Diversos recursos têm surgido para o tratamento das Disfunções Temporomandibulares (DTM´s) e de seus sintomas nos últimos anos. Alguns mais inovadores que usam células tronco da cartilagem nasal, outros mais conservadores, como as placas interoclusais, termoterapia, farmacoterpia, eletroterapia e até a terapia com laser de baixa intensidade. Porém, essas novas possibilidades podem levar a confusões sobre a indicação do melhor tratamento, que deve ser indicado caso a caso.
A laserterapia de baixa intensidade – método que envolve equipamentos que irradiam luz vermelha ou infravermelha, por exemplo – é uma das técnicas consideradas controversas por muitos especialistas. Para Leonardo Bonjardim, livre-docente da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB/USP) e Membro da Sociedade Brasileira de Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial (SBDOF), esse procedimento tem se mostrado eficaz como tratamento complementar para a redução da inflamação, da dor e também para a melhora da função mandibular em diagnósticos específicos de Disfunção Temporomandibular, mas não deve ser utilizado como único tratamento. “O laser deve ser administrado conjuntamente com outras modalidades não invasivas, e não como único tratamento, pois a DTM é uma desordem multifatorial e, frequentemente, o laser será uma prática pouco efetiva quando aplicada sozinha em quadros de DTM“, alerta o especialista.
A indicação desse procedimento depende do tipo de disfunção na mandíbula e de sintomas que o paciente apresenta, conforme destaca o professor. “Na literatura científica estão descritas indicações tanto para as dores musculares, como para aquelas de origem articular. No entanto parece que sua eficácia é ligeiramente maior nos casos de artralgia da ATM.”
Cuidados com a aplicação
Segundo Bonjardim, é essencial que o cirurgião-dentista que aplica o laser conheça não só os critérios de diagnóstico de DTM, mas também saiba manejar o equipamento de laser de baixa potência. A maior desvantagem da técnica é a falta de profissionais qualificados para a indicação e aplicação do laser de forma efetiva. “Uma das principais dificuldades quando se utiliza o laser é a falta de conhecimento sobre parâmetros e critérios de utilização. Se de um lado nós temos estudiosos em laser que muitas vezes desconhecem os critérios de diagnóstico para DTM e dores orofaciais, do outro lado encontramos especialistas em DTM que muitas vezes não estão familiarizados com a melhor forma de aplicação do laser”, explica.
Em geral, a aplicação de luz infravermelha se dá por meio de uma caneta, cuja ponta ativa é direcionada à região a ser tratada, onde o paciente apresenta queixa de dor. Para o especialista, “devem ser considerados cuidadosamente parâmetros como comprimento de onda, dose aplicada, tempo de aplicação por ponto, área, entre outros.”
Por fim, Leonardo Bonjardim alerta que não apenas a laserterapia, mas qualquer indicação de tratamento para a DTM precisa levar em conta a complexidade da doença. “Para cada caso, o cirurgião dentista deve lançar mão da ‘sequência’ correta de tratamento de acordo com o diagnóstico preciso da DTM e, também, levar em consideração a presença de comorbidades dolorosas e não dolorosas”, finaliza.