Rede Brasileira de Mulheres Cientistas lança campanha #AssédioZero

A Rede Brasileira de Mulheres Cientistas (RBMC) lança nesta semana a campanha nacional #AssédioZero, com o objetivo de estimular o debate sobre a cultura do assédio que atinge mulheres nos espaços acadêmicos. Entre as atividades programadas, a organização realizará uma série de lives com pesquisadoras convidadas para abordar o tema sob diferentes perspectivas.

A primeira live da campanha #AssédioZero ocorre nesta terça-feira (27), às 19h30, com transmissão no perfil oficial da RBMC no Instagram. As pesquisadoras Valeska Zanello, da Universidade de de Brasília (UnB) e Heloísa Buarque de Almeida, da Universidade de São Paulo (USP) vão dialogar sobre o tema Pelo fim da cultura do assédio no ambiente acadêmico, com mediação de Patrícia Valim, da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

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Vítimas de tortura na ditadura pedem memória e providências.Famílias chefiadas por pessoas negras são mais atingidas pela fome.Terra da comunidade quilombola Curuanhas é reconhecida.A RBMC realizará uma série de lives mensais para abordar o tema do assédio nas universidades a partir de diferentes enfoques, como a relação entre racismo e sexismo no assédio contra mulheres negras, as formas de acolhimento, os espaços de denúncia, os desafios jurídicos e as iniciativas bem-sucedidas de combate ao problema.

A ação é resultado do trabalho coletivo da rede, impulsionada pela denúncia das pesquisadoras Lieselotte Viaene, Catarina Laranjeiro e Miye Nadya Tom, no texto As paredes falavam quando ninguém falava – Notas autoetnográficas sobre o controle do poder sexual na academia de vanguarda, publicado em coletânea, em março deste ano. A entidade propõe que a campanha seja uma forma de acolhimento às professoras, estudantes, técnicas administrativas e profissionais terceirizadas que sofrem assédio.

Segundo a rede, dados de pesquisas sobre o tema demonstram a recorrência alarmante do assédio no ambiente acadêmico e a falta de mecanismos dentro destes espaços para coibir a prática, o que afeta profundamente a vida das mulheres.

Em pesquisa realizada pelo Data Popular e Instituto Avon, em 2015, com 1.823 universitários, 67% das estudantes afirmaram ter sofrido violência sexual, psicológica, moral ou física praticada por um homem em instituições de ensino superior.

Sobre a RBMC

A Rede Brasileira de Mulheres Cientistas nasceu em 23 de abril de 2021, com a proposta de desenvolver estratégias de ação no contexto da pandemia de covid-19. Cerca de 4 mil pesquisadoras de todas as regiões do Brasil assinaram a Carta em defesa da Rede. Em dois anos de atuação, a RBMC vem promovendo debates a partir da perspectiva de gênero e de raça, desenvolvendo projetos e articulando parcerias para contribuir na construção de uma sociedade equitativa.

 

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Economia: Contas externas têm saldo positivo de US$ 649 milhões em maio

Com superávit comercial recorde, as contas externas tiveram saldo positivo de US$ 649 milhões em maio, informou nesta segunda-feira (26), em Brasília, o Banco Central (BC). No mesmo mês de 2022, houve déficit de US$ 4,632 bilhões nas transações correntes, que são as compras e vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda com outros países.

A diferença na comparação interanual é resultado, integralmente, da elevação de US$ 6,4 bilhões no superávit comercial no mês. As exportações de bens totalizaram o recorde de US$ 33,306 bilhões em maio, aumento de 11,2% em relação a igual mês de 2022. As importações somaram US$ 23,587 bilhões, queda de 11,3% na comparação com maio de 2022.

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Banco Central prevê lançar PIX Automático em abril de 2024.Haddad elogia Congresso e cobra Banco Central após decisão da S&P.Com esses resultados, em maio de 2023, a balança comercial fechou com saldo positivo de US$ 9,719 bilhões, ante saldo positivo de US$ 3,368 bilhões em maio de 2022. É o maior superávit da série histórica, para qualquer mês, iniciada em janeiro de 1995.

Por outro lado, o déficit em renda primária (pagamento de juros e lucros e dividendos de empresas) aumentou US$ 1,1 bilhão, o déficit em serviços caiu US$ 290 milhões e o superávit em renda secundária, que são as transferências sem contrapartidas, recuou US$ 309 milhões.

Em 12 meses, encerrados em maio, o déficit em transações correntes é de US$ 48,545 bilhões, 2,45% do Produto Interno Bruto (PIB, a soma dos bens e serviços produzidos no país), ante o saldo negativo de US$ 53,826 bilhões (2,73% do PIB) em abril de 2023 e déficit de US$ 51,218 bilhões (2,89% do PIB) no período equivalente terminado em maio de 2022.

Já no acumulado do ano, o déficit é de US$ 12,647 bilhões, contra saldo negativo de US$ 21,099 bilhões de janeiro a maio de 2022.

Serviços

O déficit na conta de serviços (viagens internacionais, transporte, aluguel de equipamentos e seguros, entre outros) somou US$ 3,123 bilhões em maio, redução de 8% diante dos US$ 3,413 bilhões em igual mês de 2022.

No caso das viagens internacionais, seguindo a tendência dos meses recentes, as receitas de estrangeiros em viagem ao Brasil cresceram 51,8% na comparação interanual e chegaram a US$ 567 milhões em maio, contra US$ 373 milhões no mesmo mês de 2022. As despesas de brasileiros no exterior passaram de US$ 1,092 bilhão em maio do ano passado para em US$ 1,201 bilhão no mesmo mês de 2023, aumento de 10%.

Com isso, a conta de viagens fechou o mês com redução de 11,7% no déficit, chegando a US$ 634 milhões, ante déficit de US$ 718 milhões em maio de 2022. Segundo o Banco Central, esta é uma conta muito afetada pelas restrições impostas pela pandemia de covid-19, e apesar da recuperação gradual, os valores ainda estão muito abaixo do período antes da pandemia.

A rubrica de transportes contribuiu para redução do déficit da conta de serviços, ao passar de US$ 1,789 bilhão em maio de 2022 para US$ 1,163 bilhão no mês passado, recuo de 35%. De acordo com o BC, a melhora foi influenciada por menores gastos em fretes, que teve redução devido à queda nos preços internacionais, além de redução nas importações.

Rendas

Em maio, o déficit em renda primária – lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários – chegou a US$ 5,984 bilhões, aumento de 21,3% ante os US$ 4,933 bilhões no mesmo mês de 2022. Normalmente, essa conta é deficitária, já que há mais investimentos de estrangeiros no Brasil – e eles remetem os lucros para fora do país, do que de brasileiros no exterior.

No caso dos lucros e dividendos associados aos investimentos direto e em carteira, houve déficit de US$ 4,606 bilhões no mês de maio deste ano, frente ao observado em maio de 2022, de US$ 4,209 bilhões, devido à redução de 26,2% das receitas.

As despesas líquidas com juros também tiveram incremento e passaram de US$ 716 milhões em maio de 2022 para US$ 1,397 bilhão no mês passado, influenciadas por maiores despesas brutas em operações intercompanhia e em outros investimentos.

A conta de renda secundária – gerada em uma economia e distribuída para outra, como doações e remessas de dólares, sem contrapartida de serviços ou bens – teve resultado positivo de US$ 37 milhões, contra superávit US$ 346 milhões em maio de 2022.

Financiamento

Os ingressos líquidos em investimentos diretos no país (IDP) somaram US$ 5,380 bilhões em maio último, ante US$ 3,969 bilhões em maio de 2022, crescimento de 36%.

No mês passado, houve ingressos líquidos em participação no capital de US$ 4,942 bilhões, como compra de novas empresas e reinvestimentos de lucros, contra US$ 5,761 bilhões em maio de 2022. Enquanto isso, as operações intercompanhia tiveram superávit de US$ 438 milhões em maio de 2023, contra déficit de US$ 1,791 bilhão no mesmo mês de 2022, principal responsável pela alta no IDP.

Quando o país registra saldo negativo em transações correntes, precisa cobrir o déficit com investimentos ou empréstimos no exterior. A melhor forma de financiamento do saldo negativo é o IDP, porque os recursos são aplicados no setor produtivo e costumam ser investimentos de longo prazo.

Para o mês de junho, a parcial do Banco Central para o IDP – até o dia 21 – é de ingressos líquidos de US$ 4,811 bilhões.

Nos 12 meses encerrados em maio, o IDP cresceu significativamente na comparação interanual e totalizou US$ 83,369 bilhões, correspondendo a 4,21% do PIB. No mês anterior, abril de 2023, essas entradas foram de US$ 81,958 bilhões (4,16% do PIB) e de US$ 56,979 bilhões (3,22% do PIB) em maio de 2022.

Mercado doméstico

No caso dos investimentos em carteira no mercado doméstico, houve saídas líquidas de US$ 3,994 bilhões em maio de 2023, compostos por saídas de US$ 1,767 bilhão em ações e fundos de investimento e saídas de US$ 2,228 bilhões em títulos de dívida.

O estoque de reservas internacionais atingiu US$ 343,489 bilhões em maio, redução de US$ 2,237 bilhões em comparação ao mês anterior. A redução decorreu, principalmente, das contribuições negativas de variações por preços e por paridades, US$ 1,962 bilhão e US$ 1,888 bilhão, respectivamente. Contribuindo para elevar o estoque de reservas internacionais, houve retorno líquido de US$ 1 bilhão em operações de linhas com recompra, e receitas de juros que somaram US$ 635 milhões.

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Educação: Terminam hoje as inscrições para a primeira etapa do Revalida 

Da Agência Brasil –

As inscrições para a primeira etapa do Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituição de Educação Superior Estrangeira (Revalida) 2023 terminam nesta terça-feira (26). O prazo também vale para as solicitações de atendimento especializado e tratamento por nome social.

Para participar, é necessário ser brasileiro ou estrangeiro em situação legal no Brasil. Os interessados devem se inscrever por meio do Sistema Revalida.

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Senado aprova MP do programa Mais Médicos e texto vai a sanção.Teto semestral do Fies para o curso de medicina é reajustado.Inep publica edital com regras para o Enem 2023.O edital traz algumas mudanças em relação às edições anteriores. A exemplo dos últimos exames, os participantes devem, como regra geral, enviar o diploma para confirmar a inscrição. Entretanto, declarações e certificados de conclusão de curso serão aceitos nos casos em que o participante já tiver concluído o curso, mas ainda estiver aguardando a expedição do diploma.

“O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) aceitará esses documentos, desde que comprovem a conclusão de todo o componente curricular obrigatório do curso (inclusive de eventuais internatos, estágios obrigatórios e provas finais)”.

O Inep aplicará as provas objetiva e discursiva no dia 6 de agosto em nove cidades: Brasília, Campo Grande, Curitiba, Porto Alegre, Porto Velho, Recife, Rio Branco, Salvador e São Paulo.

Confira o cronograma completo da primeira etapa do Revalida 2023:

– Inscrições: 21 a 27 de junho

– Solicitações de atendimento especializado e tratamento por nome social: 21 a 27 de junho

– Análise dos diplomas, certificados ou declarações: 30 de junho a 4 de julho 

– Divulgação da nota de corte: 6 de julho de 2023 

– Divulgação do Cartão de Confirmação da Inscrição: 25 de julho 

– Aplicação: 6 de agosto 

– Divulgação do gabarito e do padrão de resposta (versões definitivas): 8 de setembro 

– Resultado final da 1ª etapa: 2 de outubro

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Esportes: Mais líder do que nunca: Botafogo abre 7 pontos no topo do Brasileirão

da Agência Brasil –

O Botafogo mostrou que é um candidato real ao título da edição 2023 do Campeonato Brasileiro após ir até o Allianz Parque e derrotar o Palmeiras por 1 a 0, na tarde do último domingo (25), para disparar na liderança da classificação com 30 pontos. A Rádio Nacional transmitiu esse jogão de bola ao vivo.

Este resultado permitiu ao Glorioso abrir sete pontos de vantagem sobre o segundo colocado Grêmio, que goleou o Coritiba por 5 a 1 neste domingo em Porto Alegre. Já o Verdão caiu para a quarta posição da classificação com 22 pontos, mesma pontuação do terceiro colocado Flamengo, que bateu o Santos por 3 a 2 na Vila Belmiro.

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Brasileiro Feminino: São Paulo derrota Palmeiras e alcança semifinal.Nacional de natação paralímpica acaba com recorde das Américas. ATP 500 de Halle: Marcelo Melo é tricampeão nas duplas masculinas.Apito final e muita festa da torcida mais apaixonada do mundo no Allianz Parque! DEU FOGO! 🔥🤍 #VouTeApoiarAtéOFinal

Quinta é no Niltão! Acesse https://t.co/VmMNMgR0SQ e garanta o seu lugar no jogo com o Magallanes. pic.twitter.com/3TFSfL3NxV
— Botafogo F.R. (@Botafogo) June 25, 2023

Em um confronto que começou com leve domínio do Palmeiras, o Botafogo mostrou eficiência no ataque para chegar ao gol da vitória aos 27 minutos do primeiro tempo, quando Tiquinho Soares dominou bola viva na área, se livrou da marcação de Zé Rafael e acertou belo chute de esquerda para superar Weverton. Com este gol, o atacante do Alvinegro ampliou sua vantagem na artilharia do Brasileiro, agora com o total de 10.

Ainda na etapa inicial, aos 40 minutos, o Verdão superou o goleiro Lucas Perri, graças a gol de cabeça de Gustavo Gómez. Mas o lance acabou anulado pelo juiz, com auxílio do VAR (árbitro de vídeo), que indicou posição de impedimento do zagueiro paraguaio. Após o intervalo, a equipe comandada por Abel Ferreira teve outra oportunidade clara de igualar, mas o meio-campista cobrou para fora pênalti aos 36 minutos.

Porém, apesar da importante vitória, o técnico português Luis Castro tentou manter os pés no chão. “Vencer o Palmeiras é difícil. Sim, é uma equipe bem orientada, determinada em jogo, que tem muita qualidade. Estamos falando do campeão, clube de grande dimensão. Porém, não é por isso que a vitória valerá mais que três pontos”, declarou em entrevista coletiva.

Em noite de goleada, o Tricolor brilhou também com as mãos. 🧤🇪🇪 Gabriel Grando pegou muito embaixo das traves e foi segurança para o time buscar a vitória no #Brasileirão2023. #GRExCFC pic.twitter.com/HHGpXTU27v

— Grêmio FBPA (@Gremio) June 25, 2023

Novo vice-líder

Quem também foi muito beneficiado pelo tropeço do Palmeiras foi o Grêmio, que goleou o Coritiba por 5 a 1 em Porto Alegre para assumir a vice-liderança da competição nacional. Apesar de fazerem um primeiro tempo equilibrado, no qual o Tricolor abriu o placar aos 32 minutos em cobrança de pênalti de Cristaldo e o Coxa igualou aos 40 com Alef Manga, a etapa final foi toda da equipe da casa.

Após o intervalo, o time de Renato Gaúcho desempatou logo aos dois minutos, com Villasanti de cabeça. Sei minutos depois o Grêmio ampliou com Bittelo. Mas ainda cabia mais, e o Tricolor ampliou graças a gols de Suárez, aos 20 minutos, e de André, aos 38.

GOLS DA VITÓRIA! 🔴⚫

Confira diretamente do gramado da Vila, os três gols do Mengão, diante do Santos! #VamosFlamengo

⚽⚽⚽: Cebolinha, @evertonri e Erick. pic.twitter.com/TS67Tf73uP

— Flamengo (@Flamengo) June 26, 2023

Flamengo triunfa

A terceira posição do Brasileiro foi assumida pelo Flamengo, que, na Vila Belmiro, derrotou o Santos por 3 a 2 em partida disputada com portões fechados por causa de punição do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) por causa de confusão causada pela torcida do Peixe no clássico com o Corinthians na última rodada.

O Rubro-Negro da Gávea construiu a vitória com gols de Cebolinha, Everton Ribeiro e Pulgar, enquanto o Santos descontou com Mendoza e Rodrigo Fernández.

Pra começar a semana. Pra fechar a rodada! Hoje tem #CampeonatoDoBrasileiro! 🔰 pic.twitter.com/D7fTw1PZX9

— Brasileirão Assaí (@Brasileirao) June 26, 2023

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Evento no Rio conscientiza sobre direitos das pessoas LGBTQIA+

O Instituto Yduqs promove, nesta segunda-feira (26), o evento Lugar de Fala, no formato presencial e online, em celebração ao Mês do Orgulho LGBTQIA+. Aberto ao público e gratuito, o evento será realizado a partir das 9h30, no campus da Universidade Estácio Tom Jobim, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.

Não é necessária inscrição prévia para participar presencialmente. O seminário também será transmitido ao vivo pelo canal do Youtube da universidade.

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Comunidade LGBTQ da Polônia marcha por direitos iguais.Fotógrafa reúne acervo de paradas LGBTQIA+ do Rio desde 1995.Em vídeo, governo reforça políticas e respeito às pessoas LGBTQIA+.A proposta é combater o preconceito e contribuir com a conscientização sobre os direitos da comunidade LGBTQIA+ em diferentes painéis que abordarão temas como violência, manifestações, empregabilidade e empreendedorismo, direito e políticas públicas.

A presidente do Instituto Yduqs, Cláudia Romano, disse à Agência Brasil, que a realização de ações em prol da desconstrução de preconceitos é fundamental para se avançar no sentido de uma representatividade inclusiva da comunidade LGBTQIA+ na sociedade brasileira, e que os debates programados facilitam a promoção de um ambiente com mais equidade, inclusão e respeito.

“A gente sabe que é um caminho longo. Por isso, o Instituto Yducs investe em iniciativas para acelerar esse movimento, para que o preconceito não tenha protagonismo na nossa sociedade”, disse Cláudia Romano. O Lugar de Fala reúne vozes nacionais, estudiosos, líderes e autoridades. “A gente acredita que terá um impacto enorme e sempre é uma honra contribuir para essa agenda, em âmbito nacional”, disse.

Igualdade

A consultora de Diversidade do Yduqs, Giowana Cambrone, avaliou que o evento tem o papel fundamental de promover a conscientização, sensibilização e promoção da igualdade. “A nossa ideia é oferecer um espaço seguro e inclusivo para discussões abertas sobre as questões que envolvem pessoas LGBTQIA+ a partir de suas experiências e vivências”, disse à Agência Brasil.

Ela acredita que essa plataforma de compartilhamento de vivências e experiências pode ajudar a desconstruir estereótipos, combater preconceitos e promover a respeito, além de celebrar a diversidade.

Para Giowana Cambrone, a conscientização da sociedade passa, necessariamente, pelo diálogo aberto e claro e pela produção de informações que possam destacar a importância do respeito, da empatia e da aceitação. “Óbvio que a gente precisa vencer o desafio de driblar o preconceito e o reacionarismo presente na sociedade para que as sementes da informação possam florescer. É preciso compreender que não precisa ser uma pessoa LGBTQIA+ para lutar contra a LGBTFobia”, disse.

A consultora assegurou ser fundamental que na família, nas escolas e no meio empresarial seja construído um ambiente acolhedor. Isso passa pela aceitação da diversidade, pelo respeito às diferentes sexualidades, pelo combate ao bullying e à discriminação nos diversos espaços, e pela abertura de diálogo. “No ambiente escolar e empresarial, é muito importante conhecer as especificidades de pessoas LGBTQIA+, promover a educação para a diversidade e implementar políticas e recomendações claras sobre práticas antidiscriminatórias”, defendeu.

Giowana disse que o Brasil é um dos países que mais violentam e matam pessoas LGBTQIA+ no mundo. “A violência física é o que nós vemos, porque tem uma materialidade dessas práticas. No entanto, precisamos combater as práticas menos visíveis de violências simbólicas, verbais, que fortalecem a lógica perversa de que é permitido praticar piadas LGBTfóbicas, expor as pessoas a situações constrangedoras ou humilhantes. Para isso, é necessário educar para a diversidade e ocorrer uma mudança cultural profunda na sociedade”.

Estudo

Segundo estudo realizado pelo projeto internacional Trans Muder Monitoring, que monitora assassinatos de pessoas trans, o Brasil registrou 1.741 mortes de pessoas trans de 2008 e setembro de 2022, representando 37,5% do total de 4.639 mortes em todo o mundo. A América Latina e o Caribe respondem por 68% dos casos notificados. De acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), o Brasil lidera o ranking mundial de violência contra pessoas trans, com 131 assassinatos no ano passado.

A realização do Lugar de Fala no Mês do Orgulho LGBTQIA+ está alinhada com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 16, da Organização das Nações Unidas (ONU), que busca promover sociedades pacíficas e inclusivas, garantindo acesso à justiça e construções institucionais responsáveis.

Reflexão

O coordenador de Diversidade Sexual da Prefeitura do Rio de Janeiro, Carlos Tufvesson, destacou, à Agência Brasil, que o Mês do Orgulho LGBTQIA+ foi pensado para ser uma reflexão sobre a cidadania LGBT no mundo inteiro. Lamentou que a comunidade LGBT seja apagada constantemente do sistema.

“Isso é uma coisa que temos que começar a repensar. Porque nós somos cidadãos iguais em direitos e deveres. Então, neste mês, temos que lembrar que somos a única minoria que ainda é expulsa de casa por sermos quem somos. Porque todas as outras minorias encontram acolhimento em casa, como os negros e as pessoas que sofrem perseguição religiosa. Nós, não!”.

Ele lembrou que esse preconceito faz com que as pessoas saiam da escola e tenham a empregabilidade prejudicada. Essa é uma realidade com a qual as pessoas LGBTs lidam constantemente, assegurou. “É importante que a gente possa falar, para que as pessoas saibam que isso está acontecendo no Brasil hoje”.

Carlos Tufvesson disse que o preconceito e a perseguição impostos aos LGBTs está fazendo aumentar o número de suicídios de jovens LGBTs que não se sentem cidadãos como os demais, com direito à saúde, à educação, por exemplo, que são direitos constitucionais.

Segundo Tufvesson, a série de eventos alusivos ao Mês do Orgulho LGBT é importante para criar na sociedade a reflexão sobre essa realidade. Tufvesson disse que o número de agressões físicas contra pessoas LGBTs aumentou, ultrapassando as agressões verbais por crimes de ódio. E questionou que país que queremos e estamos construindo? “É o país da violência, de atentarmos contra o diferente?”, indagou.

Para ele, a diversidade de opiniões é mais rica do que todo mundo que concorda entre si, porque são debatidos vários pontos de vista. “Eu estou sempre aprendendo com pessoas que pensam diferente de mim”.

“Lugar de fala é isso, é para a gente falar sobre o que está ocorrendo, abrir espaço na mídia. Isso é muito importante para que as pessoas saibam de fato o que está havendo. Ninguém precisa ser LGBT para lutar contra a LGBTfobia”, disse, fazendo coro à Giowana Cambrone. “Basta ser um cidadão. Não é preciso ser negro para lutar contra o racismo, nem é preciso ser mulher pra lutar contra o machismo”, exemplificou. “A gente precisa quebrar esses estereótipos”.

Políticas públicas

O coordenador de Diversidade Sexual do Rio de Janeiro lamentou que ainda sejam necessárias políticas públicas para apoiar a comunidade LGBT. Ele disse que coordenadoria está fazendo projeto de complementação do ensino fundamental para pessoas LGBTs que foram evadidas das escolas em função do bullying que sofreram. Hoje, essas pessoas encontram problemas para se inserirem no mercado formal de trabalho. “A sociedade desconhece essa realidade”, disse Carlos Tufvesson .

A formatura da primeira turma, com 30 pessoas, será em setembro próximo. Em 2024, a intenção é estender a complementação para o ensino médio também. “Essas pessoas merecem mais chances na vida”, disse Carlos Tufvesson.

Outro projeto da prefeitura, o Garupa, tem oito agentes trans, que fazem busca ativa de pessoas trans e também heterossexuais para cadastrar na Clínica da Família, na assistência social, em todos os projetos que o governo oferece a cidadãos que são de desconhecimento dessa comunidade.

“Eles vivem à margem desse conhecimento”, disse Carlos Tufvesson.

O nome Garupa foi dado ao projeto “porque a gente pega na mão e leva”, explicou. O coordenador de Diversidade Sexual participa do Lugar de Fala, às 15h, em mesa que debaterá Políticas Públicas para Pessoas LGBTQIA+.

Fonte Agência Brasil – Read More

Literatura sáfica dá protagonismo ao amor entre mulheres

A italiana Miriam Squeo se descobriu bissexual aos 28 anos, depois de uma vida heterossexual. “Nesse momento de transição, foi muito difícil para mim entender o que estava acontecendo e revolucionando a mídia naquele momento”, disse, em entrevista à Agência Brasil. Miriam afirmou que não conhecia nada da literatura sáfica, escrita por lésbicas ou por mulheres que não se entendem como lésbicas, mas que gostam de pessoas do sexo feminino.

Seu primeiro contato com o amor entre lésbicas foi o filme Azul é a Cor Mais Quente, de 2013, que assistiu na televisão. “Foi o primeiro filme que dava visibilidade lésbica no cinema de maneira tão aberta assim. Foi um ano em que começava a sair um pouquinho da sombra a relação entre mulheres”.

Miriam Squeo é uma das escritoras que debaterão literatura sáfica em livraria do Rio de Janeiro. Foto: – Alessandra Limal/Divulgação

Mesmo assim, Miriam demorou muitos anos para se abrir com os pais, que são do sul da Itália. A conversa aconteceu há duas semanas, ela já com 36 anos. “Acho que o livro me deu essa coragem”, concluiu, referindo-se à primeira obra de sua autoria, intitulada “Por trás dos meus cabelos”, lançado pela editora Autografia, na semana passada. Escrita em português, a obra demonstra todo o amor que Miriam sente pelo Brasil, onde mora há três anos e meio. Aqui, ela se sentiu mais livre.

No período em que vive no Brasil, Miriam Squeo se inteirou da literatura sáfica. Decidiu escrever não só porque foi uma terapia para ela, mas também porque gostaria de ter lido algo parecido quando se descobriu bissexual, pelos amores que viveu no curso do ano e, também, porque acredita que é preciso desmistificar o amor entre mulheres.

“Hoje, a sociedade vê isso quase como se fosse uma brincadeira”. Afirmou que, no Brasil, principalmente, onde “a sociedade é machista e as relações são abusivas, parece que o amor entre mulheres é como encontrar saída da relação heterossexual”.

Ela entende o sexo feminino como complexo e, por essa razão, as relações entre mulheres são complexas. “Elas podem ser também tóxicas”. Por isso, a escritora tentou colocar essas questões de forma aberta no livro, para tentar traduzir um pouco mais de liberdade no que acontece em um amor sáfico. O livro é autobiográfico, mas romanceado também, esclareceu. “O importante para mim era trazer essa história para os outros”.

Debate

Miriam Squeo é uma das escritoras que participarão de debate sobre a literatura sáfica e as várias formas de amor na nesta segunda-feira (26), às 19h, na Janela Livraria, situada no Shopping da Gávea, na zona sul do Rio. O debate “Literatura sáfica e a fluidez da sexualidade feminina, sobre novas narrativas literárias em torno do amor entre mulheres e a liberdade sexual feminina” celebra o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+, comemorado no dia 28 deste mês.

Janela Livraria, no Rio de Janeiro, receberá debate sobre literatura sáfica. Foto: Divulgação

O evento terá a participação também de Carla Alves, autora de “Conectadas” e “Romance Real”, editados pela Companhia das Letras. Esse segundo romance de Carla foi lançado recentemente em inglês, nos Estados Unidos. A conversa será mediada pela jornalista e editora da Revista Brejeiras, dedicada ao público lésbico, Camila Marins.

Vozes lésbicas

Uma das quatro sócias da Janela Livraria, Antonia Moura explicou que a literatura sáfica é uma literatura feita, principalmente, por mulheres que se identificam de alguma forma como lésbicas ou em um dos gêneros LGBTQIAPN+. “São livros feitos por mulheres que têm um lugar de fala. Eu acho isso muito importante. Acho que, da mesma forma que a gente quer que haja mais vozes negras, mais vozes trans, mais vozes de pessoas com deficiência, a gente também quer que tenha mais vozes lésbicas com lugar de fala, que não sejam homens escrevendo literatura que conta amores entre mulheres, porque isso é algo totalmente fora da vivência deles”.

Segundo Antonia, é importante que pessoas que ainda se sentem à margem tenham cada vez mais espaço para contar suas experiências, que podem emocionar, inclusive, homens e mulheres heterossexuais. “Tem coisas que são universais, mas tem experiências que são muito únicas”, destacou. Ela acredita que quanto mais pessoas estiverem sentando à mesa e colocando um pouco da sua visão de mundo ali, mais interessante fica o próprio mundo e a literatura como um todo.

Essa é a primeira vez que a Janela Livraria está fazendo debate sobre a literatura sáfica. Desde o início de junho, a livraria tem colocado em destaque títulos com temática LGBTQIAPN+, em função do Mês do Orgulho LGBT, porque essa é uma bandeira importante para a livraria. Das quatro mulheres sócias da Janela, duas são LGBT. “Debates como esse que ocorrerá nesta segunda-feira são importantes também para as pessoas que ainda estão se questionando e lutando internamente sobre sua sexualidade, afirmou Antonia Moura.

Fonte Agência Brasil – Read More

Vítimas de tortura na ditadura pedem memória e providências

A campainha tocou no apartamento 31. O estudante paulistano Adriano Diogo, de 23 anos, estava cansado. Estudante de geologia na Universidade de São Paulo (USP), ele, naquele dia, estava extenuado depois de cruzar a cidade e chegado de mais uma jornada como professor de ciências em uma escola secundarista. Andou até a porta. Ao abrir, encontrou o pesadelo. Ele não esperava o que aconteceria a partir daquele 17 de março de 1973. Histórias como a de Adriano têm mais um especial momento de reflexão e memória nesta segunda (26 de junho), Dia Internacional de Apoio às Vítimas de Tortura.

Tudo está nítido na memória de Adriano Diogo, hoje aos 74 anos de idade. “Primeiro, uma coronhada com o cabo da metralhadora no lado direito do olho”, lembrou em entrevista à Agência Brasil. Ele recorda que foi sendo arrastado aos gritos pela escada, por militares disfarçados. Haviam chegado em uma caminhonete com pintura falsa de um jornal da cidade. Saíram em um Opala verde. Adriano assustou-se com o ódio dos agentes. 

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Do apartamento na Mooca (zona leste de São Paulo), os militares levaram o universitário por 10 quilômetros, até o Complexo do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), na Vila Mariana, onde funcionava a Operação Bandeirante (Oban), um centro de repressão política que desembocou em um espaço de tortura e assassinatos durante a ditadura militar no Brasil.

90 dias na solitária

As diferentes violências que se seguiram àquele dia em que a campainha tocou, incluindo os 90 dias em uma solitária, depois 45 no prédio do Departamento de Ordem Política e Social (Deops), e mais um ano e meio no Presídio do Hipódromo, deixaram marcas profundas no homem. Mas não deixaram jamais os ideais e o ativismo. “Embora eu fosse bem jovem, desde o dia em que saí da cadeia, há 50 anos, eu fazia o que faço hoje. Vou em cadeias, em espaços de internação de menores, em delegacia. Quando pessoas de movimentos sociais são presas, busco saber o que aconteceu”.

Daqueles dias de dores diversas, ele se lembra com detalhes dos momentos. Inclusive que um dos algozes e dos mais violentos era um tal de major Tibiriçá, codinome do chefe do DOI-CODI à época, o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o primeiro militar a ser reconhecido como torturador pela Justiça brasileira no ano de 2008.

Assista a depoimento de Adriano Diogo à Comissão Estadual da Verdade

Foi Ustra quem recebeu Adriano Diogo no complexo da Operação Bandeirante. Além de comandar a violência física, o militar, em diferentes ocasiões, mostrava fotos de amigos e colegas assassinados e autopsiados em demonstrações de violência psicológica. “Conte o que você viu aos seus amigos na cela”, provocava. 

Adriano Diogo descobriu na cadeia a morte de um grande amigo, nos dias seguintes ao que chegou ao DOI/Codi o líder estudantil  Alexandre Vannucchi Leme, aos 22 anos de idade, também estudante de geologia na USP. Para o amigo Adriano, Alexandre era o “Minhoca”, apelido dos tempos da faculdade. “Para tentar apagar as marcas de tortura contra o Minhoca, eles levaram o corpo para fora da Oban e simularam atropelamento com um caminhão”. 

Ninguém acreditou na fraude. Tamanha foi a repercussão que o arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns, organizou uma missa no dia 30 de março em memória do estudante. A repercussão foi grande. “O Ustra ficou muito nervoso. Levou todos os presos para o pátio e bateram na gente de todas as formas”, recorda Adriano Diogo. 

Enquanto Ustra esteve na chefia, durante 40 meses, houve 40 mortes. Além disso, chegou, em média, uma denúncia de tortura a cada 60 horas, segundo registrou a Comissão da Verdade. Outro momento marcante, em 1973, foi aquele em que Gilberto Gil cantou a música Cálice (composta em parceria com Chico Buarque) na USP, em primeira mão, para dezenas de estudantes. “Ele teve muita coragem realmente”, considera.

Retomar a vida

Depois de quase dois anos, Adriano Diogo saiu da cadeia. “Fui buscar o diploma lá na geologia e retomar a vida”. Ele fez carreira como geólogo e pesquisador. Foi deputado e até presidiu a Comissão da Verdade na Assembleia Legislativa de São Paulo. Um problema, porém, foi que as recomendações do relatório ficaram apenas no papel. O relatório final foi entregue à sociedade em março de 2015. depois de três anos de trabalho.

Um dos capítulos é de “Mortos e Desaparecidos”, com 165 casos investigados, inclusive a do amigo Alexandre Vannucchi Leme . “Nós fizemos uma série de recomendações ao Estado brasileiro e não foram atendidas (confira aqui o relatório). Para você ter uma ideia, o Brasil é signatário do Protocolo de Istambul de combate à tortura. Sabe quantos comitês de combate à tortura têm no Brasil, além do nacional? Só um (no Rio de Janeiro)”, lamenta. 

Na sexta (23), o atual governo reativou o Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura. Uma reunião marcada para o dia 21 de agosto, data que marca os dez anos da lei que criou esse sistema, vai estabelecer um plano de trabalho e de atuação.

Marcas registradas

O relatório da Comissão Nacional da Verdade (CNV) trouxe 29 recomendações e a maioria ficou também somente no papel, identificou um relatório do Instituto Wladimir Herzog.

Apenas duas recomendações foram atendidas pelo poder público, avaliou a entidade. A revogação da Lei de Segurança Nacional e a introdução da audiência de custódia, para prevenção da prática da tortura e de prisão ilegal, foram as exceções.

Para a coordenadora do relatório, a historiadora Gabrielle Abreu, o sentimento das pessoas torturadas no Brasil, é mesmo esse de impunidade. “A violência e a impunidade, infelizmente, são marcas registradas no Brasil. Vimos ocorrer no período da escravidão, por exemplo, quando milhões de homens e mulheres negros foram escravizados”, afirmou.

O relatório, segundo ela, tem a finalidade de estimular uma reflexão verdadeira e crítica sobre o que foi a ditadura e outros períodos de grave violação de direitos humanos. A busca por não deixar esquecidas essas histórias é fundamental, disse a historiadora. Além disso, há no entender dela, invisibilidade e apagamentos de torturas e mortes de diferentes grupos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, populações mais pobres submetidas aos desmandos.

“Há história desconhecidas da ditadura, como nas favelas. É uma montanha de violações de direitos humanos que foram apagadas”. 

 

Os dados do relatório mostram não somente ter havido recomendações da CNV não realizadas (total de 14), mas também retrocessos (sete). Esse é o caso da recocomendação da “criação de mecanismos de prevenção e combate à tortura”.

Tortura aos 16 anos

Voltar ao passado, porém, é reconhecer histórias de violências inadmissíveis. No dia 16 de abril de 1971, Ivan Soares, com apenas 16 anos de idade, foi capturado junto com o pai, o operário Joaquim, e levado para as instalações do DOI-Codi, em São Paulo. Pai e filho participavam do Movimento Revolucionário Tiradentes. 

Brasília (DF), 22.06.2023 – Dia de Apoio às Vítimas da Tortura. Ivan Seixas. Foto: Arquivo Pessoal – Arquivo pessoal

 

“Eles nos torturaram durante dois dias seguidos. Eles mataram meu pai e eu continuei preso. Prenderam também a minha mãe (uma professora) e minhas irmãs. Elas foram espancadas, Uma delas foi estuprada”. 

 

Menor de idade, Ivan ficou nas mãos da ditadura durante quase seis anos sem ser processado ou condenado. “Os militares anunciaram que ele tinha morrido em um suposto tiroteio com as forças de repressão”. Ivan era estudante do então ginásio. “A gente tinha a vida de trabalhadores pobres. Nasci numa favela em Porto Alegre onde não tinha nada. Não tinha água encanada, luz, ônibus,esgoto, escolas. Tudo era muito difícil”. 

Confira depoimento à OAB-RJ

Ele explica que os moradores dessa comunidade de Vila Jardim  lutavam por melhores condições de vida. “Desde que me entendi por gente eu vi as lutas das pessoas que são da classe trabalhadora, tentando sair da condição de ser pisado pelo sistema capitalista”.

Os últimos três anos de cadeia Ivan cumpriu em um presídio de segurança máxima, que foi a Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté. Ele era o único preso político e convivia com os presos e pacientes psiquiátricos.

Ivan saiu da prisão em agosto de 1976, disposto a recomeçar a vida. Mas as perseguições não cessaram. Uma vez por semana, ele precisava se apresentar na auditoria militar. “Eu era seguido todos os dias, 24 horas por dia. Eu ia estudar, trabalhar. Mas sempre com a presença dela, dessas figuras execráveis por perto”.  

“Eu descia do ônibus e tinha que caminhar a pé até a escola. Em um carro, eles passavam me xingando fazendo piadinha. Diziam para eu correr para eles treinarem tiro”. A tortura era também do lado de fora. “Desde o momento em que eu estava sendo torturado, tinha absoluta noção de que vivia um processo histórico, Eu me mantive pelo fator ideológico”. Hoje, ele mora na cidade de Foz do Iguaçu (PR). 

Brasília (DF), 22.06.2023 – Dia de Apoio às Vítimas da Tortura. Ivan Seixas. Foto: Arquivo Pessoal – Arquivo pessoal

Hoje, ele considera fundamental a aplicação das recomendações da Comissão Nacional da Verdade. ”Nós revelamos os crimes da ditadura. E a gente vai continuar lutando”.

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Famílias chefiadas por pessoas negras são mais atingidas pela fome

A fome é um problema que atinge um quinto das famílias chefiadas por pessoas autodeclaradas pardas e pretas no Brasil (20,6%). Esse percentual é duas vezes maior quando comparado ao de famílias comandadas por pessoas brancas (10,6%).

Os dados, divulgados nesta segunda-feira (26), são referentes ao período entre novembro de 2021 e abril de 2022. Eles fazem parte do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil (II Vigisan).

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Parlamentares reúnem-se no Chile em cúpula global contra a fome.Pacto da sociedade civil propõe acabar com a fome até 2030.No total, 33,1 milhões de pessoas foram impactadas pela fome no país. Aqueles que se enquadram em determinados recortes de raça e gênero estão mais vulneráveis. Os lares chefiados por mulheres negras representam 22% dos que sofrem com o problema, quase o dobro em relação aos liderados por mulheres brancas (13,5%).

“A situação de insegurança alimentar e de fome no Brasil ganha maior nitidez agora. Precisamos urgentemente reconhecer a interseção entre o racismo e o sexismo na formação estrutural da sociedade brasileira, implementar e qualificar as políticas públicas, tornando-as promotoras da equidade e do acesso amplo, irrestrito e igualitário à alimentação”, diz a professora Sandra Chaves, coordenadora da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan).

O Vigisan é realizado pela Rede Penssan. Ele leva em conta dados registrados pelo Instituto Vox Populi, com apoio da Ação da Cidadania, ActionAid, Ford Foundation, Fundação Friedrich Ebert Brasil, Ibirapitanga, Oxfam Brasil e Sesc São Paulo.

Em dados gerais divulgados anteriormente, o estudo mostrou que quatro entre 10 famílias tinham acesso pleno a alimentos, ou seja, em condição de segurança alimentar. Por outro lado, 125,2 milhões estavam na condição de insegurança alimentar – leve, moderada ou grave. Os níveis foram medidos pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia), também usada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Escolaridade, emprego e filhos

Os recortes de raça e gênero também ficaram evidentes quando foram analisados outros dados como escolaridade, situação de emprego e renda e presença de crianças na família.

No caso dos lares chefiados por pessoas com oito anos ou mais de estudo, a falta de alimentos foi maior quando uma mulher negra estava à frente: 33%. Esse número foi menor no caso de homens negros (21,3%), mulheres brancas (17,8%) e homens brancos (9,8%).

Nas famílias com problemas de desemprego ou trabalho informal, a fome atingiu metade daquelas chefiadas por pessoas negras. Quando se trataram de pessoas brancas, um terço dos lares foi impactado. A insegurança alimentar grave foi mais freqüente em domicílios comandados por mulheres negras (39,5%) e homens negros (34,3%).

Nas situações em que a pessoa responsável tinha emprego formal, e a renda mensal familiar era maior do que um salário mínimo per capita (para cada indivíduo), a segurança alimentar estava presente em 80% dos lares chefiados por pessoas brancas e em 73% dos chefiados por pessoas negras.

A presença de crianças menores de 10 anos de idade nas famílias também foi um fator importante. Nesse contexto, a segurança alimentar era uma realidade em apenas 21,3% dos lares chefiados por mulheres negras, menos da metade dos chefiados por homens brancos (52,5%) e quase metade dos chefiados por mulheres brancas (39,5%). 

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Lula recebe presidente da Argentina nesta segunda-feira

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe nesta segunda-feira (26), a partir das 12h, o presidente da Argentina, Alberto Fernández, em visita oficial ao Brasil.  

No Palácio do Planalto, eles tratarão dos principais temas da agenda bilateral e, em seguida, participam de um almoço no Palácio Itamaraty, às 13h30. 

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Presidente da Argentina faz visita oficial ao Brasil na segunda-feira .Brasil e Argentina assinam declaração que fortalece economia cultural.Maiores parceiros comerciais do Brasil na América do Sul, os argentinos enfrentam uma nova grave crise econômica, com desvalorização da moeda local, perda do poder de compra e altos índices inflacionários. Em março, a inflação argentina chegou a 104% ao ano.  

Exportações

Lula tem buscado articular iniciativas de ajuda aos países vizinhos, principalmente para evitar queda nas exportações brasileiras. 

Desde janeiro, Lula e Fernández encontraram-se quatro vezes. Além da posse de Lula, em janeiro, o presidente brasileiro fez uma visita oficial à Argentina na sua primeira viagem internacional.  

Já Fernández veio outras duas vezes a Brasília – uma para se reunir diretamente com o presidente da República, em maio, e outra para participar da cúpula de presidentes sul-americanos.

Fonte Agência Brasil – Read More

Terra da comunidade quilombola Curuanhas é reconhecida

Uma área com mais de dois mil hectares, localizada no município de Estância, a 68 quilômetros de Aracaju, foi reconhecida e declarada oficialmente como terras da comunidade remanescente do quilombo Curuanhas. A medida foi publicada nesta segunda-feira (26), no Diário Oficial da União, por meio de uma portaria do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). 

A comunidade, que vive na área regularizada, foi um dos primeiros povoados a serem reconhecidos como remanescente quilombola pela Fundação Cultural Palmares, em Sergipe, em 2011. Atualmente, o estado tem 32 certificações emitidas, nas 44 comunidades declaradas que abriram processo para solicitação de reconhecimento.

Memórias históricas

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Governo concede títulos a territórios quilombolas em Minas e Sergipe.Mulheres quilombolas debatem pautas rurais e antirracistas em Brasília.Com a certificação, o grupo, documentos e locais que reúnem memórias históricas dos antigos quilombos passam a ser tombados como patrimônio cultural brasileiro material e imaterial.

A identificação, delimitação e regularização do território concluem o processo que garante a preservação de tradições culturais, recursos naturais da região e da memória de uma dívida histórica do Estado com a população negra.

Os limites e confrontações do território quilombola Curuanhas estão descritos na portaria do Incra. A planta e o memorial descritivo da área já foram disponibilizados no acervo fundiário da instituição e podem ser acessados pelo site da instituição.

 

Fonte Agência Brasil – Read More