Uma pesquisa realizada pela aluna do mestrado em Administração do Ibmec/RJ, Camila Terra Ramalho, sob a orientação da professora Priscilla Yung Medeiros, Ph.D pela Kellogg School of Management, revela que o mercado de moda online no Brasil está em alta, mas que a população ainda fica insegura para adquirir roupas ou acessórios de moda pela internet.
O mercado de moda tem um número expressivo de consumidores. Segundo dados da consultoria Euromonitor, divulgado na Revista Exame online, em janeiro de 2014, o faturamento do chamado mercado de moda no Brasil (que inclui sapatos, roupas, jóias, óculos, dentre outros) quadruplicou na última década, chegando a 140 bilhões de reais em 2013, fazendo com que o Brasil saísse da 14a para a oitava posição entre os maiores mercados de moda do mundo. Neste mercado desponta em específico o consumo com vestuário.
Com o passar dos anos, o e-commerce se tornou uma importante ferramenta de vendas. De acordo com uma pesquisa da E-bit de 2016, em 2015 o e-commerce brasileiro movimentou R$41,3 bilhões, valor que representa um aumento nominal de 15,3% se comparado ao registrado em 2014.
Neste contexto, entitulada “Análise conjunta dos atributos relevantes para a compra de moda online”, a tese mostrou que o consumo online, apesar de seu crescimento expressivo, ainda traz insegurança ao consumidor, uma vez que não permite que informações sensoriais sejam conhecidas na hora da compra, como a impossibilidade de experimentar as roupas, além da necessidade de divulgação de informações confidenciais como dados do cartão de crédito.
A metodologia usada na pesquisa foi análise conjunta adaptativa e a pesquisa foi dividida em três questionários separados por assuntos: tecnologia, compras e produto. Tecnologia diz respeito a fatores relacionados a funcionalidade (tal como interface do site amigável), segurança e visualização do produto no site. Compras diz respeito a fatores relacionados à entrega, conveniência, confiança e informação de moda disponíveis no site. Por fim, produto diz respeito a fatores relacionados ao valor do produto, mix de produto, e informação do produto disponíveis no site. A pesquisa utilizou amostragem por conveniência e foi conduzida em grupos do facebook interessado em compras e vendas de vestuário online, nos meses de janeiro e fevereiro de 2016. Foram obtidas um total de 438 respostas considerando os três questionários. A maior parte dos respondentes eram do gênero feminino, jovens entre 18 e 34 anos, e possuíam ensino superior completo ou estavam cursando. A maioria já tinha feito compras online (considerando todos os tipos de produtos/serviços) e compras de vestuário online.
Os atributos que obtiveram maior importância para a amostra foram: “o site fornece e-mail e telefone para contato direto com o cliente“, “rastreamento do produto no processo de entrega no site” e “percepção de alta qualidade do produto”. Ou seja, os atributos considerados mais importantes nesta pesquisa sobre vestuário são características também presentes em outros mercados de compra online e estão relacionados a segurança do site, o processo de entrega e valor do produto. A importância do fator segurança pode estar atrelado ao fato do consumidor brasileiro ainda não se sentir confortável com compra online de uma forma geral. Com relação a entrega, pesquisas anteriores já haviam apontado que problemas na entrega estão entre as maiores reclamações entre os brasileiros que compram online. Por fim, a questão do valor do produto pode ser uma característica mais específica do mercado de moda, onde o fato da compra online não permitir uma avaliação física do produto, torna a avaliação de qualidade ainda mais subjetiva.
De acordo com a pesquisa, portanto, empresas do setor de moda de olho em expandir suas vendas online devem focar esforços em convencer o consumidor de que seu site é seguro, investir no processo de entrega e, assim como na sua loja física, investir na percepção de qualidade da sua marca para convencer o consumidor que, mesmo sem provar seu produto, ele saiba que está comprando algo de qualidade pela internet.