Médica infectologistas dá detalhes sobre as características doenças, as formas de prevenção e reforça a mensagem da importância da proteção
De janeiro a março deste ano, mais de 5 mil casos de gripe foram confirmados por exames laboratoriais no Brasil. Em três meses passa da metade de todos os registros do ano passado. O avanço da doença preocupa autoridades de saúde e provoca o alerta dos especialistas para a combinação entre a baixa adesão à campanha nacional de vacinação e as oscilações climáticas previstas para os próximos meses.
“Pouco mais de 30% dos idosos foram imunizadas até o momento. Apesar da campanha estender-se até 22 de julho na rede pública, o momento mais oportuno para imunizar-se contra a gripe é antes da chegada do clima mais ameno, que favorece a circulação dos vírus respiratórios, entre eles a gripe”, observa a médica infectologista do Grupo Sabin, Luciana Campos.
A especialista alerta ainda que no próximo mês, quando começa o inverno no Brasil, os casos de gripe crescem por causa da maior circulação dos vírus e somado a isso o fato das pessoas buscarem ambientes mais fechados, o que facilita a transmissão. “Precisamos que a população esteja alerta e busque proteção. Em junho, teremos dias de baixas temperaturas em várias cidades brasileiras, que seguem até setembro, o que pode ser agravante para não vacinados e/ou com pré-disposição às doenças oportunistas, típicas deste período”, informa a infectologista, ressaltando também que a vacina demora cerca de 14 dias para conferir imunidade.
Ainda de acordo com a médica, muitos casos de gripe podem evoluir e agravar quadros clínicos, especialmente em pessoas com histórico de outras doenças. Entre as complicações mais recorrentes estão o agravamento doenças crônicas, sinusite, desidratação, otite e a pneumonia (tanto a bacteriana quanto a causada por outros vírus). “As pneumonias e gripes têm alguns sintomas parecidos, mas características distintas como febre mais alta e tosse não seca quando falamos de pneumonia”, observa.
A preocupação da médica com a pneumonia encontra motivação nos indicadores do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), do Ministério da Saúde, que revelam mais de 25 mil internações e mais de 3 mil óbitos no Brasil, ocorridos de janeiro a agosto de 2021.
Doença séria e grave, a pneumonia é uma infecção de vias aéreas inferiores, principalmente pulmões. Podendo ser causada pela bactéria Streptococcus pneumoniae, conhecida como pneumococo, a pneumonia é apontada como uma das principais responsáveis por grande parte das internações hospitalares no país, especialmente de pessoas com mais de 50 anos. Além disso, de acordo com os indicadores da Organização Mundial da Saúde, as doenças pneumocócicas são responsáveis por mais de 1,6 milhão todos os anos no mundo. A boa notícia é que ela pode ser prevenida com imunizantes disponíveis nas redes de saúde pública e particular.
A médica explica ainda que as vacinas são fabricadas conforme parâmetros internacionais de segurança, conheçam os benefícios da imunização e procurem os postos públicos de imunização ou unidades de vacinação nas redes privadas, de acordo com o o recomendado para cada idade ou situação.
“Primeiro é preciso entender que todas as vacinas passam por um processo minucioso de preparação até aprovação, antes de serem utilizadas. Elas são desenvolvidas seguindo as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para garantirem segurança e eficácia. O segundo passo é estar com o cartão de vacinas atualizado. E, claro, estar atento às necessidades individuais de proteção”, detalha.
Indicada para adultos, adolescentes, idosos e crianças a partir dos seis meses de idade, a vacina quadrivalente contra a gripe previne infecções por quatro tipos de vírus influenza: H1N1, H3N2, Influenza B (Victoria) e Influenza B (Yamagata). “A vacina da gripe é atualizada todos os anos, baseada na vigilância dos vírus circulantes do ano anterior, tanto no hemisfério norte como sul. Nesta versão de 2022, foi introduzida a nova cepa do subtipo A da Influenza, a H3N2 (Darwin), descoberta na Austrália e apontada como responsável por surtos registrados este ano no Brasil”.
Diferentemente da gripe, que é causada por um vírus, a pneumonia pneumocócica tem a bactéria pneumococo como principal agente causador de pneumonias e também de meningites e outras doenças. “Atualmente, há mais de 90 sorotipos de pneumococos, e temos dois tipos de proteção: a vacina pneumocócica 23, que protege das doenças causadas por 23 sorotipos de pneumococo e pode ser administrada em pessoas maiores de 60 anos, portadores de doenças crônicas e imunocomprometidos com mais de 2 anos de vida; e a vacina pneumocócica 13, que é recomendada para crianças a partir de 2 meses, adolescentes e adultos de todas as idades, assegurando prevenção contra cerca de 90% das doenças graves (pneumonia, meningite, otite) causadas pelos 13 sorotipos de pneumococos”, finaliza.