Preocupados com as consequências da paralisação da comercialização de flores e plantas ornamentais devido ao cancelamento de eventos e ao fechamento dos pontos de venda, o Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor) tem apelado ao Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura, e aos governos estaduais para que flexibilizem as regras para o setor que movimenta R$ 8,67 bilhões em toda cadeia, gera 210.000 empregos diretos e mais de 800.000 indiretos.

Em carta enviada ao assessor do Ministério da Agricultura, Sérgio Zen, o presidente do Ibraflor, Kees Schoenmaker, relata os estudos elaborados na reunião desta quinta-feira (26 de março) pelo Comitê de Crise, formado pelas principais lideranças do setor e instalado em Holambra, interior de São Paulo, maior polo comercializador brasileiro de flores e plantas ornamentais.      

Os estudos apresentados mostram os prejuízos para o setor. No momento atual, que considera somente as duas semanas desde o início do confinamento determinado para a não propagação do coronavírus, o valor não faturado atingiu R$ 297,7 milhões.

Para o mês de abril, os prejuízos calculados devem somar mais de R$ 669,8 milhões, aproximadamente. E, para o Dia das Mães de 2020, principal data de vendas para o setor – considerado o Natal da floricultura brasileira – a extensão da quarentena até o início de maio representará a perda estimada de R$ 396,9 milhões. Estas cifras englobam produtores, atacadistas e varejistas.

“Totalizando os três períodos, teremos deixado de vender cerca de R$ 1,364 bilhão. É esse o valor que necessitamos, sendo 30%, pelo menos, a curtíssimo prazo, para já evitar a falência de produtores, transportadores e comercializadores, entre outros que fazem parte dessa importante cadeia para a economia nacional. Após o Dia das Mães, se nada for feito agora, teremos um cenário devastador com a falência de 66% dos produtores e o desemprego de 120 mil pessoas nas áreas produtivas”, explica Kees.

De acordo com o Ibraflor, em permanecendo as exigências sanitárias de quarentena, haverá a falência de todos os produtores de flores e folhagens de corte, que geram 50% dos empregos do setor e participam com 30% do mercado; de 60% dos produtores de flores e plantas de vaso (25% dos empregos e 39% de participação no setor) e de 40% dos produtores de plantas ornamentais e para paisagismo (exceto grama), onde estão alocados 25% dos trabalhadores e que correspondem a 31% das vendas.

O Brasil tem cerca de 8.300 produtores, 60 centrais de atacado (como as cooperativas, por exemplo), 680 atacadistas e prestadores de serviço e mais de 20 mil pontos de varejo.

São cerca de 15.600 ha de área cultivada, o que coloca o país no oitavo lugar entre os maiores produtores de plantas ornamentais do mundo. São 210 mil postos de trabalho no setor, sendo que 54% dessas vagas são no varejo, 39% na produção, 4% no atacado e 3% em outras funções.