Sobre a fala do presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, de que a privatização da companhia “não está no radar do governo”, em teleconferência promovida pela Genial Investimentos nessa segunda-feira (25/5), a Federação Única dos Petroleiros (FUP) e seus sindicatos reforçam que o executivo se contradiz e confirma que a venda da companhia está em curso, ao reiterar a manutenção do “programa de desinvestimentos” da empresa.

Novamente, falta honestidade à diretoria da Petrobrás. Uma simples consulta a dicionários da língua portuguesa mostra que os “desinvestimentos” são um processo explícito de privatização da companhia. Todas as definições dos vocábulos “privatização” e “privatizar” deixam claro que se trata de “passar para domínio de empresa privada o que era de domínio do Estado” e de “processo e passagem para uma empresa privada de bem ou empresa que era estatal”.

Portanto, ao vender campos de exploração e produção de petróleo e gás natural; transportadoras de gás natural, como a Transportadora Associada de Gás (TAG); a BR Distribuidora, a maior distribuidora de combustíveis do país; e insistir na venda da Gaspetro – que está sendo questionada na Justiça – e de oito de suas 15 refinarias, a diretoria da Petrobrás está, sim, privatizando a companhia. E mantendo o ritmo programado, a atual diretoria da empresa vai esvaziá-la de tal forma que pouco restará à Petrobrás, impossibilitando sua recuperação diante da atual crise global provocada pela pandemia de covid-19.

As ações da gestão da Petrobrás fazem parte de uma diretriz do governo federal. No fatídico vídeo da reunião ministerial realizada em 22 de abril, em meio a termos de baixo calão e ameaças explícitas, o presidente da República, Jair Bolsonaro, deixou claro que sua agenda econômica é guiada pela entrega do patrimônio público à iniciativa privada.Assim, ao tentar negar o óbvio, a diretoria da Petrobrás reforça a total falta de transparência com a qual vem agindo com trabalhadores e trabalhadoras do Sistema Petrobrás e também com a população brasileira, a verdadeira dona da Petrobrás, e que, por isso, deveria ser defendida pelo Estado, como o acionista controlador da companhia. O que claramente não está acontecendo.