Centro SoU_Ciência alerta aos perigos da desinformação e destaca o que tem de verdade e de notícia falsa no assunto
Os anúncios recentes de vários artistas e personalidades, entre eles a cantora Preta Gil e o ex-jogador Ronaldo, de serem diagnosticados com Covid-19 mesmo após tomar as doses da vacina tem sido usado por muitos defensores do movimento antivacina para colocar em xeque a eficácia da proteção dos imunizantes. Diante dos questionamentos e disseminação de falsas informações, o centro SoU_Ciência traz o que é mito e o que é verdade na reinfecção por Covid-19, mesmo em pessoas vacinadas.
Um dos mitos é achar que somente a vacina será a responsável por dar fim à pandemia. Os cientistas diariamente alertam sobre o risco de aglomerar e relaxar no uso de máscaras durante as festas de fim de ano. As vacinas estão salvando milhões de vidas, elas oferecem a camada de proteção mais importante, mas precisamos das medidas não farmacológicas, como a continuidade do uso máscaras, a sequência do distanciamento físico, evitando locais fechados e com aglomeração para o combate ao coronavírus”, explica Luiz Carlos Dias, professor da Unicamp, membro do comitê científico do SoU_Ciência e membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC).
De acordo com Dias, outro erro é dizer que estamos retrocedendo. “Mesmo com aumento no número de casos, nós não estamos voltando ao passado. Hoje, graças às vacinas, nós estamos em uma situação muito melhor do que nesta época do ano passado, principalmente quando se compara os índices de internações por casos graves e óbitos, que seguem em queda”.
Nessa disseminação de informações, uma verdade é relacionada com as doses de reforço. “Apesar da eficácia de todas as vacinas contra a ômicron ser menor na comparação com as variantes anteriores, uma dose de reforço, qualquer que seja o imunizante, recupera a eficácia para níveis próximos dos observados com duas doses, o que torna evidente e necessária a expansão da campanha de doses de reforço para as faixas etárias com 18 anos ou mais”, destaca Dias.
Para o membro do comitê científico do SoU_Ciência, “até termos vacinas mais robustas, adaptadas para essas novas variantes, nós vamos conviver com o vírus e suas variantes. As vacinas em uso hoje não são esterilizantes, não impedem a infecção, mas evitam casos graves e óbitos e estão salvando milhões de vidas, mesmo que tenham sido desenvolvidas quando o vírus original de Wuham estava circulando e ainda não foram adaptadas para as novas variantes”.
Atualmente, o Brasil tem quase 76% da população vacinada com a primeira dose, 67,2% completamente imunizada e 13,4% já com a dose de reforço. “Ainda temos cerca de 24% ou pouco mais de 51 milhões de pessoas no Brasil sem nenhuma dose, além de cerca de 35 milhões de crianças na faixa de 0-11 anos que, se forem vacinadas, farão o Brasil ultrapassar 90% de sua população imunizada. Avançamos muito em um ano, o que representa uma vitória gigantesca da ciência, da defesa da vida contra o ódio, contra o negacionismo e contra os antivacinas. Isso, apesar das adversidades e da falta de campanhas nacionais de esclarecimento da sociedade por parte do Ministério da Saúde e do desserviço prestado por alguns políticos, jornalistas, líderes religiosos, ex-atletas, pseudocientistas e médicos charlatães que insistem em combater as vacinas com muita desinformação”, conclui Luiz Carlos Dias.