Mais de 10 mil ocupam Via Anchieta contra demissões

Cerca de 10 mil metalúrgicos das fábricas da região do ABC, principal polo da indústria automotiva no Estado de São Paulo, ocuparam a Rodovia Anchieta na manhã da quarta (1º), para protestar contra as ameaças de demissão na categoria, desde que as montadoras de São Bernardo do Campo anunciaram um excedente de quatro mil trabalhadores na base.

Na terça (31), a Mercedes-Benz abriu um plano de demissão voluntária (PDV) para sua planta na cidade, destinado a reduzir o quadro atual de nove mil empregados em dois mil trabalhadores.

Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, filiado á CUT, a maior preocupação é exatamente com a situação na Mercedes e na Ford, que já comunicaram a disposição de não renovar o Programa de Proteção ao Emprego (PPE).

Dirigente – Em conversa ontem (2) com a Agência Sindical, o diretor executivo da entidade José Roberto Nogueira da Silva (Bigodinho) alertou que falar em demissões neste momento, em especial numa cadeia produtiva tão extensa como a automobilística, pode ser um perigoso combustível para agravar a crise na economia e na política do País.

“Nós sabemos que cada trabalhador demitido na linha de montagem representa ao menos quatro demitidos na cadeia. Isso gera um impacto gigantesco para as cidades, para a economia e para toda a população”, adverte.

Ganância – O diretor denuncia que as montadoras estão apenas pensando nos lucros, quando as demissões podem gerar uma mancha negativa para suas marcas depois dos generosos incentivos fiscais que receberam nos últimos anos.

“O PPE e lay-off são ferramentas importantes, que contam com a colaboração direta do trabalhador, enquanto a economia não se recupera. As montadoras, no Brasil, tiveram um período de bonança incrível que gerou muito lucro para suas matrizes”, defende Bigodinho.

Greve – O ato, com forte participação da categoria, foi um alerto às empresas. Na manifestação, os trabalhadores aprovaram por unanimidade o encaminhamento feito pelo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, de que, caso haja anúncio de demissões, haverá um forte movimento de resistência. “Se demitir, é greve”, garantiu.

São Paulo – O Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, filiado à Força Sindical, também reforçou a mobilização para fortalecer a luta contra o desemprego e retirada de direitos. A entidade realiza diariamente assembleias de mobilização nas fábricas da base.

“Estamos junto da categoria em todos os locais de trabalho, conversando, debatendo e levando informações para os trabalhadores”, afirma o presidente do Sindicato, Miguel Torres. Temas como o Programa de Renovação da Frota de Veículos, como medidas eficazes para gerar empregos e colaborar com o crescimento econômico, estão na pauta dos encontros.