Rio de Janeiro (RJ), junho de 2015 – Segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem, hoje, 20,6 milhões de idosos. A expectativa é que, até o ano de 2060, o país venha a ter cerca de 58,4 milhões de pessoas na terceira idade. Esse número se deve não só a um aumento da expectativa de vida dos brasileiros, mas também à melhoria na qualidade das políticas públicas para essa importante camada da população. Por outro lado, um problema cada vez mais presente com o avançar da idade é a depressão, que é a quarta maior causa de afastamento de trabalho nessa fase da vida, de acordo com o Ministério da Saúde. Thiago Bicalho, geriatra do Hospital Pasteur e especialista em cuidados com a saúde do idoso, explica que é importante estar atento a ela.
Com a chegada de alguns problemas crônicos, a perda de pessoas próximas e a frustração por não poder mais realizar determinadas atividades, a depressão poderá se apresentar de forma ainda mais acentuada nos idosos e, se não for tratada, ocasionar diversos problemas. “Estudos recentes indicam forte associação dos sintomas depressivos à limitação funcional em pessoas que estão na terceira idade. Essa faixa etária, no Brasil, é a que concentra o maior número de casos relacionados a comportamentos extremos resultantes da depressão”, alerta o médico.
Outra consequência negativa do problema é o uso exagerado de medicamentos antidepressivos em uma idade que já exige a necessidade de utilização de outros remédios, o que pode representar risco à saúde. “Nos anos de 2013 e 2014, os remédios controlados – popularmente conhecidos como ´tarja preta’ –, estiveram entre os dez mais vendidos nas farmácias brasileiras. Sendo que nem sempre são a melhor indicação para o problema, principalmente em pacientes com mais idade” diz Bicalho.
O médico explica ainda que o tratamento da depressão é essencialmente medicamentoso e que existem mais de 30 antidepressivos disponíveis. “Ao contrário do que alguns temem, essas medicações, quando ministradas de modo adequado, não são como drogas que deixam as pessoas exaltadas. A terapia não incapacita o paciente”, informa.
De acordo com o especialista, alguns pacientes precisam de tratamento de manutenção ou preventivo. No caso dos idosos, em especial, a observação dos familiares é fundamental e, a qualquer sinal de mudança no comportamento dos mais velhos, como vontade de isolar-se, irritabilidade, ansiedade, baixa autoestima, desânimo, cansaço fácil, medos inesperados, desespero e falta de esperança, é importante procurar cuidados especializados imediatamente.
“Depressão é uma doença séria e deve ser tratada por uma equipe médica. No caso dos idosos, é rigorosamente necessário avaliar o estado clínico geral do paciente antes de iniciar uma conduta para o tratamento de modo isolado. A boa notícia é que o tratamento, se seguido à risca, traz ótimos resultados”, finaliza Bicalho.