Consultando registros históricos disponíveis, acerca das diversas culturas que já se extinguiram, bem como daquelas que ainda hoje existem, um tema interessante de se estudar é o do significado dos nomes das pessoas. Todo nome atribuído a uma pessoa possui significado específico.

Na sociedade brasileira atual, de maneira geral, as tradições mais comuns referem-se a culturas provenientes da Europa, não obstante alguns itens se refiram à cultura nativa ou mesmo a culturas africanas. O idioma, a indumentária, a alimentação, a religião, são exemplos desta descendência ou influência cultural.

Com relação aos nomes das pessoas não é diferente, verifica-se que também estes são provenientes, em sua maioria, de tradições europeias, com destaque para as tradições judaico-cristãs, presentes de forma massiva, nos hábitos e costumes da nação.

Todavia, é também verdade que alguns pais criam nomes, a partir da combinação de outros. Conhecem-se casos em que os nomes são criados a partir de uma motivação pessoal, em função de experiências vividas. Enfim, embora a atribuição do nome a um filho devesse ser uma atitude de muita reflexão por parte dos pais, com investigação profunda acerca de seu significado e não apenas baseados em modismos ou no simples fonema, isto nem sempre ocorre.

Mas, estas observações são apenas para introduzir certa reflexão, referente ao conceito de Ética, muito citado no cotidiano, porém, pouco assimilado, tanto no Brasil, como no mundo.

Para traduzir uma mensagem mais concisa, esta reflexão foi intitulada “Os perigos de Ro.ber.to”.

Retomando-se algumas fontes sobre o tema, verifica-se o quase consenso de que o nome Roberto vem sendo utilizado há mais de um milênio. No final da Alta Idade Média, por exemplo, tem-se um famoso rei francês, chamado Roberto I, filho de Roberto – o forte.

Roberto, mas, sobre o perigo que representa a intenção de uso do significado nazifascista do acróstico Ro.ber.to.

Acompanhando-se diferentes movimentos sociais que ocorrem atualmente em vários países, deslocamentos migratórios indiscriminados, convulsões políticas de diversas origens, tentativas de fortalecimento de posições ideológicas, etc., começa-se a observar o surgimento de líderes “salvadores da pátria”.

Enquanto estas lideranças surgirem com o efetivo objetivo de apresentar condutas pautadas nos princípios éticos das respectivas culturas por eles representadas, pode-se ter a esperança de soluções destes conflitos.

No entanto, deve-se estar atento a momentos semelhantes da história, seja contemporânea, ou mesmo mais antiga, nos quais as “lideranças salvadoras” sobrepujaram a Ética e convenceram nações a partir de seus inflamados discursos, sem qualquer escrúpulo. Para estes, o importante era aproveitar o momento e assumir o poder.

Contudo, os perigos de Ro.ber.to não estão relacionados apenas com dirigentes nacionais, junto a grandes populações; eles podem estar relacionados a qualquer pessoa.

Quando o líder Mussolini sugeriu o nome Roberto, certamente não o fez pela beleza de sua etimologia e tampouco da fonética, mas pelo significado político que tinha naquele momento da história. Aquele gesto mostra claramente a indiferença com os princípios éticos e a própria falta de escrúpulos. Esse gesto representava simplesmente a demonstração de poder e suposto valor do chamado “Eixo”.

Deste modo, considerando-se este modelo de conduta, os “Perigos de Ro.ber.to” estão na obsessão desmedida, com relação a uma causa. Os “Perigos de Ro.ber.to” estão na busca ou perseguição de sucesso a qualquer preço. Os “Perigos de Ro.ber.to” podem levar pessoas ao colapso e à decadência moral, por conta da prepotência de um sujeito.

A reflexão se conclui com uma mensagem paulina dirigida a certa comunidade da cidade grega de Corinto, no primeiro século da era comum: “Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm; todas são lícitas, mas nem todas edificam. Ninguém busque o seu próprio interesse e sim o de outrem”.

Com esta mensagem paulina, pode-se assimilar melhor o conceito de Ética e aceitar a orientação do teólogo britânico John Wesley (1703 – 1791):

“Faça todo o bem que você puder, com todos os recursos que puder, por todos os meios que puder, em todos os lugares que puder, em todos os tempos que puder, para todas as pessoas que puder, sempre e quando você puder. ”

   

*Ítalo Francisco Curcio é Coordenador do Núcleo de Ética da Universidade Presbiteriana Mackenzie e está disponível para entrevistas sobre esse e outros assuntos.