De um mês para o outro, por conta da pandemia, o aumento pode ser de até 1,1%
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará, nesta quinta-feira (30), a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal (Pnad). Para o professor de contabilidade e finanças da Fipecafi, Marcelo Cambria, a expectativa do índice é que tenha um aumento do desemprego, passando de 11,6% para 12,4 ou 12,7%. “ É muito provável que os números aumentem consideravelmente nesta divulgação, como já esperado, devido à crise do novo coronavírus. Considerando já o período encerrado em fevereiro de 2020, em que a taxa já bateu uma alta, há projeções com base nos resultados do auxílio desemprego, o cenário das indústrias paradas, as não renegociações de contrato e outros pontos que já se configuraram o aumento substancial de pelo menos 0,8%, de um índice para o outro”, aponta.
Segundo o professor, há chances da economia ficar saturada com inúmeros trabalhos informais, que podem aumentar 42% ou 43%. “Desde 2013 e 2014 houve um aumento nesta modalidade, considerando o cenário de excesso de gastos nas contas públicas e, também, as quedas de mais de três anos do Produto Interno Bruto (PIB). O contexto atual é parecido e, com isso, muitos brasileiros já atuavam assim e irão atuar muito mais, possivelmente subirá para 40 milhões. Isso foge das estatísticas de desemprego e dificulta uma volta para os trabalhos formais”, explica.
Na opinião do especialista, há, ainda mesmo que afetados, os setores que podem se sobressair e os países que podem ajudar a diminuir o impacto da crise no Brasil. “Se considerarmos que a moeda brasileira se depreciou substancialmente, a moeda estrangeira poderá comprar mais os produtos do Brasil, devido à queda de demanda mundial, dificuldade de exportação, restrições de fronteiras e outras dificuldades impostas pela quarentena. Os setores de agronegócio e alimentação devem sofrer menos, já o petróleo está em queda.
Podemos apostar na China, como parceiro e esperança para a economia de infraestrutura de exportação para o país, porque, mesmo com a queda brusca de 7% para 2% em seu crescimento, ela tende a sair antes e com isso novos negócios com o Brasil podem acontecer, talvez, muito mais se comparado com os Estados Unidos. Os países do Oriente Médio podem ser uma sobressaída também”, diz.
Os investimentos também são afetados em meio à crise causada pela pandemia do novo coronavírus. “Os investimentos das empresas têm sido revistos e reduzidos, ou seja, o capital de longo prazo, que gera empregos, pode ser afetado e colaborar com o desemprego. Já os investimentos de mercado financeiro houve uma deterioração muito grande de patrimônio líquido, ou seja, as ações das companhias têm caído”, ressalta Cambria.