Setor espera fechar 2016 com aumento no faturamento, ao contrário do varejo físico; empresas mineiras confirmam tendência
Caminhando na contramão do momento econômico brasileiro, o mercado de e-commerce deve fechar 2016 com aumento no faturamento em comparação ao ano passado. A previsão, fruto de uma pesquisa da E-bit/Buscapé, calcula que, este ano, o varejo digital deve experimentar um crescimento de 8% em relação a 2015 nesse quesito.
Ainda que o resultado seja visto como negativo, uma vez que o setor vinha crescendo em uma taxa anual de aproximadamente 25% nos anos anteriores à recessão, esses números revelam uma mudança de comportamento do consumidor brasileiro e apontam para uma oportunidade de virada para os comerciantes, já que a expectativa é de expansão contínua até 2020.
Nova geração de consumidores
Para Bruno Borges, Diretor de Marketing da JN2, os resultados otimistas são reflexo de um crescimento da familiaridade do brasileiro com a internet. Uma pesquisa divulgada pela ATKearney Consultoria mostra que o internauta brasileiro passa mais tempo navegando que qualquer outro ao redor do mundo – 51% dos entrevistados afirmaram passar o dia inteiro conectado à web.
Além disso, a entrada de uma nova geração de consumidores no mercado faz com que as expectativas para um futuro próximo sejam otimistas. “Os jovens nascidos já na era da internet, que não conheceram o mundo offline, estão começando a ter renda própria agora. Para essas pessoas, fazer compras na internet é algo bastante natural, o que impacta diretamente no volume de vendas do e-commerce”, revela Borges.
Trabalhando com desenvolvimento de tecnologia para e-commerce desde 2010, a JN2, empresa vinculada ao BH-TEC, acredita que 2016 marca o ponto de inflexão para a retomada do aumento das taxas de crescimento do comércio eletrônico. A empresa prevê que, até 2020, o faturamento do setor deve crescer em 43,5%.
Vantagens para lojistas e consumidores
Com investimento inicial reduzido em comparação às lojas físicas, o e-commerce tem se mostrado uma saída vantajosa para lojistas iniciantes. “Embora o sucesso do e-commerce dependa de alguns conhecimentos específicos sobre a dinâmica da internet, o fato de esse tipo de negócio dispensar grandes investimentos em estrutura física e equipe facilita a entrada no mercado”, comenta Borges.
Custos de manutenção mais simples também permitem um aumento de escala facilitado – caso a loja virtual tenha oportunidade de dobrar o volume de vendas, os custos com infraestrutura digital não crescem na mesma proporção . A presença no meio digital também garante uma mensuração mais precisa do volume de vendas de itens diversos, o que otimiza a gestão do estoque.
Já para o consumidor, há vantagens que podem exercer influência nos indicadores econômicos diferenciados do comércio eletrônico. “Uma questão muito relevante é a comodidade, já que comprar pela internet evita deslocamentos e filas, que podem ser um transtorno especialmente nas compras de fim de ano”, comenta Borges. Além disso, a disponibilidade 24/7 e a facilidade de encontrar itens similares e comparar e acompanhar a variação de preços são diferenciais a serem levados em conta.
Consumidor cauteloso
Para a plataforma de descontos Meliuz, também, residente do Parque, o aumento do volume de vendas já se mostra como realidade. “Na Black Friday, conseguimos um volume de vendas pelo Meliuz 33% maior que no mesmo evento em 2015. Na soma do ano, já podemos dizer que em 2016 vendemos o dobro de do ano passado”, afirma o fundador da empresa, Ofli Guimarães.
O empreendedor acredita que o momento econômico desfavorável do país faz com que o consumidor se torne mais cauteloso, indo em busca de descontos e fazendo mais questão de comparar preços – o que é favorecido pelo ambiente da internet.