Embora todos já conheçam o cenário global caótico causado pela pandemia do novo coronavírus, ainda é difícil, para muitos, cumprir com o uso de uma máscara, a manutenção da distância social e a solicitação de que as pessoas fiquem em casa.
Segundo pesquisa de Gavan Fitzsimons, professor de marketing e psicologia da Fuqua School of Business da Duke University, cerca de um terço das pessoas tendem a reagir desafiadoramente quando sentem que sua liberdade está ameaçada.
O estudo também mostrou que esse tipo de reação poderia ser diferente se pequenas mudanças fossem feitas na maneira como as autoridades comunicam recomendações. Isso significaria não enfatizar regras obrigatórias e sugerir que as pessoas tomem medidas para proteger membros da família e entes queridos, explicou Fitzsimons, durante live no LinkedIn, promovida pela Duke Fuqua.
Pesquisas mostraram que esse comportamento ocorre porque, quando nosso acesso a algo é restrito, ele se torna muito mais atraente para nós.
“Algumas pessoas tendem a lutar contra recomendações ou restrições em níveis mais altos do que outras. Isso é visto mais naturalmente entre os adolescentes, pois reagem dramaticamente às ameaças à sua liberdade. Assim como os homens tendem a mostrar isso um pouco mais claramente do que as mulheres, e os jovens mais que os idosos”, disse o professor da Duke Fuqua.
Segundo o especialista, há casos em que essa resistência pode ser uma resposta racional e, outras vezes, pode ser contraproducente. Por esse motivo, não é aconselhável, por exemplo, que as pessoas abordem publicamente aqueles que não seguem as diretrizes de segurança para tentar convencê-las.
“Essa pessoa não está mais usando máscara porque decidiu que a liberdade é realmente importante para ela”, disse, ponderando: “Se você ameaçar ainda mais, aumentará a reação do indivíduo. Reafirmo que o potencial de resultados negativos é substancial”.
Em vez disso, o professor sugere que as pessoas considerem oportunidades de se comunicar com suas redes e comunidades para aumentar as chances de cooperação.
“Cada um de nós tem a oportunidade de ter um grande impacto no mundo ao nosso redor. Talvez no nível macro, se você estiver administrando uma organização ou agência governamental. Mas, independentemente disso, todos nós podemos ter um impacto no nível micro com nossos amigos e entes queridos”, sugere.
O Fitzsimons também faz parte de um projeto de big data que reúne sentimentos sobre o vírus em todo o mundo. Entre os objetivos: verificar se mudanças de sentimentos e comportamentos, como pessoas frustradas com restrições, podem pressagiar mudanças em seu cumprimento e, consequentemente, um surto.