A nova geração de internet móvel, que já funciona na Alemanha, China, Estados Unidos e Japão, chegou com a promessa de oferecer conexão com mais velocidade e estabilidade, avanços tecnológicos e a possibilidade de ligar diversos aparelhos simultaneamente a uma única rede. No Brasil, o 5G encontra um cenário complexo, em que apenas uma parcela mínima da população tem acesso à dispositivos habilitados à tecnologia. Contudo, apesar de ainda existir um longo caminho a ser traçado, ele certamente trará impactos significativos para a sociedade e, em particular, para um setor que tem despontado no digital: a saúde.
A medicina será uma das principais beneficiadas. Com o auxílio do 5G, médicos e pacientes poderão trocar informações em tempo real e de maneira mais fidedigna, por conta de velocidade de transmissão de dados e estabilidade da conexão. Também será possível avaliar pacientes em uma emergência antes que eles cheguem ao hospital, como por exemplo um AVC agudo, em que o indivíduo necessita de atendimento especializado em até 15 minutos. Outro caso é a telecirurgia, que poderá ser executada em pacientes a quilômetros de distância do hospital e com movimentos simultâneos aos realizados pelo cirurgião conectado. Afinal, para uma chamada de vídeo entre amigos, 100 milissegundos de atraso podem não fazer diferença, já para uma cirurgia, podem significar uma vida.
Quando nos referimos à telemedicina, a maior velocidade e estabilidade de conexão proporcionam chamadas muito mais estáveis e com maior cobertura, aumentando a qualidade do som e da imagem e facilitando o acompanhamento por parte do médico. O 5G trará uma melhora na experiencia do usuário, impulsionando a confiabilidade nas consultas médias por vídeo, e no monitoramento de pacientes crônicos, como cardíacos e diabéticos, que necessitam controle frequente de seus estados de saúde. Ou seja, essa nova geração de internet móvel chega para transformar a distância em proximidade.
Mas será que podemos dizer que o 5G chegará com mais facilidade e qualidade para lugares remotos no Brasil, facilitando a democratização da saúde por meio da telemedicina? Na teoria sim, mas na prática isso vai depender das operadoras telefônicas subirem antenas em regiões mais afastadas e, também, de uma melhora no cenário socioeconômico da população, para que as pessoas tenham acesso à dispositivos que se conectem à tecnologia.
A única dúvida que nos resta é saber em quanto tempo o Brasil vai conseguir atingir o máximo de benefícios do 5G. Porém, essa é uma questão complexa, que envolve economia e política. Não somos um país que produz dispositivos eletrônicos e antenas e, por isso, precisamos importar, o que nos deixa à mercê do câmbio entre países. Se tivermos uma economia mais estável e conseguirmos importar em massa, teremos uma adesão maior por parte da população e, consequentemente, ampliaremos a utilização e os benefícios do 5G de forma mais rápida.
*Vinicius Reis é Head de Tecnologia da Docway, empresa referência nacional em soluções de saúde digital.