Mapeamento aponta que cerca de 1,32 milhão de pessoas possuem anticorpos para covid-19 na capital
A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), apresentou nesta terça-feira (28/07) os resultados da Fase 2 (terceira etapa) do Inquérito Sorológico, realizado com os moradores da capital até o dia 20 de julho. O mapeamento aponta que cerca de 1,32 milhão de pessoas possuem anticorpos para covid-19 na cidade. A proporção estimada de pessoas assintomáticas entre os que apresentaram positivo nos testes, foi de 39,7%.
¨O vírus está jogando luz sobre a desigualdade que temos na cidade de São Paulo. É quatro vezes maior a incidência do coronavírus na classe D do que na classe A. Ou seja, quem é mais pobre tem mais chance de pegar o vírus. É mais do que o dobro a incidência do vírus sobre quem tem somente ensino fundamental quando comparado a quem tem ensino superior. A população com menos instrução pega mais o vírus”, explicou o prefeito Bruno Covas, em coletiva on-line.
Na Fase 2, os profissionais de Saúde visitaram 5.760 domicílios e testaram 2.328 pessoas. Nessa amostra, a taxa de prevalência da infecção por SARS-COV-2 no município ficou em 11,1% da população analisada.
Desse total, 16,1% de pessoas estão concentradas na Coordenadoria Regional de Saúde Sul, 13,3% na Leste, 9,3% na Sudeste, 8,2% na Norte e 3,7% na região Centro-Oeste.
A pesquisa mostrou que 25,2% das pessoas que não cumpriram o distanciamento social apresentaram testagem positiva, 18,4% cumpriram as recomendações parcialmente e outros 8,5% cumpriram o isolamento social.
Segundo o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, na Fase Zero da pesquisa, o índice de prevalência foi maior em pessoas com idade entre 35 e 49 anos. Já na Fase 1, os maiores índices foram registrados em pessoas da faixa etária entre 50 e 64 anos. “Em relação à faixa etária, na Fase 2 nós tivemos uma incidência prevalente em pessoas acima de 65 anos. Isso vai requerer por parte da Secretaria Municipal de Saúde uma estratégia específica em relação aos idosos”, disse Edson Aparecido. “Isso pode apontar que membros da família que saíram de casa para trabalhar possam ter se contaminado e trazido a doença para os idosos que ficaram em casa”, completou o secretário.
“É preciso reforçar a atenção com a nossa população mais idosa, que é quem tem a maior chance de óbito quando pega o coronavírus. Já solicitei ao secretário de Saúde, que vai se reunir se reunir com sua equipe para definir uma ação específica para voltar a reforçar a atenção com a população mais idosa na cidade de São Paulo”, afirmou Covas.
Em relação à escolaridade, a Fase 2 apontou que 16,4% das pessoas testadas possuem ensino fundamental, 11,8% ensino médio, 7,8% ensino superior e 8,7% nunca estudaram.
Na Fase Zero, a incidência foi maior em pessoas de cor parda e branca. Já na Fase 1, os índices foram maiores em pessoas pardas e pretas. “Agora, novamente, temos dados mais elevados em pessoas com cor parda e preta”, disse o secretário de Saúde.
“Quem é da cor preta ou parda tem 60% mais chance de pagar o vírus na cidade do que quem é de cor branca”, disse o prefeito Bruno Covas.
O mapeamento aponta que os índices de contágio são maiores em pessoas das classes C e D, e que vivem em residências com cinco ou mais moradores.
Importância do uso da máscara
O inquérito sorológico também mostra a prevalência de infecção da covid-19 entre os indivíduos que referiram usar máscara sempre em locais públicos.
Após as testagens, apenas 9% das pessoas que declararam usar máscara sempre testaram positivo, contra 21,8% de pessoas que declaram usar o item de proteção na maioria das vezes e 30,5% das pessoas que disseram usar de vez em quando.
“O uso da máscara é absolutamente imprescindível na contenção da transmissibilidade da doença. A adesão ao uso da máscara é um fator de redução da transmissibilidade bastante significativo”, finaliza o secretário Edson Aparecido.
Inquérito sorológico com crianças
A Prefeitura de São Paulo também fará uma etapa de testes apenas com crianças e adolescentes. O anúncio foi feito pelo prefeito Bruno Covas.
“Nós teremos, ao total, nove inquéritos sorológicos, fase zero até a fase oito, e já solicitei ao secretário Edson Aparecido e toda equipe da Secretaria de Saúde que também seja realizado um inquérito específico para crianças e adolescentes na cidade de São Paulo. Esse inquérito será realizado na fase 4, ou seja, paralelo ao quinto inquérito realizado pela Prefeitura de São Paulo para que a gente possa ter mais dados para embasar a decisão da Prefeitura em relação a voltas às aulas, o impacto em relação a transmissibilidade do vírus feito pelas crianças, como se comportam as crianças em famílias de pessoas sintomáticas e famílias de pessoas que testaram positivo”, finalizou o prefeito.
Sobre o inquérito sorológico
Com o objetivo de identificar o grau de contágio da população e conhecer a real letalidade da covid-19 e, assim, nortear a atuação da Saúde Pública no enfrentamento da pandemia pelo novo coronavírus, a Secretaria de Saúde está realizando um estudo analítico no município que terá oito fases, realizadas a cada 15 dias, em amostras diferentes, que serão realizadas em munícipes a partir de 18 anos.
A amostragem é feita por sorteio aleatório na área de abrangência das 472 Unidades Básicas de Saúde (UBS) e leva em consideração bases do IPTU de 2020, hidrômetros da Sabesp e cadastro da Estratégia Saúde da Família.
O morador da residência sorteada recebe orientações do profissional da saúde sobre o estudo, assina o termo de adesão à pesquisa e, diante do aceite, tem amostra de sangue coletada.
A amostra é encaminhada para análise no LabZoo – Laboratório vinculado a Secretaria Municipal da Saúde/COVISA, que subsidia as ações de vigilância epidemiológica do município. Após o processamento, o resultado do exame será informado ao munícipe participante do estudo pela UBS de referência.