Por Vanessa Blum Colloca, economista pela PUC-SP, diretora da corretora de câmbio Getmoney e especialista em câmbio e mercado financeiro pela FGV e pela ABRACAM (Associação Brasileira de Câmbio)
A taxa de câmbio do dólar está mesmo caindo. É cedo para prever o dólar despencando, mas já estamos caminhando para uma valorização do real.
A mega depreciação do real, de 30% em 2020, não será revertida, porém, vai se valorizar aos poucos. As exportadoras voltaram a fechar contratos de câmbio e deram início a um processo de redução de caixa mantido no exterior.
Por falar em fatores responsáveis, podemos citar a Petrobras, que tirou do mercado o equivalente a US$ 7,8 bilhões. As operações da companhia geraram grande pressão no câmbio, mas essa pressão deve estar no final, porque havia o compromisso de baixar sua dívida a US$ 60 bilhões neste ano.
Em se tratando de juros, o juro real no Brasil foi um dos motivos de sustentação do dólar e da retenção de moeda estrangeira por exportadores no exterior. Entretanto, essa taxa de juro é incompatível com o problema fiscal brasileiro.
O juro real brasileiro está muito distante do risco fiscal que o Brasil oferece a médio prazo. Mas, falando de Brasil em tempos de covid, devemos ficar atentos, pois qualquer deslize interno, seja na condução da vacinação, seja na questão fiscal ou administrativa, podemos voltar a ter o real desvalorizado.
Por enquanto, ficamos mesmo com a volatilidade da moeda que patina de acordo com as notícias internas e externas.