Uma pesquisa publicada na revista médica inglesa The Lancet revelou que estar acima do peso (IMC entre 25kg/m² e 29,9kg/m²) pode reduzir a expectativa de vida em um ano. Nos indivíduos com obesidade moderada (IMC entre 30kg/m² e 34,9kg/m²) o tempo pode ser de três anos e chegar a dez anos nos casos de obesidade severa (IMC entre 35kg/m² e 39,9kg/m²). O levantamento foi realizado por pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, e revelou também que o risco de morte em homens, antes dos 70 anos, aumentou de 19% em indivíduos com peso normal, para 29,5% nos moderadamente obesos. No sexo feminino a relação de aumento é de 11% para 14,6%.

obesidadeUtilizando dados de grandes estudos realizados em 32 países, de quatro continentes, entre 1970 e 2015, a pesquisa dividiu amostras de acordo com o IMC (Índice de Massa Corporal) dos pacientes e comparou as causas de óbitos em cada grupo distinto. A principal percepção foi o aumento nos riscos de doenças respiratórias, cânceres, AVC (Acidente Vascular Cerebral) e doença cardíaca coronariana.

Para o Dr. Josemberg Campos, Presidente da SBCBM – Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, estudos como este corroboram para que a cirurgia bariátrica se consolide como o método mais eficaz no combate à obesidade mórbida. “Além da perda de peso a cirurgia possibilita o controle de doenças associadas como diabetes, hipertensão, alguns tipos de cânceres, diminuição das complicações cardiovasculares relacionadas ao peso excessivo, entre tantos outros problemas. O obeso ainda sofre muita discriminação e isso auxilia o paciente a melhorar sua autoestima e consequentemente o convívio social”, diz.

Estudos comprovam eficácia

Uma recente pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisa em Saúde Coletiva com pacientes atendidos pelo sistema de saúde Veterans Affairs, em Seattle, nos Estados Unidos revelou que pacientes obesos que se submeteram à cirurgia bariátrica apresentaram uma taxa de sobrevida maior, em longo prazo, quando comparados a pacientes obesos que não realizaram o procedimento. Os operados registraram taxas de mortalidade de 2,4% em um ano, 6,4% em cinco anos e 13,8% em 10 anos, enquanto nos não operados as taxas foram de 1,7%, 10,4% e 23,9%, respectivamente.

Vale ressaltar que a evolução dos materiais e equipamentos utilizados nas cirurgias tornou os procedimentos menos invasivos, mais rápidos, seguros e com tempo menor de recuperação e que os critérios de seleção dos pacientes estabelecidos pela Resolução n° 2.131/15 estão cada vez mais rígidos. “Além dos critérios estabelecidos é fundamental fazer uma análise rigorosa das condições de saúde do paciente, qualificação do cirurgião, estrutura hospitalar, técnica utilizada, além do acompanhamento multidisciplinar”, comenta o presidente.

Cirurgia Bariátrica

A cirurgia bariátrica é indicada quando o médico e o paciente se convencem que as tentativas colocadas em prática para eliminar peso por meio de tratamento clínico, como exercícios físicos, reeducação alimentar e medicamentos, não surtiram o efeito esperado.

De acordo com as orientações da Resolução n° 2.131/15, estabelecidas em reunião conjunta com o Ministério da Saúde e o Conselho Federal de Medicina, a cirurgia é liberada apenas para pacientes com IMC igual ou maior que 40kg/m² e pode ser realizada em casos de IMC entre 35kg/m² e 40kg/m², desde que o paciente tenha comorbidades como, por exemplo, diabetes e hipertensão. O IMC é calculado a partir da divisão do peso pela altura ao quadrado.

Em 2015 foram realizadas no país cerca de 93,5 mil cirurgias bariátricas, número 6,5% maior no comparativo com 2014 quando foram realizados aproximadamente 88 mil procedimentos. Deste total, entre 8% a 10% das cirurgias foram feitas no sistema público de saúde (SUS).