Todos precisamos de motivação para fazer algo. Se estou desmotivado somente cumpro as obrigações e suporto o peso das atividades. Não faço por gosto, não serei criativo naquilo que faço, facilmente irei cansar e desmotivar outras pessoas que me observam naquela atividade. Há muitas pessoas que simplesmente cumprem tarefas. Não assumem o que fazem com amor e nem colocam paixão.
Ora, trabalhar e não colocar paixão será um problema para a empresa e a longo prazo para mim mesmo. Logo aparecerá outro que desempenha com gosto e vontade aquela tarefa. Provavelmente, na primeira oportunidade serei substituído. Pessoas assim trazem prejuízos à si mesmas, aos outros e à sociedade. Quando não dou o melhor de mim, alguém deixa de ganhar, de crescer, de ser melhor. Não estou me referindo a pessoas limitadas, que não atingem grandes resultados, mas dão o máximo de si.
Não é o empregado de dois talentos, que faz pouco, mas mesmo assim multiplica os talentos. Falamos do empregado que ganhou dez, cinco, dois ou um talento mas os escondeu por medo. Não rende, não se desafia, não busca crescer. Estabilizou no básico. Considera que já faz a sua obrigação e até diz: “só ganho pra isso”. Poderíamos perguntar: será que um salário mais alto compraria o “espírito” desse sujeito, motivando-o a dar o máximo de si? Seria dinheiro o que está faltando? O que se percebe é que normalmente não é assim.
Uma pessoa motivada, criativa, com visão, interessada e aplicada numa tarefa ou numa causa tem motivações mais profundas. Se a motivação vier apenas do dinheiro, será preciso aumentar sempre mais e a cada pouco. A motivação que faz a pessoa ser inovadora, criativa e trabalhar com paixão é algo não quantificável e nem de fácil descrição. Não é fácil descrever a fonte interior que nos move.
Depende da história, da formação, das experiências que fez, do ambiente que vive, dos sonhos que alimenta e muito mais. Não há uma única fonte de motivação que nos move. Somos o resultado de muitos processos e de várias experiências e pessoas que nos formaram. Os detalhes também são importantes nesse processo. Tanto, que muitas vezes temos dificuldades para descrever porque alguém é tão criativo e disposto e outro é tão acomodado e não rende. Poderemos dizer que é do seu ambiente e de sua formação, mas nem sempre essa explicação é suficiente.
O importante diante disso é cada um perceber em que nível de paixão e empenho está naquilo que faz. Claro que aqui o campo de verificação pode se alargar em todas as dimensões da vida. Isso porque aquilo que somos no trabalho poderemos ser na família, na comunidade, no clube, na igreja, com amigos, com os filhos, com a esposa ou esposo, no cuidado conosco mesmos e assim por diante.
Não é fácil equilibrar todas as dimensões da vida. Isso também é uma arte. Porém, o que se percebe é que a pessoa que faz seus talentos produzirem frutos, consegue nas várias dimensões. Quem tem força interior, paixão pela vida, empenho no viver, consegue fazer a diferença e deixar muito mais marcas mais positivas que a pessoa que só faz o básico.
Afinal, o que me move? Vivo a vida com paixão? Responder essas perguntas a mim mesmo é uma tarefa. Elas me fazem andar e buscar os fundamentos que me sustam e me fazem viver disposto e decidido. Tenho a impressão de que a pessoa que escondeu os talentos tenha dificuldade de responder essas perguntas ou talvez, novamente, não se interesse.
Padre Ezequiel Dal Pozzo