Contribuição sindical facultativa e possível pluralidade sindical na Reforma Trabalhista

Quando anunciado Projeto de Lei da Reforma Trabalhista houve manifestação de todos os lados, ora de apoio, ora de rejeição total. Depois de sancionada a , ainda se ouvia o clamor dos indignados, mas a lei está posta e com alterações profundas no modelo trabalhista de relação de emprego, relações coletivas de trabalho e processo trabalhista transformando o eixo do Direito do Trabalho de estrutura exclusivamente protecionista para maior concentração na responsabilidade contratual e no princípio da boa-fé.

Na relação de direito sindical, o artigo 545 da CLT, em sua nova redação trouxe a extinção da contribuição sindical compulsória, fonte de sustentação econômica da estrutura sindical, patronal e profissional (“Os empregadores ficam obrigados a descontar da folha de pagamento dos seus empregados, desde que por eles devidamente autorizados, as contribuições devidas ao sindicato, quando por este notificados” g.n.). Os artigos 578, 579 e 582 da CLT anunciam a partir de novembro, quando vigente a lei, o caráter facultativo das contribuições sindicais patronal e profissional.

A contribuição sindical sempre foi o elemento essencial de identificação da representação sindical e ter a chamada “carta sindical” outorgada pelo Ministro do Trabalho era, antes de tudo, aquisição de garantias econômicas em função da categoria representada. Agora, desde 1988, nada disso prevalece e a revogação do controle do Estado em questões sindicais foi fundamental. As disputas ocorridas entre diferentes agrupamentos sempre demonstram que a capacidade jurídica de estar em juízo ou de celebrar convenções e acordos coletivos esteve vinculada à contribuição sindical: o importante não era a legitimidade mas o caráter oficial da representação acumulado com o direito à cobrança da contribuição sindical. Novos tempos virão e a reconstrução jurídica é desafiadora para todos.

O efeito mais próximo e previsível da ausência de obrigatoriedade é de que a contribuição sindical perderia o vínculo jurídico que legitima a organização sindical em sua personalidade sindical que passaria a fundamentar-se na capacidade de adesão do grupo de interessados. Assim sendo, poderia fragilizar o interesse do controle administrativo da unicidade sindical pelo Ministério do Trabalho. Em palavras outras, o exercício do direito à liberdade sindical na formação de associação profissional ou sindical (art. 8º da CF) adquiriria força natural e espontânea e a entidade estaria legitimada pelo número de associados e não mais por efeito de ato administrativo do poder executivo. O poder de negociar não passaria pela condição de que a entidade sindical que tem capacidade negocial é aquela para quem o Ministério do Trabalho reconhece o direito de cobrança de custeio forçado.

O Judiciário Trabalhista também deixaria de decidir sobre representatividade e enquadramento sindical porque, neste cenário, não haverá mais interesse de agir em ações dessa natureza e, portanto, a adesão espontânea e livre dos interessados é que passaria a definir a capacidade negocial. Dirão alguns que estamos agredindo a garantia da unicidade sindical da Constituição Federal. Entretanto, o que está em conta não é o aspecto formal de representação, mas a efetividade de grupos reconhecidos de forma legítima. Ademais, a participação obrigatória de sindicatos em negociação coletiva parece não impor o modelo de sindicato, bastando sua capacidade negocial vinculada diretamente aos interessados aderentes.

De outro lado, é inegável que o caráter facultativo da contribuição sindical produz rompimento enorme com o modelo anterior em que os sindicatos possuíam a receita certa. A aplicação da nova lei trouxe preocupação aos sindicatos que devem enfrentar dificuldades naturais para sustentação de sua estrutura de assistência aos associados (e não a todos que contribuíam para o sindicato) e manter sua condição sindical.

Necessariamente, os sindicatos atuais serão compelidos ao movimento de aproximação com a categoria por meio da valorização da representação e da representatividade, saindo do imobilismo beneficiado pelo modelo intervencionista e protetor do Estado. Entretanto, a contribuição sindical facultativa pode levar à criação de novos sindicatos inclusive com outras formas e campo de atuação e não exclusivamente em categoria como praticado atualmente.

*Paulo Sergio João é advogado e professor de Direito Trabalhista da PUC-SP, FGV e FACAMP.

O que te move todos os dias?

Todos precisamos de motivação para fazer algo. Se estou desmotivado somente cumpro as obrigações e suporto o peso das atividades. Não faço por gosto, não serei criativo naquilo que faço, facilmente irei cansar e desmotivar outras pessoas que me observam naquela atividade. Há muitas pessoas que simplesmente cumprem tarefas. Não assumem o que fazem com amor e nem colocam paixão.

Ora, trabalhar e não colocar paixão será um problema para a empresa e a longo prazo para mim mesmo. Logo aparecerá outro que desempenha com gosto e vontade aquela tarefa. Provavelmente, na primeira oportunidade serei substituído. Pessoas assim trazem prejuízos à si mesmas, aos outros e à sociedade. Quando não dou o melhor de mim, alguém deixa de ganhar, de crescer, de ser melhor. Não estou me referindo a pessoas limitadas, que não atingem grandes resultados, mas dão o máximo de si.

Não é o empregado de dois talentos, que faz pouco, mas mesmo assim multiplica os talentos. Falamos do empregado que ganhou dez, cinco, dois ou um talento mas os escondeu por medo. Não rende, não se desafia, não busca crescer. Estabilizou no básico. Considera que já faz a sua obrigação e até diz: “só ganho pra isso”. Poderíamos perguntar: será que um salário mais alto compraria o “espírito” desse sujeito, motivando-o a dar o máximo de si? Seria dinheiro o que está faltando? O que se percebe é que normalmente não é assim.

Uma pessoa motivada, criativa, com visão, interessada e aplicada numa tarefa ou numa causa tem motivações mais profundas. Se a motivação vier apenas do dinheiro, será preciso aumentar sempre mais e a cada pouco. A motivação que faz a pessoa ser inovadora, criativa e trabalhar com paixão é algo não quantificável e nem de fácil descrição. Não é fácil descrever a fonte interior que nos move.

Depende da história, da formação, das experiências que fez, do ambiente que vive, dos sonhos que alimenta e muito mais. Não há uma única fonte de motivação que nos move. Somos o resultado de muitos processos e de várias experiências e pessoas que nos formaram. Os detalhes também são importantes nesse processo. Tanto, que muitas vezes temos dificuldades para descrever porque alguém é tão criativo e disposto e outro é tão acomodado e não rende. Poderemos dizer que é do seu ambiente e de sua formação, mas nem sempre essa explicação é suficiente.
O importante diante disso é cada um perceber em que nível de paixão e empenho está naquilo que faz. Claro que aqui o campo de verificação pode se alargar em todas as dimensões da vida. Isso porque aquilo que somos no trabalho poderemos ser na família, na comunidade, no clube, na igreja, com amigos, com os filhos, com a esposa ou esposo, no cuidado conosco mesmos e assim por diante.

Não é fácil equilibrar todas as dimensões da vida. Isso também é uma arte. Porém, o que se percebe é que a pessoa que faz seus talentos produzirem frutos, consegue nas várias dimensões. Quem tem força interior, paixão pela vida, empenho no viver, consegue fazer a diferença e deixar muito mais marcas mais positivas que a pessoa que só faz o básico.

Afinal, o que me move? Vivo a vida com paixão? Responder essas perguntas a mim mesmo é uma tarefa. Elas me fazem andar e buscar os fundamentos que me sustam e me fazem viver disposto e decidido. Tenho a impressão de que a pessoa que escondeu os talentos tenha dificuldade de responder essas perguntas ou talvez, novamente, não se interesse.

 

Padre Ezequiel Dal Pozzo

www.padreezequiel.com.br

Número de dívidas dos consumidores da capital mineira reduz 5,32% após três anos de crescimento

Inadimplência também caiu em setembro
 A queda na taxa de desemprego de um trimestre para o outro (2º tri./17 em 13,2%/1º tri./17 em 14,5% – segundo o IBGE), a redução da inflação (IPCA acumulado dos últimos 12 meses até setembro de 2017 em 2,54% – conforme dados do IBGE) e da taxa de juros (Set.16 em 14,25%/Set.17 em 8,25% – fonte: Banco Central) contribuíram para que o número de dívidas dos consumidores de Belo Horizonte caísse -5,32% em setembro deste ano, na comparação com o mesmo mês do ano anterior (Set.17/Set.16). Esse é o resultado apresentado pelo Indicador de Inadimplência do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH). Desde 2014, o indicador vinha apresentando crescimento na variação anual.

No recorte mensal da pesquisa (Set.17/Ago.17), a retração na quantidade de dívidas em atraso foi de -1,09%. “A melhora dos indicadores econômicos possibilitou que parte da população regularizasse suas contas e quitasse dívidas atrasadas”, avalia a economista da CDL/BH, Ana Paula Bastos. “Além disso, as pessoas estão adiando sua decisão de compra por receio de contrair novos débitos”, acrescenta.

Entre os consumidores, que ainda estão com débitos em atraso, os com idade acima dos 50 anos somam (12,52%). De acordo com a pesquisa Perfil do Inadimplente, realizada pela CDL/BH em janeiro de 2017, a dívida média dos idosos é em torno de R$ 2.156,00. “Na maioria dos casos, essas pessoas sofreram redução na renda devido à aposentadoria, e em contrapartida, suas despesas ficaram mais altas. Um exemplo desse aumento são os gastos com saúde e medicamentos”, explica a economista da CDL/BH. Os jovens, entre 18 e 24 anos, são os que possuem o menor número de débitos (-26,81%).

Na estratificação da pesquisa por gênero do devedor, houve redução no número de dívidas em ambos os sexos no mês de setembro. Entre as mulheres o percentual ficou em -5,65%, e o dos homens em -5,54%, o que representa uma pequena variação entre os gêneros. O número médio de dívidas em setembro deste ano foi de 2,14 dívidas por pessoa, já no mesmo mês de 2016 era de 2,21 dívidas.


Inadimplência também recua entre os consumidores de Belo Horizonte

O número de belo-horizontinos com o nome inscrito nos cadastros de devedores caiu -2,04% em setembro em relação ao mesmo mês de 2016 (Set.17/Set.16). Na comparação com agosto deste ano (Set.17/Ago.17), houve redução de 0,8% na inadimplência. Segundo a economista da CDL/BH, esta queda está atrelada a entrada de capital extra na economia no mês de agosto via antecipação do 13º salário para os aposentados do INSS, além da redução dos juros, da inflação e da taxa de desemprego.

Na abertura por faixa etária, a inadimplência entre os jovens ( 18 a 24 anos) apresentou a maior queda (-25,20%) em setembro, comparado ao mesmo mês do ano anterior (Set.17/Set.16). Já a maior concentração está entre as pessoas com idade acima de 50 anos (+13,89%). “A retração entre os mais jovens se deve ao fato desse público estar demorando mais a entrar no mercado de trabalho e, por isso, sem renda, não apresenta consumo e endividamento alto”, afirma Ana Paula.

No aspecto gênero do devedor, a queda da inadimplência foi maior entre os homens (-2,68%), enquanto a redução do endividamento do público feminino foi de -2%. “O decréscimo da inadimplência permanece menor entre as mulheres devido à taxa de desemprego ainda ser maior para elas (14,6% entre as mulheres no 2º tri.17 e 11,8% entre os homens no 2º tri.17 – segundo o IBGE)”, conclui a economista.

Baixe os gráficos e comparativos da pesquisa em: https://goo.gl/h5X9GL

Vendas no comércio de Ribeirão Preto têm queda de -0,63% em setembro

Empregos cresceram 0,38%; cartão de crédito continua sendo a modalidade de pagamento mais utilizada
As vendas do comércio de Ribeirão Preto apresentaram em setembro de 2017 queda de -0,63%, comparadas com o mesmo mês em 2016, quando a variação foi de -1,60%. É o que aponta a Pesquisa Movimento do Comércio, realizada pelo Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto e Região (SINCOVARP). Entre as empresas entrevistadas, 45,8% consideraram que venderam mais em setembro de 2016, enquanto 43,8% declararam o contrário e, para 10,4%, as vendas foram equivalentes nos dois períodos.

Setorial
Entre os setores pesquisados, quatro apontaram quedas e, cinco, elevações. O pior resultado foi Cine/Foto (–8,85%), seguido por Presentes (–6,20%), Livraria/Papelaria (–5,17%)e Ótica (–1,74%). Do lado positivo, Vestuário (5,88%), setor que mais tem se recuperado após a crise, Calçados (3,65%), Eletrodomésticos e Móveis, ambos com 2,52% e Tecidos/Enxoval (1,75%).
“Embora o maioria dos segmentos tenha mostrado aumento nas vendas, a média ficou negativa devido à intensidade das quedas apresentadas pelos setores com reduções”, explica Marcelo Bosi Rodrigues, economista do SINCOVARP, responsável pelo estudo.

Emprego
Com relação ao emprego, setembro de 2017 contou com um aumento médio do número de postos de trabalho de 0,38%. Entre as empresas pesquisadas 93,7% mantiveram seus funcionários, enquanto 4,2% contrataram e 2,1% demitiram. Nos setores, Ótica aumentou o número de colaboradores em 5,56%. Já Vestuário reduziu –2,50%.
“Mesmo com variação pequena, o resultado aponta disposição das empresas em aumentar a equipe para o final do ano, uma vez que os quadros do comércio estão bastante enxutos”, avalia Rodrigues.

Modalidade de pagamento
No que se refere à forma de pagamentos das vendas no varejo, o cartão de crédito é responsável por 53,05%. Compras à vista representam 32,46% do total de transações e a prazo (cheques pré-datados ou carnês), responde por 14,49%.
Segundo Rodrigues, é possível observar que este perfil tem se mantido relativamente estável desde 2013. Com predominância dos pagamentos com cartão de crédito, seguido pela opção à vista.

Análise
O cenário geral da economia não tem exibido grandes alterações. “Após um período de crise mais aguda, os agentes econômicos viram que o mundo não iria acabar, mas que os efeitos nocivos da política de gastos públicos excessivos e a falta de empenho em realizar as reformas necessárias dos governos passados também não se dissipariam como numa mágica. Sendo assim, só resta as famílias e as empresas retomarem suas atividades de consumo e de produção com a máxima prudência e austeridade possível. Essa lógica vem dando o tom da retomada da atividade econômica que passamos a viver, não devemos esperar grandes saltos de crescimento, mas gradativamente a economia deve retornar aos trilhos e crescer lentamente”, finaliza Rodrigues.