Saiba por que Mindfulness é uma ferramenta eficaz para prevenção e tratamento da síndrome do esgotamento profissional
Burnout não é uma doença, mas uma síndrome definida como resultante do estresse crônico no local de trabalho que não foi gerenciado com sucesso. É caracterizada por três dimensões:
• sentimentos de exaustão ou esgotamento de energia;
• aumento do distanciamento mental do próprio trabalho, ou sentimentos de negativismo, ou cinismo relacionados ao próprio trabalho; e
• redução da eficácia profissional.
A partir de 2022, a OMS (Organização Mundial da Saúde) passou a categorizar a síndrome do esgotamento profissional, conhecida como Burnout, como fenômeno ocupacional. Agora, a síndrome é oficialmente classificada como uma condição de saúde que o trabalhador adquire em razão da sua atividade profissional e passa a receber o CID 11.
Mais do que uma classificação em si, a notícia traz um alerta para as empresas redobrem os cuidados com as condições de saúde mental dos seus colaboradores.
Em 2020, números da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho apontaram para um recorde na concessão de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez por transtornos mentais e comportamentais.
A pandemia evidenciou um mal contemporâneo bem conhecido: A sobrecarga de trabalhadores que não se sentem compensados pelo esforço empregado. Cansados e insatisfeitos, ainda lidam com a chamada “síndrome do impostor”, um falso sentimento de inutilidade, de que não importa quanto se esforcem, serão sempre insuficientemente produtivos.
O papel das corporações, nesse processo, será cuidar para que seus recursos humanos não sejam sobrecarregados com excesso de horas extras e as lideranças saibam os limites de exigência e cobranças para suas equipes.
Além disso, oferecer instrumentos para que os colaboradores e líderes possam enfrentar melhor os desafios do trabalho é uma excelente opção para manter o equilíbrio emocional das equipes.
É nesse contexto que entram os treinamentos regulares de Mindfulness e o aprofundamento nas técnicas laicas de Compaixão, como ferramentas extremamente eficazes para manter a saúde mental e emocional nas corporações, evitando a síndrome do esgotamento profissional.
É possível, por exemplo, preparar equipes para reuniões importantes através de alguns exercícios formais de Mindfulness, que focam a atenção do trabalhador ao seu estado físico e emocional, além da sua respiração no momento presente. Outras técnicas, chamadas informais, podem ajudar os colaboradores a manterem o equilíbrio e a serenidade para lidar com pessoas ou situações desafiadoras e para saberem ouvir com atenção plena e se expressarem de maneira mais eficaz.
É sempre importante ressaltar que como qualquer treinamento, Mindfulness também exige frequência e dedicação para apresentar os resultados cientificamente comprovados, como, por exemplo, redução de estresse e dos sintomas de ansiedade e depressão, mais disposição e foco para executar as tarefas do dia a dia e significativa melhora na saúde e qualidade de vida.
O mais recomendado é que os colaboradores passem por treinamentos de 8 semanas em Centros de referência, com intuito de aprender e incorporar as técnicas e depois permaneçam exercitando-as diariamente.
*Dr. Marcelo Demarzo, médico formado pela USP e Pós-doutorado em Mindfulness pela Universidad de Zaragoza. Fundador do Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde – Mente Aberta e Professor da Escola Paulista de Medicina / UNIFESP.