Maioria dos crimes contra esse público envolve filhos, netos e sobrinhos e pode ser financeira, psicológica e física
A violência contra o idoso pode ser caracterizada por diversas formas, entre elas abuso financeiro, negligência e agressões física e psicológica. O Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa, lembrado em 15 de junho, faz parte das ações do Junho Violeta e visa conscientizar a sociedade sobre a importância dos cuidados com esse público.
Conforme a supervisora multiprofissional Solange Aparecida dos Santos Pinto, que atua no Programa Acompanhante de Idosos (PAI) da UBS Jardim Maracá, gerenciada pelo Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” (CEJAM) em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, os atos de violência não têm uma idade específica para acontecer, já que estão relacionados às fragilidades e dependências do idoso nas atividades do dia a dia.
Entenda os tipos de violência e o que pode ser feito em cada caso:
Negligência
Considerada a violação com maiores casos de denúncias no Disque 100 — serviço do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos (MMFDH), a negligência é maior para o Grupo Pessoa Idosa.
Dados do ministério indicam que, durante a pandemia, o número de denúncias de violência e maus-tratos contra esse público cresceu 59% no Brasil.
Violência psicológica
Outro tipo de abuso frequente é a violência psicológica, uma forma de agressão caracterizada por situações de constrangimento, ameaça, humilhação, manipulação, chantagem, isolamento, ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou qualquer outra situação que cause prejuízo à saúde psicológica e autodeterminação do idoso.
Violência financeira
As práticas que visam a apropriação ilícita do patrimônio de uma pessoa idosa são consideradas violência financeira.
Conforme Solange, esse tipo de agressão pode ser realizado por pessoas de confiança do idoso, profissionais e instituições.
Consideram-se práticas de violência financeira forçar a pessoa a assinar um documento, sem explicar a finalidade; negociar um contrato ou alterar o seu testamento; forçar o idoso a fazer uma doação; induzir a pessoa a fazer uma procuração ou ultrapassar os poderes de mandato, dentre outras.
A especialista também alerta para os casos de violência física, que, apesar de serem menos frequentes, também costumam ser motivadores de queixas.
“É importante que todas as pessoas estejam esclarecidas sobre os tipos de violência, para que não normalizem tais atitudes. Além disso, os idosos devem ter plena consciência sobre os seus direitos”, reitera.
Programa Acompanhante de Idosos
Criado com objetivo de atender a idosos em situação de vulnerabilidade social e fragilidade das doenças, o PAI oferece atendimentos nas UBS Jardim Maracá e UBS Vera Cruz, ambas gerenciadas pelo CEJAM, e no domicílio dos pacientes, de acordo com o Plano Terapêutico Singular. Os participantes também são inseridos em grupos de interação social.
“Os idosos acompanhados pelo programa têm melhor adesão aos tratamentos propostos e encaminhamentos solicitados, reduzindo o absenteísmo nos exames e nas consultas marcadas.”
Solange alerta que a maioria dos crimes de abuso contra essa população envolve os parentes mais próximos, como filhos, netos e sobrinhos.
“Normalmente, eles apresentam sinais como tristeza no olhar, choro, desnutrição e, em casos mais extremos, descompensação dos sinais vitais. Ao perceber alguma destas situações, é importante buscar ajuda e, em casos de maus-tratos, denunciar ao Disque 100. A ligação é feita de forma gratuita e anônima”, finaliza.