A palavra constrói o ser humano

O que faz mesmo o ser humano feliz? Uma pessoa pode ter aparentemente tudo, mas terá
pouca alegria se não for atingida pela palavra. É a palavra que constrói o ser humano. É a
palavra que nos faz compreender o que somos. É através dela que, desde cedo, aprendemos o
que é certo e errado, o que devíamos seguir ou não para sermos felizes.

Somos resultado da palavra desde o ventre materno. Acolhemos as manifestações de amor ou
agressividade de nossos pais desde o princípio. Na escola, nos relacionamentos, com amigos,
na empresa, a construção da vida passa pela mediação da palavra. E as atitudes? Não somos
formados também pelas atitudes que presenciamos e pelas nossas próprias atitudes? Sim, isso
é verdade. Mas as atitudes expressam um jeito de compreender a vida. As atitudes também
são comunicação. Elas expressam o que somos. E o que somos é o resultado das muitas
palavras que ouvimos, atitudes que presenciamos, experiências que nos tocaram e foram nos
formando.

Ainda, o que somos é resultado daquilo que nós mesmos fizemos por nós e daquilo que outros
fizeram por nós. Por isso, a palavra que ouvimos e as atitudes que presenciamos formam o
nosso jeito de compreender a vida e de viver a vida. Normalmente, a pessoa não vive uma vida
diferente daquilo que aprendeu. Alguém pode até dizer: “mas eu ensinei diferente para esse
meu filho”. Mas o que garante que aquilo que você quis ensinar, ele de fato aprendeu? Vai
perceber somente observando a vida que ele vive. Por isso, dá para dizer que a vida se constrói
pela mediação da palavra. E mais, a vida feliz acontece pela força da palavra boa, palavra de
sentido, que eu recebo. Não há sentido para a vida sem o alimento da comunicação, isto é, da
boa comunicação. Da comunicação que fala a verdade e expressa a verdade que o ser humano
é.

Não basta falar a verdade. É preciso buscar a verdade daquilo que o ser humano é.
E aqui não há respostas prontas e acabadas. Precisamos estar sempre na busca, no empenho,
para compreender melhor o mundo e o ser humano. E nessa busca compreenderemos
também o sentido de Deus para a vida. Isso passa por aquilo que ouvimos, falamos e lemos.
Que palavras você costuma ouvir no seu trabalho, com seus amigos, nos seus ambientes de
vida? Que tipo de palavras saem de sua boca? Pensemos nisso!

Compreendendo o Amor

Qual a diferença entre amar a Deus e amar as pessoas? O amor é o mesmo? O amor toca os
nossos sentimentos, mas há diferenças. Os gregos, na filosofia, tinham uma forma de falar do
amor que nos ajuda um pouco a entender os diferentes sentidos do amor. Usavam, ao menos,
três termos para falar do amor: “Ágape, Eros e Philia”.

Ágape traduz o amor de Deus. É um amor completamente desinteressado. Ama porque é
próprio dele amar. Sua natureza consiste em estar amando, sem esperar nada em troca. Ágape
é o amor que não tem falhas, perfeito, intenso, total. É o amor incondicional, isto é,
independente de condição ele ama.

Eros por sua vez é o amor humano, carregado de desejo. Traduz o amor entre os amantes,
onde um deseja o outro. É o amor mais voltado aos desejos do corpo. Ele é a força que faz com
que nos sintamos atraídos pela outra pessoa. Os gregos representavam esse amor como um
garoto com arco e flecha. Esse garoto era o Eros que disparava setas de amor. Quem ficasse
atingido pela seta disparada por Eros, ficava enamorado da outra pessoa. Esse amor de
enamoramento e desejo exige sempre reciprocidade. Quer dar e receber amor. É um amor que
quer complementaridade, por isso é imperfeito, não é pura doação como é Ágape.

O amor philia, segundo os gregos, é o amor de amizade. É o amor que se alegra com o amigo a
amiga, assim como eles são. Fica satisfeito com a presença, em estar ao lado. O amor de
amizade sempre foi cantado e exaltado pelos gregos como um amor de alto valor. De fato, o
amor de amizade tem forte poder de contentamento, de proporcionar momentos de alegria e
felicidade ao ser humano.

O que percebemos é que nós somos falhos no amor, por isso, nos enganamos. A experiência
de amor que fazemos está sempre constituída de realização e engano, de acertos e erros. As
experiências humanas se traduzem em realização e sofrimento, em momentos de plenitude,
de exultação e de fracassos e traições. Assim sendo, necessitamos proximidade com a fonte do
amor, do amor Ágape. Deus está sempre oferecendo esse amor, desde sempre e sem cessar.
Ali flui amor. O amor Ágape não tem falhas, nem carências.

Embora Ágape, Eros e Philia sejam diferentes, são complementares. O amor fonte é um só.
Dele nascem os outros amores. Ágape, que é o amor de Deus, nutre Eros que é o amor que
deseja a outra pessoa e nutre Philia, que é o amor de amizade. Philia e Eros precisam sempre
da fonte divina para se alimentar e se fortalecer. A proximidade com Deus, desperta assim a
vida para uma proximidade maior com as pessoas.

Na contemplação de Ágape, o amor
humano, Eros e Philia se purificam. O amor humano se purifica e fortalece no amor de Deus. O
amor a Deus e a pessoa humana por isso não se opõem. Não preciso decidir-me se vou amar a
Deus ou as pessoas. Amo a Deus na medida em que amo as pessoas, e amo as pessoas na
medida em que amo a Deus. O amor cresce nesse movimento de ida e volta. Por isso, ame
muito, com intensidade, sem medo de perder.

Padre Ezequiel Dal Pozzo
contato@padreezequiel.com.br

Precisamos ser mais tolerantes!!!

Tolerar é suportar as atitudes e as ideias do outro. Nós somos diferentes uns dos outros.
Pensamos diferente, agimos diferente, temos histórias de vida e personalidades diferentes.


Cada ser humano é único. Somos únicos também diante de Deus. Por isso, cada um tem sua identidade, seu jeito de pensar, de compreender e de ser, suas crenças, seus posicionamentos políticos, suas ideias a respeito da vida e da sociedade. Somos essencialmente uma pluralidade.

Cada um junto com os demais compõe o todo. Mesmo nas crenças, embora
sejamos uma mesma comunidade, somos diferentes dentro dela. Não há como colocar dentro de cabeças diferentes a mesma ideia num sentido pleno. Mesmo quando partilhamos ideias iguais, cada um assimila a ideia do seu jeito.

Esse fato faz com que a outra pessoa seja sempre
um mistério para mim. Embora eu possa saber muito sobre ela, nunca saberei tudo e completamente. A outra pessoa sempre continuará com uma profundidade maior do que eu posso saber e captar a respeito dela. É isso que faz com que o princípio do respeito seja fundamental nos relacionamentos.

Eu não devo querer fazer com que a outra pessoa pense ou seja igual a mim. Poderá pensar parecido, mas ela sempre será ela mesma no seu mistério único. O mesmo acontece com as atitudes. Podemos inspirar, educar, orientar alguém para que tenha determinadas atitudes, mas ela sempre terá o seu jeito e sua maneira única de fazer aquelas coisas. 


Essa reflexão mais filosófica fica um pouco complexa. Dizendo de forma simples o fato é que somos diferentes uns dos outros, no jeito de pensar e de agir. Saber isso não basta. É preciso perceber a profundidade da diferença, para que sejamos mais respeitosos uns com os outros.


Quem não acolhe esse dado essencial da diferença, pode ter postura intolerante. E em nossos dias a intolerância está crescente. Não são poucos os grupos que querem converter o outro
para que seja do mesmo partido, da mesma religião, tenha os mesmos pensamentos e as mesmas práticas. Isso gera às vezes violência, tensão e desrespeito.

São atitudes que não apresentam uma sociedade que evoluiu para a compreensão daquilo que é essencial, mas fica
presa no império do mesmo. Mesmo pensamento, mesmo jeito, mesmas coisas. Alguém que tem as mesmas ideias e práticas que eu, embora seja importante, não vai me acrescentar muito.

Os diferentes pensamentos, ideias, jeitos de ser, podem me acrescentar e dinamizar minha vida em direção ao crescimento. Por isso, as diferenças nos dizem que é possível aprender com tudo e com todos. Se eu assumir a postura do respeito ao invés da intolerância, então eu posso crescer sempre.

Mas se quero converter os outros ao meu jeito, então eu já
estou pronto, já sei, já conheço tudo, faço o que é certo, creio na minha verdade e os outros é que precisam mudar. Isso me deixa sempre igual, o mesmo. 


Convido você a pensar na sua postura e jeito de ser. Você percebe que você tem um pensamento próprio, uma identidade, mas respeita as diferenças ou você pensa que os outros deveriam se converter ao seu jeito e as suas ideias e crenças? O seu pensamento é respeitoso ou no seu jeito de falar esse ser, você manifesta agressividade e intolerância? Pensemos nisso!


Padre Ezequiel Dal Pozzo

“A vida não é ruim a não ser que as conexões estejam ruins”

Fabiano de Abreu desconstrói conceitos sobre a negatividade com base na neurociência 

Para o neurofilósofo Fabiano de Abreu, a forma como nos colocamos perante a vida e aquilo que decidimos aprender e interiorizar irá refletir-se na carga positiva ou negativa da nossa vida. Tudo é uma questão de posicionamento. 

“Muito se fala em pensamento negativo, que atraem “coisas ruins”. Já ouvi falar em energia, universo paralelo, até telepatia. Na realidade essas são informações com base num cognitivo pois as consequências são reais mas esses motivos populares não estão corretos”, refere Abreu.

Este tipo de condicionamento é muitas vezes discutido e desconstruído. Há quase uma universalidade de pensamento no que toca ao querer saber as razões da felicidade ou falta dela na nossa vida.

“Meus estudos sempre foram relacionados ao resultado da fórmula, no real motivo, na verdadeira razão e todas essas afirmativas populares estão erradas.

O pensamento negativo atrai coisas ruins devido a neuroplasticidade e um mecanismo de defesa para não mergulhar nessa atmosfera negativa, é o que chamo de neurofilosofia, ou seja, entender o cérebro para criar uma melhor filosofia de vida. “, explica o neurofilósofo.

A repetição, o processo instaurado da forma como decidimos viver estrutura e molda o nosso pensamento.

Como nos explica Fabiano de Abreu, “O que mais fazemos, molda o nosso cérebro. Se enxurrarmos nosso cérebro de negatividade, ele será moldado para uma atmosfera de negatividade. O tipo de pensamento e atividade a que mais nos expomos é o que molda o nosso cérebro e, por conseguinte, a nossa personalidade. Quando enchemos o nosso cérebro de negatividade, vemos o mundo e a vida de forma negativa. O que pensamos, fazemos e sentimos influenciam-se entre si. Armazenamos informações e criamos conexões de acordo com o comportamento. O que fazemos e dizemos influencia a forma como o nosso cérebro é moldado.”.

Desta forma, nós próprios e as nossas ações, somos agentes ativos naquilo que atraímos e buscamos.

“A pessoa pode criar uma atmosfera negativa em todas as suas nuances. Um exemplo, quando queremos comprar aquele modelo de carro, o vemos em todos os lugares, temos uma percepção diferente de antes de querê-lo. Isso acontece porque criamos uma atmosfera referente ao interesse em si, o carro, e passamos a reparar mais.”, refere.

Nós focamos a nossa atenção naquilo que queremos e, exatamente porque essa atenção se desdobra, tudo isso parece ter mais impacto e estar mais presente.

“É igual com a negatividade, quando vivemos uma vida de negatividade, filmes, leituras, informações negativas geram comportamentos negativos e essa negatividade vinda de todos os lados cria uma atmosfera pesada através de conexões cerebrais que resultam em uma ampla negatividade. A pessoa tem como resposta a negatividade dentro dessa atmosfera mesmo que o mundo exterior não esteja dentro da sua atmosfera. Pelo simples fato deles não estarem na mesma atmosfera, na mesma conexão e acontecem assim alguns fenômenos como: as conexões são distintas não havendo percepção, a conexão do outro não se interessa pela sua, a sua conexão não enxerga a do outro e, ações negativas refletem em rejeição natural à negatividade mantendo assim a conexão negativa. Vou explicar de maneira gráfica e animada; imagine dois campos de futebol, no campo do lado esquerdo, cada jogador que colocamos, é algo negativo em nossa vida. No campo direito, cada jogador é um pensamento ou ação positiva. Se enchemos o campo esquerdo de jogadores e no direito temos apenas alguns poucos, onde há mais interação? No campo dos jogadores negativos no lado esquerdo ou no campo dos jogadores positivos no lado direito? Ou seja, o lado esquerdo passará a ter uma maior interação negativa criando uma sociedade de atmosfera negativa na vida da pessoa. Por isso, se a atmosfera está negativa, precisamos mudar os hábitos ou essa atmosfera nos leva à tristeza e doenças como a depressão. Uma alimentação saudável para estimular a neuromodulação e a neuroplasticidade como o reforço das sinapses, são resultados da mudança de hábitos e ações que regulam a produção de hormônios neurotransmissores e é a melhor solução para um melhor bem estar”, conclui Abreu.

As atitudes e o posicionamento do outro em relação a nós condicionam o nosso comportamento, afirma neurofilósofo

O neurofilósofo e especialista em estudos da mente humana Fabiano de Abreu aponta em seus estudos como somos afetados e modificados pelas atitudes e posicionamentos das pessoas ao nosso redor e a importância de não tirar conclusões precipitadas sobre as outras pessoas que podem não corresponder aos fatos.

Reciprocidade talvez seja a chave para compreender não apenas o outro, mas a nós mesmos em relação à sociedade que nos cerca. Muitos não sabem o que fazer quando o outro muda, de repente fica frio, age diferente, se distancia, mesmo que aparentemente não tenha acontecido nada que implicasse nessa atitude, levando-nos a repensar cada passo em busca de entender algo que muitas vezes não tem explicação.

O neurofilósofo Fabiano de Abreu se dedica a estudar o comportamento e a mente humana, enveredando também pelos campos da neuropsicologia e da neurociência. Para o estudioso, há uma explicação para uma mudança repentina que tem tudo a ver com a auto percepção refletida no outro: “Nós somos o resultado das nossas interações e das escolhas que fazemos e, o modo como acreditamos que alguém nos vê, molda a forma como interagimos com ele. Se por alguma razão, mesmo que, muitas vezes, seja fruto apenas da nossa imaginação, acreditarmos em nosso íntimo, que alguém mudou o seu comportamento em relação a nós, nós quase que, automaticamente, mudamos a nossa postura com esse alguém também. muitas vezes, achamos mais fácil alterar a forma como tratamos ou nos posicionamos frente à situação que nos causa incômodo, do que esclarecer uma pequena confusão.” 

Mal entendidos na interpretação do outro

Segundo Abreu, muitas vezes uma sequência de mal entendidos que são gerados nas relações interpessoais resultam em um vazio por consequência das nossas próprias interpretações: “esta postura nos leva a tomar ações sem uma real fundamentação, frutos de achismos, e julgamentos, que nascem das nossas sombras negligenciadas e que acabam por minar as nossas relações. Quando acreditamos que alguém está agindo estranho conosco, a nossa base de confiança sofre uma alteração, e quanto mais alimentamos esses pensamentos, mais difícil se torna sair dessa confusão interior.” 

Como um conselho prático para evitar que a situação se torne mais complicada entre as partes envolvidas, o neurocientista aponta que a solução está no diálogo: “Nunca devemos terminar um dia, uma semana ou um ciclo da nossa vida sem que tudo seja esclarecido, para que não fiquem assuntos pendentes que possam causar sérias magoas no futuro.

Somos seres humanos, mutáveis e se desejamos que os outros nos compreendam, devemos também nos colocar dispostos a entender as mudanças que ocorrem, vez ou outra, neles.” 

Compreensão é a chave

Abreu também ressalta a volatilidade do comportamento humano e ressalta que o bom senso e se pôr no lugar do outro é fundamental para entender os que estão ao nosso redor: “O nosso humor e estado de espírito não é constante e temos que ter consciência que o nosso comportamento pode influenciar os outros. Devemos sempre que possível tentar separar o fato, da nossa interpretação do fato. O nosso estado interno não é responsabilidade do outro, pelo contrário, é de nosso extrema responsabilidade. E o outro deve se responsabilizar apenas pela sua própria vida, e não, pelo modo como a gente se sente em relação a vida do outro.” 

Para Abreu, abraçar como condição humana o direito a mudar é parte crucial deste processo: “Devemos permitir que as pessoas sejam o que elas desejam ser. E parar de exigir que elas se comportem de determinada maneira simplesmente para nos fazer feliz. É um cuidado que devemos ter para não engrandecer e arrastar situações desnecessárias. O outro não está estranho, mas simplesmente não estará sempre disposto a agir da forma como você quer que ele haja.Compreenda e o aceite como ele é, para que ele se sinta bem ao seu lado, mesmo nos momentos onde ele não se sente bem nem com ele mesmo.”

Mapa do melhor lugar do mundo para viver

Foi feita uma reunião às escondidas com os maiores
doutrinadores da humanidade.

Nesta, encontravam-se entidades máximas de cada doutrina religiosa, que guia o ser humano rumo a um lugar melhor.

Este lugar pode ser, O Paraíso, Xangri-lá, Éden, outro Plano, outra Dimensão e muitos nomes além destes. Claro, não faltou também um Ateu, pois, mesmo que esta pessoa não creia em um mundo após este, não quer dizer também que, esta pessoa não queira fazer deste, um mundo melhor.


Após alguns minutos em reunião, estas pessoas dotadas de
muita sabedoria, chegaram em comum acordo a uma decisão.
Revelar a humanidade, onde fica o lugar melhor que todos
procuram.

E fizeram um mapa.


O interessante nisto, é que o local procurado por diferentes
doutrinas é o mesmo e todos seguem um só mapa. Este é pequeno
e tem poucos pontos a serem memorizados.


Começa assim, milhões de passos em sua vida, rumo ao amor. Quando chegar a um lugar, onde alguém precise de ajuda, pare e só saia deste caminho, quando aquela pessoa puder andar sozinha.


Poderão existir muitas encruzilhadas, porém, não temas, siga
aquela que todos querem para si, se não fizer bem a você, também
não agradará outra pessoa.


Fazendo exatamente isto, sua vida toda, vai encontrar aquilo
que você procurou sempre. Mas não se espante, o local (X)
estava o tempo todo de baixo do seu nariz.

O melhor lugar do mundo para viver é aqui, basta praticar o amor.


Pronto, agora que você sabe onde é este local, espalhe aos
quatro cantos do mundo como encontra-lo. Peça ao vento para dar
uma volta no universo.


Pois este vento do amor é nosso Deus.

Viver com ternura e cuidado!

Nós sabemos que nem sempre a terra, a vida e o ser humano são cuidados. Nem todos têm amor no coração. Nem sempre as nossas relações são de cooperação. A competição, a ganância, o egoísmo estão muito presente nas ações humanas.


A ternura e o cuidado nesse tempo da história se revelam como duas atitudes fundamentais, verdadeiros modos de ser. São atitudes de suma importância, porque estamos numa fase em que a vida sofre ameaças e que a terra, o ser humano, as crianças, os pobres precisam de mais cuidado.


Um autor chamado Teihard de Chardin sugere uma noosfera. O que significa? Noosfera significaria uma nova atitude dos seres humanos, caracterizada pelo espírito de comunhão e de amorização entre os humanos e deles para com a terra.

Noosfera significa um tempo novo de mais amor, de mais comunhão, de mais cuidado entre nós e dos seres humanos para com terra e com toda vida. Trata-se de um processo em curso, mas que precisa ser fomentado.


A vida é frágil e vulnerável. A atitude adequada para a vida é o cuidado, o respeito, a veneração, a ternura. Essas atitudes brotam da experiência do sagrado e da descoberta do mistério do universo. A mesma reverência que temos com Deus, podemos ter com a vida. O sagrado em nós vai despertando atitudes de cuidado, de respeito e amor. Atitudes agressivas,
de morte e de competição não rimam com sagrado, com mistério, com Deus.

A pessoa pode dizer que tem fé, que ama a Deus, mas se ela manifesta agressividade, intolerância, desrespeito, então há contradição. Se Deus é reverenciado, se Ele está de fato acima de todos, o amor, a acolhida, a construção do bem é o que motiva a todos.


É fundamental em nosso tempo a centralidade desse sentimento de amor para com tudo. Recuperar a lógica do coração e reinventar-se no amor. Não simplesmente permanecer na lógica fria, que busca fazer, acumular, competir, estragando a vida, o outro, o universo. A ternura e o cuidado podem estar mais presentes no que pensamos, dizemos e fazemos.

Como fazer para que as relações não fracassem

As relações que não querem ser bem sucedidas estão expostas a contrariedades e conflitos e isso é normal. Devido a pressão que recai hoje sobre todas as pessoas, também as relações ficam afetadas. Alguns dizem que o amor se aprende. O amor se aprende e também se aprende a lidar com as relações e crises que existem. É possível aprender e para aprender temos que ver os conflitos que existem nas relações de modo novo.

O primeiro passo é não interpretar os conflitos que existem como se a relação em si tivesse fracassado. Por causa de um conflito não sou questionado como pessoa. Os conflitos fazem parte. São chances de encontrar novas possibilidades em mim mesmo e também encontrar novas possibilidades na outra pessoa. É importante também aguçar para isso a consciência de que são as expectativas altas demais que levam as contrariedades. Por isso, muitas vezes quando a relação está difícil é preciso também manter uma distância.

O que é essa distância? É o tempo que cada um precisa para lidar bem consigo mesmo. Talvez a outra pessoa, nesse tempo, que um dá para si, fique curiosa sobre mim e sobre o meu desenvolvimento e também ela fará alguma coisa para si. Não é só a distância que é importante. Para que a relação fique viva é importante também procurar ou criar sempre espaços de aproximação que podem aprofundar a relação mútua. Espaços que fortaleçam a união exatamente porque são livres de solicitações de fora, por exemplo, profissão, filhos, preocupações cotidianas e encontrar um espaço de tempo para as duas pessoas.

Para que as relações tenham êxito precisamos, além disso, boas formas de comunicação e uma sadia cultura do diálogo e da discussão. É preciso também de uma correta atitude para conosco mesmo e para com as outras pessoas. Não podemos esperar tudo dos outros ou esperar tudo do outro.

Outra ajuda para o êxito nas relações é prestar atenção na outra pessoa e também no diferente que há nela. É importante sempre se colocar no lugar da outra pessoa, perguntar o que ela desejaria, do que sofre, porque é tão sensível, porque reage assim. Não posso referir tudo a mim pessoalmente. Seu comportamento diz alguma coisa sobre ela e é importante estar atento nisso.

Por isso nós poderíamos dizer que, muitas vezes as relações fracassam por vários motivos, não só o casamento, diversas uniões fracassam porque não vemos a outra pessoa como ela é. Mas, que só percebemos através das nossas lentes e também, muitas vezes através do nosso pré-conceito em relação ao outro.

Padre Ezequiel Dal Pozzo

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