Do total, apenas 10% sabe que possui a condição; saiba como identificar os sintomas

Caracterizada pela incapacidade de digerir o açúcar do leite, a intolerância à lactose atinge aproximadamente 75% da população brasileira, segundo o Datafolha. Desse total, cerca de 60% não sabe que vive com a condição. Há dois graus: um não tem cura e o outro pode ser revertido a partir de um tratamento clínico.

De acordo com a gastroenterologista do Hospital Brasília Zuleica Barrio Bortoli, o diagnóstico é feito levando em conta a história do paciente associada a alguns tipos de exame de sangue e a um teste respiratório. O mais utilizado é o Teste de tolerância à lactose.

“Os sintomas mais comuns são: distensão abdominal, cólica, flatulência (excesso de gases), diarreia, náuseas e vômitos. Eles ocorrem, principalmente, pela fermentação da lactose pelas bactérias do intestino grosso”, explica Bortoli.

Segundo a médica, existem dois tipos de intolerância à lactose. A primária é relacionada com a genética, são predisposições alimentares herdadas dos familiares. Ela não tem cura e pode se agravar com o tempo caso não haja tratamento adequado. A secundária é consequência de uma inflamação do intestino delgado. Esta última pode ser revertida quando tratada depois de encontrado o alimento que provoca a inflamação.

Gabriella Branco, 26 anos, moradora da Asa Sul, conta que aos 22 anos notou todos os sintomas citados pela gastroenterologista e percebeu que ocorriam quando ingeria leite ou laticínio em grande quantidade. “Por iniciativa própria, retirei esses alimentos da minha dieta e percebi uma melhora. Foi quando levantei a suspeita de intolerância à lactose, busquei ajuda profissional e confirmei o diagnóstico”, conta.

Não é fácil retirar o leite e derivados da alimentação. De acordo com a médica, é necessário complementar ou substituir por produtos lácteos sem lactose ou por leites de origem vegetal como os leites de arroz, amêndoas e soja. 

“Quem faz a opção de tirar a lactose da dieta deve procurar outras fontes alimentares ricas em cálcio, como feijão branco, soja, folhas escuras, grão de bico e brócolis. A lactose deve ser evitada pelos pacientes cuja intolerância a ela seja diagnosticada. Entretanto, ainda não temos dados mais seguros de que venha a fazer mal a outros grupos de pacientes. Só se deve excluir os lácteos da alimentação se for confirmada intolerância à lactose ou a alergia ao leite”, alerta.

Gabriella conta que de início foi difícil de adaptar a uma dieta mais restritiva, mas, com as opções que existem hoje, sua vida se tornou mais fácil. 

“Consigo levar uma vida normal, mesmo como intolerante. Eu evito comer alimentos que naturalmente contêm lactose, como leite, creme de leite, manteiga, queijos, e preparações que contenham esses alimentos. Procuro sempre pela versão sem lactose, quando possível”, diz a paciente.