando faixas, cartazes, maracas, apitos e usando adereços e pinturas corporais indígenas, as mulheres entoavam cantos tradicionais e palavras de ordem – inclusive contra o Marco Temporal, tese jurídica que sustenta que os povos indígenas só teriam direito constitucional às terras que já ocupavam ou reivindicavam em 5 de outubro de 1988, data de promulgação da Constituição Federal.

Com o lema Mulheres Biomas em Defesa da Biodiversidade pelas Raízes Ancestrais, a marcha propõe o fim das violências contra as indígenas e o tratamento igualitário entre homens e mulheres, entre outras causas.

“Essas mulheres enfrentaram inúmeros desafios e injustiças ao longo de suas vidas, mas se recusam a continuar sendo silenciadas”, reivindica, em nota, a Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga), entidade organizadora da marcha.

“Exigimos acesso a cuidados de saúde de qualidade, educação e oportunidades econômicas. Lutamos pela proteção da terra e recursos naturais, que vêm sendo explorados por muito tempo. Defendemos o fim da violência contra as mulheres indígenas, um problema generalizado que tem atormentado nossas comunidades há gerações”, acrescenta a associação.

Ainda nesta quarta-feira, último dia da marcha, haverá um debate com a participação de ministras de Estado e um show de encerramento, às 18h, com apresentação de artistas indígenas e convidadas.

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