Finalmente médicos americanos admitiram pública e oficialmente que os medicamentos não funcionam contra a queixa mais comum hoje em dia nos consultórios: a dor lombar

Um grupo de especialistas do respeitado American College of Physicians (ACP – Colégio Americano de Médicos) publicou no dia 14 de fevereiro, em seu próprio periódico, uma nova Diretriz Clínica (Clinical Guideline) para o tratamento não invasivo da dor lombar aguda, sub aguda e crônica. No mesmo dia, outro grupo de pesquisadores publicou na prestigiada revista Annals of Internal Medicine (Anais de Medicina Interna) uma outra Diretriz Clinica sobre tratamentos não medicamentosos para a dor lombar.

Com tamanho volume de informações científicas congruentes e se confirmando em diferentes grupos independentes de pesquisa, o New York Times repercutiu ambos os estudos, em sua edição do dia 13 de fevereiro.

A dor lombar ou lombalgia não específica, ou seja, aquela dor lombar sem causa aparente ou identificada como sendo causada por hérnias, fraturas, tumores, pinçamentos de nervos ou osteoporose, é a responsável numero um pela ausência ao trabalho em qualquer lugar no mundo.

A dor lombar é considerada aguda quando dura 1 mês, subaguda quando dura entre 1 e 3 meses e crônica quando dura 3 ou mais meses.

O grupo de especialistas do American College of Physicians recomenda que se evite o acetaminophen (que é o Tylenol) por não ser útil na dor lombar e, principalmente, os analgésicos opióides (como o Tylex que é acetaminophen com codeína, um derivado opióide), por conta  de seus efeitos colaterais, bem como a facilidade de se criar dependência química pela substância opióide.

Ainda a diretriz desse grupo, enfatiza que se deve usar como primeira linha de tratamento da dor lombar, o calor terapêutico e os exercícios, caso não funcionem, deve-se partir para a Acupuntura, Massagem, Yoga, Meditação e depois para outros métodos com menor força de evidência cientifica e terapêutica.

Segundo o especialista em Acupuntura e Shiatsu há 33 anos, Dr. Márcio Luna, acrescenta que o sobrepeso, obesidade, tabagismo, stress, depressão e ansiedade, estão todos ligados com a dor lombar, mas que a causa real é bem mais complexa. “É um misto de aspectos biopsicossociais, posturais, anatômicos, neurais e musculoesqueléticos que desencadeiam as dores lombares inespecíficas” explica Luna, que também é Fisioterapeuta com mestrado em ciência da motricidade humana e trata diariamente de dores lombares em sua rotina profissional.

Para Luna, ambos os estudos endemonizam os opióides, porque nos EUA há uma incidência altíssima de dependência química por remédios a base de opióides que não são usados para tratar a dor e, sim, por conta da adição à droga em si.

“Só quem já teve uma crise de dor lombar aguda sabe que não é viável sair fazendo exercício algum na fase aguda, como essas diretrizes recomendam. E que o repouso bem dosado, como também o uso controlado de derivados opióides e de outros analgésicos de ação central, aliviam muitíssimo o sofrimento do paciente. É claro que o tratamento não pode e não deve ser somente restrito a isso. Para cada fase da dor há uma abordagem terapêutica mais indicada, envolvendo-se inclusive, frequentemente, mais de um profissional de saúde como neurologistas, ortopedistas, fisioterapeutas e acupunturistas. Mas, foi um enorme avanço terapêutico as duas diretrizes reconhecerem, simultânea e independentemente, que a Acupuntura tem um papel muito importante na dor lombar. Agora o profissional de saúde que não indicar a Acupuntura na dor lombar estará passando um recibo de desatualização profissional”, conclui o Dr. Luna.

Referências:

https://www.nytimes.com/2017/02/13/health/lower-back-pain-surgery-guidelines.html?_r=0