Em 20 anos de estatuto, pensão alimentícia para idosos não é comum

O direito a pensão alimentícia para idosos foi uma das novidades que veio com o Estatuto do Idoso, sancionado em 2003. Assim, filhos e até netos passaram a poder ser acionados judicialmente para garantir o pagamento de pensão alimentícia a pessoas idosas. No entanto, duas décadas após a legislação entrar em vigor, esses pedidos não se tornaram comuns e são apenas uma pequena parte das solicitações de pensão alimentícia, na maior parte requeridas pelos filhos em relação aos pais e as ex-esposas aos antigos companheiros.

“O que é mais comum e recorrente na sociedade são os filhos dos casais e eventualmente as esposas. Porque na nossa sociedade ainda predomina o poder econômico na mão do homem”, enfatiza a presidente da Comissão de Estudos de Direito de Família e Sucessões do Instituto dos Advogados de São Paulo, Clarissa Campos Bernardo. Ela ressalta que, em anos trabalhando com direito de família, nunca foi solicitada a fazer um pedido do tipo.

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Envelhecimento da população vai demandar mais vacinas para idosos.Governo cria programa para que políticas públicas cheguem aos idosos.Aumento de violência contra idosos é tema do Caminhos da Reportagem.A advogada explica que a pessoa idosa que não tiver condições de se sustentar sozinha pode pedir pensão a um dos filhos judicialmente. Caso nenhum dos filhos tiver condições de arcar com a despesa, há ainda a possibilidade de requisitar a pensão aos netos. Mas a regra, segundo Clarissa, é “buscar o descendente mais próximo”.

O Conselho Nacional de Justiça não tem dados específicos sobre a quantidade de pedidos de pensão alimentícia por idosos. Os dados disponibilizados pelo conselho englobam todos dos pedidos de pensão, sem discriminação se por filhos ou ex-companheiras.

A coordenadora do Núcleo Especializado dos Direitos da Pessoa Idosa e da Pessoa com Deficiência da Defensoria Pública de São Paulo, Renata Flores Tibyriçá, confirma que os casos do tipo são pouco comuns, apesar da defensoria atuar em alguns casos de pedidos de pensão em favor de pessoas idosas. “Acontece, mas não é comum”, disse a defensora.

Em parte, Renata atribui a baixa demanda ao perfil das famílias atendidas pela defensoria, que são pessoas com poucos recursos, em que os idosos acabam dividindo a residência com outras gerações. “De fato, é difícil para as famílias, que não têm condições financeiras, vivem juntas, e acabam fazendo alguma organização familiar”, explica.

Mediação

Mesmo nos casos em que o benefício é requerido, a coordenadora explica que as equipes da defensoria, que incluem psicólogos e assistentes sociais, buscam uma mediação em vez da judicialização. “A gente tenta resolver com apoio do centro multidisciplinar, com assistente social e psicólogo pensando em uma mediação com a família. Até para organizar melhor como seria esse apoio a essa pessoa idosa”, acrescenta.

É por esse caminho que a defensoria busca atuar, segundo Renata, mesmo em casos mais complexos, como os que envolvem negligência ou até violência contra as pessoas idosas. “A violência contra a pessoa idosa, normalmente, acontece dentro da casa dela, por uma pessoa próxima a ela. É uma violência praticada por meio da negligência. Ou seja, a pessoa tinha algum dever de cuidado da pessoa idosa. Por exemplo, deixou de dar um remédio, de trocar uma fralda”, detalha a defensora sobre o perfil das violências que atingem de forma mais comum essa população.

Por isso, de acordo com a coordenadora, ao agir em um caso de violência é preciso “pensar em alternativas de atendimento dessa pessoa idosa”.

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MPF cobra ação contra abuso religioso na eleição do Conselho Tutelar

O Ministério Público Federal (MPF) informou ter solicitado ao presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) que informe, em até 24 horas, quais medidas foram adotadas para prevenção de abuso do poder religioso e garantia de lisura nas eleições para conselheiros tutelares, que ocorrerão neste domingo (1º) em todo o país. Eleitores de todos os municípios brasileiros podem ir às urnas, neste domingo, dia 1º de outubro, para escolher seus representantes nos 6,1 mil conselhos tutelares. Ao todo, segundo o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC), serão escolhidos 30,5 mil conselheiros entre os candidatos para os postos.

A solicitação foi feita após a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão no Rio de Janeiro ter recebido uma representação do Movimento Nacional de Direitos Humanos, por meio da Associação de Ex-Conselheiros e Conselheiros da Infância, que alerta para risco de interferência de abuso de poder religioso no pleito.

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“A representação trouxe informações veiculadas em matérias jornalísticas recentes afirmando que grandes entidades religiosas estão influenciando seus seguidores a participarem das eleições e votarem em determinados candidatos, que supostamente propagariam os seus ideais religiosos em sua atuação como conselheiro tutelar. Segundo a representação, para além do estímulo do ato de cidadania, o objetivo seria o exercício de influência sobre os fiéis para elegerem candidatos religiosos, a fim de direcionar esferas institucionais do próprio Estado para que adotem um conceito tradicional e excludente de família”, diz o MPF.

O MPF destaca que o Conselho Tutelar trata-se de órgão permanente e autônomo encarregado de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente. Desta forma, os conselheiros tutelares devem atuar para proteção integral desse público, como prevê o Estatuto da Criança e dos Adolescente, independentemente das crenças pessoais e religiosas. 

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Hepatite A tem tendência de alta na capital paulista

Os casos de hepatite A na cidade de São Paulo apresentam tendência de alta neste ano. Os números da Secretaria Municipal da Saúde mostram que, em 2022, foram registrados 145 casos, e até setembro de 2023 ocorreram 225, com uma morte. Em 2019, foram confirmados 160 casos. Em função da pandemia de covid-19, os anos de 2020 e 2021 tiveram 64 e 61 casos, respectivamente. 

Entre 2018 e 2020, o Ministério da Saúde ampliou a imunização em caráter temporário para grupos como gays, homens que fazem sexo com homens (HSH), travestis e pessoas trans, em decorrência do cenário epidemiológico à época. Segundo a prefeitura, com as doses remanescentes, a estratégia continuou até abril de 2023. 

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Campanha de multivacinação para menores de 15 anos chega a 7 estados.Associação diz que uso de anabolizantes pode causar danos permanentes.Mulheres contam como é viver com doença que provoca queda de cabelo.Após a campanha temporária, as doses passaram a ser enviadas para os Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (Crie), do governo do estado. “Desta forma, não foi possível seguir com a estratégia anterior”, disse o governo municipal.

Em nota, o Ministério da Saúde confirmou que a oferta a grupos específicos – que envolvem, neste momento, pessoas com hepatites crônicas, fibroses císticas, HIV/Aids e Trissomia – é garantida por meio dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais. 

O ministério informou ainda que, em setembro deste ano, foi lançada a 6ª edição do Manual dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais. O documento normatiza as diretrizes e procedimentos relacionados a imunobiológicos especiais.

A pasta destaca que a vacina hepatite A inativada (HA) “é altamente eficaz e de baixa reatogenicidade, com taxas de soroconversão de 94% a 100%”. “A proteção é de longa duração após a aplicação de duas doses.” O imunizante está disponível no calendário básico de vacinação para crianças de 15 meses a 5 anos incompletos, como dose única. 

Sobre a doença 

De acordo com o Ministério da Saúde, a hepatite A é uma infecção causada pelo vírus A (HAV) da hepatite, também conhecida como hepatite infecciosa. Na maioria dos casos, trata-se de uma doença benigna, mas “o curso sintomático e a letalidade aumentam com a idade”.

A transmissão se dá pelo contato de fezes com a boca. A infecção, portanto, tem grande relação com alimentos ou água inseguros, baixos níveis de saneamento básico e de higiene pessoal, segundo informações da Organização Mundial da Saúde (OMS). 

Outras formas de transmissão são o contato pessoal próximo. Pessoas que moram na mesma casa, contatos entre pessoas em situação de rua ou entre crianças em creches, além de contato sexual, especialmente entre homens que fazem sexo com homens, são situações com possível exposição ao vírus.

O ministério informa que não há tratamento específico para hepatite A, mas é importante evitar a automedicação para alívio dos sintomas, pois o uso de medicamentos desnecessários ou que são tóxicos ao fígado podem piorar o quadro.

Prevenção

O Ministério da Saúde lista algumas medidas de prevenção contra a hepatite A:

– Lavar as mãos (incluindo após o uso do sanitário, trocar fraldas e antes do preparo de alimentos);

– Lavar com água tratada, clorada ou fervida, os alimentos que são consumidos crus, deixando-os de molho por 30 minutos;

– Cozinhar bem os alimentos antes de consumi-los, principalmente mariscos, frutos do mar e peixes;

– Lavar adequadamente pratos, copos, talheres e mamadeiras;

– Usar instalações sanitárias;

– No caso de creches, pré-escolas, lanchonetes, restaurantes e instituições fechadas, adotar medidas rigorosas de higiene, tais como a desinfecção de objetos, bancadas e chão utilizando hipoclorito de sódio a 2,5% ou água sanitária.

– Não tomar banho ou brincar perto de valões, riachos, chafarizes, enchentes ou próximo de onde haja esgoto;

– Evitar a construção de fossas próximas a poços e nascentes de rios;

– Usar preservativos e higienização das mãos, genitália, períneo e região anal antes e após as relações sexuais.

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Petrobras poderá perfurar poços na Margem Equatorial

O Ministério de Minas e Energia (MME) informou, nesta sexta-feira (29), que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) concedeu licença ambiental para a Petrobras perfurar poços no segmento da Bacia Potiguar, no litoral do Rio Grande Norte, na Margem Equatorial. A licença seria referente à atividade de pesquisa da capacidade de produção de petróleo e gás natural na localidade. As reservas estimadas dessa bacia são de 2 bilhões de barris de óleo. 

De acordo com o Ibama, a assinatura da licença deve ocorrer na próxima segunda-feira (2). 

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Petrobras anuncia primeira gasolina carbono neutro no Brasil.Petrobras quer explorar energia eólica em áreas marítimas.A Margem Equatorial abrange cinco bacias em alto-mar, entre o Amapá e o Rio Grande do Norte, entre elas a Bacia da Foz do Amazonas, no litoral do Amapá, cuja licença para prospecção marítima foi negada em maio deste ano e gerou debates públicos sobre a exploração da região. Na ocasião, o Ibama alegou que a decisão foi tomada “em função do conjunto de inconsistências técnicas” para uma operação segura em nova área exploratória. 

No fim do mês passado, em audiência pública da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, afirmou que um dos problemas do projeto apresentado pela Petrobras é a deficiência no plano de proteção à fauna. Agostinho disse ainda que o pedido de reavaliação da proposta está sob análise técnica. Também em manifestação em comissões do Senado, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, minimizou os possíveis riscos ambientais de uma produção de petróleo naquela região. 

No caso da Bacia Potiguar, segundo o MME, o Ibama avaliou positivamente a estrutura empregada pela empresa, assim como a execução da estratégia de proteção de unidades de conservação costeiras. “Como avaliação global, a equipe do instituto considerou que os planos de emergência individual e proteção à fauna foram executados conforme conceitualmente aprovados no processo de licenciamento”, explicou a pasta em comunicado.  

O ministério ainda defende a continuidade das pesquisas sobre as potencialidades das reservas de petróleo na Margem Equatorial, incluindo na Bacia da Foz do Amazonas. “A partir desse momento [concessão da licença na Bacia Potiguar], tenho a certeza de que os técnicos do Ibama poderão se dedicar, ainda com mais afinco do que já tem empreendido, e avançar nos estudos das condicionantes necessárias para as pesquisas da Margem Equatorial também no litoral do Amapá”, destacou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silva, no comunicado do MME. 

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ICMBio vai apurar causas da morte de botos no Amazonas

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) informou hoje (30) que vai apurar as causas das mortes de botos em Tefé, no Amazonas.

Desde a última segunda-feira (23) até ontem (29), o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá registrou a morte de mais de 100 mamíferos aquáticos como o boto vermelho e o tucuxi, que viviam no lago. 

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Forte estiagem faz Rio Branco decretar situação de emergência.Especialistas discutem conservação dos jardins do Sítio Burle Marx.Até o momento, as causas não foram confirmadas, mas há indícios de que o calor e a seca histórica dos rios estejam provocando as mortes de peixes e mamíferos na região. O ICMBio disse que já mobilizou para a região equipes de veterinários e servidores do seu Centro de Mamíferos Aquáticos (CMA) e da Divisão de Emergência Ambiental, além de instituições parceiras para apurar as causas dessas mortes.

“Protocolos sanitários foram adotados para a destinação das carcaças. O ICMBio segue reforçando as ações para identificar as causas e, com isso, adotar medidas para proteger as espécies”, informou o ICMBio.

Diante do cenário, ontem (29), o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá lançou um alerta à população que mora nas proximidades do Lago Tefé para evitar o contato com as águas do lago e o uso recreativo. Segundo o Mamirauá, em alguns pontos do lago a temperatura está ultrapassando a marca dos 39°.

Neste sábado (30), em entrevista ao programa Viva Maria, da Rádio Nacional da Amazônia, um dos veículos da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), a coordenadora do Grupo de Pesquisa em Mamíferos Aquáticos Amazônicos do Mamirauá, Miriam Marmontel, disse que esses animais acabam atuando como sentinelas da qualidade da água e são os primeiros a ser afetados com mudanças provocadas no ambiente.

“Eles nos deram o alerta e agora a gente tem que ficar atento a isso. A tendência, se não mudarmos os nossos hábitos, esses eventos vão continuar acontecendo, mais aquecimento global, mudança nos parâmetros climáticos e eles estão utilizando um ambiente que utilizamos muito, especialmente no Amazonas. A água para é primordial para os amazônidas e essa água, que atualmente não está propícia para o boto, também não é propícia para o humano. Tanto para nadar, como consumir. Então, que a gente fique muito alerta quanto a isso”, disse a pesquisadora.

“O corpo [dos animais] sente, a fisiologia sente e, certamente, os animais estão sofrendo com isso. É parte do problema associado à mortalidade deles”, afirmou.

“A situação é muito crítica, é emergencial, é uma coisa inusitada. Nunca tínhamos visto algo semelhante, embora já tenhamos passado por várias secas grandes aqui grandes na Amazônia, aqui na região de Tefé, mas esse ano, além da seca, da diminuição da superfície dos rios, da dificuldade dos ribeirinhos, conseguirem água, de se deslocarem de suas casa até o rio principal, nós tivemos esse evento de uma mortalidade muito grande de golfinhos. Temos animais, o boto vermelho e o tucuxi perecendo aqui na nossa frente, em um lago que, normalmente, é cheio de vida, cheio de água e os animais estão encalhados na praia ou boiando ao longo do lago”, completou.

Em nota, o instituto, que atua na promoção do desenvolvimento sustentável e para a conservação da biodiversidade, disse que vem trabalhando para identificar as causas da mortandade extrema desses animais, realizando ações de monitoramento dos animais ainda vivos, busca e recolhimento de carcaças, coletas de amostras para análises de doenças e da água, e “monitoramento das águas do lago, incluindo a temperatura da água e batimetria dos trechos críticos.”

As ações são realizadas em parceria com a prefeitura de Tefé, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a Defesa Civil. Para tentar diminuir os danos, entre hoje (30) e domingo (1.º), será realizada uma ação emergencial para a retirada dos animais ainda vivos.

“A partir desse final de semana vão chegar equipes que vão nos dar apoio e com experiência em resgate de cetáceos vivo para que nós possamos capturar e resgatar alguns dos animais ainda com vida, analisar a saúde, o sangue, alguns parâmetros vitais dos animais para entender melhor o que está acontecendo. E a partir daí tomarmos decisões do que fazer com esses animais, como melhorar a situação deles, se é possível fazer alguma coisa para que eles não continuem perecendo aqui no lago”, disse Miriam.

Fonte Agência Brasil – Read More

Gleisi Hoffman passa bem após cirurgia no coração

A deputada federal e presidente do PT, Gleisi Hoffman, passou por uma cirurgia no coração na manhã deste sábado (30), no Hospital DF Star, em Brasília. De acordo com boletim médico, o procedimento para revascularização do miocárdio transcorreu com sucesso, sem quaisquer intercorrências ou complicações. 

Gleise foi internada na última quinta-feira (28) e, após exames, foi detectada uma obstrução coronariana.  

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Lula permanece estável após cirurgia no quadril e já fez caminhada.Cirurgia no quadril é bem-sucedida e Lula se recupera em hospital.De acordo com o DF Star, o procedimento é rotineiramente realizado em casos de doença arterial coronária. A deputada recebeu dois enxertos de artéria mamária para restaurar a circulação sanguínea adequada ao coração. 

Após a conclusão da cirurgia, Gleisi Hoffman foi conduzida à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para observação. “A equipe médica responsável permanecerá monitorando o estado de saúde da deputada, que até o presente momento, apresenta sinais vitais estáveis, indicativos de recuperação progressiva”, diz o boletim. 

O boletim médico é assinado pela cardiologista Ludhmila Hajjar, chefe da equipe médica, pelo cirurgião cardiovascular, Fernando Antibas Atik, e pelo diretor médico do Hospital DF Star, Allisson Barcelos Borges. 

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Política de guerra é elemento central em onda de violência na Bahia

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A política de guerra às drogas está no centro da onda de violência na Bahia, segundo especialistas ouvidos pela Agência Brasil. Eles afirmam que o modelo precisa ser revisto e indicam a necessidade de se investir mais em ações de inteligência para a prevenção do crime e também na articulação de políticas públicas voltadas para dar melhores condições de vida e mais acesso à cultura e educação como estratégia para evitar que as pessoas sejam cooptadas pelo crime organizado.

Em setembro, cerca de 60 pessoas morreram em confrontos com forças de segurança, a maior parte delas realizados em bairros periféricos de Salvador. Entre as vítimas também está um policial federal.

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Agente da PF é morto em ação contra organização criminosa em Salvador.Anistia Internacional critica mortes em ação policial na Bahia.Dino diz que Bahia apresenta cenário desafiador em segurança pública .O diretor-executivo da ONG Iniciativa Negra e coordenador da Rede de Observatórios da Segurança na Bahia, Dudu Ribeiro, disse à Agência Brasil que últimos anos houve uma reorganização territorial e geopolítica das organizações criminosas que já atuavam no estado, mas de forma pulverizada. O movimento levou a uma disputa por território que foi intensificada com a migração das principais organizações criminosas do Sudeste, que fizeram alianças com as facções locais, gerando novos conflitos.

“Um conjunto de fatores explicam o momento de hoje na Bahia. Um deles tem a ver com a reorganização territorial e geopolítica das organizações criminosas ligadas ao tráfico de armas e de drogas e como resultado da insistência do estado brasileiro na ideia da guerra as drogas. Isso impacta e de certa forma fortalece as organizações criminosas a partir do momento em que sua força também está diretamente relacionada a sua capacidade de arregimentar mais indivíduos e o superencarceramento tem propiciado isso para as organizações”, disse. 

Ribeiro, que é professor e especialista em Gestão Estratégica de Políticas Públicas pela Unicamp e atualmente faz parte do Conselho de Segurança Pública do estado, disse que para lidar com esse tipo de situação, o estado acabou adotando um modelo de segurança “militarizado”, com o incremento dos batalhões especializados de polícia militar. Como são voltados para o confronto, acabam sendo letais. Para o conselheiro, é preciso acabar com a lógica de que segurança se faz com mais violência. 

“Há uma insistência nessa lógica de que a segurança pública se faz com violência, inclusive incorporando a ideia de que é possível conjugar letalidade e eficiência em uma mesma proposta”, disse Ribeiro. Ele ainda aponta como problemática a ideia de que o debate sobre segurança pública fique restrito aos órgãos e forças de segurança. 

“É ruim a centralidade do tema da segurança pública permanecer quase com exclusividade das polícias, sem a gente pensar qual o papel das outras secretarias na promoção de segurança para a população, sem a gente pensar o que a secretaria de educação tem a ver, a de cultura, a de direitos humanos. Isso fortalece o papel do militarismo, o que obviamente reduz o poder civil, compromete a democracia e responde à violência com mais violência, o que nos coloca nesse ciclo interminável. Como resultado nós temos o fortalecimento das organizações ligadas ao trafico de drogas e armas”, afirmou. 

“Não é uma crise de gestão, é uma crise do modelo que se centraliza no aparelho de guerra, porque a Polícia Militar, constitucionalmente é um aparelho de guerra, é força auxiliar do Exército. A gente precisa pensar a segurança pública a médio e longo prazo, fazer com que o militarismo saia do centro e a prevenção, a partir da ampliação do acesso a direitos, seja um dos mecanismos centrais na espinha dorsal da política de produzir segurança para as pessoas”, defendeu.

Para Ribeiro, a guerra às drogas no Brasil acaba sendo uma justificativa política para a manutenção da opressão racial sobre a população negra. Ele argumenta que a ausência de políticas públicas, a exemplo de educação, saúde, cultura, saneamento, entre outras, favorece a penetração dessas facções no bairros periféricos, tratados como violentos e facilita a arregimentarão de pessoas para os grupos criminosos. 

Outro ponto levantado é o fato do cenário acaber se refletindo na estigmatização das pessoas que moram nessas localidades. Segundo Ribeiro, as pessoas que moram nesses locais não são violentas, mas foram violentadas pela ausência do Estado.

“Violentados pela ausência de outras políticas públicas que, obviamente, a partir da não apresentação de outras possibilidades de vida, impactam significativamente na capacidade das organizações de arregimentar pessoas, a partir de um processo de altíssimo encarceramento, prisão de pessoas varejistas de drogas e muitas vezes nem isso são, são flagrantes forjados, e isso vira um ciclo em que compromete as oportunidades para as pessoas”, afirmou.

Disputa

Para o professor do curso de Ciências Sociais da PUC Minas e coordenador do Centro de Estudos e Pesquisas em Segurança Pública (Cepesp/PUC Minas) Luís Flávio Sapori, a disputa entre as facções, aliada à política de segurança voltada para o confronto levam a uma busca por armamentos mais pesados. Isso pode ser evidenciado pela quantidade de fuzis apreendidos este no na Bahia. Entre janeiro e setembro, as forças de segurança apreenderam 48 armas deste tipo.

“As evidências apontam claramente para um poderio bélico armamentista muito preocupante. Armas de fogo de grosso calibre como fuzis, de alguma maneira já estão penetrando, tendo maior disseminação entre os grupos traficantes de várias cidades baianas, inclusive Salvador e sua região metropolitana. Isso agrava a violência e o poderio aumenta a probabilidade de maior desfecho letal dos conflitos, disse Sapore à Agência Brasil.

“Esses grupos criminosos estão em um momento de afirmação do poder e crescimento do domínio territorial. Esse é o principal fator que explica porque entre as 10 cidades com mais mortes violentas do Brasil hoje, em termos de homicídio, quase a metade dessas cidades estão no estado da Bahia. Então, não é casual que isto esteja acontecendo”, disse.

Doutor em Sociologia pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) e autor de trabalhos sobre segurança pública, Sapori já foi secretário-adjunto de Segurança Pública de Minas Gerais, de janeiro de 2003 a junho de 2007, e também é crítico do modelo de segurança de guerra às drogas. Segundo ele, o modelo acaba matando mais, mas que não consegue, de fato, garantir a segurança da população. 

O professor lembra, que isso se reflete no fato de a polícia baiana ter se tornado a mais letal do país. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram que, em 2022, foram 1.464 mortes decorrentes de intervenções policiais na Bahia. 

“Infelizmente a Bahia, em 2022, se consolidou como o estado brasileiro com maior numero de vítimas letais em ações policiais. Isso não é bom, é sinal de que a atuação da policia no estado está se pautando muito no enfrentamento, na guerra contra o crime, que é o modelo do estado do Rio de Janeiro, que é nitidamente pautado pelo fracasso”, afirmou.

“A guerra contra o crime tem sido adotada no Rio há quase 40 anos vitimando criminosos, moradores e policiais, ou seja, só tem perdas, não há ganho nenhum. É de uma nítida inexistência de efetividade nesse modelo de guerra contra o crime e, infelizmente, tudo leva a crer que há alguns anos a polícia do estado da Bahia tem adotado esse modelo, e isso não é bom”, apontou.

A alta letalidade da polícia baiana fez com que a Anistia Internacional Brasil divulgasse uma nota, na última quarta-feira, criticando o governo da Bahia pelas mortos em confrontos com a polícia. Segundo a organização, entre 28 de julho e 27 de setembro, pelo menos 83 pessoas morreram durante operações policiais no estado. 

“A elite política do Estado, leia-se deputados, governador, Judiciário, Ministério Público, sociedade civil de maneira geral não podem compactuar com isso, porque polícia mais letal não é polícia mais eficiente. Matar bandido, criminoso não reduz violência, e isso já está provado cientificamente. Ao contrário, quanto mais letal é a polícia no enfrentamento do tráfico de drogas, mais ela retroalimenta a violência na sociedade, a violência do próprio tráfico de drogas. A violência de um lado vai ter a reação da violência do outro lado, isso vira um circulo vicioso perverso, e quem perde com isso é a população de um modo geral e, principalmente, a população residente nas periferias das cidades”, alertou Sapori.

A letalidade da polícia baiana foi debatida no Conselho Estadual de Proteção aos Direitos Humanos, que decidiu realizar, em conjunto com o Ministério Público da Bahia e a Defensoria Pública estadual, uma audiência pública, no próximo dia 2 de outubro, para debater as políticas públicas de enfrentamento aos índices de letalidade policial verificados na Bahia. O debate vai servir para subsidiar um a elaboração de um plano estadual de redução de mortes decorrentes de intervenção policial. 

Para Ribeiro, essa letalidade pode ser explicada, em parte pela falta de responsabilização dos agentes envolvidos e também pela anuência do comando da Polícia Militar e do governador do estado, Jerônimo Rodrigues ao tratarem como eficiente operações com um grande número de vítimas.

“Quando o comandante da polícia diz, depois de uma operação com 15 mortes provocadas pela própria instituição, com pouca quantidade de drogas e algumas armas apreendidas, que a operação foi eficaz e eficiente, é uma mensagem para tropa. A baixa responsabilização, inclusive, de agentes envolvidos em casos de letalidade é outra mensagem para tropa. O não controle externo, que deveria ser realizado pelo Ministério Público, é outra mensagem para a tropa de que a responsabilização não vai se dar. Então, a produção de mais mortes está, na maioria das vezes, amparada pelos comandos civil e militar da polícia”, disse.

Soluções

Para os especialistas, o caminho efetivo para resolver a questão da segurança pública passa por mudar o foco do modelo “olho por olho, dente por dente”, da lógica da guerra contra o crime e concentrar as ações no trabalho de inteligência e prevenção. 

Para Sapori, o caminho passa pela criação de uma força tarefa,com as polícias Militar, Civil, Federal e Rodoviária, o sistema prisional e o Ministério Público. O foco seria a identificação da estrutura e das principais lideranças das facções que estão em confronto, de onde está vindo o armamento utilizado e dos territórios mais conflagrados pela violência.

“Fazer o que se chama de uma operação de repressão qualificada, com a prisão bem focalizada nessas principais lideranças, com a interrupção do fluxo dessas armas de fogo que estão chegando, buscando definir a logística que está permeando e municiando essas facções com armas de grosso calibre”, disse. “É prioridade absoluta interromper esse fluxo, e você só faz isso com trabalho de inteligência. Mais do que nunca, é preciso um esforço coletivo, de integração das forças policiais estaduais,federais, Ministério Público, sistema prisional. É preciso mais do que nunca trabalhar com a inteligência para lidar com essa crise tão grave”, completou o professor.

Em agosto, foi assinado um acordo pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) e a Polícia Federal, criando a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado, dos governos estadual e federal. O prazo de vigência do acordo é de dois anos, podendo ser prorrogado por igual período. Cerca de 400 homens integram essa força-tarefa no estado.

Uma das operações da força-tarefa, realizada em 15 de setembro, o bairro de Valéria em Salvador, deixou cinco pessoas mortas, entre elas, o policial federal Lucas Caribé. No total, foram mortas nove pessoas suspeitas de integrarem a organização criminosa que entrou em confronto com policiais .

Câmeras nas fardas

À Agência Brasil, Ribeiro disse que a questão da violência na Bahia não vai ser resolvida do dia para noite e que é preciso adotar medidas de curto, médio e longo prazo. Uma delas, de curto prazo, segundo ele já está sendo adotada: a adoção de câmeras nas fardas dos policiais.

“Isso resolve um dos problemas, que é a violência das policias, e também a produção de boas provas a partir da possibilidade de ter um registro mais seguro em um eventual processo criminal. Isso não resolve o problema que a gente está enfrentando, mas é parte pequena da solução”, ressaltou.

Ele defende um maior investimento na produção e transparência de dados no campo da segurança pública. “A Bahia também é conhecida por uma produção precária de dados no campo da segurança pública e pouca transparência e isso compromete a política pública, porque se você não tem uma boa visão do cenário que você quer incidir você acaba fazendo más opções de gestão.”

Ribeiro disse que o poder público tem que dialogar mais com a sociedade civil na busca de soluções e criticou o fato de o conselho estadual ter apenas duas vagas para a sociedade civil, uma delas ainda está vaga. Para ele, a baixa representatividade reforça a lógica de que o debate sobre a segurança pública deve ficar restrito as forças de segurança, já que além de representantes da Secretaria de Segurança Pública, o colegiado tem representantes das polícias civil, militar, técnica, e duas vagas para representações de entidades de profissionais de segurança pública.

“A gente tem pressionado no sentido de aumentar a presença da sociedade civil e tornar o conselho, de fato, o que ele poderia ser, que é um local de diálogo intersetores, não apenas um lugar cheio de representações das categorias das polícias.”

Um exemplo de como a ausência de dados e do debate com a sociedade, segundo Ribeiro está na decisão do governo estadual de implementar um sistema de câmeras de reconhecimento facial em 78, das 417, cidades do estado. O montante previsto para o programa é de mais de R$ 660 milhões e vai ser desembolsado até julho de 2026. De acordo com Ribeiro, isso é um exemplo de má gestão, uma vez que segundo ele, até o momento, o sistema resultou na prisão de 1.028 pessoas, a maior parte delas por crimes de menor gravidade.

“Muitas dessas pessoas, inclusive, têm mandados de prisão abertos, mas por crimes que não são crimes contra a vida, que são os mais graves. Então, isso não tem impacto na redução dos números, então é um volume de recurso gigantesco que está sendo gasto, mas que tem muito pouca capacidade de incidir de fato e impactar na redução da violência”, destacou.

Desafio nacional

A situação da Bahia levou o ministro da Justiça e Segurança Pública (MJSP), Flávio Dino, a afirmar que o estado “é um dos maiores desafios da segurança pública no Brasil”. O ministro descartou, entretanto, a possibilidade de uma intervenção federal na segurança pública baiana.

Para Ribeiro a intervenção federal não é necessária. “Já experimentamos isso no Rio de Janeiro e não serve para segurança pública. A gente sequestra o orçamento público, fortalece os militares, tem mais letalidade e não soluciona problemas. Depois que acabou a intervenção militar, o Rio de Janeiro não está melhor do que estava antes, pelo contrário”, disse.

Ribeiro lembrou que os veículos de comunicação também tem responsabilidade pela lógica da militarização, focado na centralidade da polícia militar. Para ele, isso acaba influencia a forma como a sociedade percebe a questão da segurança. Ele defende a mudança nessa visão é o grande desafio nacional. 

“Também não acredito que a Bahia, sozinha, vá conseguir apresentar uma solução, porque as organizações ligadas ao tráfico de drogas e armas atuam de forma transnacional, então é impossível um único estado conseguir solucionar o problema”, disse. 

Segundo o ministro, o estado pode ajudar na melhoria da produção e transparência de dados, “como encarar a necessidade de, por exemplo, de fortalecimento da Polícia Judiciária, do departamento de polícia técnica para que a gente possa ter melhores soluções dos crimes contra a vida e assim a gente possa reduzir também a letalidade produzida pelo estado e ampliar, a ideia de segurança pública de modo a diluir a centralidade do militarismo”, concluiu.

Agência Brasil –

Rio lança cinco editais do pacote de fomento da Lei Paulo Gustavo

A Secretaria Criativa do Rio de Janeiro (Secec RJ) lançou nesta semana os cinco últimos editais do pacote de fomento da Lei Paulo Gustavo (LPG).

Assim, o governo do estado do Rio conclui a etapa de lançamento das 19 chamadas públicas, que somam investimentos de R$ 139 milhões e oferecem 1.133 vagas para projetos culturais de diferentes segmentos. O projeto tem apoio da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

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Editais da Lei Paulo Gustavo são desafio para o Ministério da Cultura.Rio lança pacote com 19 editais da Lei Paulo Gustavo.As novas chamadas são voltadas para histórias em quadrinhos (HQs), apoio aos espaços do audiovisual, à memória e preservação do audiovisual, a licenciamento e apoio à distribuição. Os interessados poderão se inscrever até o dia 18 de outubro, às 18h, através da plataforma Desenvolve Cultura, no link.

Democratização

A secretária de Estado de Cultura e Economia Criativa, Danielle Barros, disse que esse é o pacote de editais mais democrático lançado pelo órgão. “Temos trabalhado para promover a melhor entrega possível da lei e beneficiar os fazedores de cultura de todas as regiões do estado, assim como fizemos na execução da Lei Aldir Blanc”, afirmou ela. A secretaria está recebendo os proponentes em sua sede, na capital, através das redes sociais e, também, realizando atendimento especializado nos municípios para tirar dúvidas sobre os editais e garantir oportunidade para todos.

À Agência Brasil, Danielle afirmou que “a Lei Paulo Gustavo é um importante mecanismo de fortalecimento e democratização da cultura em todos os territórios. Concluímos esta primeira etapa de lançamento dos editais do estado e, agora, estamos apoiando os municípios nas suas chamadas públicas, para que eles possam operacionalizar os seus recursos e nós tenhamos ainda mais projetos culturais nas cidades, gerando emprego, renda e oportunidade através da arte”.

A maior parte dos recursos repassados pelo governo federal para execução da Lei Paulo Gustavo é oriunda do Fundo Setorial do Audiovisual. Por esse motivo, deve ser aplicada no próprio segmento. Os 19 editais atendem diferentes linguagens do setor cultural, com o objetivo de fomentar a democratização do acesso aos recursos e estimular a cadeia produtiva, incluindo a adesão de segmentos nunca antes contemplados de forma exclusiva, como jogos eletrônicos, bandas e fanfarras, artesanato, arte-educação e HQ.

O Rio de Janeiro é a quarta unidade federativa com mais recursos reservados pela LPG. Além do valor que será operacionalizado pelo governo do estado, os 92 municípios fluminenses têm R$ 132,1 milhões reservados para execução.

Novos editais

As cinco chamadas públicas são voltadas para pessoa jurídica, somam mais de R$ 29 milhões de investimento, e englobam 188 vagas disponíveis.

O edital de história em quadrinhos (HQ) vai apoiar financeiramente propostas de produção e publicação, inéditas ou não, de temática cultural ou educativa, a serem distribuídas em bibliotecas e instituições públicas de ensino. A premiação total de R$ 610 mil vai ser dividida em 20 etapas de R$ 30,5 mil.

Para o edital de apoio aos espaços do audiovisual, as pessoas jurídicas devem ter Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) específica de exibição cinematográfica.

Serão apoiadas financeiramente 56 propostas de planos de manutenção das salas, incluindo salas de cinema independentes já existentes, cinemas itinerantes e novos espaços de exibição, considerando adaptação de espaços que já desenvolvam atividades culturais. O investimento de 15,4 milhões será dividido nas categorias salas de cinema independentes, cinemas itinerantes e ativação de espaços de exibição.

Produção audiovisual

Da mesma forma, o edital de apoio a licenciamento é voltado para pessoa jurídica com CNAE específica de produção audiovisual. Serão apoiadas 72 propostas de licenciamento de conteúdo audiovisual para redes de televisão públicas e serviços independentes de vídeo por demanda, cujo catálogo de obras seja composto por pelo menos 70% de produções nacionais. O investimento de R$ 3,69 milhões será dividido em três categorias.

Já a chamada de apoio à memória e preservação do audiovisual apoiará 14 propostas, totalizando investimento de R$ 1,604 milhão nas categorias pesquisa, inventário e catalogação de acervos, digitalização de acervos e digitalização de coleções de acervos.

Concluindo o pacote de chamadas, o edital de apoio à distribuição vai contemplar financeiramente 26 proponentes que apresentem propostas de distribuição de obras cinematográficas no mercado audiovisual. O investimento total alcança R$ 7,8 milhões, dividido em premiações de R$ 300 mil.

Outras informações sobre os editais podem ser encontradas no site da Secec RJ.

Fonte Agência Brasil – Read More

Mulheres contam como é viver com doença que provoca queda de cabelo

“Hoje, não ter pelo, pra mim, é uma escolha”. A frase é da educadora social e artista Lídia Rodrigues, 36 anos, que exibe sem medo a cabeça sem os fios de cabelo. Mas nem sempre foi assim. Entre 2010 e 2011, ela recebeu o diagnóstico de alopecia areata, uma doença autoimune que provoca a queda de pelos – não apenas no couro cabeludo como, em alguns casos, em todo o corpo, incluindo sobrancelhas e cílios.

 Lídia Rodrigues. Foto: Arquivo pessoal

Na época, Lídia vivia um relacionamento abusivo e ainda não havia recebido um segundo diagnóstico, que também teria grande impacto em sua vida: o de transtorno do espectro autista. Ela somente percebeu os efeitos de todo o estresse no corpo quando os fios começaram a cair. 

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Vacinas também ajudam a conter surgimento de bactérias resistentes.Banco de Multitecidos do MS teve aumento de 44% nas captações em 2023.“Lembro que começou a cair um pouquinho de cabelo, uma falha que parecia uma moeda de R$ 1. Foi quando eu soube que era alopecia areata. No começo, tentei cuidar bastante, fiz o processo de retomada dos pelos e fui descobrindo algumas coisas. É uma doença autoimune agravada pelo estresse. Então, se eu não aniquilasse os elementos de estresse que, na época, eu nem conseguia entender bem quais eram, os fios iam continuar caindo”, conta.

O tratamento, à base de corticoide, deixou Lídia inchada e ela resolver raspar por completo a cabeça. “Hoje em dia, eu meio que sou uma mulher careca. Os cabelos vêm, mas eu continuo tirando. Incorporei minha identidade.”

Lolla Angelucci: queda se tornou acentuada aos 18 anos. Foto:  Arquivo pessoal

A ilustradora Lolla Angelucci, 43 anos, sempre conviveu com a queda de cabelo – desde a infância. Durante muito tempo, achou que conseguia esconder as falhas no couro cabeludo, mas, quando completou 18 anos, a queda dos fios se tornou mais acentuada.

“Aos prantos, entendi que já quase não tinha mais cabelo”, conta. “Minha mãe passou a vida inteira procurando o melhor especialista e o melhor tratamento. Nenhum foi fácil, nem barato, nem eficaz. Quando estava em casa, aos prantos, porque não dava mais pra esconder a alopecia, ela encontrou a melhor loja de peruca – e também a mais cara. Minha primeira peruca era muito desconfortável e custou três salários mínimos”. 

“Essa primeira peruca era tão desconfortável que o passo seguinte, de parar de usar peruca, foi relativamente fácil. Acho que o fato de eu ter entendido desde o começo que a minha peruca não enganava ninguém também facilitou muito”, lembra. “ Eu me gostava careca. Olhava no espelho e me achava bonita. O resto do mundo não achava, mas, como eu achava, estava bem. Não foi fácil. Meus professores de faculdade vinham perguntar por que eu não estava mais usando peruca. Uma mulher fora do padrão que se sente confortável na própria pele causa estranhamento. E as pessoas eram meio agressivas. Como se eu tivesse obrigação de alterar a minha aparência para o que fosse agradável para o outro, não pra mim.”

Diagnóstico tardio

No caso da influencer Yasmin Torquato, 28 anos, o diagnóstico tardio de alopecia areata desencadeou um quadro depressivo que terminou por agravar ainda mais a queda de cabelo. Aos 23 anos, ela percebeu uma falha no couro cabeludo do tamanho de um fundo de copo na altura da nuca.

Yasmin Torquato. Foto: Arquivo Pessoal – Arquivo pessoal

“Eu assustei bastante. Não sabia o que estava acontecendo comigo. O quadro emocional foi afetado demais e eu entrei em depressão. Demorou seis meses pra ter um diagnóstico. Seis meses de muita luta, indo a vários médicos. Infelizmente, há muito despreparo. Doença autoimune, de certa forma, ainda é doença nova. Nem todos conhecem”.

“Foi um choque pra mim, mas, ao saber do diagnóstico, fiquei um pouco mais tranquila, pelo menos por saber que não era uma doença contagiosa ou uma doença terminal. Esses são os maiores medos que a gente sente ao saber que está doente”, conta. “Contra todas as vontades, eu mesma criei coragem e resolvi raspar. Raspei, consegui ficar carequinha, comecei a falar sobre a doença, ajudar outras pessoas. No final do ano passado, meu cabelo começou a nascer sozinho, o que me deu muita esperança. Começou a crescer bem os fios mas, depois de sete meses, tive uma crise de sinusite, tomei medicamentos fortes e o quadro evoluiu pra alopecia universal, quando caíram os cílios, as sobrancelhas e o pelo do corpo todo.”

 Lolla Angelucci. Foto: Arquivo Pessoal – Arquivo pessoal

“Foi como se tivesse perdido meu cabelo pela primeira vez de novo. Me vi novamente bem abalada, mas, como já estava mais fortalecida, passei um mês mais amuadinha e já estou bem melhor e lidando super bem. Mesmo na fase mais crítica da doença, não parei de trabalhar. É o que me dá força.”

Entenda 

No mês de conscientização sobre a alopecia areata, a dermatologista e tricologista Patricia Damasco alerta para os principais sinais da doença e para a importância do diagnóstico precoce. “É como se o organismo atacasse o próprio folículo, mas de uma forma que não destrói aquele folículo e, com isso, tem chance de voltar a ter pelo naquele local”, explica.

“Pode ser bastante incômodo porque, na maior parte das vezes, as pessoas ficam com uma placa pequena sem cabelo e o tratamento é com injeção local de medicamento. Há alguns casos em que a pessoa perde o pelo do corpo todo, inclusive cílios, sobrancelhas. São quadros bastante desafiadores pros pacientes”. 

“Por um processo autoimune, o anticorpo ataca o folículo, fazendo com que mesmo os fios em fase de crescimento se desprendam e caiam. É bem característico áreas arredondadas, sem pelo nenhum. O paciente fica bem angustiado porque, muitas vezes, ele tem medo que aquele cabelo não volte a crescer naquele local. O interessante é que, mesmo havendo um processo inflamatório, ele não atinge a célula tronco do folículo. Por isso, sempre há chance de retornar aquele fio ao local. Tem relação com estresse muito grande. A gente vê também relação com a descompensação de problemas de tireoide, anemia. Isso tudo pode fazer com que aquela pessoa que já tem pré-disposição genética manifeste a doença.”

“Muitas vezes, o paciente nem sabe que tem a doença. Na maior parte das vezes, ele não sente que o cabelo caiu naquela plaquinha. Quem nota é o cabelereiro ou alguém que esteja manuseando o cabelo da pessoa. É importante o tratamento específico porque a gente consegue controlar aquela atividade evitando que a perda de cabelo seja excessiva. É interessante, assim que notar que há uma área de falha, procurar um dermatologista porque pode aumentar muito e a gente consegue, com o tratamento, frear um pouco.”

Fonte Agência Brasil – Read More

Racismo afasta negros e indígenas da vacinação

 

Os motivos que levam uma pessoa a se vacinar ou não são afetados por múltiplos fatores, que cientistas resumiram em cinco letras “C”: a confiança nas vacinas, a conveniência de ir a um posto de vacinação, a complacência com os riscos de não estar protegido, a comunicação de informações claras sobre as vacinas e o contexto sociodemográfico das populações que devem se vacinar. A ativista dos direitos das mulheres negras e fundadora da organização não governamental Criola, Lúcia Xavier, é assertiva em apontar que o racismo pode atrapalhar cada um desses pilares.

 da ONG

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 da ONG

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“População negra é a que vai ser a primeira a ser afetada pela queda das coberturas vacinais”, diz Lúcia Xavier, fundadora

 da ONG

 Criola

 – Tomaz Silva/Agência Brasil

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Diabetes aumenta risco de infecções e requer vacinação específica.Vacinas também ajudam a conter surgimento de bactérias resistentes.Especialistas sugerem vacinação nas escolas para aumentar adesão.“A população negra passa por muitas dificuldades de acesso, aceitação, cuidado e resolutividade no campo da saúde, e a vacinação é central para isso”, afirma.

“E a população negra é a que vai ser a primeira a ser afetada pela queda das coberturas vacinais. Não só porque já vive em más condições de saúde, de vida, mas também porque vai estar mais vulnerável a agravos que podem ser controlados ou impedidos a partir da vacinação.”

A comunicação, a conveniência do acesso às unidades de saúde e a própria confiança nos profissionais e no sistema são duramente prejudicados quando um usuário sofre racismo ao buscar um serviço de saúde. Uma mulher negra grávida que teve seu pré-natal negligenciado e sofreu violência obstétrica, por exemplo, será a mesma que precisará confiar na saúde pública para cumprir o calendário vacinal de seus filhos.

“Um fator importante

 é o acolhimento, que na verdade se traduz no acesso à informação de qualidade, na aceitação da pessoa como ela é e nas condições que ela apresenta na hora que ela entra na unidade. São as informações nítidas, objetivas e a resolutividade naquilo que vai dar seguimento à sua prevenção, ao seu cuidado ou mesmo a sua cura.”

A ativista explica que, muitas vezes, o racismo que afasta a população negra das unidades básicas de saúde, onde as vacinas são aplicadas, não se manifesta de formas tão diretas como agressões físicas e xingamentos, mas, mesmo assim, produz violências que afastam a população de serviços que poderiam salvá-la.

“O racismo pode não estar presente em ‘não entra aqui porque você é negro’, mas ele vai estar presente no modo que se recebe a população, na maneira de questionar o seu agravo, na maneira de oferecer ajuda e na maneira de oferecer informação. Então, receberemos menos informação, teremos menos cuidado em relação a nós, e as possibilidades de solução do nosso problema serão postergadas e deixadas para lá”, diz.

“Esses maus-tratos vão minando a relação de confiança entre o serviço e o usuário. A pessoa posterga, vai desacreditando que aquele serviço vai dar bom efeito, e nada é bem esclarecido o suficiente para ela compreender”, completa Lúcia Xavier.

Ao mesmo tempo, essa mesma população está sujeita, de forma geral, a uma maior taxa de desemprego, a uma maior presença no mercado informal e a jornadas diárias extensas que incluem longos deslocamentos entre a casa e o trabalho. Com postos abertos em horários limitados e profissionais de saúde muitas vezes receosos em abrir frascos de vacinas para imunizar uma única criança perto do fechamento do horário das salas de vacinação, oportunidades são perdidas.

Sensibilização

Durante 13 anos, a enfermeira Evelyn Plácido foi vacinadora no Parque Indígena do Xingu, na parte mato-grossense da Amazônia. Em contato com os povos indígenas, os relatos de discriminação ao tentar acessar os serviços de saúde eram muitos, lembra ela.

“Escutei muitos relatos de indígenas que falavam que procuraram a sala de vacina, mas não foram vacinados porque os profissionais falavam que eles só poderiam tomar vacina na aldeia”, conta ela. “Isso é perder a oportunidade, é negar algo a que eles têm direito. O direito deles é serem vacinados dentro de qualquer unidade de saúde, e, inclusive, nos esquemas específicos previstos para eles.”

A população indígena tem um esquema vacinal próprio, com reforço contra doenças que apresentam mais risco de agravamento por contextos sociodemográficos. Para Evelyn, esse é apenas um exemplo da falta de preparo dos profissionais da ponta para acolher diferenças sociais e culturais, o que afasta ainda mais grupos vulnerabilizados da saúde.

“Nós temos que trabalhar a competência cultural desses profissionais. Isso é urgente dentro das universidades, porque, trabalhando a competência cultural, eu vou preparar esse profissional para atuar para além das suas questões culturais. Cada indivíduo tem as suas, só que, quando eu me disponho a ser um profissional de saúde, eu vou atender a um público e tenho que estar preparado para atender a todas as pessoas com seus contextos culturais de sociedade”, explica. “Se eu não estiver preparada para isso, eu não consigo acessar e não consigo criar vínculo. E vínculo é confiança. Quando a gente fala de vacina, eu preciso criar esse vínculo. Eu preciso criar essa confiança em todos os públicos.”

População indígena tem um esquema vacinal próprio

 – Rovena Rosa/Arquivo/Agência Brasil

Hoje como educadora, a enfermeira trabalha capacitando profissionais de saúde para atuar em regiões de difícil acesso, como terras indígenas. A falta dessa preparação, conta ela, gerou problemas inclusive na pandemia de covid-19, quando a falta de sensibilidade e bagagem cultural impedia que profissionais contabilizassem corretamente a vacinação de populações como a ribeirinha e a quilombola.

“A gente teve um desafio muito grande para entender, por exemplo, a cobertura vacinal para covid-19 da população ribeirinha e de quilombos, porque o profissional simplesmente não identificava esse grupo e registrava

 eles na população geral”, narra ela, que explica que esse problema acontecia mesmo no caso de quilombos oficialmente reconhecidos. “E aí, existiu um esforço muito grande das próprias comunidades, das lideranças dessas populações, para que eles pudessem fazer o seu próprio censo vacinal.”

Assim como nesse contexto, ela exalta que a mobilização dessas populações foi o que permitiu

 construir um Programa Nacional de Imunizações (PNI) e um Sistema Único de Saúde (SUS) de tamanha capilaridade e totalmente gratuito.

“Essa mobilização é importantíssima e foi a base para a construção do próprio SUS. Esse movimento é importante, e ele precisa ser fortalecido e reconhecido, para que a gente possa buscar esse acesso e construir um caminho para que essa população seja atendida, não só na vacinação.”

Fonte Agência Brasil – Read More