Dia da Democracia: reparação às vítimas da ditadura segue como desafio

Oferta de hoje: Aire Evolution Desodorante Colônia Masculina Jequiti, 100 ml – de: R$ 99,90 por: R$59,90 Por: Jequiti – Exclusivo no link clicando aqui

A participação popular nas decisões e regras coletivas é defendida pela Organização das Nações Unidas (ONU) desde sua criação, em outubro de 1945, após a vitória do bloco aliado na Segunda Guerra Mundial. Foram necessários 62 anos para a ONU reconhecer o dia 15 de setembro como Dia Internacional da Democracia, em 2007, em alusão à Declaração Universal da Democracia, assinada dez anos antes em conferência interparlamentar, na cidade do Cairo, no Egito. 

Em 1997, quando o Brasil assinou a Declaração Universal da Democracia, a Constituição do país passava pelo processo de regulamentação, nove anos após a promulgação. A Ditadura Militar, acabada em 1985, ainda era um processo recente e uma memória próxima. O fim do estado de exceção da era Vargas estava a distantes 60 anos, em 1937, e mesmo a proclamação da República tinha pouco mais de um século. 

Notícias relacionadas:

Caso Marighella: MPF pede condenação de 37 ex-agentes da ditadura.Comissão pede ao CNJ correção de certidões de mortos pela ditadura.UnB concede diploma post mortem a Honestino Guimarães.Na 17ª edição do Dia Internacional da Democracia, comemorado neste domingo (15), especialistas ouvidos pela Agência Brasil chamaram a atenção para a necessidade de manter continuamente ativa a defesa da democracia diante dos riscos experimentados nos últimos anos. O país agora passa por um duro processo de radicalização política e polarização que teve seu auge no pleito de 2017 e esteve perto de ameaçar a continuidade do respeito às urnas, na tentativa de golpe em 08 de janeiro de 2023. 

Acervo/Instituto Vladimir Herzog

“A democracia brasileira vem sofrendo com ataques sistemáticos e  a violação de sua constituição por parte de setores nada comprometidos com o estado democrático de direito. Isso ficou ainda mais evidente no último governo [de Jair Bolsonaro], e, sobretudo, com os atentados no dia 8 de janeiro de 2023. Se não fosse, justamente, o compromisso e a solidez de algumas das nossas instituições, não estaríamos falando hoje sobre a fragilidade da democracia brasileira, ou, até mesmo como aperfeiçoá-la”, destaca o diretor-executivo do Instituto Vladimir Herzog, Rogério Sottili. 

Segundo ele, a democracia brasileira ainda carece de mecanismos robustos para a promoção de direitos e justiça, que impeçam a impunidade daqueles que atentaram contra o regime democrático no passado. 

“Quando um país não articula seu passado de violência, agindo contra aqueles que atentaram e atentam livremente e abertamente contra o estado democrático de direito, como o Brasil não fez no passado, o que temos é uma cultura de impunidade, que favorece ataques como os que temos visto”, ressalta. 

“Precisamos entender que o passado está sempre à nossa porta e enquanto não agirmos efetivamente, tornaremos a vivenciar episódios de ataques contra a nossa democracia hoje e amanhã”, acrescenta. 

Justiça

A procuradora Regional da República e presidenta da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, Eugenia Gonzaga, enfatiza que o Brasil não fez sua Justiça de Transição, após o período da ditadura militar (1964-1985), e que agora paga pelo erro.

“No mundo todo, onde se estuda situações em que houve quebra da legalidade, em que se passou de ditaduras para regimes democráticos, verifica-se que se fez necessário promover a reparação das vítimas, a responsabilização dos autores, dos agentes de segurança que contribuíram para essa situação”, afirma. 

A falta de responsabilização abre caminho para a repetição de novas ações contra a democracia, segundo ela. “O 8 de Janeiro de 2023 tem tudo a ver com esse processo de não revelação da verdade, de omissão, de negação daquilo que aconteceu como golpe. Tem a ver com a impunidade desses autores, com a divulgação da falsa história de que [o golpe de 1964] salvou o país do comunismo”. 

Presidente da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos, Eugênia Gonzaga. Bruno Spada/Câmara dos Deputados

“A defesa da democracia infelizmente é um processo muito delicado, muito difícil é por isso que a gente tem que ter instrumentos de combate a essas arbitrariedades e a essas tentativas de se jogar para baixo do tapete as investidas contra a democracia”, acrescenta.

A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos foi reinstalada em julho deste ano pelo presidente Lula, depois de ter sido encerrada em 2022, durante o governo Bolsonaro.

Sessenta anos após o golpe (confira especial), estudos apontam a existência de 144 pessoas desaparecidas na ditadura militar. Existem também casos de pessoas com a morte confirmada pelo Estado, mas com o corpo desaparecido. Entre elas, o estudante de geologia da Universidade de Brasília, Honestino Guimarães, possivelmente morto em 1973 por agentes da ditadura.

Desinformação

Segundo Nilmário Miranda, jornalista e ex-deputado federal, preso político nos anos 1970 e assessor especial de Defesa da Democracia, Memória e Verdade do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), a construção de memórias baseadas na verdade é um dos principais pilares da democracia. Esse processo, no entanto, foi colocado em xeque em razão das fake news. 

“Não há democracia com base em Fake News, apropriação e mudança da história. A Democracia só se relaciona com memória verdadeira e com a construção de memórias, por isso a sua manutenção e ações como a Comissão da Verdade vão além dos governos e se relacionam com políticas de Estado”, defende. 

Ex-ministro dos Direitos Humanos, Nilmário Miranda, durante ato na Ponte que se chamava Costa e Silva e passou a se chamar Honestino Guimarães na semana de luta pela Democracia (2023). Joédson Alves/Agência Brasil

“Há uma importância em manter a memória viva e ainda é válido e necessário lembrar o lema da Comissão: para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça. Isso tem de estar na vida do país, tem de fazer parte da educação, para evitar algo como o golpe que quase aconteceu em 8 de janeiro”, acrescenta. 

Ele lembra  que na ditadura militar foram 750 parlamentares cassados, mais de 30 mil pessoas relataram algum tipo de tortura e houve 434 mortos e desaparecidos. “Isso tem de ser de conhecimento de todos. Se não, volta, se repete. A História mostra que volta. A verdadeira democracia precisa disso”.

Avanço

Adriano Diogo, geólogo e político, preso político durante a Ditadura Militar, e membro da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo, considera que a democracia tem enfrentado um grande desafio na era da comunicação digital. Ele ressalva, no entanto, que o sistema democrático ainda é o mais avançado que existe.

“Estamos em um momento difícil, em que o peso da comunicação digital atrapalha o processo, mas não podemos parar de lutar, de gritar, de disputar e ganhar eleições, que é a única forma de garantir a continuidade da Democracia”.

“Ela pode ter todos os seus problemas, mas é o mais avançado e revolucionário que temos no momento, e o que garante a participação do povo, que é o centro da decisão. É a partir da vontade popular que se constrói gerações”, acrescenta. 

Reportagem da Agência Brasil – Read More

Mega-sena acumula e prêmio vai a R$ 82 milhões

Oferta de hoje: Aire Evolution Desodorante Colônia Masculina Jequiti, 100 ml – de: R$ 99,90 por: R$59,90 Por: Jequiti – Exclusivo no link clicando aqui

O sorteio da mega-sena deste sábado (14) não teve bilhete premiado. Nenhum apostador acertou as seis dezenas do concurso 2774.

O números sorteados foram: 06 – 16 – 22 – 24 – 38 – 50.

Sessenta e seis apostas acertaram cinco dezenas. Cada uma delas vai ganhar R$ 60.519,72.

Outros 4.967 acertadores fizeram quatro dezenas e levam R$ 1.148,81 cada.

A aposta mínima da Mega-Sena custa R$ 5 e pode ser feita nas lotéricas de todo o país ou pela internet, no site da Caixa, até as 19h (horário de Brasília) do dia do sorteio.

Reportagem da Agência Brasil – Read More

Estado de São Paulo amanhece com 11 focos de incêndio

Oferta de hoje: Aire Evolution Desodorante Colônia Masculina Jequiti, 100 ml – de: R$ 99,90 por: R$59,90 Por: Jequiti – Exclusivo no link clicando aqui

O estado de São Paulo amanheceu com 11 municípios com focos de incêndio florestal. No momento, cinco focos já foram controlados, segundo balanço da Defesa Civil do estado. O trabalho de contenção das chamas conta com o Corpo de Bombeiros e o auxílio de 15 aeronaves.

Os pontos ativos e que contam com a ajuda dos aviões estão em Bananal (Vale do Paraíba), Caconde, Espírito Santo do Pinhal, Mococa, todas na região de Campinas, Itirapuã (região de Franca) e Castilho (região de Araçatuba).

Notícias relacionadas:

Brasil concentra 76% dos incêndios na América do Sul.Parques do RJ são fechados à visitação por causa de incêndios. Bombeiros combatem mais de 330 incêndios no estado do Rio.Na região metropolitana de São Paulo, havia um foco na cidade de Franco da Rocha, que já foi contido, de acordo com informações do governo estadual.

Clima nas áreas de incêndio

De acordo com a Defesa Civil a temperatura nas cidades onde os incêndios persistem varia de 23Cº a 28ºC. As rajadas de vento estão entre 10 quilômetros por hora (km/h) e 15km/h e a umidade relativa do ar varia de 35% a 60%. Há variação de nebulosidade e as chuvas estão previstas para segunda-feira (16).

Região Metropolitana de São Paulo

De acordo com o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) da prefeitura de São Paulo, a frente fria prevista para chegar neste domingo (15) fez com que o dia começasse com muita nebulosidade e termômetros oscilando em torno dos 17,2°C durante a madrugada. Até o momento, ocorreram chuviscos somente em alguns pontos da zona sul. No decorrer do dia ocorrem períodos de melhoria e o sol pode aparecer entre muitas nuvens, mas sem elevação de temperatura.

“Os ventos úmidos que sopram do oceano também ajudaram a aliviar o tempo seco dos últimos dias. Dessa forma, as máximas não devem superar os 22°C e os índices de umidade permanecem acima dos 60%. Ainda há condições para chuviscos entre a tarde e o período da noite, principalmente nas regiões mais próximas da Serra do Mar, no sul da região metropolitana de São Paulo”, diz o CGE.

A segunda-feira (16) deve ter chuvas fracas e garoa, alternadas com períodos de melhoria no decorrer do dia. O céu permanece com muita nebulosidade, o que impede a elevação mais significativa das temperaturas. As mínimas oscilam em torno dos 15°C, enquanto as máximas não devem superar os 20°C.

Na terça-feira (17) o sol retorna entre nuvens e favorece a gradativa elevação das temperaturas no decorrer do dia. Os termômetros devem variar entre mínimas de 14°C e máximas de 22°C, com índices de umidade permanecendo acima dos 55%.

Qualidade do ar

Segundo balanço da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), a qualidade do ar neste domingo (15) é moderada na região metropolitana de São Paulo, com possibilidades de causar sintomas como tosse seca e cansaço em pessoas com doenças respiratórias. A recomendação é a de que pessoas com doenças cardíacas ou pulmonares procurem reduzir esforço pesado ao ar livre.

Reportagem da Agência Brasil – Read More

Democracia restaurada: obras vandalizadas no 8/1 são recuperadas

Oferta de hoje: Aire Evolution Desodorante Colônia Masculina Jequiti, 100 ml – de: R$ 99,90 por: R$59,90 Por: Jequiti – Exclusivo no link clicando aqui

Era tarde de domingo quando o celular de Andréa Lacerda Bachettini começou a ser inundado por mensagens e vídeos postados nas redes sociais mostrando, quase em tempo real, os atos de vandalismo e destruição promovidos por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro na Praça dos Três Poderes, em Brasília, naquele 8 de janeiro de 2023, quando tentaram depor o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, empossado exatamente uma semana antes. 

Professora e pesquisadora do Departamento de Museologia, Conservação e Restauro da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no Rio Grande do Sul, Andréa conta a dor que sentiu ao ver as imagens das pessoas rasgando, quebrando e arremessando obras de arte e mobiliário de valor inestimável dentro do Palácio do Planalto.

Brasilia 07/02/2023 – Manifestantes arrastam grades que ficam na frente do Palácio do Planalto – Foto Joédson Alves/Agência Brasil

Notícias relacionadas:

Dia da Democracia: reparação às vítimas da ditadura segue como desafio.Anistiar crimes contra democracia é inconstitucional, dizem juristas.Lula exalta democracia em pronunciamento da Independência.“Meus colegas e eu, ligados à área patrimônio cultural da universidade, estávamos em Pelotas horrorizados, assistindo pelas redes sociais. Foi muito triste e revoltante ver aquilo. A gente se questionava: ‘temos que fazer alguma coisa!’. Foi um choque muito grande. Lembro que logo redigimos um documento e encaminhamos para a nossa reitora [Isabela Fernandes Andrade], que é arquiteta e muito sensível ao tema do patrimônio. Na carta, que ela reencaminhou em nome da universidade, a gente colocou o nosso departamento todo à disposição do Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional], do governo”, relata à Agência Brasil.

No contato inicial, o Iphan respondeu que ainda estava fazendo o levantamento dos danos aos prédios e no interior dos palácios da República, todos eles tombados como Patrimônio Mundial da Humanidade. Mas a semente foi plantada ali. Alguns meses depois, a UFPel foi procurada pelo Iphan, que propôs a parceria.

“Em um primeiro momento, a gente imaginava que era possível contratar uma empresa, mas no segundo momento a gente lembrou dos nossos parceiros, que são as universidades públicas, os laboratórios de conservação. Nós temos alguns na Bahia, em Minas Gerais e tem o da UFPel, que é um dos melhores do país e está atrelado ao curso de conservação, tem pós-graduação, e aí propusemos essa parceria”, relata o presidente do Iphan, Leandro Grass. A parceria foi firmada por meio de Termo de Execução Descentralizada (TED), em que o instituto repassou R$ 2,2 milhões à UFPel, para a aquisição de equipamentos, contratação de bolsistas e gastos logísticos.

Brasília – Presidente do Iphan, Leandro Grass, mostra processos de restauração das obras vandalizadas nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. Foto Valter Campanato/Agência Brasil

Uma inédita estrutura laboratorial de restauração foi montada no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República, por meio da Diretoria Curatorial dos Palácios Presidenciais e da Coordenação-Geral de Administração das Residências Oficiais. Ao todo, cerca de 30 pessoas, entre professores, pesquisadores, estudantes e servidores estão trabalhando no projeto, cujo principal objetivo é a restauração completa das 20 obras de arte (veja a lista completa a seguir) pertencentes ao Palácio do Planalto danificadas no ataque de 8 de janeiro do ano passado.

Cerca de um ano e meio após o início do projeto, até este domingo (15), em que se celebra o Dia Internacional da Democracia, praticamente todas as obras e peças estão com o restauro finalizado. Os trabalhos seguem até dezembro, e incluem a produção de um livro, de um documentário e a realização de ações educativas de promoção do patrimônio cultural em escolas públicas do Distrito Federal.

Trabalho minucioso

Outro momento emocionante dessa jornada, lembra Andréa, foi quando ela veio a Brasília pela primeira vez já como coordenadora do projeto, batizado de “Lacorpi – Ação Patrimônio Cultural dos Palácios Presidenciais: valorização e promoção da democracia a partir da conservação-restauração dos bens culturais vandalizados do Palácio do Planalto”.

“Foi um momento de muita emoção, eu sempre tenho vontade de chorar quando me lembro”, conta a professora, com a voz embargada. “A primeira obra que vi foi a tela do Di Cavalcanti, conhecida como ‘As Mulatas à mesa’. A tela é um tecido, mas tem toda uma estrutura de madeira e travas que a sustenta. Essas travas de madeira estavam todas rompidas. Naquele momento, percebi de perto o tamanho do ato de brutalidade daquela tentativa de golpe”, descreve. Com cerca de 3,5 metros de largura por 1,20 metro de altura, essa obra do grande pintor modernista brasileiro é uma das mais importantes do acervo dos palácios presidenciais. Ela foi rasgada em sete pontos diferentes, não se sabe ao certo se por uma faca ou punhal usado pelos golpistas que invadiram o Planalto naquele domingo fatídico.  

O trabalho sobre a tela de Di Cavalcanti foi minucioso. A obra já tinha um reentelamento (cobertura protetora no verso da tela) com tecido de linho, que foi rompido pelos rasgos e não era possível emendar com fibras originais. A opção foi utilizar um poliéster, que é um tecido sintético, comumente usado em velas de barco. Na parte frontal da tela, onde a obra está pintada, técnicas de justaposição das texturas dos fios, reproduzindo as pinceladas do artista, disfarçaram completamente os rasgos, que não são mais visíveis. Já na parte de trás da tela, os rasgos foram mantidos.

“Foi um opção da equipe, um opção política, para mostrar que essa tela sofreu esse processo, que foi perfurada sete vezes. Essa memória estará registrada”, explicou Leandro Grass.

Uma das agressões mais chocantes foi sobre a escultura em bronze O Flautista, do também brasileiro Bruno Giorgi, que tem mais de 1,6 metro de altura. Ela foi rompida em quatro partes. Em outra atitude de brutalidade e estupidez, outra escultura em bronze, a “Vênus Apocalíptica”, da artista argentina Marta Minujín, foi simplesmente arremessada do quarto andar do Palácio do Planalto, caindo sobre o gramado na área externa.

Uma das cenas reproduzidas à exaustão, no contexto da selvageria do 8 de janeiro, foi o momento em que um dos invasores, Antônio Cláudio Alves Ferreira, destruiu um relógio do século 17, que estava exposto no Palácio do Planalto.

Construído pelo relojoeiro Balthazar Martinot Boulle, a peça havia sido um presente da corte francesa ao imperador Dom João VI, em 1808. Tanto o relógio quanto a caixa de André Boulle, destruídos durante os atos de vandalismo, estão em processo de revitalização por meio de outro acordo formalizado com a Embaixada da Suíça no Brasil.

– Imagens de câmeras de segurança mostram relógio do século XVII sendo destruído por manifestante golpista. – Divulgação

Descobertas importantes

O trabalho de restauração também resultou em descobertas relevantes sobre algumas obras, até mesmo a sua autoria. É o caso da pintura expressionista “Pássaro”, de Martin Bradley, pintor inglês. Anteriormente sem título e autoria identificados, agora a tela expressionista pode ser inserida na história da arte. 

O vaso cerâmico branco e azul, que havia sido despedaçado, também teve sua autoria revelada durante o restauro bem-sucedido. Trata-se de uma Idria em Majólica (um tipo de cerâmica) italiana do período do Renascimento (séculos 14 a 16). Todo esse trabalho contou com técnicas avançadas de raio-X das peças e análise microscópica de esmalte e pigmentos.

O processo também vai resultar na produção de um material para orientação de conservação preventiva das obras, que inclui desde informações detalhadas sobre as técnicas de restauro aplicadas até sobre requisitos de temperatura e umidade relativa adequados para exibição das peças.

Brasília (DF), 15/09/2024 – Processo de restauração de obras depredadas no 8/01. Foto: Nauro Júnior

Os detalhes e bastidores do processo de restauração das obras pode ser conferido em uma exposição temporária na sede nacional do Iphan, em Brasília. Com o título “8 de janeiro: restauração e democracia”, a exposição mostra, em fotos em grande formato, e exibição de materiais e ferramentas  utilizadas pelos restauradores, mais detalhes das descobertas e do processo de reconstrução das peças.

“É muito importante devolver essas obras para que elas possam ser vistas pelo público. Essas obras são do povo brasileiro e representam a vitória da democracia e da liberdade”, aponta Leandro Grass.  

Lista das obras que estão sendo restauradas na parceria Iphan/UFPel:

1. Tela de Emiliano Di Cavalcanti (artista brasileiro);

2. O Flautista de Bruno Giorgi (artista brasileiro);

3. ⁠Idria (Majolica Italiana);

4. Galhos e Sombras de Frans Krajcberg (artista polonês naturalizado brasileiro);

5. Retrato do Duque de Caxias de Oswaldo Teixeira (artista brasileiro);

6. Rosas e Brancos Suspensos de J. Paulo (José Paulo Moreira da Fonseca) (artista brasileiro);

7. Casarios de Dario Mecatti (artista ítalo-brasileiro);

8. Obra de Dario Mecatti (artista ítalo-brasileiro);

9. Cena de Café de Clóvis Graciano (artista brasileiro);

10. Tela de Armando Viana (artista brasileiro);

11. Matriz e grade no 1º plano de Ivan Marquetti (artista brasileiro);

12. Pintura de Glênio Bianchetti (artista brasileiro);

13. Pintura de Glênio Bianchetti (artista brasileiro);

14. Pintura de Glênio Bianchetti (artista brasileiro);

15. Pintura de Glênio Bianchetti (artista brasileiro);

16. Pintura de Glênio Bianchetti (artista brasileiro);

17. Vênus Apocalíptica Fragmentando-se de Marta Minujín (artista argentina);

18. Cotstwold Town de John Piper (artista inglês);

19. Tela de Grauben do Monte Lima (artista brasileira);

20. Pássaro de Martin Bradley (artista inglês).

Reportagem da Agência Brasil – Read More

União de esforços busca conter incêndio na Serra dos Órgãos, no Rio

Oferta de hoje: Aire Evolution Desodorante Colônia Masculina Jequiti, 100 ml – de: R$ 99,90 por: R$59,90 Por: Jequiti – Exclusivo no link clicando aqui

Uma união de esforços busca conter incêndios que atingem o Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Parnaso), na região serrana do Rio de Janeiro. Segundo a unidade de conservação, que abrange áreas dos municípios de Guapimirim, Magé, Petrópolis e Teresópolis,  as chamas atingem locais de difícil acesso.

Informe divulgado nesse sábado (14) pela administração, por meio de suas redes sociais, esclarece que a operação mobiliza o Corpo de Bombeiros e brigadistas do próprio parque, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e ainda do Parque Nacional da Tijuca. Imagens gravadas por drones também foram compartilhadas, mostrando a extensão dos focos e a intensidade da fumaça.

Notícias relacionadas:

Estado de São Paulo amanhece com 11 focos de incêndio.Parques do RJ são fechados à visitação por causa de incêndios. Bombeiros combatem mais de 330 incêndios no estado do Rio.De acordo com a unidade de conservação, devido à dificuldade de acesso, uma equipe especializada precisou subir a montanha para fazer o reconhecimento da situação. “O plano inicial era lançar brigadistas por meio de helicóptero em locais onde o combate a pé fosse viável. No entanto, essas condições não foram encontradas, impossibilitando o transporte. Um pesquisador que estava na área foi resgatado em segurança, recebeu hidratação e foi transportado para a base sem complicações”, acrescenta o informe.

O Parque Nacional da Serra dos Órgãos tem a maior rede de trilhas do Brasil. É também um dos locais mais buscados para a prática de esportes de montanha, como escalada, caminhada e rapel. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICBMBio), que administra o parque, já precisou mobilizar seus brigadistas em diferentes ocasiões desde o mês passado.

O incêndio atual atinge a área do Morro do Cobiçado e Ventania. O fogo começou na noite de terça-feira (10) e propagou-se de forma mais intensa na sexta-feira (13). O clima seco, o relevo da região e os fortes ventos facilitam a disseminação do fogo. O acesso à região atingida está restrito e a unidade alerta que trilhas não devem ser realizadas. “Essas regiões se tornam muito perigosas na presença do fogo e precisam ser isoladas para que o combate seja realizado de forma segura e eficaz”.

Incêndios no Rio

Segundo dados que constam em nota divulgada pelo Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro (CBMERJ) neste domingo (15), mais de mil incêndios florestais no estado foram extintos desde a criação do gabinete de crise na última quinta-feira (12). “A corporação atua, por ar e por terra, no combate às ocorrências de fogo em vegetação. O CBMERJ utiliza drones com câmera térmica para monitoramento das áreas afetadas, além de aeronaves com capacidade para transporte de até 1.200 litros de água para ataque direto aos focos em locais de difícil acesso”, diz o texto.

Dados do monitoramento por satélite feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) endossam as preocupações no estado. As imagens captadas da atmosfera permitem mapear os maiores focos de queimadas. Desde o início do ano, são 960 registros. Já é o maior número de ocorrências em um único ano desde 2014, quando houve 1.283 registros. Somente em setembro, foram detectados até o momento 255 focos de queimadas no estado. É o maior número registrado para o mês desde 2011, quando houve 504 ocorrências.

Serra dos Órgãos – Arquivo/Flávio Varricchio/Ministério do Turismo

O excesso de queimadas no Brasil vem resultando em queda na qualidade do ar em diversas regiões, gerando preocupações com a saúde da população. Nas últimas semanas, viralizaram nas redes sociais imagens que mostram paisagens encobertas por fumaça  em algumas capitais, como Brasília, São Paulo e Belo Horizonte. Isso também ocorreu em municípios da região serrana do Rio de Janeiro, como Petrópolis e Teresópolis.

Especialistas têm apontado que os ecossistemas ficam mais vulneráveis a incêndios em momentos de seca, como a que o país está enfrentando. Esse cenário pode estar sendo influenciado por diferentes fatores, como o aquecimento global impulsionado pela ação humana e pelos efeitos do fenômeno climático El Niño, seguido da La Niña.

Apesar de o clima seco deixar áreas de mata mais suscetíveis a queimadas, a origem delas está na maioria das vezes relacionada com o comportamento humano. Segundo o Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, em 95% dos casos, as chamas começam pela ação do homem, seja de forma acidental ou mesmo voluntária. Já há investigações abertas em diversos locais do país que apuram indícios de incêndios criminosos. Prisões já foram realizadas nos últimos dias, por exemplo, nos estados de São Paulo e de Goiás.

Reportagem da Agência Brasil – Read More

Brasileiro feminino: São Paulo e Corinthians iniciam disputa do título

Oferta de hoje: Aire Evolution Desodorante Colônia Masculina Jequiti, 100 ml – de: R$ 99,90 por: R$59,90 Por: Jequiti – Exclusivo no link clicando aqui

Com transmissão ao vivo da TV Brasil, São Paulo e Corinthians começam a decidir o título do Campeonato Brasileiro de futebol feminino, a partir das 10h (horário de Brasília) deste domingo (15) no estádio do Morumbis.

Esta decisão coloca frente a frente uma equipe que chega pela primeira vez à final da competição, o São Paulo, e outra que detém o maior número de títulos do torneio nacional, o Corinthians (que já levou o troféu para casa em cinco oportunidades).

Série B

Notícias relacionadas:

São Paulo e Corinthians chegam à final do Brasileiro Feminino.Conmebol sorteia grupos da Libertadores de futebol feminino.Arrascaeta decide e Flamengo avança para semifinal da Copa do Brasil.A TV Brasil também abre espaço em sua programação para a Série B do Campeonato Brasileiro, com o confronto entre Chapecoense e Ceará, a partir das 18h30 na Arena Condá, em Chapecó.

O Vozão chega à partida mirando uma vaga no G4 (zona de classificação para o acesso à Série A) da competição. Iniciando a rodada na 5ª posição com 39 pontos, o Ceará buscará a segunda vitória consecutiva na competição.

Já a Chape tentará aproveitar o fato de atuar em casa para deixar a zona do rebaixamento. A equipe catarinense iniciou a rodada na 18ª colocação com 25 pontos.

Reportagem da Agência Brasil – Read More

Flamengo e Vasco medem forças no estádio do Maracanã

Oferta de hoje: Aire Evolution Desodorante Colônia Masculina Jequiti, 100 ml – de: R$ 99,90 por: R$59,90 Por: Jequiti – Exclusivo no link clicando aqui

O estádio do Maracanã recebe, a partir das 18h30 (horário de Brasília) deste domingo (15), um dos principais jogos da 26ª rodada da Série A do Campeonato Brasileiro, o confronto entre Flamengo e Vasco, que contará com a transmissão da Rádio Nacional.

Vindo de uma classificação para as semifinais da Copa do Brasil, uma das três frentes nas quais está vivo, o Flamengo quer a vitória para não se desgrudar do pelotão da frente do Brasileiro.

Notícias relacionadas:

Arrascaeta decide e Flamengo avança para semifinal da Copa do Brasil.Corinthians supera Juventude e segue vivo na Copa do Brasil.Ancelotti confia que Vini Júnior voltará em breve à sua melhor forma.Sem jogar pela competição desde a derrota de 2 a 1 para o Corinthians, a equipe de Tite voltou da Data Fifa sem a sua principal referência do ataque, pois o centroavante Pedro se machucou a serviço da seleção brasileira e só volta a atuar em 2025. “Nós não fizemos projeção para o restante da competição sem o Pedro. A gente fortalece quem está, e o campo vai falar”, afirmou o comandante do Rubro-Negro.

Além de Pedro, o Flamengo também não contará com o meia Carlos Alcaraz, expulso na última rodada contra o Corinthians, além dos lesionados Vinã e Michael. Já o meio-campista uruguaio De la Cruz é dúvida, enquanto Gonzalo Plata e Alex Sandro podem realizar suas estreias.

Já o Vasco chega animado após eliminar o Athlético-PR na Copa do Brasil. No Brasileiro o Cruzmaltino vive um bom momento, com cinco jogos de invencibilidade (três vitórias e dois empates).

“Clássico gigante, jogo difícil para nós, precisamos pontuar no Brasileiro e ter foco de onde queremos estar. O que prometemos é que vamos nos doar muito para fazer um grande jogo e, se possível, buscar um bom resultado”, declarou o técnico Rafael Paiva.

Para a partida deste domingo o comandante vascaíno tem duas dúvidas, o lateral Lucas Piton, que deixou o campo no jogo contra o Athlético-PR com dores no tornozelo esquerdo, e o meio-campista Philippe Coutinho, que ainda se recupera de lesão. Uma ausência certa é o zagueiro João Victor, suspenso por acúmulo de cartões amarelos. Já o meia suíço Maxime Dominguez está regularizado e pode fazer sua estreia.

* Colaboração de Pedro Amorim (estagiário) sob supervisão de Paulo Garritano.

Reportagem da Agência Brasil – Read More

Áreas de retomada guarani em MS enfrentam dificuldades e violência

Oferta de hoje: Aire Evolution Desodorante Colônia Masculina Jequiti, 100 ml – de: R$ 99,90 por: R$59,90 Por: Jequiti – Exclusivo no link clicando aqui

“Parece que a gente vive na Faixa de Gaza”, afirma o jovem estudante indígena guarani, que a Agência Brasil não identificará para garantir sua segurança. Ele vive em uma das sete áreas de retomada na região de Panambi – Lagoa Rica, em Douradina, em Mato Grosso do Sul (MS).

As retomadas são áreas consideradas tekoha, territórios ancestrais, pelos indígenas sul-mato-grossenses e, por isso, ocupadas por eles para forçar uma demarcação pelo governo brasileiro. O termo “retomada” tem justamente o sentido de “tomar de volta” a terra que um dia pertenceu aos povos originários e que, durante a expansão agropecuária para o Centro-Oeste do Brasil, foi parar nas mãos de fazendeiros, em sua maioria provenientes de outros estados brasileiros.

Notícias relacionadas:

Lewandowski assina portaria de demarcação de três terras indígenas.Fazendeiros armados perseguem e ferem indígenas avá-guarani.MPF move ação na Justiça Federal por demarcação de terra indígena.Os conflitos por terras em MS ocorrem há décadas. Segundo o Instituto Socioambiental (ISA), há 21 terras indígenas guarani (nhandeva e kaiowá) demarcadas no estado, com um total de 48 mil hectares.

Vilma Savala, rezadeira, na Retomada Guapo’y Mirin Tujury, localizada ao lado da Reserva Indígena de Amambai. – Tânia Rêgo/Agência Brasil

Há, no entanto, 11 terras já identificadas ou declaradas como guarani, com um total de 194 mil hectares, mas que ainda não foram demarcadas, entre elas Panambi – Lagoa Rica, que aparece no epicentro dos mais recentes conflitos envolvendo indígenas e fazendeiros. No início de agosto, mais de dez indígenas ficaram feridos, alguns gravemente, depois de ataques de homens armados a retomadas da região.

A terra de Panambi – Lagoa Rica foi delimitada em 2011, mas nunca chegou a ser demarcada. Os Guarani resolveram, portanto, tomar a iniciativa e forçar a conclusão do processo. Em resposta, um grupo de pessoas que se posiciona contra a retomada decidiu montar seus próprios acampamentos para dissuadir os indígenas a deixar a área. Também presentes no local, estão homens da Força Nacional de Segurança.

Segundo a Aty Guasu (grande assembleia) guarani, o grupo armado é formado por produtores rurais, jagunços, populares movidos por ideias anti-indígenas e postulantes a cargos públicos.

A assembleia indígena denuncia que esse grupo é uma “agromilícia”, que “vem promovendo tiroteios, terror psicológico, agressões físicas, derrubada de barracos montados pelos indígenas e violências variadas, como ameaças de agressões sexuais a meninas e mulheres indígenas”, de acordo com nota divulgada pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

“A gente não se sente seguro lá. E, quando a gente precisa ir na cidade, é bem complicado”, conta o jovem guarani ouvido pela Agência Brasil.

Terras em disputa se espalham pelo estado, às vezes envolvendo confrontos armados, seja com grupos paraestatais seja com as próprias forças de segurança de MS. Segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul (Famasul), Marcelo Bertoni, há 275 mil hectares de propriedades rurais que estão sendo contestadas por indígenas.

Retomada Guapoy Mirim, localizada ao lado da Reserva Indígena de Amambai – Tânia Rêgo/Agência Brasil

 

Amambai

A retomada de Guapoy Mirim, em Amambai, no sul de MS, é outra dessas áreas em disputa. Diferentemente de Panambi, a Terra Indígena de Amambai foi a primeira a ser demarcada no estado, ainda em 1915. A área tem 2,4 mil hectares e uma população de mais de 8 mil Guarani, mas eles consideram que seu tekoha é bem maior.

Há alguns anos, alguns Guarani decidiram se aventurar para fora dos limites da terra indígena e ocupar o espaço de uma fazenda, limítrofe à área demarcada, que, segundo eles, pertence ao seu tekoha.

Adilino Gomes, rezador; Roberto Benitez, cacique; e Vilma Savala, rezadora; em frente ao local onde foi enterrado o corpo de Vito Fernandes – Tânia Rêgo/Agência Brasil

“Nós reivindicamos essa terra há muitos anos, mas ela não retorna para a gente. Então a gente pensou que tinha que vir de novo para esse lugar. Cem anos atrás isso aqui era tudo mato e agora não tem mais. Está acabando a natureza”, afirma o cacique de Guapoy Mirim, Roberto Benitez, mostrando uma vastidão de terra desmatada para dar lugar à agricultura.

O processo de retomada dos indígenas não foi fácil no início. Quando os primeiros Guarani montaram sua aldeia na área da fazenda, policiais militares fizeram uma operação armada para conter o que os fazendeiros consideram como “invasão”.

Um dos Guarani, Vito Fernandes, morreu e outros oito ficaram feridos (entre eles dois adolescentes e um menino de 13 anos baleado no abdômen) no episódio ocorrido em 24 de junho de 2022, chamado pelos moradores do local como “Massacre de Guapoy Mirim”. Três policiais também se feriram.

Relatório do Conselho Nacional dos Direitos Humanos afirma que os policiais prestaram socorro às vítimas e as levaram ao pronto-socorro. Os agentes também afirmaram ter sido recebidos a tiros pelos indígenas.

No entanto, o CNDH condenou a ação da polícia, que, segundo o conselho, envolveu o uso de fuzis, resultou em vários disparos pelos agentes, não teve autorização judicial nem contou com a participação da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

O homicídio de Vito Fernandes ainda está sendo investigado e, no último dia 9, a Polícia Federal exumou seu corpo, que estava sepultado na própria retomada, levando-o para Dourados, para que o Instituto Nacional de Criminalística pudesse fazer uma perícia, sob protestos dos indígenas.

Willis Fernandes, filho de Vito Fernandes, que foi morto no “Massacre de Guapoy Mirim”  – Tânia Rêgo/Agência Brasil

“Eu quero descobrir quem matou meu pai, se foi o pessoal que estava no chão ou no helicóptero. Mas eu queria que eles fizessem a perícia aqui [na aldeia]. Não queria que tirassem o corpo do meu pai daqui, mas eu tive que colaborar com eles”, contou o filho mais velho de Vito, Willis Fernandes, que vive na retomada com a família.

Depois da operação policial, os indígenas reocuparam a fazenda e mantêm a retomada desde então. Outras duas lideranças foram mortas nas semanas seguintes, em episódios com aspectos de emboscada segundo o Cimi: Márcio Moreira e Vitorino Sanches.

Já se passaram dois anos desde os assassinatos. As ameaças, no entanto, não acabaram. “Alguns meses atrás, um pessoal veio aqui e disparou tiros na direção das casas, pra assustar a gente”, relata o cacique Roberto.

O cacique conta que a vida ali é difícil, porque eles não recebem, das autoridades, apoio para transportar as crianças para a escola da terra indígenas, localizada a alguns quilômetros da retomada, não possuem escola e nem posto de saúde em Guapoy Mirim.

Eles não tiveram apoio, segundo Roberto, para começar seus plantios e encontram muitas dificuldades para vender sua produção a programas públicos de aquisição de alimentos de pequenos agricultores, por exemplo. Apesar disso, eles se mantêm decididos a permanecer ali, com o cultivo de suas roças e o reflorestamento de parte da área.

“Nós, indígenas, não sabemos de onde vai vir essa força para continuar. Isso [a violência e as dificuldades] acontece porque o território não está demarcado. Tem que ser demarcado. Os indígenas não vão [morar] numa parte que não é deles. Mas, se eles sabem que é deles, eles não vão naquele lugar”, ressalta o cacique.

Adilino Gomes, rezador da Retomada Guapo’y Mirin Tujury, localizada ao lado da Reserva Indígena de Amambai – Tânia Rêgo/Agência Brasil

 

Dourados

Nos arredores da Terra Indígena de Dourados, ao norte da cidade homônima, onde 15 mil Terena e Guarani dividem um espaço de 3,4 mil hectares, a luta é para evitar que empreendimentos imobiliários avancem na direção de seu território demarcado desde 1917.

Novos condomínios residenciais crescem nos arredores da cidade de Dourados e se aproximam do tekoha. A reação dos indígenas consiste nas retomadas nas franjas da terra indígena, em direção à cidade.

“A cidade tem crescido muito por conta da dinâmica de crescimento do agronegócio e também por conta das universidades. A partir de 2000, Dourados tem tido uma expansão urbana muito grande. E, junto com a expansão urbana, tem a questão da especulação. Tivemos a criação de vários condomínios. Ao mesmo tempo em que tivemos a expansão urbana para o norte, passamos a ter um movimento de autodemarcação dos Guarani”, explica a professora de geografia da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) Marcia Mizusaki, que tem, entre seus focos de estudo, os conflitos territoriais no MS.

As dificuldades enfrentadas nessas áreas são as mesmas de outras retomadas: conflitos com proprietários de terra e carência de serviços públicos. “Nossa retomada começou em 2010, com a construção do rodoanel. Aqui onde a gente mora e em todas as outras retomadas, a gente vem sofrendo. É sempre uma luta com o poder público, com os fazendeiros. A gente não tem apoio”, conta Ade Vera, morador da retomada de Nhu Vera. “A gente tem muita dificuldade com relação à água, tem bastante criança que está fora da escola, e a terra para plantar está ficando pouca, porque já tem muitas famílias vivendo aqui.”

 Área rural ocupada por indígenas nos arredores da reserva indígena de Dourados. – Tânia Rêgo/Agência Brasil

Nos últimos anos, vários ataques de seguranças privados e ações de forças de segurança deixaram feridos nas retomadas de Nhu Vera, Aratikuty, Nhu Vera Guasu e Avae’te, localizadas nas franjas da TI de Dourados. “Fazem de tudo para a gente desistir, mas a gente não vai desistir”, afirma Ade Vera. 

Fazendeiros

Na visão dos fazendeiros, as retomadas são uma ocupação ilegal de suas propriedades. “Eu não vejo como retomada, vejo como invasão. Não fomos nós que criamos esse problema. O produtor não tomou a terra de ninguém. Se o estado tomou e vendeu essas terras, se a União fez isso, o produtor não é o invasor. Não concordo com essas retomadas, porque eles [os indígenas] descumprem a lei totalmente. Então eu posso retomar qualquer área que o governo vendeu?”, afirma o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni.

Retomada Guapo’y Mirin Tujury, localizada ao lado da Reserva Indígena de Amambai. – Tânia Rêgo/Agência Brasil

Segundo o representante dos produtores rurais, não é possível corrigir uma injustiça (o desalojamento dos indígenas de suas terras ancestrais) com outra. “São duas vítimas [o indígena e o produtor]. Ninguém consegue enxergar o produtor como vítima. Eles [indígenas] invadem a terra do produtor, tiram o produtor lá de dentro, levam essa família para a miséria e está tudo certo?”, argumenta Bertoni.

Para ele, se o Estado quiser regularizar a situação das retomadas indígenas, terá que indenizar o proprietário da terra. E isso, de acordo com o representante dos produtores rurais, não seria barato. “Se a gente faz uma conta, mais ou menos, de 275 mil hectares de terra [onde haveria disputas territoriais], que estão impactando 900 propriedades rurais em 30 municípios, com R$ 80 mil o [valor do] hectare, você a arrecadação do meu estado inteiro.”

O resultado da indenização proposta por Bertoni gira em torno de R$ 22 bilhões, o equivalente a 15% do Produto Interno Bruto (PIB) do estado, em valores de 2021 (R$ 142 bilhões).

Sobre a violência resultante dos conflitos territoriais, Marcelo Bertoni nega que haja um genocídio guarani no estado diz que muitos dos casos de violência são provocados pelos próprios indígenas. No entanto, afirma que o proprietário de terra tem o direito de se defender do que ele chama de invasão.

“Quando um ladrão entra na sua casa, você o recebe de que forma, quando você tem o jeito de se defender? Armado, de pau, de qualquer jeito. É a mesma coisa com o indígena. Ele está entrando na minha casa. Ninguém enxerga que essa é a casa do produtor”, justifica o presidente da Famasul.

>> Veja a galeria de fotos

 

Governo

Por meio de nota, o governo do estado de MS informou que, nas áreas de conflito, tem atuado, juntamente com o Ministério Público Federal (MPF) e com os ministérios da Justiça e dos Povos Indígenas, “por um diálogo construtivo e por meios de mediação para alcançar soluções que restaurem a legalidade e promovam a paz e a harmonia no campo”. “As forças de segurança têm feito o monitoramento dos locais e, quando solicitados pelas equipes da Força Nacional e Polícia Federal, tem atuado conjuntamente” acrescenta a nota.

Em relação à oferta de serviços públicos, o governo sul-mato-grossense afirmou que tem feito esforços para garantir o acesso à água potável e de qualidade e que instituiu um grupo de trabalho, conjuntamente com o Ministério dos Povos Indígenas e a Secretaria de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, para analisar as condições de insegurança hídrica predominante nas aldeias indígenas do estado.

De acordo com o governo de MS, o governo federal analisa a inclusão, no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), de um projeto de abastecimento de água em aldeias indígenas. Além disso, em colaboração com a Itaipu Binacional, o governo estadual investirá R$ 120 milhões em um projeto de segurança hídrica, que beneficiará, entre outras pessoas, cerca de 40 mil indígenas que vivem em áreas de retomada.

O governo sul-mato-grossense afirmou ainda que os indígenas de áreas de retomada têm acesso ao transporte escolar e que o Distrito Sanitário da Secretaria de Saúde Indígena (Disei) disponibiliza equipes volantes para atendimento nesses territórios. Além disso, o estado promulgou recentemente uma lei estadual que amplia os valores pagos aos 262 agentes de saúde indígena e que prevê a entrega de tablets a esses profissionais, para conectá-los a um sistema único de base de dados.

Em relação à segurança alimentar, o estado diz que disponibiliza ferramentas, mudas e sementes além de instruções técnicas para preparo do solo e plantio para comunidades indígenas, através do projeto Quintais Produtivos. Cerca de 30% dos repasses desse projeto está destinado a áreas de retomadas.

Retomada Guapo’y Mirin Tujury, localizada ao lado da Reserva Indígena de Amambai. – Tânia Rêgo/Agência Brasil

O governo estadual informou ainda que, em parceria com o Ministério dos Povos Indígenas, a Secretaria Estadual de Cidadania executará o Programa Teko Porã: Fortalecimento do Bem-viver do Povo Guarani Kaiowá e o Laboratório Etnoterritorial. Os programas visam promover ações de apoio à elaboração de planos de gestão territorial e ambiental, sistemas de monitoramento e proteção das casas de rezas, quintais produtivos e a reinserção social de pessoas indígenas em situação de encarceramento.

O Ministério dos Povos Indígenas e a Funai têm acompanhado os conflitos nesses territórios. Em 10 de agosto, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, recebeu lideranças guarani para tratar dos conflitos em MS.

Representantes do MPI e da Funai participaram, desde quarta-feira (11), de uma missão, junto com representantes de entidades, Defensoria Pública e parlamentares ligados aos direitos humanos, que visitou terras dos povos guarani, no oeste do Paraná e em Mato Grosso do Sul.

O objetivo da missão é prestar apoio aos povos, ouvir demandas das comunidades na tentativa de combater o aumento da violência, como ameaças, agressão e incêndios criminosos.

Reportagem da Agência Brasil – Read More

Seca e queimadas exigem mais cuidados com saúde; confira orientações

Oferta de hoje: Aire Evolution Desodorante Colônia Masculina Jequiti, 100 ml – de: R$ 99,90 por: R$59,90 Por: Jequiti – Exclusivo no link clicando aqui

As condições atuais de seca, queimadas e altas temperaturas em boa parte do país levou o Ministério da Saúde a reforçar orientações para a proteção dos brasileiros.

Em áreas onde há dificuldade de acesso à água potável, por exemplo, existe o risco de desidratação. E a fumaça das queimadas pode levar a quadros de doenças respiratórias.

Notícias relacionadas:

Força Nacional do SUS reforça apoio a estados afetados por queimadas.Brasil concentra 71,9% das queimadas na América do Sul nas últimas 48h.Parques do RJ são fechados à visitação por causa de incêndios.As orientações para a população são: aumentar a ingestão de água e procurar locais frescos; evitar atividades físicas em áreas abertas; não ficar próximo dos focos de queimadas e procurar atendimento médico em caso de náuseas, vômitos, febres, falta de ar, tontura, confusão mental ou dores intensas de cabeça, no peito ou abdômen.

Neste sábado (14), a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia também ampliou recomendações à população dado o aumento das concentrações de poluentes no ar.

O documento cita registros de poluição decorrentes de incêndios florestais na região Norte, principalmente nos estados do Amazonas, Rondônia e Acre; em todo Centro-Oeste, Sul e Sudeste.

Cuidados

A entidade explica que há aumento do risco de infecções respiratórias para os seguintes grupos: crianças de até 2 anos, idosos com 65 anos ou mais e pessoas com doenças metabólicas e cardiovasculares, e imunocomprometidas.

Nesses casos, além da hidratação, é recomendável o uso de máscaras, se possível N95 ou PFF1, 2 ou 3, que são mais eficazes que as cirúrgicas; permanecer o maior tempo possível no interior das casas e com as janelas fechadas; além de evitar atividades físicas.

Pessoas sem comorbidades ou fora dos grupos considerados de risco devem evitar exercícios físicos ao ar livre e o tempo da atividade não deve exceder 30 minutos; os especialistas também recomendam uso de máscara em ambientes externos.

Para melhorar o interior das residências, umidificar o ambiente com toalhas molhadas ou umidificadores e manter o local limpo. Sempre utilizar panos úmidos ou aspiradores para a limpeza e não vassouras.

Reportagem da Agência Brasil – Read More

PF prende candidato a vereador com mandado de prisão pelo 8/01

Oferta de hoje: Aire Evolution Desodorante Colônia Masculina Jequiti, 100 ml – de: R$ 99,90 por: R$59,90 Por: Jequiti – Exclusivo no link clicando aqui

O candidato a vereador de Céu Azul (PR) Marcos Geleia Patriota (Novo) foi preso neste sábado (14), em Cascavel, por agentes da Polícia Federal.

Patriota é investigado por associação criminosa para os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Desde novembro do ano passado, ele tinha ordem de prisão expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Notícias relacionadas:

Anistiar crimes contra democracia é inconstitucional, dizem juristas.Projeto de anistia aos golpistas do 8 de janeiro é adiado na CCJ.Outros dois candidatos envolvidos com os atos golpistas têm mandados de prisão em aberto, de acordo com reportagem do G1.

Procuramos a defesa de Patriota, mas até o momento não obtivemos retorno.

Anistia

Um projeto de lei (PL) que concede anistia aos condenados nos atos golpistas do dia 8 de janeiro de 2023 tramita na Câmara dos Deputados. Ele não entrou na pauta de votação da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da última quarta-feira (11), conforme havia prometido a presidente da CCJ, a deputada federal Caroline de Toni (PL-SC).

A análise do projeto foi cancelada porque começou sessão do plenário da Câmara. O regimento da Casa proíbe que as comissões deliberem enquanto há sessão no plenário.

Reportagem da Agência Brasil – Read More