Apelo ao G20 pede fim do comércio de animais silvestres

Relatório expõe falhas na legislação dos países do G20 em relação ao comércio de animais silvestres. No Brasil, Ministérios da Saúde e Relações Exteriores receberam carta da Proteção Animal Mundial com a solicitação de atenção ao tema e tomada urgente de ações

Os mecanismos internacionais de fiscalização e combate ao comércio de animais silvestres e a legislação dos países do G20 são alvo de análise do relatório “Protegendo nosso mundo de futuras pandemias” lançado hoje (26 de maio) pela Proteção Animal Mundial, organização não-governamental que trabalha em prol do bem-estar animal. O levantamento expõe as falhas nas leis e instrumentos que permitem a extração de espécimes de seu habitat natural para criação em cativeiro e comércio como commodities. Para a organização, a proibição do comércio global de animais silvestres é uma forma eficaz de prevenir o surgimento de novas pandemias, como a da Covid-19.

“Embora o foco do mundo permaneça na implantação da vacinação, a prevenção de vírus não deve ser ignorada, pois estima-se que mais de 320 mil vírus de mamíferos estão na iminência de serem descobertos”, afirma a diretora-executiva da Proteção Animal Mundial, Helena Pavese. “O futuro dos animais, das pessoas e de nossa economia global está nas mãos dos líderes do G20. Acabar com o comércio global de animais silvestres é a maneira mais prática de abordar a prevenção de novas pandemias”, diz Helena.

Ao analisar a legislação nos países do G20, o relatório “Protegendo nosso mundo de futuras pandemias” identifica brechas transfronteiriças e demonstra porque uma abordagem abrangente para eliminar o comércio de vida silvestre é necessária. Além disso, o diagnóstico é de um quadro de permissividade à exploração da vida silvestre, de brechas ao crime organizado e de crueldade para com milhões de animais a cada ano em um negócio global de bilhões de dólares. Alguns pontos se destacam pelo grande risco à saúde pública, como:

O principal órgão regulador do comércio – a Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas (Cites) – não tem foco na prevenção de doenças zoonóticas;
Há pouca ou nenhuma triagem de doenças de animais silvestres importados, permitindo o movimento não detectado de patógenos por meio das fronteiras globais;
Não existe regulação sobre o número de pessoas envolvidas na cadeia de abastecimento do comércio de animais silvestres, o que oferece amplo risco para a transmissão de doenças infecciosas.

Para alertar o governo brasileiro dos riscos para a saúde pública e engajar o país, como um dos membros do G20, na busca de soluções, a Proteção Animal Mundial enviou uma comunicação oficial aos ministros da Saúde, Marcelo Queiroga, e de Relações Exteriores, Carlos Alberto Franco França. “Não podemos mais ignorar os perigos do comércio de vida silvestre, e é por isso que estamos pedindo que o governo brasileiro defenda a proibição desse comércio junto aos seus pares no G20”, complementa o gerente de Vida Silvestre da Proteção Animal Mundial, João Almeida, lembrando que o Brasil possui um enorme mercado de criação comercial, mantendo mais de 430 mil animais silvestres, pertencentes a 553 espécies nativas e exóticas, em criadouros comerciais.

O relatório na íntegra está disponível aqui.