O setor de mobilidade urbana ainda precisa cumprir algumas tarefas para ser um exemplo de eficiência no Brasil. Não é de ontem, semana passada ou de dez anos atrás. Há muito tempo o brasileiro enfrenta precariedade nos veículos, superlotação, falta de segurança e uma gestão de tráfego pouco inteligente. Além de todas essas insatisfações, ainda há o fator ambiental. A tendência ainda é tímida no Brasil, mas os carros movidos a eletricidade ganharão capilaridade nos próximos anos, principalmente por serem menos poluentes do que a queima de combustíveis fósseis.
Alguns países já implementaram os veículos elétricos como alternativa econômica, sustentável, moderna e segura. China, Estados Unidos, determinados países da Europa e da América do Sul são referência em eletromobilidade. A China, principal mercado automotivo do mundo, produzirá mais de 8 milhões de carros elétricos até 2028, em comparação com 1 milhão no ano passado, segundo a LMC Automotive, uma empresa global de dados.
Por aqui, seria injusto dizer que não há nenhuma movimentação. Desde 1981, começou a circular a primeira série de carros elétricos no Brasil. De acordo com dados da Associação Brasileira de Veículos Elétrico (ABVE), o país tem uma frota eletrificada de 77.259 automóveis e comerciais leves em circulação. Ano passado, o Brasil apresentou o melhor resultado, com o recorde de 34.990 unidades vendidas. Os números mostram um crescimento no mercado e uma nova postura do consumidor que, se preocupa cada dia mais com sustentabilidade. Atualmente, a cidade de São Paulo, conta com 18 ônibus movidos a bateria circulando pelas ruas, que funcionam com energia limpa sem agredir o meio ambiente, segundo a Sptrans, empresa de planejamento e gerenciamento do transporte coletivo.
Com o avanço da agenda ESG, é bem provável que grandes corporações optem por veículos elétricos, o que pode dar ainda mais uma aquecida no mercado. O iFood, por exemplo, fechou incialmente o projeto piloto com a compra de 30 unidades das motos elétricas da Voltz Motors. Diante deste cenário, arrisco dizer que não está muito longe os setores de transporte e mobilidade urbana já estarem flertando com políticas de sustentabilidade — um dos três pilares do ESG. Assim, mesmo parecendo que “os ônibus elétricos foram esquecidos”, é possível dizer que em breve começaremos a vê-los com mais frequência.
*Rodrigo von Uslar Petroni é CEO e cofundador da UPM2, startup paulista que desenvolve soluções para mobilidade urbana.