Alerta de Verão: Mofo pode causar crises respiratórias

Com a estação mais úmida do ano chegando é comum a proliferação de mofo e bolor, fungos que irritam as vias aéreas e podem causar crises de asma e alergias

São Paulo, 19 de dezembro de 2016 – O verão não é só a estação mais quente do ano, como também é o período de maior incidência de chuva. A umidade da temporada é, no geral, benéfica para as vias respiratórias, porém é preciso ter cuidados extras para evitar a propagação de mofo, muito comum nessa temporada, que cresce em ambientes fechados e úmidos como armários e guarda-roupas. Além de danificar móveis, pinturas e roupas, o mofo pode ser muito prejudicial para a saúde e provocar crises alérgicas e de asma.

Estima-se que o Brasil tenha aproximadamente 20 milhões de pessoas com asma, segundo dados da SBPT (Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia doença que é a quarta causa de internação hospitalar no Brasil. O Dr. Marcelo Fouad Rabahi, Professor Titular de Pneumologia na UFG (Universidade Federal de Goiás), explica que a presença de mofo nos ambientes é um fator desencadeante da asma: “Asma é uma doença crônica, ou seja, uma vez que o paciente é diagnosticado ele irá conviver com a condição para o resto da sua vida. Por isso, é importante ficar atento aos gatilhos que podem causar as crises de falta de ar, e o mofo – ou bolor – é um fator recorrente no verão”.

O mau cheiro e manchas escuras em paredes e móveis podem ser sinais da presença de bolor. Para evitar o crescimento de mofo durante o verão é importante caprichar na limpeza dos ambientes e móveis com produtos que eliminem os micro-organismos, como vinagre e água sanitária. Manter os espaços arejados e favorecer a entrada de luz do sol também ajudam a acabar com os fungos, já que eles se reproduzem em lugares úmidos, com pouca ventilação e baixa incidência solar.

Além de evitar contato com alérgenos que possam causar as crises, é importante que as pessoas diagnosticadas com asma tenham um acompanhamento médico e tratamento medicamentoso adequado para manter a doença controlada. Dados recentes do DATASUS (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil) mostram que três pessoas com idades entre 5 e 64 anos morrem a cada dia por asma no Brasil, com mais de 2 mil óbitos entre 2009 e 2013. Ainda de acordo com os dados do Ministério da Saúde, entre 2011 e 2015, mais de 320 mil internações aconteceram por decorrência da asma.

São dados alarmantes para uma doença que pode ser controlada. Prof. Rabahi explica que isso acontece porque as pessoas costumam subestimar os sintomas da asma, até que um episódio mais grave aconteça. “As pessoas não dão importância aos pequenos sinais que mostram que a asma não está controlada, como desconforto ao dormir e dificuldade para realizar atividades de esforço físico, e acabam sendo surpreendidas quando sofrem piora. Assim, ficam mais suscetíveis a crises de falta de ar e exacerbações, que podem levar a internações e até a morte”.

Como saber se asma não está controlada?

Segundo o GINA (Global Initiative for Asthma) principal órgão internacional que reúne os estudos sobre a doença e elabora diretrizes de tratamento, é possível saber que a asma não está controlada caso a pessoa tenha sentido um dos itens listados abaixo pelo menos uma vez nas últimas quatro semanas:

  • Sintomas diurnos mais de duas vezes por semana;
  • Qualquer despertar noturno causado pela doença;
  • Uso de medicamentos para alívio da falta de ar mais de duas vezes por semana;
  • Se a asma estiver limitando as suas atividades cotidianas.

O especialista reforça: “Caso sejam identificados quaisquer sinais listados acima, procure seu médico para entender se seus sintomas realmente não estão controlados e rever os medicamentos e doses para o tratamento adequado, garantindo o controle da asma e a melhoria da sua qualidade de vida. Ao contrário do que muita gente pensa, é possível prevenir as crises e viver sem sintomas, uma pessoa com asma pode realizar as mesmas atividades que uma pessoa sem esse problema”, afirma o Prof. Rabahi.

 

Clima antecipa chegada das flores e das alergias oculares

Especialista diz que baixa umidade relativa do ar no mês de agosto

faz aumentar casos de ressecamentos e alergias oculares

Formalmente, este ano a primavera tem início no dia 23 de setembro. Mas as mudanças climáticas, principalmente a elevação incomum da temperatura para esta época do ano, fizeram com que a cidade começasse a ficar florida bem antes da hora. Se, por um lado, dias ensolarados influenciam positivamente o humor das pessoas, por outro a combinação com baixa umidade relativa do ar (falta de chuva) e floração antecipada têm resultado em mais casos de ressecamentos e alergias oculares – além de viroses respiratórias. De acordo com o oftalmologista Renato Neves, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos (SP), as queixas de vermelhidão, irritação e lacrimejamento espontâneo exagerado remetem a casos de alergia ocular e de síndrome do olho seco.

Estudo publicado na edição de abril do jornal Ophthalmology confirma a existência de uma conexão entre olho seco e alergia ocular provocada pelos pólens das flores. Essa condição atinge uma em cada cinco mulheres e um em cada dez homens, impactando a qualidade de vida dessas pessoas, já que nos períodos críticos se queixam de ardência, irritação e visão distorcida. “Aos primeiros sinais de irritação em torno dos olhos, é importante tomar medidas que contenham o avanço do problema e procurar um oftalmologista se a coceira persistir. Outro alerta importante é que crianças alérgicas são mais propensas a desenvolver ceratocone, doença degenerativa do olho”, diz Neves.

O especialista recomenda hidratar bem a área ao redor dos olhos, aprendendo a identificar os agentes que mais facilmente irritam a pele. “Além da poluição do ar, que se intensifica nos dias quentes e secos, a pessoa deve checar se a coceira não é proveniente de produtos que entram em contato com a pele e os olhos”, avisa o especialista. Conheça algumas condutas importantes para prevenir o ressecamento e a coceira nos olhos durante os dias de calor e baixa umidade:

  1. Lavar os cílios durante o banho com uma gota de xampu neutro para tirar qualquer resíduo prejudicial aos olhos;
  2. Usar compressas geladas durante o dia e à noite;
  3. Pingar lágrimas artificiais para lubrificar bem o cristalino;
  4. Retirar e higienizar as lentes de contato antes de dormir;
  5. Usar óculos escuros sempre que estiver ao ar livre;
  6. Antes de dormir, remover a maquiagem, lavar bem o rosto com sabonete infantil ou neutro e hidratar a região ao redor dos olhos

Fonte: Prof. Dr. Renato Neves, médico oftalmologista, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos, em São Paulo – www.eyecare.com.br