Rejuste de planos de saúde dependerá de situação de cada operadora

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) divulgou, no início da última semana, os dados econômicos financeiros do setor em 2022 e considerou que o ano se encerrou no “zero a zero”. Houve um lucro líquido de R$ 2,5 milhões, resultado bem inferior ao ano anterior. Em 2021, o lucro foi de R$ 3,8 bilhões. Já em 2020, o setor havia registrado um recorde, com o montante de R$ 18,7 bilhões.

O diretor-presidente da ANS, Paulo Rebello, disse à Agência Brasil que a mensagem é de cautela, mas que já há sinais de recuperação. Segundo ele, houve diferenças de desempenho entre as várias operadora de plano de saúde. Os maiores resultados negativos foram registradas por operadoras grandes. Rebello indica que a realidade econômica específica de cada uma delas deverá ter peso na atualização anual dos valores das mensalidades dos seus respectivos planos.

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ANS suspende comercialização de 32 planos de saúde.Planos de saúde seguem no topo de queixas registradas no Idec.Planos de saúde ganham 1,6 milhão de usuários em 12 meses.“Os percentuais de reajustes dependerão da situação de cada operadora”, disse. A ANS é responsável por fixar o índice máximo que pode ser aplicado aos planos de saúde individuais e familiares. No ano passado, o teto foi de 15,5%, maior já aprovado pela agência desde a sua criação em 2000.

Os dados do setor em 2022 estão disponíveis no Painel Contábil da Saúde Suplementar, mantido pela ANS e alimentado com as informações financeiras enviadas pelas operadoras dos planos de saúde. Na segunda-feira (24), foram incluídos os resultados do 4º trimestre de 2022, permitindo assim consolidar os números do desempenho do ano passado.

De acordo com a ANS, a receita efetiva de operações de saúde, principal negócio do setor, foi de R$ 237,6 bilhões. Dessa forma, o lucro de R$ 2,5 milhões representou apenas 0,001% da receita.

“Podemos notar no 4º trimestre uma recuperação. Então é bom esclarecer que o termo ‘zero a zero’ busca apenas evidenciar uma igualdade entre receitas e despesas no setor no exercício de 2022. Houve um resultado positivo irrisório comparado ao total de receitas do ano”, explica Rebello.

Segundo ele, o setor possui recursos para passar por esse período. “Obviamente foi um ano difícil. Houve aumento dos insumos, crescimento na frequência de utilização dos planos. A mensagem é de cautela. Mas já há sinais de melhora”, disse.

A queda do desempenho foi registrada mesmo com o crescimento expressivo do número de beneficiários desde o início da pandemia de covid-19, atingido o recorde de 50,5 milhões no final do ano passado. Um ano antes, em dezembro de 2021, a saúde suplementar registrava 48,9 milhões de beneficiários.

“É importante considerar todo o contexto da pandemia. O setor já esperava um efeito na utilização após o isolamento social. Durante o isolamento social, as pessoas não usavam os planos. Por essa razão, em 2020, houve um lucro histórico”, avalia o diretor-presidente da ANS.

Segmentos

O Painel Contábil da Saúde Suplementar permite fazer recortes dos dados por segmento e por operadora. No caso das operadoras médico-hospitalares, houve prejuízo de R$ 505,7 milhões. Já as operadoras exclusivamente odontológicas, de forma inédita, também tiveram um desempenho negativo. O prejuízo foi de R$ 47,3 milhões.

O único segmento que registrou resultado positivo foi o de administradoras de benefícios. O lucro chegou a R$ 555,57 milhões. Administradoras de benefício são empresas que atuam como intermediárias na contratação de planos de saúde coletivos, como a Qualicorp e a AllCare. Elas conseguem obter junto às operadoras condições diferenciadas para pessoas que tenham vínculo com empresas, órgãos públicos, associações, sindicatos ou conselhos de classe com os quais tenham firmado convênio.

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Natação brasileira tem 20 atletas com índice para Mundial paralímpico

O Brasil tem 20 atletas com índice para o Campeonato Mundial de Natação Paralímpica deste ano, a ser disputado em Manchester, no Reino Unido, entre 31 de julho e 6 de agosto. As marcas foram obtidas durante o Open Internacional, torneio organizado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e que terminou no último sábado (29).

No último dos três dias de competição, no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, quatro índices foram alcançados, todos em classes em que os atletas têm deficiências físico-motoras (quanto maior o número da categoria, menor o grau de comprometimento).

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Brasil faz campanha histórica no Mundial Paralímpico de Tênis de Mesa.Petrúcio Ferreira quebra próprio recorde mundial paralímpico dos 100m.Bruno Becker (classe S2), Edênia Garcia e Maiara Barreto (ambas S3) se credenciaram ao Mundial nos 200 metros (m) nado livre, enquanto Daniel Mendes (S6) atingiu a marca nos 100 m livre.

“É uma sensação indescritível conseguir a marca para o meu segundo mundial. O trabalho está sendo muito bem feito e aproveitado. Agora, vou me preparar com mais tranquilidade e focar nos detalhes, sem a pressão de ainda ter que buscar o índice”, disse Daniel, medalhista de ouro no Mundial do ano passado, em Funchal, em Portugal, no revezamento misto 4×50 m livre 20 pontos (limite da soma das classes dos quatro atletas).

Recorde quebrado

Outro destaque de sábado foi Carol Santiago. A nadadora da classe S12 (baixa visão), que já tinha alcançado índice para o Mundial na quinta-feira (27), primeiro dia de competição, quebrou o recorde das Américas – que já era dela – nos 100 m livre. Na sexta-feira (28), Carol igualou o próprio recorde mundial dos 50 m livre.

A próxima oportunidade para os nadadores brasileiros buscarem índice para o Mundial de Manchester será a 1ª Fase Nacional do Circuito Loterias Caixa, entre os dias 20 e 21 de maio, também no CT Paralímpico. A convocação para a competição no Reino Unido está prevista para ocorrer entre a última semana de maio e o início de junho.

O Brasil teve 29 representantes no Mundial de Funchal, sendo que 26 deles foram ao pódio. O desempenho foi o melhor do país na história do evento, com 53 medalhas (19 douradas) e o terceiro lugar na classificação geral. Todos os nadadores que estiveram em Portugal integravam o Bolsa Atleta, programa de patrocínio individual de atletas, mantido pelo governo brasileiro.

Veja os brasileiros com índice para o Mundial de Manchester

S2: Gabriel Araújo e Bruno Becker

S3: Patrícia Pereira, Edênia Garcia e Maiara Barreto

S5: Samuel Oliveira e Esthefany Rodrigues

S6: Talisson Glock, Laila Suzigan e Daniel Mendes

S8: Cecília Araújo

S9: Mariana Gesteira e Ruan Souza

S10: Phelipe Rodrigues

S12: Carol Santiago e Douglas Matera

S14: Gabriel Bandeira, Débora Carneiro, Beatriz Carneiro e João Pedro Brutos

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Um indígena é morto e dois são feridos em ataque na Terra Yanomami

Um yanomami morreu após ser atingido por um tiro durante ataque a uma das comunidades da Terra Indígena Yanomami. Outros dois indígenas baleados tiveram que ser transportados às pressas para a capital do estado, Boa Vista, onde estão internados no Hospital Geral de Roraima (HGR).

Segundo o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi) Yanomami, Júnior Hekurari, a comunidade Uxiú foi atacada por garimpeiros ontem (29), à tarde. Ainda de acordo com Júnior, o indígena baleado, que não resistiu aos ferimentos, trabalhava como agente de saúde na comunidade.

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PF combate comércio de ouro extraído ilegalmente de TI Yanomami.Centro de Referência em Saúde Indígena é inaugurado em terra Yanomami.Força Nacional vai apoiar PF em ações na TI Yanomami, em Roraima.Por telefone, a diretora do Hospital Geral de Roraima, Patricia Renovato de Oliveira Freitas, confirmou à Agência Brasil que, após receberem os primeiros-socorros no Centro de Referência de Saúde Indígena, que funciona no polo-base de Surucucu, no próprio território yanomami, os dois indígenas feridos foram removidos para o HGR, onde deram entrada esta manhã. Os dois estão internados no pronto-socorro e seus quadros clínicos foram considerados estáveis.

Júnior Hekurari, que preside a Urihi Associação Yanomami, usou as redes sociais para denunciar o ataque criminoso e comunicar que outras informações vão ser repassadas às autoridades públicas responsáveis por proteger os indígenas e seus territórios.

Crise humanitária

No início do ano, Júnior tornou-se conhecido nacionalmente, para além do movimento indígena, ao denunciar a grave crise humanitária que o povo yanomami enfrenta, com a investida de garimpeiros e madeireiros contra o território indígena. Homologada há 31 anos, a Terra Indígena Yanomami abrange uma extensa área de Roraima, além de uma parte do estado do Amazonas, totalizando cerca de 9,6 milhões de hectares, onde, segundo o governo federal, vivem mais de 30,4 mil habitantes. Cada hectare corresponde, aproximadamente, às medidas de um campo oficial de futebol.

A partir da segunda quinzena de janeiro, o governo implementou uma série de ações para socorrer comunidades locais e retirar os não-indígenas de áreas exclusivas. O anúncio de medidas ocorreu após a divulgação de imagens de crianças e adultos yanomami desnutridos. Também foi divulgada a informação do Ministério da Saúde, de que, nos últimos anos, ao menos 570 crianças indígenas morreram por desnutrição e outras causas evitáveis. Além disso, só em 2022, foram confirmados 11.530 casos de malária na reserva.

Entre as medidas anunciadas pelo governo, está a declaração de emergência em saúde pública de Importância Nacional para combater à “falta de assistência sanitária” aos yanomami. Militares das Forças Armadas foram mobilizados para distribuir alimentos e prestar atendimento médico aos moradores de comunidades de difícil acesso. A Aeronáutica passou a restringir o acesso aéreo, visando impedir a chegada de novos garimpeiros e, principalmente, o abastecimento dos que já estavam ilegalmente na área. Além disso, as forças de segurança terrestres foram reforçadas para retirar os não-indígenas da reserva.

Comitiva

Há pouco, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, anunciou, nas redes sociais, que já pediu ao Ministério da Justiça e Segurança Pública que determine à Polícia Federal (PF) que investigue o caso. Segundo a ministra, uma comitiva interministerial já está a caminho de Roraima “para reforçar ainda mais as ações de desintrusão [retirada] dos criminosos [da reserva indígena]”.

Sônia também destacou que, embora tenha se agravado nos últimos anos, a invasão criminosa da Terra Indígena Yanomami é um problema histórico. “A situação de invasores na TI Yanomami vem de muitos anos e, mesmo com todos os esforços [que estão] sendo realizados pelo governo federal, ainda faltam muitas ações coordenadas até a retirada de todos os invasores do território”, escreveu a ministra.

Matéria alterada para acréscimo de informações, às 14h17.

Fonte Agência Brasil – Read More

Fuga de cérebros, a diáspora de cientistas brasileiros

O Brasil pode ter perdido cerca de 6,7 mil cientistas nos últimos anos, que foram continuar suas pesquisas no exterior, segundo estimativas do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, veiculado ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação. Falta de investimentos, bolsas de pesquisa congeladas por 9 anos, corte de verba para manutenção de equipamentos. Os motivos são vários e complexos, mas tem causado a diáspora acadêmica ou a chamada fuga de cérebros do país. Este é o tema do próximo episódio do Caminhos da Reportagem.

Uma das brasileiras que se destaca no cenário internacional é Duília de Mello, astrônoma e astrofísica. Em 1997, ela foi para os Estados Unidos, trabalhar no projeto do telescópio Hubble e nunca mais voltou. Hoje, é vice-reitora da Universidade Católica de Washington DC e colaboradora da Nasa. Saiu do Brasil após um corte nas bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

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Caminhos da Reportagem percorre a Pequena África Carioca.Caminhos da Reportagem de hoje fala do papel da vacinação na infância.Caminhos da Reportagem ganha Prêmio MOL de Jornalismo.“Quando eu saí, eu não sabia que seria definitivo, achei que voltaria, como os meus colegas da minha geração que são astrônomos e estão no Brasil.”

Ricardo Galvão Foto: país forma mais cientistas do que consegue empregar. Divulgação/TV Brasil

A astrônoma tinha terminado de concluir um doutorado aqui – foram anos de investimento do país na carreira dela e agora seu conhecimento é usado lá fora. Isso não é uma raridade.

Segundo o presidente do CNPq, Ricardo Galvão, o país forma muito mais cientistas do que consegue empregar hoje. “Nós estamos hoje em dia formando 24 mil doutores por ano, mas as ofertas de emprego, concursos públicos, etc, não chegam a mil.”

Nos últimos anos, a falta de investimentos em ciência e tecnologia no país foi drástica. Cortes no custeio de universidades federais, que mal tinham verba para pagar água e energia. No orçamento destinado para pesquisas científicas, entre 2014 e 2022 houve uma redução de 60%. As bolsas de mestrado e doutorado ficaram sem reajuste por 9 anos, registrando perdas de 66,6% quando o valor é corrigido pela inflação.

Retomada

Para 2023, as perspectivas são melhores. No início do ano, o governo federal anunciou a retomada de investimentos, com aumento de 44% dos recursos para o CNPq e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Se não fosse isso, a presidente da Capes, Mercedes Bustamante, avalia que a instituição só teria orçamento para chegar até setembro.

Presidente da Capes, Mercedes Bustamante – Divulgação/TV Brasil

Além das bolsas de estudo, é preciso focar também em outras áreas para que as pesquisas sejam retomadas. “É preciso colocar mais recursos para a recomposição do nosso parque tecnológico e laboratórios, é preciso fazer investimentos na manutenção das atividades de pesquisa, na compra e recuperação de equipamentos. Então é ter profissionais bem remunerados e condições adequadas de trabalho”, afirma Bustamante.

“É preciso colocar mais recursos para a recomposição do nosso parque tecnológico e laboratórios.”

Para Renato Janine Ribeiro, que hoje preside a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), é preciso também definir no que podemos ser os melhores.

Renato Janine Ribeiro, presidente da SBPC – Divulgação/TV Brasil

“Quais são as pesquisas científicas, as áreas em que podemos ser líderes? Não podemos ser em todas. É preciso escolher alguns setores que queremos ser protagonistas”, conclui.

O episódio Fuga de cérebros, a diáspora de cientistas brasileiros, do Caminhos da Reportagem, vai ao ar neste domingo (30), às 22h na TV Brasil.

Fonte Agência Brasil – Read More

TV Brasil apresenta entrevistas e filmes sobre lutas trabalhistas

Em comemoração ao Dia do Trabalhador, a TV Brasil exibe o especial Passado Presente – Resistência Sindical com entrevistas sobre a causa trabalhista e uma sessão de filmes temáticos, a partir desta segunda (1º), às 22h. A faixa fica em cartaz de segunda a sábado, entre os dias 1º e 6 de maio. A emissora pública apresenta seis clássicos do cinema nacional na programação dedicada ao assunto.

Em cada edição, o jornalista Armando Rollemberg recebe um convidado para relembrar movimentos e momentos marcantes que culminaram em avanços nos diretos trabalhistas no Brasil. Ainda destaca o cenário atual e traça o panorama dos caminhos para um futuro com mais garantias e direitos.

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EBC assina acordo com Agência Lusa.Acordos Brasil-China incluem troca de conteúdo entre EBC e Xinhua.EBC é finalista de prêmio sobre boas práticas em ouvidoria.A série traz importantes nomes do cenário político do país que atuaram diretamente em lutas e conquistas para a classe trabalhadora. Grandes produções da sétima arte brasileira associadas às questões em pauta entram no ar logo após a conversa, às 22h30, para ilustrar a abordagem do tema.

A relação de obras e de convidados é Chão de Fábrica – A História do Novo Sindicalismo e Jair Meneghelli, na segunda; Braços Cruzados, Máquinas Paradas e Djalma Bom, na terça (2); Os Homens da Fábrica e Jorge Bittar, na quarta (3); Peões e Olívio Dutra, na quinta (4); Expedito – Em Busca de Outros Nortes e Avelino Ganzer, na sexta (5); e Eles não Usam Black-tie e Clara Ant,no sábado (6).

Os seis filmes selecionados para a sessão especial Passado Presente – Resistência Sindical podem ser conferidos no app TV Brasil Play. O público ainda assiste quando preferir o conteúdo das entrevistas exclusivas que também ficam disponíveis na plataforma. A iniciativa é uma parceria entre a TV Brasil e a TVT.

Passado Presente – Resistência Sindical

Segunda (1º): Chão de Fábrica – A História do Novo Sindicalismo, com Jair Meneghelli

O primeiro entrevistado é o político e sindicalista Jair Meneghelli. O filme de estreia da faixa é Chão de Fábrica – A História do Novo Sindicalismo (2018), de Renato Tapajós. O documentário inédito tem duração de 90 minutos e é adaptado de uma série televisiva homônima.

A produção conta a história da luta dos trabalhadores brasileiros desde 1978 até os dias atuais, com foco no movimento sindical, naquilo que ficou conhecido como o Novo Sindicalismo. O longa realiza um voo sobre a história do país, observando as políticas econômicas dos diferentes governos do período de forma crítica, clara e bem humorada, relacionando-as com a luta sindical.

Terça (2): Braços Cruzados, Máquinas Paradas, com Djalma Bom

A segunda entrevista tem como convidado o sindicalista e político Djalma Bom. O filme Braços Cruzados, Máquinas Paradas (1979), de Roberto Gervitz e Sérgio Toledo, tem exibição na sequência da programação.

O documentário acompanha as eleições do sindicato dos metalúrgicos de São Paulo. Nesse processo, mostra os problemas estruturais do movimento sindical sob forte tutela estatal e a resposta dos trabalhadores no chamado Novo Sindicalismo.

Quarta (3): Os Homens da Fábrica, com Jorge Bittar

No terceiro dia da sessão temática, Armando Rollemberg recebe o engenheiro e político Jorge Bittar. Na sequência da conversa, a TV Brasil apresenta o filme Os Homens da Fábrica (1987), produção dirigida por Luiz Arnaldo Campos. A obra tem narração do ator Nelson Xavier.

A película destaca os operários da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda, no Rio de Janeiro, a mais importante usina siderúrgica do Brasil, que foi palco de memoráveis lutas sindicais e políticas, passando por golpes militares, greves e até mesmo invasões do exército.

Quinta (4): Peões, com Olívio Dutra

O entrevistado da faixa Passado Presente – Resistência Sindical é o político Olívio Dutra. A atração cinematográfica da noite é o clássico documentário Peões (2004), obra do saudoso cineasta Eduardo Coutinho.

O premiado filme resgata a história de alguns personagens da greve dos metalúrgicos do ABC Paulista no início dos anos 1980. A produção apresenta o depoimento de diversos anônimos que se mobilizaram em prol da classe operária.

Sexta (5): Expedito – Em Busca de Outros Nortes, com Avelino Ganzer

O sindicalista Avelino Ganzer é o convidado da TV Brasil para a conversa no programa na data em que a emissora exibe o filme Expedito – Em Busca de Outros Nortes (2006), documentário assinado por Aída Marques e Beto Novaes.

A produção aborda a vida de um migrante sem terra, Expedito Ribeiro de Souza. O filme ajuda a compreender o processo de ocupação da Amazônia brasileira na ditadura militar e os problemas de concentração de terra e violência no campo.

O personagem principal é um lavrador mineiro, poeta cordelista que empreende uma série de deslocamentos e passa a viver em Rio Maria, no sul do Pará. Na película, alguns dos poemas de Expedito são declamados pelo cantor Chico Buarque.

Sábado (6): Eles não Usam Black-tie, com Avelino Ganzer

A sessão Passado Presente – Resistência Sindical tem a presença da arquiteta e política Clara Ant. O filme exibido após a entrevista com a convidada é o clássico brasileiro Eles não Usam Black-tie, de Leon Hirszman.

Com grande elenco, o drama é uma adaptação da peça homônima de Gianfrancesco Guarnieri. A película apresenta as disputas ideológicas numa família de operários que lutam por melhores condições de trabalho, em plena ditadura militar.

O longa acompanha os desdobramentos de um movimento grevista em uma empresa. Um operário preocupado com sua namorada grávida decide se casar. Para não perder o emprego, ele resolve furar a greve liderada por seu pai. O fato provoca um conflito familiar que se estende às assembleias e piquetes.

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Especial Passado Presente – Resistência Sindical – segunda a sábado, dias 1º a 6/5, às 22h na TV Brasil

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Thiago Brennand é levado ao Centro de Detenção Provisória de Pinheiros

O empresário Thiago Brennand chegou por volta das 12h deste domingo (30) ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros, em São Paulo, segundo informação da Secretaria Estadual da Administração Penitenciária. Ele estava foragido nos Emirados Árabes Unidos e foi extraditado após tratativas do governo brasileiro.

Herdeiro de uma família rica de Pernambuco, Brennand foi trazido ao Brasil na noite de sábado (29), escoltado por agentes da Polícia Federal (PF). Alvo de cinco mandados de prisão preventiva, ele desembarcou no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo, algemado e passou por uma audiência de custódia antes de ser encaminhado ao CDP.

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Algemado, Thiago Brennand desembarca escoltado pela PF em São Paulo.Secretaria Nacional de Justiça confirma extradição de Thiago Brennand.Segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo, Thiago Brennand é réu em pelo menos oito processos criminais, e teve decretada sua prisão preventiva em cinco deles. Além das agressões e estupros contra mulheres, o empresário ainda é investigado por agredir o filho e por possuir uma coleção de armas ilegais.

Fiança paga

O empresário chegou a ser preso em outubro, em Abu Dhabi, mas acabou solto após pagar fiança. Depois de tratativas do governo brasileiro, os Emirados Árabes Unidos concordaram em extraditar o empresário, após ele ter sido incluído na difusão vermelha da Interpol.

Brennand foi preso novamente em 17 de abril, após serviços de inteligência do país do Oriente Médio identificarem um plano em que ele pretendia fugir para a Rússia. Uma equipe – composta por um delegado e dois agentes da PF – foi aos Emirados Árabes Unidos para trazer o brasileiro. Um escrivão treinado em artes marciais também foi mobilizado, diante do histórico violento do preso.

A defesa de Brennand pleiteia na justiça a revogação da prisão preventiva do empresário, alegando que ele pretende colaborar com as investigações. Além das agressões e estupros, ele deve responder por crimes como cárcere privado e lesão corporal, por ter obrigado uma mulher a tatuar seu nome. Ele alega inocência e se diz perseguido.

Fonte Agência Brasil – Read More

Exposição desconstrói imagens tradicionais da história brasileira

A primeira obra da exposição Aqui é o fim do mundo, no Museu de Arte do Rio, lembra uma pintura clássica do século XIX sobre a fundação da cidade. Mas os personagens que participavam da cerimônia católica foram deletados da cena original, criada por Antonio Firmino Monteiro. No lugar deles, um adesivo do Canarinho Pistola, símbolos de Exu e a constelação do Cruzeiro do Sul formada por meio de tiros de espingarda. A releitura de Jaime Lauriano está entre as mais de 40 obras da mostra que estreou esta semana e celebra os 15 anos de carreira do artista.

Em comum, elas propõem repensar a história oficial do Brasil e evidenciar os processos de violência. Construir narrativas alternativas do passado é uma das marcas do trabalho de Lauriano.

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Guardadas no Rio, obras do Museu de Arte Naïf estão sem destino.Museu Nacional apresenta meteorito Santa Filomena.Maria Marighella planeja diversificar políticas públicas da Funarte .De acordo com o curador da exposição, Marcelo Campos, o artista subverte as imagens oficiais, mancha pinturas e derruba monumentos. Ganham mais visibilidade os grupos sociais subalternizados, principalmente afrodescendentes e povos originários do Brasil. E, assim, as próprias instituições culturais que recebem as obras elaboram uma autocrítica.

Exposição Aqui é o fim do mundo, de Jaime Lauriano, no Museu de Arte do Rio – Foto Tomaz Silva/Agência Brasil

“Os museus e as curadorias estão incluídos nesse processo de culto às imagens coloniais sem o mínimo de reflexão sobre o quê e quem está sendo retratado ali. Nesses 15 anos de trabalho, o Jaime nos ensina a lidar com isso. É muito difícil para uma coleção e para um museu no Brasil trazer na sua sala principal imagens de crueldade. E quando você tem o artista fazendo isso, o museu cumpre a função social de contar histórias e contradições”, explica o curador da exposição.

Além da já citada Invasão da cidade do Rio de Janeiro, outras três obras foram criadas especialmente para a exposição no MAR e dialogam com momentos distintos de opressão social, a colonização, a ditadura militar e ameaças à democracia nos dias atuais.

A primeira é a instalação Afirmação do valor do homem brasileiro, criada a partir de uma frase escrita pelo general Emílio Garrastazu Médici para comemorar o título da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1970. Um painel traz recortes de jornais e de propagandas da época da ditadura. Por cima delas, é colocado um símbolo de Exu, orixá da Umbanda e do Candomblé. A marca é usada de forma recorrente pelo artista em outras obras.

“As imagens constroem narrativas e, por isso, são políticas por excelência. Eu sempre tento ressignificar esses símbolos com materiais de fontes primárias, sem usar reproduções. É o caso do tridente de Exu. É uma entidade que cria o vazio. E sem vazio, não tem como ter espaço. Então, quando eu coloco o tridente de Exu sobre as imagens históricas de violência, não é para fazer um apagamento da história, mas esvaziar essa história violenta e colonial, para que a gente consiga construir outras possibilidades de história”, explica o artista Jaime Lauriano.

Exposição Aqui é o fim do mundo, de Jaime Lauriano, no Museu de Arte do Rio – Foto Tomaz Silva/Agência Brasil

No vídeo Justiça e barbárie #2, Jaime aborda a invasão de Brasília em 8 de janeiro de 2023 por adeptos da extrema-direita. O artista cria uma composição audiovisual com imagens de matérias de jornal e de grupos bolsonaristas do WhatsApp. Elas são mixadas com legendas, que por sua vez trazem textos e comentários retirados de interações desses grupos nas redes sociais. Com isso, evidencia os discursos de ódio e propõe uma reflexão sobre o futuro da democracia no país.

Já a pintura Na Bahia é São Jorge no Rio, São Sebastião parte de uma obra de Heitor dos Prazeres sobre a região da Pequena África, no Rio de Janeiro, e acrescenta um panteão em homenagem a 14 orixás. São representações de um plano transcendental que ajuda a destruir imagens de poder e de dominação que atuam sobre a vida das populações negra e periférica.

Outros trabalhos inéditos para o público são E se o apedrejado fosse você? #3 (2021), um mapa antigo da América desenhado com pemba branca (giz usado em rituais de umbanda) e lápis dermatográfico sobre algodão; e o conjunto das três obras Bandeirantes #1 (2019), Bandeirantes #2 (2019) e Bandeirantes #3 (2022). São miniaturas de 20 centímetros de monumentos dos bandeirantes, fundidas em latão e cartuchos de munições utilizadas pela Polícia Militar e pelas Forças Armadas, sobre base de taipa de pilão.

Exposição Aqui é o fim do mundo, de Jaime Lauriano, no Museu de Arte do Rio – Foto Tomaz Silva/Agência Brasil

Parceria

O Museu de Arte do Rio e Jaime Lauriano tem uma história antiga de parcerias. Entre 2014 e 2022, o artista participou de oito exposições no museu. Uma das obras, de seis anos atrás, permanece até hoje na entrada do MAR. É a instalação A história do negro é uma felicidade guerreira, um calçamento de pedras portuguesas, gravadas com nomes das doze regiões da África de onde saíram as pessoas escravizadas para o Brasil. Por isso, um evento de celebração da trajetória do artista não faria sentido em outro lugar que não fosse o MAR.

“Uma pessoa preta completar 15 anos de carreira no Brasil é uma vitória não só minha, mas da sociedade. Isso, infelizmente, não é uma regra, ainda é uma exceção. Então, é preciso comemorar. Meu trabalho pensa o Brasil através da minha existência enquanto homem negro e periférico. As reflexões partem desse lugar, de como essa vitória é coletiva, e como para mim é muito necessário pensar o Brasil a partir do meu próprio corpo, subjetividade, identidade e fazer com que isso reverbere em outras identidades, em outras subjetividades, em outras particularidades”, disse o artista.

Serviço:

Exposição: Jaime Lauriano – Aqui é o fim do mundo

Onde: Museu de Arte do Rio, segundo andar

Abertura: 28 de abril de 2023

Encerramento: 1 º de outubro de 2023

Curadoria: Marcelo Campos e Amanda Bonan

Localização: Praça Mauá, Centro, Rio de Janeiro-RJ

Bilheteria: funciona de quinta-feira a domingo das 10h30 às 17h, sendo possível permanecer no Pavilhão de Exposições até às 18h

Ingresso: R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia)

Fonte Agência Brasil – Read More

Famílias de vítimas de maior chacina no Rio pedem reparação

Os familiares de 14 vítimas da chacina do Jacarezinho entraram na Justiça em busca de reparação. Ao todo, 60 parentes dos jovens assassinados ingressaram com ações indenizatórias contra o estado do Rio de Janeiro cobrando pensão, dano moral e tratamentos para saúde mental.

O maior massacre já registrado em uma operação policial na história do Rio de Janeiro, onde 28 pessoas foram assassinadas, completa dois anos no próximo dia 6 de maio.   

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Justiça determina reaplicação do Enem para moradores do Jacarezinho.Jacarezinho: pesquisa mostra que moradores relatam agressões policiais.O advogado dos familiares das 14 vítimas, João Tancredo, afirma que os pedidos de indenização se baseiam em incontáveis irregularidades cometidas pela operação que, se ignoradas pelo Judiciário, normalizarão o aumento exponencial da brutalidade contra os moradores de favelas.

“A letalidade policial no Rio já é das mais altas do mundo. A Polícia Civil tem uma média de quase cinco mortos por operação. No Jacarezinho, esse número foi superior em aterrorizantes 460%. O crescimento dessa máquina estatal de matar precisa ser freado, isso nunca reduziu a criminalidade, apenas ampliou o sofrimento do povo preto e pobre”, disse.

Irregularidades

A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF 635) determinou que as operações policiais deveriam ser excepcionais, cuidadosas e imediatamente justificadas. “Tudo descumprido no Jacarezinho. Não foi excepcional, pois o único objetivo era o cumprimento de 21 mandados de prisão; não foi cuidadosa, uma vez que foram 28 mortos em nove horas de operação; e não foi imediatamente justificada, já que o Ministério Público foi comunicado da operação três horas depois de iniciada”, detalhou Tancredo.

Na última segunda-feira (24), o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), esteve reunido, em seu gabinete, em Brasília, com o procurador-geral da República, Augusto Aras, e com a vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, para informar à PGR dos últimos desdobramentos da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, de sua relatoria. 

Ao analisar a ação, o plenário do STF, além de limitar a realização de operações policiais em comunidades do Estado do Rio de Janeiro durante a pandemia da covid-19, determinou que fosse apresentado um plano contendo medidas para a redução da letalidade policial e para o controle de violações de direitos humanos pelas forças de segurança no estado.  

Recentemente, o ministro Fachin recebeu do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) relatório de avaliação do Plano de Redução da Letalidade Policial apresentado pelo Estado do Rio de Janeiro. A ADPF está hoje na Presidência do STF, mais precisamente no Cesal (Centro de Soluções Alternativas de Litígios Estruturais). A finalidade do envio ao Cesal foi esclarecer a demora do Estado do Rio em instalar as câmeras corporais nos seus agentes de segurança e permitir que o estado divulgue um cronograma claro sobre essa providência.

Na reunião, Fachin reiterou que o papel da PGR na fiscalização e no acompanhamento da decisão é fundamental para sua efetividade. Segundo ele, a PGR pode, inclusive, designar membros do Ministério Público Federal para acompanhar os desdobramentos da ação. 

Indenização

As ações indenizatórias para o dano causado pelas execuções variam de R$ 100 mil a R$ 500 mil. Já para os danos causados pela violação dos direitos à investigação adequada e ao tratamento adequado dos corpos, os valores são de R$ 50 mil e R$ 100 mil, respectivamente. Os familiares ainda cobram pensões para os dependentes das vítimas, cujas quantias variam de um salário mínimo até R$ 3 mil, e o pagamento de tratamentos para a saúde mental.

A Agência Brasil pediu posicionamento do governo do Estado do Rio e aguarda retorno. 

Fonte Agência Brasil – Read More

Trabalho rural: mudanças climáticas “expulsam” jovens do campo

Quando o caju começa a brotar na área rural de Camocim (CE), não é apenas o cheiro da fruta que se espalha. Vem junto o gostinho que vai ter colheita e mais recursos para o assentamento “PA Torta”, onde mora a trabalhadora rural Olivia Serafim, de 28 anos.

O caju é o que dá sabor de esperança para as 90 pessoas que moram ali. “O problema é que os mais jovens estão indo embora. A agricultura se tornou uma atividade difícil. Não chove como antes e não rende mais o que é necessário. Por isso, os mais jovens vão construir suas famílias em outros lugares. Ficam só os mais velhos”, lamenta.

Olivia Serafim vive em assentamento na cidade de Camocim (CE). Foto: Joédson Alves/ Agência Brasil

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Estudo aponta desafios do seguro rural em meio a mudanças climáticas .Brasil registrou um conflito no campo a cada quatro horas em 2022.Na última semana, Olívia foi uma das mais de 5 mil trabalhadoras que participaram do 4º Festival da Juventude Rural, em Brasília. No evento, no pavilhão do Parque da Cidade, discutiram demandas, reivindicações e trocas de experiências para pensar alternativas para fixar os mais novos no campo.

Olívia recorda, por exemplo, que os colegas de escola foram partindo para outros lugares. “Ao invés de plantar o arroz, o feijão, o caju, terminam o ensino médio e vão tentar trabalhar no comércio de cidades maiores. Não fui embora porque meu pai me convenceu sobre a luta social”. Hoje, ela tenta influenciar outras pessoas da faixa etária a trabalhar no campo. Dos 24 jovens da sua comunidade, ficaram somente cinco.

Nesse período “invernoso”, Olívia explica que vai crescer o caju rosado. “A festa no assentamento, a colheita e o cultivo nos dão renda para sobreviver. A castanha é muito simbólica, principalmente pra juventude, porque é o que dá o dinheirinho para comprar as nossas coisas”. Mas a produção caiu. A estiagem assusta tanto quanto os temporais. “A gente já entendeu que isso é mudança climática”.

Condições

A agricultora familiar Vânia Marques, secretária de políticas agrícolas da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag), entende que faltam políticas públicas. “A falta de acesso a melhores condições faz com que os jovens saiam do campo. Na nossa avaliação, os jovens devem ser estimulados a permanecer”. 

Um caminho, no entender da secretária da Contag, seria a garantia do acesso à terra, mais créditos para plantar e colher, assistência técnica e extensão rural. “Para poder elaborar esses projetos e desenvolver o trabalho no campo, assistência técnica e tecnologias são fundamentais para acessar os mercados e escoar a produção”. Ela avalia a necessidade que a educação chegue ao campo a fim de que as pessoas não percam o vínculo com a terra e com a própria comunidade. “O estímulo das cooperativas pode ajudar a permanência dos jovens no campo”.

Engajamento

Uma fatia de melancia vermelhinha, sem agrotóxico, tem gosto especial de infância para a trabalhadora rural Roseli Silva, hoje com 25 anos, moradora da cidade de Joca Marques, no sertão piauiense, a 250 km de Teresina.

Brasília (DF) 29/04/2023 – Roseli Silva no 4º Festival Nacional da Juventude Rural. Foto: Joédson Alves/ Agência Brasil

Na vida adulta, porém, tudo ficou mais complicado. A melancia sumiu da cidade. A família dela, que sobrevive da produção do arroz e do milho, tem visto o cultivo com menos vigor. Tudo em volta está diferente. E isso a estimulou a virar secretária da Juventude no sindicato rural da cidade.

Na caatinga, o cenário seco acompanha os olhos de Roseli que, ao mesmo tempo que luta pela agricultura, faz um curso semipresencial de técnico de enfermagem em Luzilândia para ter outras opções de serviços. 

Para participar do evento em Brasília, viajou quase dois dias, e veio dormir em colchões no pavilhão. Não se incomoda. “É importante para a gente estar aqui e trocar experiências”. Nas cercanias do grupo de visitantes do Piauí, estavam os maranhenses. 

Brasília (DF) 29/04/2023 – Elias Novaes (e) e Daniel Silva Sousa (d) trabalham com gado no Maranhão. Foto: Joédson Alves/ Agência Brasil

Entre eles, os colegas Daniel Silva, de 19 anos, e Elias Novaes, de 20, são de Feira Nova do Maranhão, a 800 km de São Luís. Eles são criadores de gado e também acostumados a trabalhar do nascer do sol ao poente. “A falta de chuvas deixou tudo mudado. Ração para os animais, vacinas, o arame… tudo fica caro no campo”, diz Elias. 

Para tentar não sair do trabalho rural, a dupla de amigos resolveu apostar no ensino superior em cursos semipresenciais na cidade de Balsas, a 120 km dos sítios em que trabalham. Elias foi fazer curso de enfermagem. Daniel, de agronomia. “Muitos de nossos amigos foram embora sem perspectivas”.

Do outro lado do pavilhão, Naiara Lima, de 26 anos, veio de Dormentes, no sertão pernambucano. Ela e o marido trabalham com caprinos. Naiara diz que, apesar das estiagens prolongadas e dos temporais extremos dos últimos anos, nada faz que eles saiam do campo. 

A pernambucana Naiara Barbosa diz que não pretende sair do campo. Foto: Joédson Alves/ Agência Brasil

“A colheita para dar de comer ao animal está em baixa, mas a gente resiste”. A resistência tem a ver com a vida que o casal quer para os filhos. “Tranquilidade total no nosso lugar. As crianças vivem soltas por lá, brincando com os bichos, subindo nas porteiras. Cabe a gente a lutar para que tudo fique melhor”, diz. 

Há soluções?

A luta passa pela necessidade de convivência com os efeitos das mudanças climáticas, conforme avalia a pesquisadora e climatóloga Francis Lacerda. Ela explica que o ciclo hidrológico está alterado devido ao aquecimento global. “Os trabalhadores rurais constatam, de forma nítida, a mudança das estações. A chuva se apresenta diferente do que era antes. Eu também sou filha e neta de agricultores nordestinos, e temos visto essas mudanças diante de nós”.

Professora da área de agroecologia, Francis Lacerda avalia que os efeitos das mudanças climáticas são estudados desde o final do século passado. “No final da década de 1990, a gente começou a observar essas alterações no ciclo hidrológico na forma como as precipitações iam ocorrendo principalmente no semiárido”.

O semiárido nordestino é uma das regiões mais vulneráveis a essas alterações, tanto do ponto de vista do clima como socialmente, destaca a pesquisadora. Ela acrescenta que, apesar dos agricultores constatarem essas mudanças como “seca”, ocorre que as chuvas continuam acontecendo, mas em períodos menores. 

Com a devastação das matas originárias, o solo aproveita pouco das chuvas fortes em tempos reduzidos, nesse clássico cenário de eventos extremos, com revezamentos de secas e temporais. “O jovem não quer mais ficar no campo porque hoje, além de inúmeras questões de políticas públicas, há particularmente a mudança das estações chuvosas”

Um alerta é que o êxodo rural pode acabar com cidades pequenas. “Se nada for feito, até o ano de 2050, a gente vai ter 80% da população em áreas urbanas, o que vai criar um problema complexo nesse futuro próximo”, diz a professora. Ela recorda que fez um trabalho há dois anos na cidade de Ibimirim (PE) de convivência com a seca com aulas de tecnologia social e importância da biodiversidade.

Ela pôde constatar que ensinamentos de agroecologia e valorização dos produtos originais de uma região ajudam a reflexão dos mais jovens sobre o trabalho no campo. “A gente pediu para que eles olhassem ao redor e procurassem o umbu, que era vasto na região. E encontraram uma árvore velha. Isso mexeu com eles”. 

Ela defende que os municípios e Estados, pela própria sobrevivência, devam rever políticas de promoção de desmatamento. Os jovens que plantavam caju, melancia, umbu passam a ser cooptados pela indústria da madeira ou por trabalhos precários em áreas urbanas. “É possível ter um cenário de convivência com as limitações, mas também um futuro distópico. É isso o que precisamos decidir”, alerta a professora.

Fonte Agência Brasil – Read More

Ministérios pedem apuração de crimes em retirada de mulher de voo

Os ministérios da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos e da Cidadania enviaram solicitações ao Ministério Público Federal e para a Polícia Federal no sentido de que sejam apurados os crimes que podem ter sido cometidos na retirada de uma passageira de um voo na madrugada de sábado (29), em Salvador (BA). Em vídeos divulgados nas redes sociais, policiais federais retiram a pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Samantha Vitena, uma mulher negra, de um avião da Gol durante uma discussão a respeito do despacho de uma mala.

Racismo

Os ministérios afirmam que receberam com “indignação” as notícias da situação ocorrida no voo que tinha como destino o Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. “Notificamos a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para adoção de todas as medidas cabíveis no sentido de prevenir, coibir e colaborar com a apuração de casos de racismo praticados por agentes de empresas aéreas, aprimorando seus mecanismos de fiscalização”, diz publicação das pastas divulgada no Twitter.

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Gol é acusada de racismo após passageira ser expulsa de voo.No vídeo, um dos policiais argumenta que a decisão foi tomada por determinação do comandante da aeronave. Também é possível ver o apoio que Samantha teve de outros passageiros. Em sua página no Instagram, a jornalista Elaine Hazin, que estava no mesmo avião que levava Samantha, classifica o episódio como “um caso extremamente violento de racismo”. Segundo ela, os passageiros embarcaram no voo 1575 da Gol Linhas Aéreas com uma hora de atraso e a mulher não conseguia lugar para guardar a mochila, que continha um laptop.

“Conseguimos um lugar para a mochila de Samantha e, nem mesmo assim, o voo decolaria. Mais uma hora de atraso, nenhuma satisfação da companhia área, gente passando mal no avião e eis que três homens da Polícia Federal entram de forma extremamente truculenta no avião para levar a ‘ameaça’ do voo – a Samantha. Ela se defende, mas não reage. Alguns pedem para ela não ir (na maioria mulheres),” disse Elaine.

“Esta história não termina aqui, queremos justiça e respeito para todos, queremos que a Gol, este comandante e a tripulação paguem por este crime e os policiais também respondam por tamanha violência”, concluiu a jornalista no post.

Nota da Gol

Em nota, a Gol Linhas Aéreas informou que, durante o embarque do voo 1575 com destino ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo, havia muitas bagagens a serem acomodadas a bordo. “Muito clientes colaboraram despachando volumes gratuitamente. Mesmo com todas as alternativas apresentadas pela tripulação, uma cliente não aceitou a colocação da sua bagagem nos locais corretos e seguros destinados às malas e, por medida de segurança operacional, não pôde seguir no voo”, argumentou a empresa.  

“Lamentamos os transtornos causados aos clientes, mas reforçamos que, por medidas de segurança, nosso valor número 1, as acomodações das bagagens devem seguir as regras e procedimentos estabelecidos, sem exceções. A companhia ressalta ainda que busca continuamente formas de evitar o ocorrido e oferecer a melhor experiência a quem escolhe voar com a Gol e segue apurando cuidadosamente os detalhes do caso.”

Polícia Federal

A superintendência da Polícia Federal na Bahia informou que instaurou, neste domingo (30), inquérito policial para apurar crimes de preconceito racial na retirada “compulsória” da passageira do voo Gol 1575. Segundo a corporação, a investigação permanece em sigilo até a conclusão.

A reportagem da Agência Brasil entrou em contato como o Ministério Público Federal, na Bahia, e com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), e aguarda resposta sobre o posicionamento a respeito do caso.

Fonte Agência Brasil – Read More