Enfermeira da Anhanguera explica como um ato de solidariedade contribui para salvar milhares de vidas
A campanha Junho Vermelho foi criada para incentivar a doação de sangue, principalmente, nos períodos em que há defasagem no estoque de bolsas de sangue. Nas atualizações de junho da Fundação Pró-sangue, do governo do Estado de São Paulo, os estoques de cinco dos oito tipos sanguíneos estão em níveis críticos ou em alerta.
Aumentar a quantidade de voluntários é visto como um desafio, já que o cenário de doação no País não é preocupante, de acordo com especialistas. O percentual recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de doadores num país é entre 3,5% e 5% da população, no Brasil corresponde a 2% (OMS). Segundo a coordenadora do curso de Enfermagem da Faculdade Anhanguera, professora Janaina Daniel Ouchi, há muitos mitos envolvidos no ato solidário, o que acaba contribuindo para que o país não atinja o índice recomendado.
Nesse contexto, a campanha Junho Vermelho busca sensibilizar a população sobre a importância do tema e em especial a redução do estoque de bolsas de sangue, situação que foi agravada em razão da pandemia. A corrente solidária tem o objetivo também de aumentar a quantidade de doação no mês anterior aos das férias escolares, período do ano em que há aumento nas viagens e, consequentemente, acidentes nas estradas.
“A doação é uma atividade segura, não coloca a saúde do doador em risco e pode salvar vidas”, afirma a enfermeira. “É comum que alguns mitos sobre o tema surjam e amedrontem a população, por isso, é importante discutir sobre esses pontos e aumentar as informações sobre o assunto”, pontua.
Para doar sangue, o interessado deve se adequar a alguns pré-requisitos: estar saudável, pesar acima de 50 quilos, estar bem alimentado, levar um documento oficial com foto e não ingerir alimentos gordurosos nas horas que antecedem a doação. A coleta é baseada no peso corporal.
Confira alguns mitos comuns esclarecidos pela enfermeira:
1) A atividade não provoca o contágio de doenças. Todo material utilizado é descartável, portanto, não há contato com sangue de outra pessoa.
2) Quem teve Covid-19 pode doar sangue. Os candidatos à doação com diagnóstico ou suspeita de coronavírus, que apresentaram sintomas da doença, mesmo nos casos leves ou moderados, devem aguardar 10 dias após a recuperação para poder doar.
3) A ação não é restrita a maiores de idade. Adolescentes a partir dos 16 anos podem doar sangue. Fisicamente, eles já estão aptos para a atividade, desde que cumpram todos os requisitos básicos para doação. Por serem menores de 18 anos, precisam de autorização dos pais ou responsável.
4) O sangue não fará falta ao doador. A reposição do volume de plasma ocorre em 24 horas e a dos glóbulos vermelhos, em 4 semanas. Entretanto, para o organismo atingir o mesmo nível de ferro no organismo, que apresentava antes da doação, são necessárias 8 semanas para os homens e 12 semanas para as mulheres.
5) Quem tem piercing e tatuagem estão aptos a doar. Apenas pessoas com piercing na boca estão impedidas, pois o local está mais receptivo a infecções — no entanto, a doação pode acontecer 12 meses após a retirada do acessório. Indivíduos que fizeram tatuagem, maquiagem definitiva e outros processos com perfuração da pele devem esperar o mesmo período para praticar a ação.